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Álvaro Machado Dias analisou a nova corrida espacial, comparando a colonização de Marte proposta por Elon Musk com os mega-habitats orbitais de Jeff Bezos. Ele explicou riscos, viabilidade tecnológica e impactos econômicos, destacando que a prioridade deve ser a sustentabilidade da Terra.

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Transcrição
00:00A nova corrida espacial é marcada por duas visões concorrentes.
00:04Elon Musk fala em cidades em Marte, em transformar a humanidade numa espécie multiplanetária.
00:10Já o Jeff Bezos aposta em mega-habitats orbitais com milhões de pessoas.
00:14A disputa, portanto, não é apenas tecnológica, mas civilizacional.
00:19Para discutir esse cenário, a gente conta aqui com o professor doutor Álvaro Machado Dias,
00:23que é um dos notáveis do nosso canal.
00:25Boa tarde, professor. Seja muito bem-vindo.
00:27Olá, que bom te ver.
00:28Afinal de contas, professor, morar em Marte ou morar na órbita da Terra?
00:32O que é o melhor negócio, na sua opinião?
00:34Melhor é morar aqui mesmo.
00:36Mas se eu tivesse que escolher, eu diria que morar numa estrutura orbital é muito melhor.
00:42E a razão é simples.
00:44Marte tem uma radiação muito forte.
00:47Portanto, isso sempre vai haver um risco que, enfim, eu acho que ele pode ser mitigado, mas não zerado.
00:54Então, no final das contas, estar aqui pertinho do nosso planetinho, da nossa atmosfera, é mais seguro.
01:03Pelo menos a gente conseguiria ver o planeta mais de perto também, né?
01:05De Marte, a gente ia ver a Terra como um pontinho no céu só, né?
01:08Isso é verdade também.
01:09Não tem muito o que fazer em Marte, né?
01:11Não tem nada o que fazer, né?
01:12Não tem um programa de domingo lá?
01:15Não.
01:16Todos os dias são iguais, com certeza.
01:18Mas numa estação orbital também, as pessoas, em geral, reclamam disso, né?
01:21Os astronautas falam que as experiências são repetitivas e os dias se parecem tanto que eles perdem noção do tempo.
01:29Então, isso é comum quando a gente está em situações fechadas, de alta repetição, em que as tarefas são muito precisas.
01:36Enfim, tudo que você faz pode trazer um risco à sua sobrevivência.
01:39Então, você está sempre atento àquela coisa, fazendo uma microgestão do dia a dia.
01:43E isso, consequentemente, faz você perder essa noção do todo que a gente tem por aqui.
01:47Agora, do ponto de vista da tecnologia e da regulação, Álvaro, qual dos dois projetos, na sua opinião, parece mais provável?
01:54E quando a gente pode esperar haver algum desenvolvimento aí?
01:57Eu acho o projeto do Bezos de colocar estruturas orbitais em torno da Terra e passar para lá parte da economia pesada,
02:07indústria pesada, enfim, coisas que a gente acha que, do ponto de vista da sustentabilidade do planeta, não são tão boas,
02:15é muito mais factível do que a ideia do Elon Musk.
02:19Essa ideia de colonizar Marte está muito ligada a um simbolismo da espécie humana como essa espécie interplanetária,
02:28que conquista a Via Láctea.
02:30Essa é uma ideia que tem muito mais sentido alegórico do que prático.
02:35Todas as análises de custo-benefício mostram que é basicamente impraticável, pelo menos num horizonte aí bem longo.
02:43Tem um outro fator.
02:44A gente já tem, eu gostei que você falou de regulação, porque a gente já tem regulação de pé para falar das telecomunicações.
02:51O que está acontecendo é que a gente tem cada vez mais satélites e outras estruturas que estão em torno da Terra.
03:00A gente não tem nada do tipo para tratar da vida em outro planeta, ou mesmo da ocupação.
03:06Como ela se daria?
03:07Então, esse debate é um debate longo e complexo.
03:11Então, eu acho que por essa razão também a lógica do Bezos está muito mais fincada na realidade.
03:16Agora, uma pergunta que me vem à cabeça, uma pergunta muito simples, só de duas palavras, é por quê?
03:21E uma possível resposta, eu penso, por exemplo, que se um dia houver uma hecatombe nuclear aqui na Terra,
03:27se a gente tiver umas estações ali, pelo menos a gente salva a raça humana de extinção.
03:31Além disso, vem alguma outra hipótese na sua cabeça?
03:34Superpopulação, por exemplo?
03:35Sim, a discussão sobre a gente transcender os domínios da Terra do ponto de vista da ocupação
03:42tem primariamente a ver com o problema da superpopulação.
03:46A população humana está crescendo numa velocidade cada vez menor, mas ainda assim ela segue crescente.
03:55E a ideia é que, com o tempo, a gente possa reflorestar o planeta, transformá-lo novamente num ambiente seguro
04:04do ponto de vista da saúde humana, num ambiente de muito maior sustentabilidade.
04:09Para isso, a gente teria que mover muita coisa, muita coisa poluente para fora do planeta.
04:15A ideia toda de você ter módulos que estão aqui em torno da órbita terrestre é muito mais viável nesse sentido.
04:24Porque a tese do Elon Musk já não tem tanto a ver com esse reforço da sustentabilidade terrestre,
04:31e sim muito mais com a ideia de que, eventualmente, o planeta pode ser completamente destruído, dizimado.
04:37Está aí o subtexto, eventualmente, com o apoio de muitas das pessoas que estariam envolvidas nessa corrida espacial rumo à Marte.
04:46E aí a gente não teria outra opção se não essa.
04:49Ou seja, não me parece uma proposta, assim, muito construtiva.
04:52Eu esqueci de te dizer, na última, quando é que isso poderia ter algum sentido.
04:57Qual que é o horizonte temporal?
04:59O horizonte temporal, para a gente começar a montar estruturas em torno da Terra, como proposto pelo Bezos,
05:06é um horizonte das próximas três décadas.
05:09Eu diria que é a partir do final da década que vem, ou da metade da década que vem.
05:132035, 2040, esse debate vai ganhar bastante força.
05:17E eu acho que 2050, 2060, com certeza, eu acho não, todas as estimativas indicam que alguma coisa deverá estar acontecendo,
05:26até porque, do ponto de vista dos incentivos econômicos, tudo isso é muito atraente.
05:32Agora, colonização de Marte, não.
05:33Essa não tem timeline razoável, porque a gente não tem nada ainda estruturado nesse sentido,
05:39até porque a radiação é imensa e o risco de vida é enorme.
05:42E quem seriam os primeiros habitantes?
05:44Não de Marte.
05:45Marte a gente sabe que tem uns homens verdinhos lá já, né?
05:49Minha filha, tem certeza.
05:51Estou falando das estações aqui.
05:53Todo mundo acha, todo mundo diz, aí que está o problema, aliás, Marcelo.
05:57Todo mundo diz que esse vai ser um projeto da elite, olha que coisa, né?
06:03Desigual.
06:03Eu acho que é o contrário, e é muito pior.
06:06Agora, se a gente parar para ver, a tese toda é que a terra tem que se tornar um lugar mais habitável.
06:13Consequentemente, você vai mover uma indústria pesada, a economia pesada, por assim dizer,
06:19e as pessoas que trabalham nesses setores.
06:22Então, a minha leitura é que, no fundo, o discurso aponta para um futuro
06:28em que morar no planeta é como morar num condomínio de luxo.
06:33Mas é uma região agradável, um lugar que, enfim, a gente evoluiu aqui,
06:38a gente se sente natural aqui, a gente se sente parte do ecossistema,
06:42enquanto morar nessas estruturas construídas pelo ser humano
06:46é como morar nas novas cidades no meio do mar que estão sendo propostas também.
06:53Esse é um outro tema que a gente pode discutir,
06:55mas isso está também se desenvolvendo como hipótese, como estratégia
07:00para reduzir a ocupação do solo aqui no planeta.
07:03Ou seja, você monta no meio do mar umas estruturas que, no final das contas,
07:08funcionam como ilhas ou cidades,
07:11e aí você põe as pessoas que vão trabalhar naquilo que está acontecendo nesses ambientes.
07:16Evidentemente, não é nada que você faz por opção.
07:19Você acaba sendo forçado economicamente.
07:21Está aí a grande questão dessa história toda.
07:22E se isso for para frente, o Brasil, você acha que pode tirar proveito econômico de alguma maneira?
07:27O Brasil tem uma posição interessante do ponto de vista do lançamento de foguetes,
07:31por exemplo, com Alcântara lá no Maranhão, que eu já visitei, aliás,
07:35que é a proximidade com a linha do Equador.
07:38Isso torna estratégicas as bases de lançamento,
07:43porque o trajeto é mais curto.
07:46Porém, a gente não tem, atualmente, uma estrutura do ponto de vista do desenvolvimento científico
07:54e do ponto de vista da produção, da indústria necessária, da engenharia,
08:00para ser parte competitiva.
08:02O que eu vejo como muito mais relevante para o Brasil
08:05é o uso de inteligência de software e satélites para o agronegócio.
08:11Está aí a grande coisa.
08:13A gente está cada vez mais desenvolvendo a capacidade de, por exemplo,
08:17através de registros satélites,
08:18determinar o índice de produtividade do solo, chamado NDVI.
08:23A gente tem, assim, os nossos sistemas de previsão climática são muito avançados.
08:28Eu acho que está muito mais por aí, muito mais no uso do espaço
08:32como uma referência para o entendimento do que acontece aqui,
08:36sobretudo do ponto de vista do agronegócio,
08:38onde a gente tem muito mais força.
08:40E essa indústria, que, enfim, ela é pura especulação nesse momento,
08:45está um pouco fora do escopo brasileiro.
08:47Alvaro Machado Dias, muito obrigado por mais uma participação brilhante aqui.
08:50Eu que agradeço. Eu agradeço você que nos acompanhou.
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