As exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 28% em novembro, influenciadas pelas sobretaxas impostas por Donald Trump. Fabrizio Panzini, diretor de políticas públicas e relações governamentais da Amcham, analisou o impacto no setor industrial e as expectativas para as negociações entre Lula e Trump.
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00:00Estamos de volta para falar agora que em novembro as exportações do Brasil para os Estados Unidos despencaram.
00:07Uma queda de 28% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
00:11E em meio a isso, o setor privado espera pelos próximos passos das negociações com os americanos
00:17para a retirada das sobretaxas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
00:24Para analisar esse tema, falar da expectativa do setor, eu converso agora com o Fabrício Panzini,
00:30que é diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da ANCHAM.
00:34Tudo bem, Fabrício? Boa noite e bem-vindo.
00:37Boa noite, Natália. Obrigado pelo convite novamente.
00:41Fabrício, eu imagino que o tarifaço é o que está por trás dessa queda tão expressiva nas exportações para os Estados Unidos.
00:48Conta para a gente qual tem sido o impacto das tarifas aos produtores brasileiros, os setores mais afetados nesse momento também.
00:55O mês de novembro, com essa queda de 28%, ele foi o quarto mês seguido de queda das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
01:08O curioso é que essa queda no mês de outubro e no mês de novembro agora de 28%, ela foi puxada por fatores de fato,
01:22uma série de produtos sujeitos ao tarifaço, principalmente na indústria,
01:26e dois que acabaram tendo uma queda só no meio para o final de novembro, que foi café e carne, né?
01:34Mas também uma queda de produtos que estão isentos de tarifas, mas a dinâmica do mercado americano tem tido uma menor demanda.
01:42E isso é sobretudo no caso do petróleo, né?
01:46Então, de fato, nós ainda temos um cenário em que os bens sujeitos a tarifas mais elevadas, de 40% ou 50%,
01:55afetam 37% do que a gente vende para os Estados Unidos, estão ajudando a puxar, ajudam a explicar bastante essa queda de novembro,
02:06mas você tem também outros bens isentos, petróleo, celulose, entre outros, que tem muito mais a ver com a dinâmica de mercado e queda de demanda dos Estados Unidos.
02:18Olha só que interessante. E dos produtos que ainda estão com essa sobretaxa, o que tem sofrido mais esse impacto?
02:24Atualiza para a gente onde é que está pegando mais nesse momento.
02:29As duas maiores quedas, elas estavam focadas em café e carne,
02:35que foram dois produtos que foram isentos a partir de 20 de novembro.
02:40Então, possivelmente, para dezembro, a gente já vai ver uma melhora dos embarques desses dois produtos,
02:48mas eles ajudaram muito a puxar o resultado negativo do mês de novembro.
02:55Agora, e é uma coisa que a gente não cansa de repetir, né?
02:59O mercado dos Estados Unidos é um mercado quase único para o Brasil,
03:04porque ele é um mercado onde vai mais produtos de mais alta tecnologia do Brasil,
03:10um mercado onde vai produtos de maior valor agregado, industriais.
03:15Então, quando a gente vê vários produtos industriais, há uma queda disseminada deles, né?
03:22Então, para dar exemplos concretos, nós estamos falando de máquinas e equipamentos,
03:28estamos falando de produtos de madeira, do sul, estamos falando de motores elétricos,
03:36estamos falando de produtos químicos, autopeças, vários desses que ajudaram a explicar essa queda.
03:43É interessante você ter mencionado isso, porque também há muitos produtos que eles são feitos, né?
03:50Sob medida aqui, entre aspas, né?
03:52Talhados para demandas muito específicas dos Estados Unidos.
03:56Então, não é simples assim mudar a destinação deles, né, Fabrício?
04:01Não, não é fácil você fazer diversificação de mercados,
04:04produtos, sobretudo em produtos que não são comoditizados e produtos que o Brasil não é o grande fornecedor
04:12ou não está entre os grandes fornecedores mundiais, né?
04:16Quando você toma alguns produtos mais comoditizados, café, carne, suco de laranja, outras frutas,
04:24o consumidor no exterior, ele não tem tantas opções além do Brasil.
04:30E isso foi a grande razão pela qual os Estados Unidos reduziram a tarifa para muitos desses produtos para o Brasil.
04:38Agora, em outros casos, né, que você mencionou, por exemplo,
04:43são produtos que atendem, que foram feitos investimentos no Brasil, em fábricas aqui,
04:48muitas vezes até em subsidiárias, né, de empresas dos Estados Unidos no Brasil,
04:53seja de autopeças, de máquinas ou produtos químicos, para atender o mercado americano.
04:59Então, dois pontos, né, um, eles têm uma, eles atendem a algumas critérios,
05:07em alguns requisitos técnicos para o mercado americano,
05:11e segundo, o Brasil não é um grande produtor mundial, não é tão competitivo mundialmente,
05:17a ponto de conseguir fazer com que esse produto entre em qualquer mercado,
05:21a qualquer momento de redireção, né?
05:23E, Fabrício, conta para a gente como que está o termômetro dessas negociações nesse momento.
05:30A gente sabe que houve um telefonema recente entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump, né?
05:36O que que aconteceu pós esse telefonema?
05:39O que que ainda está na expectativa de que aconteça?
05:42E vocês estão apostando mais nessa diplomacia ou nas negociações feitas diretamente entre o setor privado?
05:49O setor empresarial já tem feito bastante ao longo de todo o ano,
05:56inclusive puxando, né, para que os governos dos dois lados sentem, conversem, né?
06:03A gente levou muitas informações, muitos casos de empresas que são consumidoras de produtos brasileiros
06:11ou empresas americanas que investem no Brasil e têm seus resultados prejudicados
06:16porque não podem acessar o mercado americano.
06:20Então, o setor empresarial tem feito aí, por meio de missões, por meio de gestões junto a Washington e junto a Brasília,
06:30para botar os dois governos ali alinhados, né?
06:36Acho que isso tem sido bem feito.
06:38Para aqueles produtos, né, setores que exportam, cuja tarifa é um pouco mais baixa,
06:43a gente também tem orientado, conseguido, né, fazer com que os setores se conversem, negociem e superem a barreira.
06:52Mas quando a gente está falando de 50% já é muito mais difícil.
06:56Aí nós dependemos mesmo de uma negociação direta entre os dois países para que isso seja resolvido.
07:03E os sinais que a gente tem recebido, Natália, têm sido muito mais positivos agora, né?
07:08Até setembro, a gente estava, de fato, com canais muito obstruídos de diálogo entre os dois países,
07:17o que não permitia você fazer nenhuma perspectiva, né?
07:20Agora, a gente teve aí, desde setembro, três grandes momentos de encontros presenciais,
07:29seja entre ministros de Estado e o nosso ministro do MRE.
07:33Tivemos o encontro entre os presidentes presencialmente na Malásia,
07:39ainda em outubro, começo de novembro, e tivemos outras vezes o telefone.
07:45Então, parece, os indicativos, né, seja os indicativos econômicos lá dos Estados Unidos,
07:51de que eles precisam de produtos brasileiros, de que eles precisam de produtos para agregar valor,
07:56esse lado econômico dá sinais positivos e o lado político também.
08:00Agora, chama atenção para o fato de que não é uma negociação simples.
08:05Se a gente tomar por base os que os Estados Unidos querem do Brasil,
08:10plataformas, acidente do mercado de etanol, propriedade intelectual, vai demandar um tempo.
08:16Então, ao mesmo tempo que a esperança está muito renovada,
08:20a gente tem clareza que não é uma negociação que talvez feche da noite para o dia.
08:26Tá certo. Quero agradecer, Fabrício Panzini, diretor de Políticas Públicas,
08:30Relações Governamentais da ANCHAM, por atualizar a gente, né,
08:33sobre essas conversas e qualquer novidade, por favor.
08:36Te aguardamos aqui mais uma vez. Obrigada, viu, Fabrício?
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