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Mesmo em meio às celebrações de Natal e Ano Novo, o cenário geopolítico mundial registra uma escalada de violência e tensão diplomática. Na Ucrânia, a capital Kiev sofreu novos bombardeios russos nesta madrugada.
Enquanto isso, nas Américas, o clima entre EUA e Venezuela voltou a azedar. O regime de Nicolás Maduro acusou abertamente Donald Trump de planejar uma intervenção para "saquear as riquezas" venezuelanas.
Para entender esse tabuleiro, o Fast News entrevista o professor de Relações Internacionais, João Alfredo Lopes Nyegray. Segundo ele, a diplomacia de Trump rompe com os padrões tradicionais, pois o presidente eleito "não opera em categorias morais clássicas".

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Transcrição
00:00E olha, na região do Caribe, os Estados Unidos escalaram a tensão militar com a Venezuela
00:04prendendo navios petroleiros, enquanto Nicolás Maduro acusa os americanos de quererem apenas
00:09petróleo, ouro e terras raras.
00:12Contamos pra vocês, na Europa, a Rússia realizou ataques pesados contra a capital da Ucrânia,
00:16Kiev, enquanto o volô de Mirzelensky se reúne com Donald Trump pra negociar o fim do conflito.
00:22Pra gente falar sobre tudo isso, eu quero receber agora o professor de Relações Internacionais
00:26e coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC-Paraná, João Alfredo Niegrai.
00:33Professor, seja muito bem-vindo, é um prazer recebê-lo, obrigado por nos atender neste domingo.
00:37E é interessante que, embora sejam conflitos separados, Estados Unidos com Venezuela, Rússia e Ucrânia,
00:45de certa forma eles se entrelaçam numa teia de interesses.
00:48E eu gostaria que o senhor nos contasse exatamente quais são os interesses que podem, digamos,
00:54influenciar as negociações, tanto no conflito na Europa, quanto esse que escala aqui na América do Sul.
01:01Bem-vindo.
01:04Muito boa tarde, Evandro, boa tarde superespecial aos espectadores da Jovem Pan News.
01:08É sempre uma alegria estar aqui.
01:10De fato, a gente está vendo aí um final de ano bastante movimentado,
01:14já dando indícios de tudo aquilo que pode acontecer em 2026.
01:19Então, essa reunião desse domingo, dia 28, entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky,
01:25ela ocorre em uns momentos mais sensíveis da guerra da Ucrânia,
01:28não apenas pelo conteúdo das negociações, mas pelo reposicionamento estratégico de Washington
01:34nesse governo de Donald Trump.
01:37Esse encontro, ele é decisório, mas é sobretudo assimétrico.
01:41Trump não opera em categorias morais clássicas, como agressor versus agredido,
01:45ele opera com custo, com vantagem e com narrativa doméstica.
01:50Isso produziu aí, no último ano, uma narrativa recorrente de que ele estava sendo indulgente com Moscou.
01:58O elemento mais crítico das negociações sobre a Ucrânia são território e congelamento do conflito.
02:03Então, esse é o ponto mais explosivo da reunião, uma vez que a região do Dombás,
02:08que fica a leste da Ucrânia, tem mais ou menos o tamanho do estado do Rio de Janeiro,
02:13é um dos pontos dos quais Vladimir Putin não abre mão.
02:19Do outro lado, a gente tem a crise Estados Unidos-Venezuela,
02:22que vem se desdobrando nas últimas duas semanas no Caribe.
02:26Então, nós tivemos aí, recentemente, algumas demonstrações de força de Washington,
02:32que até pouco tempo atrás bombardeava barcos, supostamente levando drogas na região do Caribe,
02:38para uma estratégia de estrangulamento econômico-militar centrada no petróleo,
02:44com elementos típicos de cerco naval.
02:47Enquanto o ditador Nicolás Maduro tenta reposicionar o conflito como uma disputa colonial por recursos,
02:55o que a gente vê é um tabuleiro em que cada movimento tático produz efeitos estratégicos imediatos.
03:03Nós tivemos aí, meu caro Evandro, três petroleiros que foram tomados pelos Estados Unidos
03:10e que faziam parte da chamada frota fantasma, ou seja, eram aí navios sancionados
03:18e que levavam e traziam produtos e mercadorias de países sancionados para países sancionados.
03:25Professor, na sua avaliação, qual é, digamos, a força desse movimento de Donald Trump em relação à Venezuela
03:33para derrubar o regime ou a possibilidade de se derrubar Nicolás Maduro do regime venezuelano?
03:41O governo da Venezuela mostra que a crise econômica venezuelana não chega ao fim.
03:48E a gente achava que a Venezuela estava em crise econômica ainda na época do Hugo Chávez.
03:53E aí vem Nicolás Maduro e mostra que o fundo do poço tem vários subsolos.
03:58A Venezuela hoje é o segundo país do mundo que mais envia refugiados para o exterior.
04:03Ou seja, o socialismo do Maduro é tão nocivo quanto a guerra civil da Síria,
04:09que mandou cerca de 6, 7 milhões de sírios para o exterior.
04:12E a Venezuela logo ali em segundo lugar em termos de envio de refugiados
04:16e de pessoas buscando melhores condições de vida para outros países.
04:19Esse é um dos pontos que é importante a gente compreender.
04:25É fato que um dos itens que faz com que Maduro fique no poder é, sim, o narcotráfico.
04:32Fala-se do cartel de Los Soles, em alusão à insígnia que os generais venezuelanos usam
04:39aqui na lateral do braço, aqui no ombro, que é um símbolo em forma de sol.
04:42E isso certamente é uma parte importante daquilo que ainda mantém Maduro no poder.
04:50Eu acho que os Estados Unidos podem acabar derrubando o ditador Nicolás Maduro
04:54sem necessariamente desembarcar suas tropas na Venezuela.
04:59Eu acho que isso pode acontecer com bombardeios estratégicos localizados
05:02a alvos do exército, a alvos do cartel de Los Soles.
05:07O maior problema nisso é o que vem depois de Maduro,
05:11porque não necessariamente a saída de Maduro ou a derrubada de Maduro
05:15traria automaticamente ao poder o de fato vencedor das eleições do ano passado,
05:21que foi o Edmundo Gonzalez, ou mesmo a própria opositora Maria Corina Machado,
05:26que aí, em meados desse ano, ganhou o Prêmio Nobel da Paz.
05:29Então, é sim possível a derrubada de Maduro,
05:31mas nesse momento eu não acredito em um desembarco de tropas dos Estados Unidos.
05:37Já houve, inclusive, a tentativa de líderes do exército venezuelano
05:41deporem Maduro para permanecer no poder,
05:45mas, ao que tudo indica, Donald Trump não teria concordado com essa possibilidade.
05:50Professor, o Rodolfo Maris também quer participar da entrevista.
05:52Vou abrir aqui o espaço para ele. Vai lá, Maris.
05:55Professor, boa tarde.
05:56Olha só, nós sabemos que invadir a Venezuela por meio terrestre,
06:00por terra, seria praticamente inviável, né?
06:03E o senhor, nas declarações agora, disse que a tropa pousaria ali na Venezuela.
06:08Duas perguntas em relação às próprias falas do senhor.
06:11A primeira é, o que Donald Trump aguarda de verdade
06:15para que essa invasão à Venezuela, ou a retirada desse ditador do poder,
06:19eu me refiro a Nicolás Maduro, seja efetuada?
06:23E, segundo, qual seria o grande motivo de verdade por trás dessa invasão,
06:29ou da retirada de Nicolás Maduro do poder, por Donald Trump?
06:33Muito boa tarde, Rodolfo.
06:35São boas perguntas, excelentes perguntas,
06:37para a gente entender o quadro geral.
06:40O primeiro ponto é que qualquer ataque que seja feito à Venezuela
06:45vai iniciar com bombardeios esporádicos,
06:48e não necessariamente com um desembarque de tropa.
06:50Há um desequilíbrio absurdo entre o que são as forças estadunidenses
06:56e o que são as forças de Maduro.
06:59Inclusive, nos últimos dois a três meses,
07:02nós chegamos a ver imagens da tentativa de treinamento de civis
07:06num despreparo absoluto das forças militares,
07:11que chegou a ser, sim, em vídeos até jocosos de Maduro
07:16tentando demonstrar como conseguiria permanecer no poder
07:20e como conseguiria enfrentar os Estados Unidos,
07:23algo que não faz sentido nenhum.
07:25O que os Estados Unidos estariam esperando
07:27seria tentar, em primeiro, esse estrangulamento econômico.
07:32Nós estamos vendo aí as imagens do desembarque dos fuzileiros nos petroleiros,
07:37porque, afinal de contas, é o envio desse item ao exterior
07:40que mantém Nicolás Maduro no poder.
07:42Então, há a tentativa de um estrangulamento econômico
07:45e de que os próprios venezuelanos façam a retirada de Nicolás Maduro do poder.
07:50E o segundo ponto, a segunda resposta,
07:52é o que os Estados Unidos verdadeiramente querem com isso
07:55e essa resposta tem nas commodities energéticas
07:59o seu motivo mais amplo.
08:03Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia lá em 2022,
08:08nós tivemos um aumento exponencial do valor do petróleo,
08:12das commodities de energia, de maneira geral.
08:14E a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo.
08:18E mais do que isso, hoje nós vemos uma disputa,
08:21não apenas por commodities energéticas,
08:23mas grandes potências, como os Estados Unidos e China,
08:26competindo por tecnologia, por microchip, por inteligência artificial.
08:30E para fazer microchips, para fazer tudo aquilo que permite
08:34a inteligência artificial funcionar,
08:36são necessários minerais e terras raras que a Venezuela também tem.
08:41Então, embora Nicolás Maduro seja, sim, um ditador
08:45que vem estrangulando sua população economicamente há vários anos,
08:50o motivo para uma disputa dos Estados Unidos com a Venezuela
08:54está muito longe de ser um motivo humanitário.
08:57Agora, professor, eu queria falar um pouquinho também
08:59sobre essa situação envolvendo a Ucrânia
09:01e o quanto ela tem buscado no apoio europeu
09:04uma possibilidade de, ou digamos, na pressão europeia
09:08e de outros países, uma possibilidade de sanar esse conflito.
09:12Mas a gente já percebeu que a Rússia não se incomoda
09:15nem com sanções, muito menos com pressões políticas ou diplomáticas.
09:20Que desfecho que o senhor vê para essa história,
09:22se é que é possível falar em um desfecho depois de tantos anos?
09:25Excelente observação, meu caro Evandro.
09:29Acho que a guerra da Ucrânia tem funcionado como um dos laboratórios estratégicos do século XXI,
09:34não só para a Rússia, mas para outras potências, até mesmo como a China.
09:38A variável central nesse momento é até onde vai a disposição do Ocidente
09:43de pagar os custos da guerra da Ucrânia.
09:46A gente tem que observar atentamente três fatores.
09:49Primeiro, o fator da fadiga política, que envolve tanto os Estados Unidos quanto a Europa.
09:54Eleições, polarização, mudança de governo.
09:58E isso vem trazendo e vem se tornando alvo de debate a questão da Ucrânia.
10:02Segundo ponto, uma fadiga fiscal.
10:05O volume de ajuda militar que os europeus especificamente têm dado para a Ucrânia
10:11vem fazendo, vem gerando uma intensa pressão sobre orçamentos,
10:15inflação, vem gerando aumento nos custos de energia.
10:19E, por último, uma fadiga social que vem aí do apoio da opinião pública
10:24a uma guerra longa e, no caso dos Estados Unidos, que é distante e que é cara.
10:28Então, será que o Ocidente está disposto a sustentar guerras longas
10:32quando não há ameaça direta ao seu território, exceto, é claro, para a União Europeia?
10:37Nós tivemos aí uma série de sanções contra a Rússia.
10:41A Rússia se tornou, desde 2022, o país mais sancionado do mundo.
10:46E essas sanções, elas não necessariamente funcionaram.
10:50E não funcionaram justamente porque a Rússia é uma economia muito maior
10:55do que outros países sancionados.
10:57É claro, sanções reduziram o crescimento, encareceram tecnologia
11:02e geraram problemas financeiros para a Rússia,
11:05mas elas não produziram nem um colapso econômico e nem uma mudança estratégica.
11:11Então, economias continentais, exportadoras de energia, não colapsam rapidamente.
11:17E aí que petróleo, gás, fertilizantes e grãos,
11:20que são os itens mais exportados pelos russos,
11:23acabam, sim, criando um poder de barganha estrutural.
11:26Professor, o Maris tem mais uma para o senhor. Vai lá, Maris.
11:30Professor, já que o senhor tocou no assunto de petróleo e também citou a Rússia,
11:34nós sabemos aqui que a Venezuela não faz parte do BRICS,
11:38mas que ela tem uma grande segurança em países que fazem parte do BRICS,
11:42por exemplo, Brasil e Rússia.
11:44Como é que fica a relação, caso haja, de fato, uma invasão dos Estados Unidos à Venezuela?
11:49Como esses países que vira e mexe apoiam a Venezuela, fica no setor diplomático?
11:56Veja, de fato, a Venezuela até pediu a entrada nos BRICS,
12:00mas foi vetada especificamente pelo Brasil,
12:02o que é muito surpreendente, considerando aí a proximidade do Lula da Silva e do Nicolás Maduro.
12:07E essa proximidade entre os dois não é de hoje e é, sim, ideológica.
12:11E esse veto do Brasil e a entrada da Venezuela nos BRICS
12:15teria a ver com a não divulgação das atas eleitorais,
12:18das eleições sul, supostas eleições do ano passado,
12:22que dariam vitória não a Maduro, mas justamente ao seu opositor.
12:25Uma eventual invasão ou derrubada do Maduro
12:28poderia ter lábicas consequências para a América do Sul como um todo.
12:31Um dos vizinhos da Venezuela é a Colômbia,
12:34um país de mais de 50 milhões de pessoas
12:36e que recebeu muitos refugiados venezuelanos nesses últimos anos.
12:41E esses refugiados acabaram gerando aí uma pressão
12:44sobre os serviços de segurança social e de saúde na Colômbia.
12:47O mesmo tenderia a acontecer em ainda maior número
12:52em relação ao que já acontece no Brasil.
12:55Um outro eventual algo, o desdobramento,
13:00que a gente podia ter de uma eventual invasão dos Estados Unidos
13:03e da Venezuela, teria a ver certamente com o aumento
13:06dos custos das commodities energéticas.
13:09Uma vez que é justamente o petróleo que mantém a Venezuela,
13:13mantém Nicolás Maduro no poder,
13:15qualquer invasão a um país que movimenta e exporta petróleo
13:19tende sim a gerar uma escalada global de preços.
13:23Porque o valor do petróleo é dado pelos mercados internacionais.
13:26Esse valor não é dado por quem está vendendo
13:28ou por quem está comprando.
13:30Então há um valor que ocorre em virtude de oferta e demanda.
13:35Se eu tenho uma ameaça na fonte de oferta,
13:37no caso um país produtor,
13:39eu certamente vou ter efeitos em preços de forma quase que imediata.
13:43E aí em termos do apoio à Venezuela,
13:46nesse momento em que o Brasil está aí desatando o nó
13:48das relações com os Estados Unidos,
13:50eu não acredito que o Brasil faria qualquer sinal de apoio ao Nicolás Maduro.
13:54Certamente que falas desastradas poderiam vir do presidente Lula da Silva,
13:59como é habitual.
14:00E também acredito que a Rússia, que apoia verbalmente Nicolás Maduro,
14:06ela tem outros problemas nesse momento, como é a própria guerra da Ucrânia.
14:09Eu tenho recebido vídeos dos soldados russos indo para o fronte de batalha a cavalo,
14:15sendo alvos frequentes dos drones ucranianos.
14:20Não que a Ucrânia esteja vencendo, não, longe disso.
14:23Mas a Rússia está às voltas com o seu próprio conflito,
14:26muito longe da Venezuela,
14:28e dificilmente qualquer outro tipo de apoio que não verbal tenderia a acontecer.
14:33Professor João Alfredo Lopes Niegra,
14:35obrigado por conversar conosco nesse domingo.
14:38Espero que o senhor tenha uma ótima passagem de ano para 2026,
14:40e as portas estarão sempre abertas no ano que está chegando.
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