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O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados, analisou o impacto da política, do dólar e da inflação sobre o Ibovespa B3 e explicou por que o Banco Central pode sinalizar um corte de juros já em janeiro.

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Transcrição
00:00A gente vai conversar agora com o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados.
00:05José Roberto, boa noite, obrigada por aceitar nosso convite, estar aqui com a gente mais uma vez.
00:11Vamos começar falando sobre esse resultado da Bolsa de hoje.
00:15A gente viu que subiu um pouco, mas muito longe daquele recorde que vinha sendo até quinta-feira da semana passada.
00:24Ainda há um componente político muito forte mexendo com os mercados?
00:30Boa noite, Cristiane, prazer estar aqui com você.
00:33Olha, ainda há, como foi falado, vai ficar conosco por um longo tempo, essa questão do cenário político.
00:43Agora, o que vinha sustentando mais que tudo a alta da Bolsa é a entrada de dinheiro do exterior,
00:53num movimento de diversificação e o fato que as ações brasileiras estavam realmente muito baratas.
01:02Então, olhado desta forma, como é mais provável que o Federal Reserve ainda neste mês abaixe, mais 0,25,
01:12esse movimento seria até reforçado.
01:14No que depende aqui internamente, a entrevista que me precedeu levantou corretamente que vai todo mundo olhar,
01:25não se vai baixar o juro em dezembro, porque ninguém espera isso, mas qual é o comunicado.
01:30E aí a grande dúvida do mercado, você já falou sobre isso mais de uma vez,
01:35é se o Banco Central vai dar alguma pista de baixar, começar a baixar em janeiro,
01:39que é o que eu acho que ele deveria fazer, ou se vai deixar para março.
01:44E nesse conjunto, é esse cenário político que está mostrando uma coisa que vai,
01:49eu acho que vai ficar conosco por muito tempo.
01:53Olhando para a eleição do ano que vem, está tudo muito indefinido ainda.
01:57Então, é tudo que tem de volatilidade para acontecer.
02:01Mas eu acho que vai ser adequadamente digerido.
02:04Eu não sei se vai subir muito, mas eu acho que aquele blip da sexta-feira vai ficar para trás.
02:11Bom, vamos aprofundar um pouco mais nessa questão dos juros americanos.
02:15A gente está falando de uma super quarta-feira, com decisões aqui e lá.
02:20O enfraquecimento do mercado de trabalho por lá é o que está pesando mais nessa decisão?
02:26Eu acho que sim.
02:27Existem duas coisas a considerar.
02:31Uma mais de curto prazo é esse enfraquecimento do mercado de trabalho, que é real.
02:37Já foi descrito por muita gente que a economia americana está em uma fase de crescer,
02:41como se for a letra K, a parte mais alta do nível de renda está crescendo,
02:47os 10% mais ricos, e esses 10% mais ricos têm mais de 90% das ações disponíveis.
02:54E depois, o boom de investimento em inteligência artificial.
02:59E o grosso da população está com o problema de ter dificuldade de sobreviver.
03:06A questão da affordability, que apareceu de forma muito, muito grande.
03:11E o problema central é difícil.
03:12Ele olha para o quê?
03:13Para a parte de cima ou para a parte de baixo?
03:15Por enquanto, ele está olhando mais o mercado de trabalho.
03:19Mas tem, em paralelo, uma coisa que vem vindo e não está resolvida.
03:25É que o pessoal da renda variável, da Bolsa, está animadíssimo com a desregulamentação,
03:31os grandes negócios, como esse da Warner, que foi anunciado recentemente,
03:37e o sucesso da inteligência artificial.
03:39O pessoal que pilota renda fixa, juros, está muito preocupado com, primeiro,
03:47a inflação está acima da meta, pode não estar estourando, mas ela vai subir ainda mais.
03:52Nós achamos que ela passa de 3% nos próximos meses.
03:55Em segundo lugar, começam a ter indicadores que, na inteligência artificial,
04:01tem um excesso de investimento que talvez não seja sustentável.
04:05E o que está por trás mais preocupando, que é recente,
04:08é que tem saído pesquisas mostrando que a difusão e a utilização da inteligência artificial
04:15nas empresas é muito menor do que se pensava.
04:19Uma pesquisa do Burô do Censo mostrou que só 11% dos trabalhadores,
04:25no seu ofício, usam inteligência artificial.
04:28E esse número é menor que o ano passado.
04:30Então, não é aquela coisa que está explodindo nas empresas, nas pessoas físicas, sim.
04:37Ora, isso leva àquelas dúvidas, até onde isso aguenta?
04:41E o pessoal da renda variável tem medo disso,
04:44porque pode, eventualmente, ter um problema grande
04:47e tem uma dívida pública que não para de crescer,
04:50que, em tudo mais constante, impressiona o aumento de taxas.
04:54Então, para onde é que vai?
04:56E esse movimento não é de curto prazo,
04:59mas vai acontecendo um horizonte previsível e não deverá ser pequeno.
05:03Então, essa nuvem escura está sempre assim em cima da discussão do mercado.
05:08Mas, no curto prazo, a animação é total, como você está vendo,
05:12vai baixar os juros.
05:14A dúvida é quantos vão ser a favor no comitê,
05:17quantos serão contra e o que vai acontecer mais adiante.
05:20Como sempre, o futuro é espesso e vai ter a atenção de todo mundo.
05:26Mas eu diria isso, no curto prazo,
05:28realmente, eu acho que vai ter essa baixa de juros
05:31por conta do mercado de trabalho.
05:33Bom, e voltando a falar mais profundamente dos juros por aqui.
05:37Como você já disse, mais uma vez,
05:39manutenção dos juros na reunião dessa semana.
05:42Nós teremos que, de novo, ficar de olho no tom do comunicado,
05:46que será divulgado logo depois do resultado, na quarta?
05:49Sim, porque, de um lado, a inflação vai muito bem,
05:55obrigado, no sentido que ela está realmente caindo.
05:58Fruto da própria taxa de juros, do dólar,
06:02que, por conta do que está acontecendo lá fora,
06:04o dólar lá fora está desvalorizando há muito tempo,
06:07portanto, o real aqui está apreciando.
06:10Então, ele veio lá de perto de 6 para um número perto de 5,40.
06:14Sexta-feira subiu um pouco, mas estava caindo.
06:17E, além disso, nós tivemos uma safra agrícola literalmente espetacular.
06:21E o custo de alimentação no domicílio continua caindo,
06:25inclusive os índices que saíram hoje.
06:27Com essas três coisas, a inflação, não só a projeção desse ano,
06:32mas a projeção do ano em que vem, está claramente caindo.
06:37Tudo isso, o Cristianino, sugere que chegou na hora do Banco Central mexer com juros.
06:43Só o que acontece?
06:45Ele, normalmente, por comunicação, não sai de uma comunicação muito dura
06:51para uma baixa de juros sem uma parada intermediária.
06:55Ele não mexe os juros, mas a comunicação diz,
06:58gente, as coisas melhoraram e eu vou começar a mexer nos juros mais nos próximos períodos.
07:04E essa é a dúvida, dependendo do tom, pode ser janeiro ou pode ser março,
07:09mas que vai começar a baixar juros, acho que ninguém tem dúvida a respeito, e deve,
07:14porque, de fato, está desacelerando a atividade, a inflação está caindo e está chegando na hora.
07:22Só uma última observação, o ano que vem tem eleição,
07:25o Banco Central não mexe em Selic em cima da eleição,
07:28então ele tem um período curto para baixar essa taxa absolutamente estratosférica de 15%
07:35para algo tipo, digamos, 12%, que é o número com o qual a gente trabalha,
07:41e ainda assim vai sobrar uma taxa de juros salgada,
07:44mas uma pedra de sal de talvez 8% real, tudo mais.
07:48Então, esse seria o ideal.
07:50Mas tem sempre dúvidas, os mais conservadores dizem,
07:55olha, tem que esperar março.
07:56Algumas pessoas, nós estamos, né, dizem, olha,
07:59comunica agora e começa a baixar em janeiro,
08:02que passou da hora de fazer serviço, vamos ver.
08:05O que o Banco Central vai decidir, porque é ele que manda mesmo.
08:09É isso aí, veremos na quarta-feira.
08:11Eu vou passar para a pergunta do Vinícius Torres Freire.
08:13Vinícius.
08:14Claro.
08:15Sra. Roberto, boa noite.
08:16Hoje, você está aí defendendo uma queda de juros e talvez até acelerada, né,
08:23para a sua tese, porque tem que terminar essa campanha lá por meados do ano,
08:27um pouquinho depois disso, então teria que dar até uma acelerada.
08:31Agora, eu queria voltar à história do remeleixo que teve na sexta-feira
08:34e o possível efeito disso.
08:36Você está dizendo, olha, tem condições técnicas para baixar a taxa de juros,
08:41ela tem que ser até acelerada para não chegar na eleição, a campanha,
08:45então quer dizer o seguinte, esse remeleixo no mercado,
08:49esse primeiro efeito de inflação das condições financeiras,
08:54por agora não vai ser nada.
08:55Então, porque teve uma altazinha de juros, quer dizer, uma alta relevante,
08:59teve um dólar indo a 5,44 e a Bolsa não tem muito ano,
09:03quer dizer, não tem influência aí na política monetária.
09:05Agora, você acha que, então, isso vai ser expelido sem mais,
09:11não vai ter problema, não vai ter aperto de condições financeiras,
09:14de modo relevante, por causa dessa história,
09:18por causa da eleição, durante esse período em que o Banco Central
09:21faria essa campanha de redução de juros.
09:23Isso aí vai ficar à margem?
09:26Não, vai ter sim.
09:27O Banco Central vai ter que trabalhar com muito cuidado,
09:30porque a volatilidade, especialmente em cima do dólar,
09:33que vai ser quem mais vai sofrer, dada a incerteza da campanha,
09:38não sabemos nem o gris deslagrado ainda, a confusão razoável na oposição,
09:44isso vai mexer e vai mexer com uma certa frequência.
09:50Mas eu acho que não na partida, apesar da sexta-feira,
09:55acho que foi realmente um ponto totalmente fora da curva, inesperado,
09:59mas eu acho que nesses primeiros meses, esse efeito concreto da eleição
10:05ainda não vai atrapalhar demais essa coisa.
10:09E as forças da inflação estão para baixo.
10:12Queria mencionar, nós iremos para a bandeira amarela e para a bandeira verde
10:16na energia elétrica.
10:19O petróleo lá fora está fraquíssimo.
10:24Nós da MB trabalhamos com uma ideia de 50, 60 dólares por barril no próximo ano.
10:30Tem gente boa, acho que foi o Morgan Stanley, um desses grandes bancos de investimento,
10:35acabou de soltar e dizer, olha, pode ir até 37 dólares.
10:39Ou seja, combustível vai cair, não é cor, é verdade,
10:43mas tudo isso ajuda a fazer.
10:45Então, nós ainda estamos numa tendência de desaceleração no mercado da inflação.
10:51Essa variabilidade decorrente da eleição,
10:56eu acho que vai entrar mesmo nos números mais para junho,
11:00que é quando tem as convenções e se define o grid de largada.
11:06Tem um, vai ter um pequeno estresse em março para saber
11:10se tem gente que tem que desincompatibilizar para ser candidato ou não.
11:14particularmente em São Paulo.
11:16Então, nós teremos isso, mas não me parece que seja uma dúvida
11:20para fazer qualquer coisa parecida como o último trimestre do ano passado.
11:26Agora, mais próximo da eleição,
11:29quanto maior for a probabilidade de reeleição,
11:33você sabe melhor do que eu que nós vamos ter aí um certo estresse em cima disso.
11:39Vai ter que olhar dessa forma,
11:41mas um pouco, essa é a tarefa dura do Banco Central.
11:44Eu acho que, tecnicamente, eu sei que nem todo mundo concorda com isso,
11:50tecnicamente, com esse cuidado de comunicar essa passagem de dezembro para janeiro,
11:56deve começar de 0,25.
11:59Também não é nenhuma brastempa, mas é alguma coisa que vai nessa direção.
12:03O que o Banco Central vai poder dosar é essa velocidade.
12:08Isso eu acho que é um desafio que ele tem,
12:11mas o que eu acho tecnicamente adequado,
12:17manter com o que ele está vendo que vai ser dezembro,
12:21chegar em janeiro, ainda assim, se manter os 15% como estão.
12:26Agora, volto a dizer, quem vai decidir, obviamente, é o Banco Central.
12:31Não vai ser irrazoável, se assim eu fizer.
12:34Posso até achar que é excesso de cautela, etc.
12:37Mas é uma coisa a lembrar.
12:39Não será um ano normal do ponto de vista de mexer na Selic.
12:43Tem lá no final do ano, no último trimestre,
12:45uma coisa onde, em geral, o Banco Central se furta de mexer.
12:49Então, tem que dosar, para usar o jargão de mercado,
12:52para não correr o risco de ficar atrás da curva.
12:55Suponha que você mantém em janeiro, não abaixa o juros.
13:00E aí, lá fora, o dólar desvaloriza mais um pouco,
13:04o petróleo cai mais um pouco, a inflação cai mais um pouco.
13:07Tudo tem possibilidade de acontecer.
13:10E se aí a inflação cair mais rápido,
13:12inclusive o famoso 2027, nas projeções do mercado,
13:17aí sim pode dar o efeito contrário.
13:20O Banco Central vai dizer que está atrás da curva.
13:23E essa é uma coisa que os bancos centrais têm horror,
13:26com razão, porque aí sim fica a vida complicada.
13:31Acho que é isso.
13:32Mas, Vinícius, Cristiane, você sabe,
13:35essa política monetária tem uma base técnica enorme.
13:40Mas, como é no mundo real, no meio da sociedade,
13:42um pedaço dessa decisão é arte, não é técnica.
13:46E é isso que, no fim, diferencia boa gestão
13:50de uma gestão que pode ser eventualmente criticada.
13:55Então, é mais difícil ainda para eles e para nós,
13:58que temos que tentar avaliar para onde está indo essa questão.
14:02Mas é um bom problema,
14:04porque nós estamos falando de baixar juros em qualquer circunção.
14:07Isso não tem ninguém contra esse tipo de proposição.
14:12José Roberto Mendonça de Barros, muito obrigada.
14:15É sempre um prazer recebê-lo aqui.
14:17Volte mais em breve.
14:18Boa noite.
14:19Boa semana para você.
14:20Para vocês também é um prazer estar com vocês.
14:23Boa noite.
14:23Boa noite.
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