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Em entrevista ao Jornal Times Brasil - Exclusivo CNBC, Marco Aurélio Rodrigues, professor da ESPM, analisou a disputa entre Paramount e Netflix pela Warner, destacando o papel dos reguladores, os riscos antitruste e os impactos para o mercado de streaming, inovação e indústria do cinema.

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Transcrição
00:00Agora a gente fala um pouco mais sobre essa disputa aí que tem esquentado o mercado de streaming.
00:05A Paramount aumentou uma oferta aí, chegou a 108 bilhões de dólares,
00:10chegou a uma oferta 50% maior do que a proposta da Netflix de 72 bilhões.
00:16Mas o embate agora envolve acionistas e também os órgãos antitrust.
00:20Sobre esse assunto eu vou conversar com o Marco Aurélio Rodrigues,
00:23que é professor de pós-graduação em Economia Criativa, Estratégia e Inovação da ESPM.
00:28Boa noite, professor. Seja muito bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
00:33Boa noite. É um prazer estar aqui.
00:35Bom, vamos falar então primeiro dessa proposta aí da Paramount, que foi uma oferta hostil,
00:40ou seja, está tentando passar por cima do Conselho e falar diretamente com os acionistas,
00:45porque considerou que o Conselho ignorou a oferta inicial da Paramount,
00:48que o Conselho não foi muito leal com eles, e agora essa situação aí ficou bastante mais acirrada.
00:54Do ponto de vista do regulatório, faz mais sentido essa oferta da Paramount?
01:03Pois é, essa história parece até uma série por si só, porque está cheio de suspense,
01:10ninguém sabe ao certo o que vai acontecer nos próximos episódios,
01:14e eu acho que o fiel da balança é justamente como os reguladores enxergam o mercado
01:23em que Paramount e Netflix estão.
01:27Por quê?
01:27Porque se os reguladores entenderem que Paramount e Netflix estão atuando no mercado de streaming
01:33por si só, a Netflix torna-se um gigante,
01:36e o cenário de Netflix adquirir a Warner torna alguém que já é muito grande
01:42um player desproporcionalmente potente, o que por conseguinte prejudicaria aí a competição,
01:48a inovação, poderia pressionar preços para cima,
01:51então não é algo que seria do interesse dos consumidores e cidadãos.
01:56Mas, por outro lado, se o regulador entende que Paramount e Netflix estão em um mercado muito maior,
02:04cuja definição ainda não é muito clara, ou seja, eu não entendo que exista um nome claro para isso,
02:09mas um mercado onde atuam não apenas plataformas de streaming de conteúdo premium,
02:15mas também, por exemplo, mídias sociais,
02:17o Netflix torna-se um player menor comparado a outros atores como o YouTube.
02:24E, nessa perspectiva, o regulador pode entender que o movimento do Netflix,
02:31ao tentar adquirir a Paramount, é legítimo,
02:34uma vez que o acervo da Warner é legítimo,
02:41uma vez que o acervo da Warner ajudaria o Netflix a se tornar mais atraente
02:45para um público jovem que cada vez menos consome filmes e séries na TV.
02:52Para você ter uma ideia, há pouco tempo saiu uma matéria na Economist,
02:59falando que mais ou menos 30% do tempo de um consumidor americano no dispositivo TV
03:07já é destinado para o YouTube, ao passo que apenas 20% é destinado para o Netflix.
03:13Então, nessa trama, digamos assim, nesse suspense,
03:17eu acho que, de fato, um ponto-chave,
03:20que vai nos ajudar a compreender qual é o próximo episódio,
03:23é em que mercado os reguladores entendem que estão hoje Netflix e Paramount.
03:30Se o regulador entender que Netflix e Paramount estão atuando somente no mercado de streaming,
03:34a proposta da Paramount ganha força,
03:38porque é como se o regulador entendesse,
03:40olha, o Netflix adquirindo a Warner vai se tornar grande demais,
03:44em contrapartida, se a Paramount compra a Warner,
03:48ela passa a se tornar um rival de fato,
03:52e isso vai incentivar a competição a preços mais convidativos e tudo mais.
03:56Mais uma vez, por outro lado,
03:58se o regulador entender que ambos estão no mercado muito maior,
04:01onde também estão situados redes sociais e players como o YouTube,
04:05a proposta do Netflix ganha mais legitimidade na perspectiva do regulador.
04:10Bom, no dia que a Paramount fez essa oferta hostil,
04:13a gente transmitiu ao vivo uma entrevista com o CEO da empresa pela CNBC americana,
04:18e ele usou, entre muitos argumentos, um argumento que é o seguinte,
04:22se a Netflix fechar esse acordo com o Prall Warner,
04:25ela pode ganhar uma musculatura muito grande na produção também,
04:29além desse braço do streaming, que é o principal dela hoje,
04:32e pode forçar, por exemplo, até a fechar mais cinemas de rua,
04:37colocando o filme primeiramente no streaming,
04:40fazendo com que esse hábito de ir ao cinema perdesse força nos Estados Unidos.
04:45Ele chegou até a usar uma frase parecida com essa,
04:47de que o cinema americano nunca mais será o mesmo se isso acontecer,
04:52vai acabar com muitos hábitos dos americanos.
04:55Até que ponto esse argumento é um argumento
04:57só para conseguir vencer uma disputa comercial?
04:59Ou até que ponto ele tem sentido?
05:03Olha, eu acho que tem, em certo sentido, sim,
05:06haja vista a modelagem de negócio de cada uma dessas empresas.
05:11Ou seja, o Netflix,
05:12ele já nasce muito mais enviesado por modelagem de negócio,
05:19muito mais baseado em distribuição de conteúdo,
05:24e só posteriormente que ele passa a trabalhar com produção.
05:28Mas mesmo atualmente,
05:30a produção do Netflix,
05:32ela atua como um motor
05:35para que a distribuição ganhe mais potência,
05:38ou seja, a plataforma do Netflix seja mais atraente
05:40para consumidores.
05:42De tal modo que,
05:44dado que o interesse do Netflix ainda é muito mais
05:46fortalecer sua própria plataforma digital,
05:49é razoável imaginar, sim,
05:50que muitas das obras culturas
05:53que sejam produzidas pela Warner,
05:57depois de ser adquirida pela Netflix,
06:01poderiam ficar restritas à distribuição digital,
06:03exatamente para tornar a plataforma da Netflix
06:05ainda mais atraente do que ela é.
06:07Então, sobre essa perspectiva,
06:09o argumento tem uma certa validade,
06:10ou seja, proteger os circuitos de exibidores norte-americanos,
06:16e obviamente, dada a escala desses dois negócios,
06:20ouso dizer, também em outros mercados,
06:22inclusive o nosso.
06:23Mas é importante também fazer um contraponto,
06:26ou seja,
06:27esse discurso muito orientado à proteção do cinema,
06:32e no caso norte-americano,
06:34proteção de um pilar da cultura norte-americana,
06:37a gente tem que olhar com uma certa cautela também,
06:42porque quem está fazendo essa crítica
06:44são os líderes novos da Paramount,
06:50o David Ellison,
06:52que, de acordo com os documentos que foram levantados,
06:58ele não está fazendo esse movimento,
07:01essa oferta de aquisição,
07:03o estil da Warner sozinho,
07:05ele está contando com o apoio de fundos de investimento sauditas,
07:10e em alguns momentos,
07:11inclusive, especulou-se que também teria apoio
07:13de empresas de origem chinesa,
07:15como, por exemplo, a Tencent.
07:17Então,
07:19se a negociação for favorável à Paramount,
07:22de uma eventual compra,
07:23com um lance, inclusive, mais vultuoso,
07:26dependendo do apoio de investidores sauditas e chineses,
07:30você pode ter uma situação curiosa,
07:31onde você vai ter uma fusão da Paramount com a Warner,
07:34com uma influência considerável de capital saudita e chinês,
07:39e, portanto, uma influência considerável na produção desse conteúdo,
07:42desse novo gigante que vai surgir.
07:44Lembrando que uma fusão da Paramount com a Warner
07:46também geraria uma situação onde você teria a CBS News,
07:50que é um dos principais noticiários norte-americanos,
07:52e também a CNN,
07:56sendo impulsionados, portanto,
07:58com ao menos parte do seu capital de origem saudita e chinês.
08:03Ou seja, isso levanta um certo questionamento
08:05sobre a validade desse argumento,
08:07vamos proteger a cultura e a indústria norte-americana.
08:11Não tem bobo nessa história, né?
08:12A gente vai ouvir agora uma pergunta da Mária Almeida.
08:14É bem interessante a conversa.
08:19Eu estava aqui pensando,
08:21em termos do que você colocou logo no início,
08:23sobre como que os reguladores vão entender o mercado,
08:26em que mercado essa operação está acontecendo,
08:29e que atua a Netflix e Paramount,
08:30e, na verdade,
08:31isso com a relação de inovação contínua de mercados, né?
08:34Porque a Netflix, ela inovou, na verdade,
08:37no aspecto aí do streaming,
08:39pensando justamente em encontrar outros modelos de negócio
08:42para ter retorno no processo de distribuição de conteúdo.
08:45E aí ela avança depois,
08:46e agora está com esse movimento aí também
08:48de ampliar ainda mais a produção.
08:50Dá para imaginar que, se fosse o caso da Netflix,
08:52tem uma certa, um incentivo, um empurrão
08:55para ter mais inovação em termos de modelo de negócio,
08:59quer dizer, isso em função, inclusive,
09:01talvez de baixas,
09:02de uma situação desse grande acirramento de concorrência,
09:06talvez mais geral,
09:07que tem impactado as margens,
09:10quer dizer, como que o retorno,
09:11como é que está esse ambiente de conseguir retorno
09:14em relação ao modelo tal como ele está agora,
09:16e como que isso se relaciona com essa conversa,
09:18na tua opinião?
09:22Olha, eu acho que tem, sim,
09:24uma pressão por conseguir mais resultado,
09:27mais retorno,
09:29ao mesmo tempo em que a competição
09:32está ficando cada vez mais intensa.
09:35E aí, basicamente,
09:36quando você tem essa situação
09:37de uma pressão por retorno
09:39simultaneamente ocorrendo
09:41a um aumento de competição,
09:45obviamente, generalizando bastante,
09:47resumindo bastante,
09:47você tem dois caminhos possíveis.
09:49Ou você vai começar a observar
09:50uma guerra de preço
09:51que, de certa forma,
09:53é o que começou a acontecer
09:53uma vez que vários players de streaming,
09:55inclusive o próprio Netflix,
09:58em determinado momento,
09:58o CEO, naquele momento,
10:01disse que jamais trabalharia com anúncios,
10:03passa a trabalhar com anúncio,
10:04numa forma de tentar reduzir
10:06o preço para o consumidor final
10:08e, ainda assim,
10:09manter a rentabilidade do negócio.
10:11Portanto, um caminho seria
10:12uma eventual guerra de preços,
10:13mesmo que maquiada
10:15com esse modelo de negócio
10:16baseado em anúncios.
10:17Um outro caminho possível
10:18seria justamente inovar
10:20ou entrar em novos mercados.
10:22E aí, mais uma vez,
10:24essa visão de você
10:27aumentar a rentabilidade do negócio
10:28inovando,
10:30favorece uma eventual visão
10:32do regulador
10:33que, de fato,
10:34o Netflix precisa
10:35adquirir um player
10:37como o Warner
10:37para fazer frente
10:38a empresas de outros setores
10:40que não são necessariamente nativos
10:42do streaming,
10:43vamos chamar assim,
10:44streaming de conteúdo premium.
10:46Como, por exemplo,
10:47o YouTube da Alphabet
10:48e o TikTok da ByteDance.
10:51isso para a gente não citar
10:52movimentos de empresas
10:54muito pertinentes,
10:57mas que muitas vezes
10:58passam despercebidos
10:58como a própria OpenAI.
11:01O Salário acabou de conversar
11:02sobre a OpenAI
11:03na notícia anterior.
11:05Num mundo onde o conteúdo
11:07passa a ser produzido
11:08por máquinas,
11:09a escala e a velocidade
11:11do que o conteúdo é produzido
11:13passa a ser algo
11:14sem precedentes
11:15e aí você pode ter,
11:16quem sabe,
11:17aqui, obviamente,
11:17a gente está falando
11:18de cenários futuros,
11:19hipóteses,
11:20umas empresas
11:21que têm uma competência
11:22muito forte
11:23em modelos
11:24de inteligência artificial
11:25generativa
11:26começaram a entrar
11:27na brincadeira também
11:28de produzir e distribuir
11:29conteúdo.
11:29Olha que bagunça.
11:31Ninguém respeita mais nada.
11:32Antigamente,
11:33a gente tinha
11:33mídias sociais,
11:35empresas de inteligência
11:36artificial
11:36e estúdios de cinema.
11:38Agora,
11:38essas fronteiras
11:39estão começando
11:39a ficar menos nítidas,
11:42por assim dizer.
11:44Então,
11:45nessa perspectiva,
11:46a competição
11:46se torna ainda mais intensa.
11:48portanto,
11:49a necessidade de inovar
11:50ainda maior
11:51para manter
11:52a rentabilidade
11:52do negócio.
11:54Professor Marco Aurélio Rodrigues,
11:56muito obrigado
11:56pela sua participação
11:58nessa edição
11:58do Jornal Times Brasil
11:59e boa noite.
12:02Foi um prazer.
12:02Muito obrigado.
12:03Boa noite.
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