Em São Paulo, empresários já estão contabilizando os prejuízos causados pela falta de luz. Segundo a Fecomércio, o setor comercial e de serviços perdeu cerca de R$1,5 bilhão nos últimos dias. Para falar sobre o assunto, a Jovem Pan News entrevista o assessor econômico da Federação, Fábio Pina.
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00:00O empresário já estão contabilizando os prejuízos causados pela falta de luz e segundo a FEComércio, setor justamente de comércio, serviços, esse setor perdeu um ponto, um bilhão e meio de reais nos últimos dias.
00:14Vamos receber agora assessor econômico da FEComércio, Fábio Pina, para conversar conosco.
00:19Fábio, seja bem-vindo, bom dia. Infelizmente, há uma repetição de um cenário que aconteceu não faz tanto tempo assim e evidentemente afeta o comércio e afeta também diretamente o consumidor. Seja bem-vindo.
00:33Bom dia, muito obrigado por me receber. Na realidade, eu acho que você começou bem. O maior problema é que isso se repete com um ano de espaço, né?
00:44E a Federação do Comércio, naquele momento, em outubro de 2024, além de fazer suas gestões e tentar sensibilizar o poder público, porque as coisas têm que ser ajustadas com a agência reguladora, o poder público, a legislação, né?
01:00Tem que ser mais rígida em relação a esse tipo de serviço, que são os serviços essenciais e a uma única empresa que presta, um monopólio, né?
01:10Da percepção desse serviço. A gente alertou que, olha, era outubro, naquele momento, mas novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, volta a chover e a gente quer lembrar desse risco.
01:24Felizmente, não ocorreu nada naquela magnitude, novamente, no período de chuvas em São Paulo, mas ocorreu agora.
01:31E eu volto a dizer, a Federação volta a alertar. Nós vamos ter, novembro tem mais chuvas, dezembro tem mais chuvas, desculpe, janeiro, fevereiro e março são períodos de chuvas.
01:45E a gente tem que ficar muito atento para que isso não ocorra de novo. Já é um prejuízo brutal.
01:50O prejuízo na quarta e quinta-feira foi de um pouco mais de um bilhão e meio, de perda de vendas para esses estabelecimentos que ficaram fechados.
01:57A gente teve mais de 600 a 700 mil estabelecimentos imóveis em São Paulo sem luz.
02:06Isso aumentou esse prejuízo para quase 2 bilhões.
02:09Então, nós estamos falando de estabelecimentos de comércio e serviços que deixaram de vender, de faturar, 2 bilhões em três dias.
02:17Quarta, quinta e sexta. Num período bastante sensível, especialmente para o varejo.
02:23O período de festas, o Natal, quando tem o décimo terceiro, a maior festa, é o mês mais importante de vendas no varejo.
02:30E o setor de serviços também sofre bastante. Vamos lembrar que bares e restaurantes recebem uma quantidade imensa de pedidos de confraternização.
02:41Muitos foram desmarcados. Eu tive um problema desses com alguns colegas.
02:46Em um restaurante que tinha marcado uma confraternização para mais de 100 pessoas.
02:51E ela acabou não ocorrendo.
02:54Então, infelizmente, não só... Isso já seria ruim em qualquer momento do ano,
02:59mas nesse momento, não só o problema da perda de faturamento,
03:03como também o problema do momento ser especial para comércio e serviços no país.
03:10Fábio, muito bom dia para você. Obrigada pela entrevista.
03:14Bom, a gente pensa que vai passando os dias, a tendência desse prejuízo é aumentar, né?
03:19Porque a gente chegou aí no terceiro dia, quase se aproximando ao quarto dia,
03:24passado o ciclone, passado as rajadas de vento mais fortes.
03:28Esse sábado veio a chuva, né? A cidade já está em alerta.
03:33Vocês fazem algum tipo de levantamento até para detalhar o que entra nessa conta de prejuízo,
03:39pelo menos nesses três dias?
03:42Vamos lá. Nesses três dias, o que nós estamos calculando é a perda de faturamento potencial
03:47dessas empresas que ficaram fechadas.
03:50Porque a cidade de São Paulo movimenta, claro, é uma média, né?
03:54Movimenta alguns bilhões por dia.
03:58Eu tive 40% dos imóveis de São Paulo sem luz na quarta-feira,
04:05depois isso caiu para 18% na quinta-feira.
04:08Então, a gente calcula uma proporção dos imóveis comerciais e de serviços
04:13que não puderam abrir para atender seus consumidores.
04:17Mas nesse cálculo não está, por exemplo, se eu tenho uma sorveteria e perdi todo sorvete,
04:22se eu tenho uma padaria e perdi frios, se queimou algum equipamento meu,
04:27um ar-condicionado numa loja, um refrigerador num bar ou num restaurante.
04:33Então, isso não está na conta.
04:36Aliás, é impossível fazer essa conta, mas certamente tem gente que perdeu o estoque,
04:40tem gente que não perdeu só as vendas naquele dia, perdeu o equipamento.
04:44E isso é muito complicado, como eu falei, ainda mais numa época dessas.
04:49Imagina se você não puder atender os seus consumidores nos próximos dias,
04:53porque você está, além de você ter ficado sem luz alguns dias,
04:57você vai passar alguns outros dias fazendo gestões sobre o equipamento que você perdeu,
05:02sobre recomprando o estoque, que não é uma coisa, nem sempre é uma coisa tão simples assim,
05:07recomprando o estoque.
05:09Então, tudo justamente nessa época que eu estou esperando o consumidor dentro da minha loja,
05:13dentro da minha empresa.
05:14Então, o que está nesse prejuízo, nessa conta de um bilhão e meio aí,
05:19eu já anunciando para vocês que com o dia de ontem isso sobe para dois bilhões,
05:24é a perda potencial de faturamento dos estabelecimentos fechados.
05:28Não tem aí as perdas, outras perdas como as que eu falei.
05:32Fábio, chama atenção nesse episódio, né?
05:35Quer dizer, ainda tem sido cobrado, você relembrou aí a questão de 24,
05:39e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira,
05:42ele quer antecipar a renovação do contrato,
05:44que vai vencer, esse contrato vence 28.
05:47Que não dá para entender, se o serviço fosse de excelência, ok,
05:50então todo mundo favorável.
05:51Há uma disputa, então, há reações do prefeito Ricardo Nunes,
05:55do governador também, Tarcísio de Freitas,
05:58é uma concessão federal, mas quem sente os efeitos não é o ministro lá em Brasília,
06:02e o Minas Gerais, que é o reduto dele,
06:04mas são os paulistanos, a região metropolitana.
06:07Está na hora, de fato, aí, de passar também desse jogo de empurra,
06:11e cada um assumir a sua responsabilidade, principalmente a concessionária,
06:15ok, nós tivemos aí um efeito, o terceiro maior vento na história de São Paulo,
06:2097, quase 100.
06:21Mas desde segunda-feira já se fala, olha, vai ter vento,
06:24tem ventania, ou seja, a resposta é que é muito demorada, né, Fábio?
06:30Claro que está na hora das autoridades,
06:32primeiro da população saber a qual autoridade ela vai se dirigir, né,
06:38porque as pessoas não sabem direito, e como você falou, é um jogo de empurra.
06:42Não tem vento federal, vento municipal, vento estadual, isso não existe.
06:47E você falou uma coisa importante,
06:50a vida acontece nos municípios, e muitas decisões ocorrem em Brasília.
06:55É, fica muito difícil, né, das pessoas terem, lá, nos gabinetes,
07:00terem a exata sensação do que está acontecendo.
07:03É claro, a gente não pode esquecer que teve um vento naval, como você falou,
07:08mas a resposta é lenta.
07:09Outra coisa, quando você participa de um leilão e vira um concessionário
07:15de uma cidade com 12 milhões de habitantes,
07:18essa cidade já tinha as árvores que tem,
07:20essa cidade já tinha os 12 milhões de habitantes,
07:22essa cidade já tinha os fios que tem.
07:24É muito difícil acreditar que alguém entra num leilão desse,
07:28entra num negócio desse, sem fazer uma análise de risco.
07:31Se fez isso, fez um péssimo,
07:34prestou um péssimo serviço para os seus acionistas, né,
07:37se não fez essa análise de risco.
07:38São Paulo é uma cidade complicada,
07:40a gente tem que rever o problema da infraestrutura urbana,
07:44em especial das árvores, porque não é possível, tá,
07:46uma ventaninha foi forte, mas nós estamos falando de uma queda de 500, 600 árvores,
07:50e cada vez que tem uma ventaninha em São Paulo,
07:52alguns bairros ficam sem luz.
07:55Então, claro, as árvores, ou elas estão no lugar errado,
07:57ou elas estão com a saúde errada, né,
07:59e a gente sabe que tem problema com algumas secretarias,
08:03ou do meio ambiente,
08:05mas isso tem que ser, a gente vai ter que enfrentar esse problema em algum momento.
08:09Se fala em enterrar os cabos,
08:11mas não dá para enterrar os cabos da cidade inteira, né,
08:14e nem sempre a manutenção fica menor, né,
08:17isso é uma ilusão.
08:18Em alguns locais você consegue enterrar, em outros não.
08:21O problema, nós temos um imobiliário urbano com problemas,
08:24nós temos árvores com problemas,
08:26e temos uma resposta da concessionária que é muito a quem é o desejado.
08:30Sem contar que nesses dias surgiram,
08:32e acho que a gente tem que verificar,
08:34verificar, denúncias de funcionários,
08:36terceirizados e da concessionária,
08:39que se aproveitaram no momento, né,
08:41o que é lamentável, né,
08:43porque as pessoas estão desesperadas, né,
08:46quem está em casa,
08:47falando das lojas, né,
08:48dos prestadores de serviços,
08:50um escritório de dentista,
08:52de advogado, um consultório de dentista,
08:54que não abriram.
08:55Mas nas casas também,
08:56as pessoas ficaram sem luz,
08:58tem gente que mora em apartamento com idosos,
09:01que não conseguem descer a escada,
09:02perderam coisas na geladeira.
09:04Então, nesse momento,
09:06tomar qualquer proveito dessas pessoas,
09:09se torna ainda mais complicado,
09:16mais nefasto, né?
09:18Conversamos com o assessor econômico da Fecomércio,
09:22o Fábio Pina,
09:23justamente conversando conosco,
09:25fazendo toda essa análise aí,
09:26dessa triste situação.
09:28Hoje, nós estamos atualizando ainda 500 mil clientes,
09:32então, quer dizer,
09:32essa população pode ser maior,
09:33são 500 pontos que estão sem energia elétrica,
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