- há 2 dias
PSICOPATA - ID INVESTIGAÇÃO DISCOVERY
Categoria
📺
TVTranscrição
00:00Os piores assassinos, vivendo na casa ao lado.
00:07São pais, profissionais, frequentam a igreja, mas guardam segredos inconfessáveis.
00:12Para mim, o Robert sempre foi um homem doce e gentil.
00:18Rondando os lugares onde nos sentimos seguros.
00:22Quem são eles? Onde se escondem?
00:25Já lhe disse que não vamos nessa direção.
00:27Por que a mentira é uma arma tão poderosa nas mãos de um assassino?
00:34Existe uma escala para avaliar os atos de maldade.
00:40Desde os que matam por impulso, até os assassinos em série.
00:45Ela leva em conta crueldade, tortura e brutalidade.
00:51A criminalística agora tem uma ferramenta para medir o índice da maldade.
00:57Assassinos que moram na casa ao lado.
01:01Susan Smith prendeu os dois filhos pequenos no banco de trás e depois deixou o carro cair dentro de um lago da Carolina do Sul em 1994.
01:11Depois disse que eles foram sequestrados.
01:13Um contador de New Jersey, chamado John List, matou a esposa, a mãe e os três filhos no mesmo dia, em 1971.
01:24Depois mudou de nome e começou vida nova.
01:27Dennis Rader, o famoso assassino BTK, torturou com brutalidade dez de seus vizinhos em Wichita entre 1974 e 1991.
01:37Depois passou uma década escondido.
01:40Todos esses casos são de assassinos que enganam os que estão à sua volta.
01:46Seus atos são de uma maldade incompreensível.
01:49Mas nem todos os assassinos que enganam são iguais.
01:53Eles mentem de formas e por motivos diferentes.
01:56Agora existe uma escala que mede os vários graus de maldade.
02:00Ela considera os motivos, o método e a maldade de um homicida.
02:05O criador dessa escala é o Dr. Michael Stone, psiquiatra forense da Universidade de Colômbia.
02:11Assassinos que mentem são duas vezes piores.
02:14Eles não só infligem sofrimento, como usam da mentira para atrair a vítima.
02:19O Dr. Stone começa fazendo perguntas-chave.
02:23Quais são os antecedentes?
02:25Quantos foram brutalizados pelos pais?
02:28Quais são as características dessa personalidade?
02:31É possível nascer mal?
02:33O Dr. Stone considera esses assassinos de duas formas.
02:37Quanto mais perverso o crime e mais premeditada a mentira, maior o índice na escala.
02:43Eu creio que todos sabem quem são estes dois.
02:48Carolina do Sul, 1994.
02:52O público é testemunha de uma mentira arrepiante contada por uma mulher e mãe chamada Susan Smith.
02:58Gostaria de pedir a quem estiver com... com os meus filhos.
03:05Que, por favor, por favor, traga-os para casa.
03:10Ela alegou que um homem negro havia sequestrado seus dois filhos.
03:14Susan Smith apelou para o maior temor dos pais, um sequestro.
03:22Ela recebeu o apoio de todos os lados.
03:25Apesar de ser separada, o pai de seus filhos ficou ao seu lado.
03:29E durante vários dias a comunidade uniu-se em torno da mãe arrasada.
03:34Novos fatos sobre o caso estão sendo verificados neste momento.
03:38Mas parece que não são tão promissores quanto nós esperávamos.
03:43Mas a cada dia que passava, mais a polícia desconfiava dela.
03:47Até que ela foi submetida a um detector de mentiras.
03:50A pergunta que provocou a reação mais forte foi...
03:54Você sabe onde estão os seus filhos?
03:57Não se passa um minuto sem que eu pense nos meninos.
04:04E eu rezo pedindo a Deus que quem esteja com eles...
04:08entenda que eles fazem falta.
04:13E que são mais amados que qualquer outra criança.
04:16As pistas para suas mentiras podem estar na sua infância.
04:24Uma infância que, por trás das aparências, foi muito atormentada.
04:301985.
04:31Susan Levon era uma boa aluna e até trabalhou no hospital como voluntária.
04:36Mas em casa, a vida da estudante certinha era uma tragédia.
04:40Após o divórcio dos pais, quando ela estava com seis anos de idade...
04:44seu pai suicidou-se com um tiro.
04:47Durante a adolescência, ela própria tentou se matar duas vezes.
04:51Ambas em decorrência de experiências com o sexo oposto.
04:55Primeiro aos 13 anos, quando foi molestada pelo padrasto.
04:59E novamente aos 17, quando um homem casado com quem ela saía terminou o romance.
05:04Aos 21 anos, Susan Smith estava casada e tinha dois filhos.
05:13Mas seu casamento desmoronou e ela estava se envolvendo com outros homens.
05:17Susan Smith tinha um histórico de instabilidade com os homens.
05:21Creio que essa é uma pista para o que ela viria a fazer.
05:261994.
05:27Ela começou um caso com um executivo importante da empresa onde trabalhava.
05:32Susan tinha certeza de que aquele homem lhe daria uma nova vida.
05:35Mas o que ela recebeu foi uma carta.
05:37Você sem dúvida será uma ótima esposa para algum sujeito de sorte.
05:41Mas infelizmente não serei eu.
05:42Existem coisas sobre você que eu não quero para mim.
05:45E eu estou sim falando dos seus filhos.
05:47Quando as crianças desapareceram, ela foi submetida a um segundo, terceiro e depois a um quarto teste no detector de mentiras.
05:55Sempre na mesma pergunta, ela ficava agitada.
05:58Você sabe onde seus filhos estão?
06:00Quero dizer aos meus bebês que a mamãe ama muito vocês.
06:05E eles percebem algo diferente.
06:07Ela chora, mas as lágrimas não correm.
06:12Coloquei toda a minha fé e confiança no Senhor.
06:18Nove dias depois do desaparecimento de seus filhos, ela confessou um crime inimaginável.
06:24Susan Smith dirigiu até a beira de um lago com os dois filhos presos, dormindo no banco de trás.
06:30Ela desceu do carro e ficou olhando enquanto ele caía lentamente na água.
06:35Foi um ato que alguns considerariam de pura maldade.
06:40O Dr. Stone analisa o crime de Susan Smith e o seu motivo.
06:44Ela queria continuar o romance com um homem que não queria seus filhos.
06:51Mesmo com seu histórico, o ato de uma mãe que mata seus filhos seria considerado maldade.
06:56Ela é como outras pessoas que matam seus familiares.
06:59Nível 7 na minha escala.
07:01Para o Dr. Stone, a mentira duplica a maldade.
07:07Ela seria considerada ainda pior porque tentou envolver e enganar o público.
07:12Por causa de suas mentiras, o Dr. Stone a coloca mais acima na escala, no nível 10 dos assassinos egocêntricos que matam as pessoas que são pedras no seu caminho.
07:23Um padrão que a escala do Dr. Stone revela é que os crimes mais elaborados estão ligados a uma característica básica, a mentira.
07:32Os detectores de mentira não avaliam mentiras.
07:35Eles avaliam o estresse de mentira através dos batimentos cardíacos, da respiração e da transpiração.
07:42E esse método pode não ser preciso.
07:44Mas agora, novas técnicas, como o da ressonância magnética, permitem aos cientistas examinarem a fonte das mentiras, o cérebro.
07:53Isso pode dar aos investigadores uma visão surpreendentemente nova sobre os mentirosos.
07:59Na Universidade de Harvard, o Dr. George O'Ganis está usando essa tecnologia para observar uma mentira que está sendo construída no cérebro.
08:07Tente ficar com a cabeça parada.
08:09No scanner, o sujeito vê uma série de perguntas e nós dizemos a ele quando mentir e quando dizer a verdade.
08:15Os sujeitos passam pela ressonância magnética e são instruídos a contar vários tipos de mentiras.
08:22É, Califórnia.
08:28Ônibus.
08:30Quando se conta uma mentira, existe mais ativação desta área do que quando se diz a verdade.
08:35Esse tipo de dado mostra, pela primeira vez, o que se passa no cérebro quando a pessoa mente.
08:41Estudos anteriores presumiam que existe apenas um tipo de mentira.
08:45Mas o Dr. Ganes viu algo diferente.
08:48Ele observou dois tipos distintos de mentiras.
08:51As mentiras espontâneas, ditas uma única vez, de improviso,
08:54e as mentiras ensaiadas, que são repetidas durante um longo período de tempo,
08:59como as mentiras de Susan Smith.
09:01É tão injusto que alguém tenha sequestrado duas crianças tão lindas.
09:07As mentiras ensaiadas requerem menos atividade cerebral.
09:12Na teoria, uma mentira ensaiada, como a que Susan Smith tentou contar, seria mais fácil,
09:17mas ela não conseguiu sustentá-la.
09:20Talvez Susan Smith não tenha cérebro suficiente para isso.
09:23Outras pesquisas analisam mentirosos patológicos mais experientes.
09:27Na Universidade do Sul da Califórnia, o Dr. Adrian Wren está participando do primeiro estudo
09:33de mentirosos patológicos feito com imagens.
09:36Nós perguntamos, será o cérebro dos mentirosos patológicos diferente do cérebro das demais pessoas?
09:43E a resposta é, sim, ele é.
09:46Eles estão descobrindo que a estrutura do cérebro dos mentirosos patológicos é maior.
09:50O mentiroso patológico tem mais matéria branca na região frontal do cérebro.
09:55Pessoas que passam a vida como mentirosos patológicos têm 26% mais matéria branca no córtex pré-frontal,
10:02a área do cérebro que se usa para contar uma mentira.
10:05Algumas pessoas podem estar equipadas para mentir melhor e com mais frequência.
10:09Alguns mentirosos são mais perigosos do que outros.
10:13Na minha opinião, os mentirosos como Susan Smith não são os mais perigosos.
10:17Os assassinos cuidadosos, metódicos, que patologicamente enganam todos à sua volta,
10:23são os mais maldosos.
10:24Assassinos como John List.
10:27Sim, eu tenho uma pequena declaração que gostaria de dar.
10:30O psiquiatra forense Dr. Michael Stone está usando sua escala para mostrar
10:41por que a mentira é uma arma perigosa no arsenal da maldade.
10:46Assassinos como John List, cuja mentira complexa começou com uma carga.
10:51Caro pastor, lamento acrescentar mais este peso à sua obra.
11:00Sei que o que foi feito é errado por tudo que aprendi,
11:03e que nenhum dos meus motivos pode justificá-lo.
11:07Em 9 de novembro de 1971, um contador desempregado,
11:12num subúrbio de New Jersey, resolveu agir por conta própria.
11:15O que é talvez mais chocante é a maneira calma e indiferente com que ele levou a cabo seus crimes.
11:21Os esforços de John List para criar a imagem de uma família normal e bem-sucedida não estavam funcionando.
11:28Ele não ganhava o suficiente, a saúde de sua esposa estava se deteriorando e as contas estavam se acumulando.
11:35Sua única explicação para os atos revoltantes que iriam se seguir foi deixada numa série de cartas.
11:41Tudo o que eu tenho parece estar se desmoronando.
11:45É verdade que poderíamos ter ido à falência vivendo do auxílio do governo?
11:48Quando sua esposa estava tomando o café da manhã, ele lhe deu um tiro na cabeça.
11:59É claro que minha mãe foi envolvida, porque o que eu fiz à minha família seria um choque tremendo na idade dela.
12:08John List em seguida subiu a escada e atirou na própria mãe.
12:12Ele cancelou a entrega do jornal, do leite e trocou os sapatos antes de ir ao correio cancelar a entrega de correspondência.
12:25Há um elemento de maquinação em John List que o diferencia de alguns outros assassinos.
12:30Maquinação que apareceu de outras formas, mas latentes.
12:33Ele voltou para casa e esperou que os filhos chegassem da escola.
12:42John List havia comprado uma luxuosa mansão de 18 cômodos para sua família,
12:47mas não tinha condições de imobiliá-la e achava que a família estava ficando acostumada demais com um estilo de vida materialista.
12:56Seus dois filhos e sua filha chegaram da escola.
12:58E ele atirou neles também.
13:02John List já havia começado uma mentira elaborada.
13:07Ele estava desempregado, mas não contou a família.
13:11Ele se vestia para trabalhar e passava o dia na estação de trem.
13:16Era um homem consumido pelas aparências e por um senso de ordem.
13:21Quando era pequeno, não podia brincar com as outras crianças porque sua mãe não queria que ele se sujasse.
13:27Depois de matar a família, ele colocou a arma na escribaninha e deixou instruções detalhadas.
13:36Por favor, avise as autoridades.
13:39A chave desta mesa está num envelope endereçado a mim mesmo.
13:43As chaves para os arquivos estão na mesa.
13:47List avaliou todos os detalhes e racionalizou o seu crime.
13:51Quando tudo terminou, rezei por eles, pelo livro de orações.
13:56Era o mínimo que eu podia fazer.
13:59Depois de limpar o sangue, John List sentou-se para jantar.
14:04E em seguida, lavou a louça.
14:05Eu sei que muitos dirão, como alguém pôde cometer um ato tão horrível?
14:13Minha única resposta é que não foi fácil e só pude fazer isso depois de pensar muito.
14:18Sim, minha mãe estava no corredor do terceiro andar.
14:22Ela era pesada demais para ser retirada dali.
14:24Finalmente, John List alimentou os peixes do aquário, diminuiu o termostato e desapareceu.
14:37A maneira como racionalizou os assassinatos e depois fugiu, mostra extrema covardia em John List.
14:43Ninguém sabia o que havia acontecido com John List.
14:50Anos depois, as autoridades já haviam há muito desistido de procurá-lo.
14:55Pronto.
14:56Espere um pouco para que eles tirem as fotos.
14:58Tudo bem.
14:58Depois ele se acalma.
14:59Dezoito anos depois de matar a família, ele foi encontrado na Virgínia,
15:03através do programa de televisão Os Mais Procurados da América.
15:07Ele foi identificado como Robert P. Clark.
15:17Sua esposa não conseguia acreditar.
15:19Meu marido é um homem gentil, amoroso e protetor.
15:23Durante quase duas décadas, ele construiu uma vida baseada em mentiras.
15:28Quem conhece o Robert sabe que ele só quer fazer o bem mantendo bons relacionamentos com as pessoas.
15:37Mas em vez de começar uma vida nova, John List havia sinistramente recriado a antiga.
15:44Robert é um homem excepcional.
15:47Ele tem muita fé e ama a Deus.
15:52Novamente, ele estava casado e morando numa casa grande num subúrbio.
15:56Ele trabalhava como contador, participava das atividades da igreja e, como décadas antes, estava com problemas financeiros.
16:04Para mim, a vida de John List representa uma das mentiras mais malévolas,
16:08porque ele era um assassino hipócrita que enganou a todos à sua volta.
16:13Sua igreja, seus vizinhos e sua esposa.
16:15Isso nos faz duvidar das pessoas que acreditamos conhecer.
16:20John List foi condenado à prisão perpétua, sem direito a condicionar.
16:24Como Susan Smith, John List matou seus familiares.
16:28Ele assassinou sistematicamente a esposa, a mãe, a filha e os dois filhos.
16:34Como John List matou sua família tão sem constrangimento,
16:38coloquei-o de início no nível 10 da minha escala de maldade,
16:42que é o dos assassinos egocêntricos.
16:43Mas o Dr. Stone considerou também a preparação detalhada e o desaparecimento.
16:51Mas como ele depois criou uma vida nova, baseada em mentiras,
16:55eu o considero um maquinador psicopata, impiedoso e autocentrado.
16:59John List está no nível 14 do índice da maldade do Dr. Stone.
17:03Assassinos que mentem, como Susan Smith,
17:14que ocultam sua identidade, como John List,
17:18abalam nossa tranquilidade e confiança.
17:22Nem os que vivem nas comunidades mais pacatas estão imunes à mentira.
17:28Muitos assassinos mentem para esconder seus crimes.
17:31Mas quanto mais alto o índice na escala da maldade do Dr. Stone,
17:36mais complexas se tornam as mentiras.
17:38Mentir permite aos assassinos criar álibis,
17:41mudar de identidade e começar vida nova.
17:47Great Falls, em Montana, sentiu na pele o estrago provocado pelos que enganam.
17:52O sargento John Cameron está aposentado da polícia.
17:56Ninguém conseguia acreditar no que estava acontecendo em Great Falls,
17:59que é uma cidadezinha em Montana, bem isolada.
18:03Todos aqui se sentiam seguros, mas de repente, não havia mais segurança.
18:11Eu sei que me tornei bastante sombrio, porque,
18:13para apanhar pessoas de tamanha maldade,
18:16é preciso entrar na mente delas.
18:17E eu acabei me divorciando.
18:22Na manhã de 6 de fevereiro de 1996,
18:26Zach Ramsey, de 10 anos, saiu de casa, como sempre, para ir a pé para a escola.
18:31Era por este beco que o Zach passava sempre para ir à escola.
18:35Depois de atravessar aquela rua bem na frente,
18:37ele desapareceu e nunca mais foi visto.
18:40De início, a cidade uniu-se para apoiar a mãe desesperada.
18:46Em 96, quando o Zach desapareceu,
18:48foi por volta da mesma época em que Susan Smith colocou os filhos num carro
18:51e o empurrou para dentro d'água,
18:53para depois aparecer na televisão mentindo em cadeia nacional.
18:56Os pais de Zach também tornaram-se suspeitos.
18:59Durante 3 anos, a mãe foi considerada suspeita.
19:03E, para falar a verdade, eu nunca desconfiei dela.
19:06A mãe do menino acabou sendo excluída da lista de suspeitos.
19:12À medida que os anos passavam, as esperanças diminuíam.
19:18Em fevereiro de 2000, houve uma reviravolta no caso.
19:23A polícia acusou este homem, Nathan Barjona,
19:25pelo sequestro e assassinato de Zach Ramsey.
19:28A investigação revelou outras vítimas,
19:31dois meninos que Barjona sequestrou e violentou.
19:34Ele foi condenado por esses crimes
19:36e está agora cumprindo pena de prisão perpétua.
19:40No entanto, até hoje, ele não foi julgado pelo assassinato de Zach Ramsey.
19:44O Dr. Stone está a caminho de uma prisão de segurança máxima de Montana
19:48para perguntar a ele sobre o menino cara a cara.
19:52Há certas coisas que são tão fortes na lista de tabus sociais
19:55que a tendência das pessoas que cometem esses atos é negar ou mentir.
20:00E fazem todo tipo de coisa para se protegerem do conhecimento inevitável
20:07de que, de fato, participaram desses atos repugnantes e inaceitáveis socialmente.
20:15Com relação ao índice de maldade,
20:19é difícil qualificar um Nathaniel Barjona
20:21porque não conhecemos todos os fatos.
20:27Sr. Barjona, eu estava fazendo as contas esta manhã
20:31e percebi que há 10 anos e 10 dias
20:33um menino de 10 anos de idade desapareceu.
20:37O senhor pode me dizer alguma coisa sobre isso?
20:38Resumindo...
20:44Pelos registros policiais da época que eu li,
20:50o que houve foi que ele estava andando para a escola,
20:52mas sumiu no caminho.
20:54O senhor tem uma ideia de se ele vai reaparecer ou não?
20:58Se tivesse que apostar,
21:00colocar todas as suas fichas, como dizem.
21:02É, eu espero que sim.
21:03É, mas não foi o que eu perguntei.
21:05Todos nós esperamos que sim, não é?
21:06Eu acho que eu não apostaria,
21:12porque, bom, eu não sei.
21:14Para mim, é 50% de chance.
21:17Eu não sei dizer, não sei dizer.
21:21Três anos depois do desaparecimento de Zack,
21:23a polícia sem querer encontrou o homem
21:26que se tornaria seu principal suspeito.
21:28Em dezembro de 99,
21:31três anos depois que Zack Hamzy desapareceu,
21:33um dos nossos investigadores estava passando de carro
21:36numa rua aqui, perto do Colégio Lincoln,
21:38e viu um homem vestido de policial parado na esquina.
21:43Nathan Barjona, de 43 anos,
21:45morador de Great Falls,
21:46foi preso próximo a uma escola vestido de policial,
21:50portando um distintivo falso,
21:52spray de pimenta e uma arma de choque elétrico.
21:54Eu não sei de quantos volts era,
21:56mas era uma arma barata,
21:58que eu usava como autodefesa.
22:00Para não se defender de quem?
22:01De quem quisesse me atacar,
22:04eu... eu sei lá.
22:06Aham.
22:06Mas quando estava com essa arma de choque,
22:08também não estava vestido de forma
22:10que levava a crer que fosse um policial?
22:12Eu estava com uma jaqueta,
22:14que parecia uma jaqueta da polícia,
22:17mas não tinha nenhum insígnio,
22:18nem distintivo.
22:19Então eu não teria enganado um policial?
22:22Ah, eu não sei se teria enganado um policial.
22:24Acha que teria me enganado?
22:26Eu não sei.
22:29Depois que Barjona foi preso
22:31por se fazer passar por policial,
22:33seu apartamento foi revistado.
22:35O apartamento dele estava imundo.
22:37Era um pesadelo.
22:38A polícia encontrou milhares de fotos de crianças
22:42organizadas em fichários,
22:44diários escritos em código
22:46e algo ainda mais alarmante.
22:48Durante a busca no apartamento de Nathan Barjona,
22:51encontramos listas de nomes,
22:52e uma delas em particular,
22:54num papel amarelo,
22:55que estava escrito o nome de Zekele e Hamzy.
22:58E a última palavra nessa lista era...
23:01morreu.
23:03Pelo que sei, foram encontradas
23:04muitas fotos de crianças.
23:06Encontraram vários recortes.
23:09Encontramos caixas e mais caixas
23:11de figuras de crianças recortadas.
23:15Como assim recortes?
23:17Recortes de revistas,
23:18de várias coisas,
23:21cenas de Natal,
23:23crianças, adultos,
23:25pessoas com fantasia de Halloween,
23:27mas não eram só crianças, como disseram.
23:29Mas alguns eram de crianças?
23:30Bom, claro.
23:31Claro.
23:32Para investigar um caso desses,
23:33é preciso entrar na mente deles,
23:35porque eles não pensam como você e eu.
23:38Eles são mestres da mentira.
23:40Tinha algum recorte do menino desaparecido?
23:43Não.
23:44Histórias, recortes de jornal?
23:45Não.
23:46No apartamento de Barjona,
23:49os investigadores encontraram
23:50uma coleção de artigos
23:51sobre o caso Zekele e Hamzy.
23:53Então, do seu ponto de vista,
23:54você está aqui sob uma acusação falsa.
23:56Foi preso por algo que não fez?
23:58Sou totalmente inocente.
23:59Ah.
23:59De tudo que foi acusado
24:01e daquilo pelo que me condenaram.
24:04Os investigadores também encontraram fotos
24:07dos dois meninos
24:08por cujo sequestro Barjona foi condenado,
24:10além de diários escritos num código secreto.
24:14Com a ajuda do FBI,
24:15eles foram decifrados.
24:17Eu nunca me interessei por...
24:20nenhuma forma de canibalismo.
24:21O psiquiatra forense,
24:26Dr. Michael Stone,
24:27está conversando com Nathan Barjona,
24:29condenado por abuso de menores
24:31numa prisão de segurança máxima em Montana.
24:33Barjona também é suspeito
24:35no desaparecimento de Zeke Ramsey
24:37em 1996.
24:39Depois que ele foi pego
24:40fazendo-se passar por um policial,
24:42o apartamento de Barjona foi revistado.
24:44Lá foram encontradas milhares de fotos de crianças
24:47e uma lista de nomes,
24:49inclusive o de Zeke Ramsey.
24:50Nathan Barjona ocultava uma vida pregressa.
24:54Ele viera de Massachusetts
24:55e tinha algo a esconder.
24:57Há quantos anos está em Montana?
24:59Talvez uns 15 anos.
25:02Você veio com sua mãe?
25:03Ela ainda está vindo?
25:04Não, a minha mãe não veio para cá.
25:05Não?
25:07Quando eu vim para cá, eu o vi sozinho.
25:09Por que se mudou para cá?
25:13Eu me cansei de Massachusetts.
25:15E Massachusetts se cansou de você?
25:17Provavelmente.
25:17Lá tem muitos impostos e eu queria mudar.
25:23Em Massachusetts, ele havia cumprido pena de 14 anos
25:27numa prisão de segurança máxima para criminosos sexuais.
25:31Ele havia sido condenado por se fazer passar por policial,
25:35por sequestro e pela tentativa de assassinato de dois meninos.
25:39Um mês depois de ser solto, em 1991,
25:41ele tentou sequestrar outro menino.
25:44Ele recebeu dois anos de liberdade condicional
25:47desde que saísse de Massachusetts e se mudasse para Montana.
25:51Nathan Barjona havia alegado que os erros da sua juventude
25:55eram provocados pela raiva.
25:57Mas de onde vinha essa raiva?
25:59Já parou para pensar naqueles dias
26:00e como é que você se sente agora
26:02sobre o que se passava em seu íntimo na época?
26:05Naquela época, eu sentia muita raiva.
26:07E o que causava tanta raiva?
26:09Porque eu fui maltratado quando era criança.
26:14Nathan Barjona disse que sua raiva pode ter nascido
26:17dos maus tratos que sofreu nas mãos dos colegas de escola
26:20quando tinha 10 anos.
26:22Mas não sei se acredito nisso.
26:23Eu fui maltratado, violentado e torturado.
26:30Teve de ser hospitalizado?
26:32Não.
26:33E como conseguiu evitar ser hospitalizado?
26:36Eu não contei para os meus pais.
26:38Ela viu que eu estava machucado,
26:40mas eu disse que caí da bicicleta no cascalho.
26:44E ela acreditou.
26:47Acha que isso traria outras consequências?
26:49Por que você não quis contar?
26:51Porque me disseram que se eu contasse,
26:53eles iriam me matar.
26:54Aham.
26:55E eu acreditei.
26:56Bom, olha só.
26:59Inclusive, eu só falei sobre isso 20 anos depois.
27:03Sim.
27:04É claro que nessa altura,
27:06todas as marcas já tinham desaparecido.
27:09Bom, as marcas...
27:10As marcas no corpo, sim.
27:12Mas não as marcas emocionais.
27:14É.
27:14Você acredita que era um alvo que era mais propenso a ser vítima de gozações e provocações do que os outros garotos?
27:23Eu acho que não.
27:25Na verdade, eu e um amigo fomos atacados.
27:28Sim.
27:30E a gente só estava jogando bola.
27:33Mas que horas do dia foi isso?
27:34Isso foi...
27:36Durante o dia...
27:38No verão.
27:41Eu não me lembro exatamente se foi de manhã ou de tarde, mas...
27:46Depois do encontro, fiquei com a impressão de que ele estava mentindo,
27:49pelo menos quanto à magnitude do que lhe aconteceu aos 10 anos de idade.
27:53Porque, se fosse verdade, ele teria ficado tão machucado que acabaria no pronto-socorro.
28:01Ele não teria conseguido guardar tudo para si durante 20 anos.
28:07Foi um pequeno incidente, tornado desproporcional para se encaixar na história,
28:12que justifica as coisas que ele veio a fazer depois.
28:17O sargento John Cameron foi o chefe das investigações no desaparecimento de Zach Ramsey.
28:23Ele tinha uma enorme quantidade de informações para esconder.
28:26Ele tinha um passado que, quando eu soube o que ele havia feito com tantas vítimas,
28:32eu achei que era loucura o fato de ele estar solto, de estar livre.
28:37E cumpriu pena de recuperação para criminosos sexuais numa prisão de segurança máxima.
28:43Por que foi?
28:46Foi por tentativa de homicídio.
28:50Sei, sei.
28:51E o que aconteceu exatamente?
28:53Eu não vou falar sobre isso.
28:55Ah, tá bom.
28:58Isso tudo já é coisa do passado.
29:00Quando o sargento Cameron revistou o apartamento de Bar Jonah,
29:03encontrou cadernos escritos em código.
29:06Para ele, aquela complicada mentira estava se tornando ainda mais malévola.
29:11Resumindo, ele tinha receitas escritas para
29:14ensopado de garotinho e criança frita.
29:17Eram coisas horríveis sobre canibalismo.
29:20E todas as provas que foram encontradas no seu apartamento?
29:24Havia milhares de fotos, muitas de meninos.
29:28Havia receitas, havia coisas escritas em código.
29:32Eu não tinha nada em código, mensagens ou outro tipo.
29:37Os relatórios mostram repetidamente que enquanto esteve em Massachusetts,
29:42você também tinha fantasias, curiosidade, sobre como seria o gosto da carne humana.
29:48Nunca tive interesse em nenhuma forma de canibalismo.
29:55Os investigadores encontraram 21 fragmentos de ossos de criança.
30:00Passamos um tempo enorme procurando provas.
30:03Por menores que elas fossem.
30:09Estávamos três anos atrasados.
30:11E os ossos encontrados embaixo da sua garagem?
30:19Bem, você faz parecer que eu sou uma pessoa malvada que quer realmente machucar alguém.
30:27Quando os investigadores obtiveram o resultado do exame de DNA dos fragmentos de osso,
30:37a história de Nathan Bard-Jonah ficou ainda mais complexa.
30:42Os ossos não eram de Zach Ramsey.
30:44Mesmo sem a prova de DNA, o julgamento de Bard-Jonah foi marcado para 2003.
30:50Mas ele teve uma ajuda inesperada da mãe do menino desaparecido.
30:54Convencida de que Bard-Jonah não era o assassino de seu filho
30:59e determinada a continuar procurando por Zach,
31:02ela decidiu não depor e o caso foi arquivado.
31:06Ela me fez várias perguntas.
31:09Por exemplo,
31:11se eu tinha pegado o filho dela, eu falei que não.
31:15E ela disse, bem, eu sei o que é ser acusada falsamente.
31:20E ficou por isso mesmo.
31:22E aí ela foi embora.
31:23Eu acho que ele gosta desse tipo de coisa.
31:26Ele gosta do fato de que ele pode enganar todo mundo.
31:30Para ele, é um jogo.
31:33Nathan Bard-Jonah nunca foi julgado pelo sequestro e assassinato de Zach Ramsey.
31:38Ele foi condenado por sequestrar e violentar dois outros meninos.
31:42E está cumprindo pena de 130 anos, sem possibilidade de condicional.
31:47A identidade da criança cujos ossos foram encontrados embaixo da sua garagem ainda é desconhecida.
31:53E Zach Ramsey, que desapareceu a caminho da escola em 1996, ainda não foi encontrado.
31:59Novamente falando sobre o menino que desapareceu, o que mais você tem a dizer?
32:04Eu sou inocente.
32:06Mas pessoalmente, John Cameron não acredita nele.
32:09Eu acho que Nathan Bard-Jonah está mentindo.
32:11Depois de ver todas as provas do caso, depois de todo o trabalho que tivemos,
32:16eu não tenho dúvida de que Nathan Bard-Jonah sequestrou e matou Zach Ramsey.
32:20Mesmo que aquele menino aparecesse hoje, eles continuarem me culpando.
32:26As mentiras não afetam só os pais de Zach Ramsey, eles afetam toda a população da cidade.
32:31Se esse menino está por aí, por favor, apareça.
32:35Eu acho que ele deveria contar a verdade, mas eu acho que ele não vai fazer isso.
32:40O psiquiatra forense Dr. Michael Stone acabou de conversar com Nathan Bard-Jonah,
32:49suspeito de ser um assassino canibal, para avaliar seu índice de maldade.
32:53É um desafio ainda mais difícil por causa das mentiras.
32:57A capacidade que ele tem de se esquivar da verdade e contornar a realidade é impressionante.
33:03Quando você mente sobre um assassinato, está roubando a vida da vítima
33:07e tira dos familiares a chance de, por um fim, de saber realmente o que aconteceu.
33:16E isso é duas vezes mal. É o mal dobrado.
33:19Nathan Bard-Jonah tentou matar dois meninos em Massachusetts.
33:23Quando mudou-se para Montana, tentou sequestrar outros dois meninos.
33:28O Dr. Stone avalia esses crimes.
33:30Acho que ele é um psicopata que cometeu múltiplos atos de violência.
33:34Se Bard-Jonah está mentindo e realmente matou o Zach Ramsey,
33:39eu o considero um assassino torturador que mata para não ser pego.
33:44Nível 18, na minha escala.
33:47Na opinião do Dr. Stone, Nathan Bard-Jonah é um predador.
33:51Nas mãos de um predador, a mentira é a arma mais mortífera.
33:56Suas mentiras fazem parte de um esquema elaborado.
33:58E se este professor estiver certo, por trás desses planos existem mentes predatórias.
34:05O Dr. Adrian Ren, da Universidade do Sul da Califórnia,
34:08acredita que a mente dos que matam muitas vezes
34:11é fisicamente diferente da dos que matam uma vez, por impulso.
34:15E nessa diferença física, está a chave para entender a vida dupla que eles levam.
34:20Surpreendentemente, nunca houve um estudo funcional por imagens sobre os assassinos
34:26para saber se seu cérebro é diferente.
34:29Ele levou 41 assassinos condenados da prisão para o seu laboratório.
34:34Existem dois tipos de assassinos.
34:36Há os que são emocionais e impulsivos,
34:39e existem os predadores de sangue frio.
34:41Dividimos os assassinos nesses dois grupos com base nos seus antecedentes.
34:46Ele acredita que a diferença subjacente entre esses dois tipos de assassinos
34:51está na realidade, no impulso que todos nós temos, a agressividade.
34:56Se o Dr. Ren estiver correto, os que matam por impulso
34:59não conseguem administrar tão bem a agressividade quanto os predadores.
35:03E o cérebro vai mostrar isso.
35:05Os prisioneiros foram levados até o aparelho,
35:07retiramos as correntes,
35:09e eles tomaram parte na experiência.
35:12O Dr. Ren concentrou-se na região do cérebro que regula a agressividade.
35:20Esta parte do cérebro, que fica logo acima dos olhos,
35:23aqui atrás da testa,
35:25está envolvida na regulagem e controle do comportamento.
35:29Se eu me zango com você, se você me irrita e me aborrece,
35:33uma parte de mim sente raiva, quer pegar uma faca e enfiar no seu coração.
35:37O que me impede de fazer isso?
35:39O córtex pré-frontal, ele é o anjo guardião do comportamento.
35:43Ele diz, espere, pare, não pegue a faca.
35:48Não nessa situação, não agora, por aí não.
35:53Foi feita a paredura do cérebro de todos os assassinos.
36:01Quando o sujeito chega, ele recebe uma injeção com um radioisótopo.
36:05Esse isótopo liga-se à glicose no sangue.
36:09O cérebro usa a glicose como combustível.
36:13Portanto, aonde a glicose vai no cérebro,
36:17o isótopo radioativo vai junto.
36:20O isótopo radioativo destaca a atividade do cérebro,
36:23permitindo que o Dr. Ren desvende o trajeto dos pensamentos do assassino.
36:27O sujeito que vai se submeter à varredura é colocado numa plataforma
36:31que depois desliza para dentro do scanner.
36:35Como o Dr. Ren suspeitava,
36:38os cérebros dos diferentes tipos de assassinos têm aparência distinta.
36:42Comparados aos assassinos por impulso,
36:45os predadores têm um funcionamento melhor do córtex pré-frontal.
36:48Isso faz sentido porque para planejar cuidadosamente e ter controle de um homicídio,
36:54é preciso um bom funcionamento do córtex pré-frontal.
36:59E no mundo do Dr. Michael Stone,
37:02isso significa que eles são capazes de atos ainda mais perversos.
37:07São os predadores que conseguem planejar e levar uma vida dupla.
37:12Assassinos como o PTK.
37:14Matei com perversão, intenção e premeditação.
37:17É um cenário de médico e monstro,
37:20onde há um indivíduo, como o assassino BTK,
37:23que aparentemente leva uma vida completamente normal.
37:26Ele parece se encaixar bem na sociedade.
37:29Mas à noite ele se revela a outra pessoa.
37:33E mata, planeja e controla.
37:36Ele tem um bom funcionamento frontal que permite isso.
37:39E pode passar anos caçando pessoas, sem ser pego.
37:43Ele era um predador intencional e sistemático,
37:46analisando silenciosamente a comunidade em busca da próxima vítima.
37:51Eu tinha muitos projetos.
37:53Eram várias pessoas da cidade que eu segui e observava.
37:56No índice da maldade do Dr. Michael Stone,
38:06os níveis mais altos são reservados para os predadores.
38:10Muitos desses homicidas parecem normais.
38:13Harold Shipman era um médico respeitado numa pequena cidade da Inglaterra,
38:18até que a polícia descobriu que ele matou centenas de pacientes com injeções de heroína.
38:23John Wayne Gacy Jr. dava festas para os vizinhos enquanto dezenas de cadáveres estavam enterrados no porão.
38:31Eles eram assassinos predadores que levavam uma vida dupla.
38:35Assassinos como o BTK.
38:38Como Susan Smith, ele enganou toda uma comunidade.
38:41Como John List, ele escondeu seus crimes.
38:43O assassino BTK levou a mentira a extremos aterrorizantes.
38:51Para mim, o BTK é o mais perverso dos mentirosos.
38:54Porque usou da mentira para aterrorizar sua própria comunidade.
38:57Isso ficou claro desde o primeiro crime.
39:01BTK começou a carta de hoje com uma pergunta.
39:04Quantos eu tenho que matar antes que coloquem meu nome no jornal e me deem atenção a nível nacional?
39:08Wichita, 1974.
39:12BTK apresentou-se com uma carta misteriosa.
39:16Linha após linha, a carta revelava os detalhes de uma matança repugnante.
39:23Ele assassinou uma família inteira colocando sacos na cabeça das pessoas e estrangulando uma a uma com as próprias mãos.
39:31Eu nunca havia estrangulado ninguém antes e não sabia o quanto teria de apertar e quanto iria demorar.
39:39Para ele, a mentira era um jogo.
39:40Se fosse conhecido e temido, ele estava ganhando.
39:45Ele criou uma persona criminosa para aterrorizar a comunidade.
39:50BTK.
39:51Sigla em inglês para amarrar, torturar e matar.
39:55E cada assassinato tenebroso vinha acompanhado de uma declaração, um poema, cartas, bonecas, tudo feito para alimentar o medo generalizado.
40:04Num dos casos, ele próprio chamou a polícia.
40:07Sim, houve um assassinato no número 843.
40:12Em público, o alter ego BTK queria a atenção.
40:17Em particular, o assassino revivia os homicídios amarrando a si próprio e tirando fotos.
40:22As fotos mostram o quanto ele saboreava a emoção do crime e o quanto se orgulhava da sua capacidade de não ser apanhado.
40:31No decorrer de 17 anos, ele matou 10 pessoas do seu próprio bairro.
40:36Arrombando suas casas, amarrando, lentamente torturando e estrangulando as vítimas até a morte.
40:41Mas em 1991, o assassino BTK entrou misteriosamente num longo período de silêncio.
40:51Com o decorrer dos anos, Wichita presumiu que ele fosse coisa do passado.
40:57Em 2004, a mídia divulgou o trigésimo aniversário do primeiro assassinato de BTK.
41:04Após 13 anos de silêncio, ele queria ser o astro daquela cobertura.
41:08E inundou a mídia com cartas, pacotes, fotos, lembranças, bijuterias e bonecas amarradas com suas vítimas.
41:25BTK queria ser temido novamente.
41:28Muitos assassinos em série passam por um período de inatividade.
41:32E para um homicida que aparentemente adora a atenção, não surpreende que ele ressurgisse.
41:38Seu apelo egomaníaco por atenção foi a causa da sua derrocada.
41:44Em fevereiro de 2005, em vez de uma longa carta, BTK enviou um disquete de computador.
41:50A polícia conseguiu rastrear o disquete a um computador de igreja usado pelo assassino.
41:55BTK foi pego.
41:57E por trás do seu alter ego, havia o homem chamado Dennis Rader, que levava uma vida dupla.
42:03Ele era casado, tinha dois filhos e mesmo assim, durante todos aqueles anos, cometeu múltiplos assassinatos.
42:11Quando você lê sobre os assassinos em série, vê que eles passam por várias fases.
42:15Ele estudava os criminosos.
42:18Enquanto a polícia tentava resolver seus crimes, Dennis Rader fez faculdade de administração judiciária.
42:24Ele era presidente da congregação da sua igreja.
42:27Ele era até chefe de um grupo de escoteiros.
42:29Para BTK, a elaborada mentira chegara ao fim.
42:35Ele confessou tudo à polícia.
42:37Sim, senhor.
42:38Festejando uma nova fase de notoriedade.
42:42Ele hoje está cumprindo várias penas consecutivas de prisão perpétua.
42:46E está proibido de ver qualquer reportagem sobre seus crimes.
42:50Dennis Rader invadia Lares, amarrava e estrangulava suas vítimas.
42:55O doutor Stone avaliou seus crimes.
42:57Dennis Rader amarrava e torturava suas vítimas.
43:01Eu o coloco no nível mais alto da minha escala.
43:04Dennis Rader é nível 22 no índice da maldade.
43:08Mas o doutor Stone leva em conta também a sua vida dupla.
43:13Como ele sistematicamente usava a mentira para aterrorizar a comunidade,
43:17eu o considero o mais perverso dos mentirosos.
43:19Eles são assassinos que mentem.
43:25Por fora parecem bons cidadãos.
43:28Mas são homicidas disfarçados.
43:30Alguns assassinos em série que levavam vida dupla
43:32eram considerados pelos vizinhos e colegas
43:35como pessoas trabalhadoras boas e generosas.
43:39Mas tinham esse outro lado.
43:42Eles mentem, fogem e aterrorizam.
43:46Nas suas mãos a mentira se transforma na mais mortífera das armas.
43:50De uma certa forma também nos tornamos suas vítimas,
43:52envolvidos em suas maquinações,
43:54porque acabamos desconfiando das pessoas
43:56nas quais acreditamos em nossa própria comunidade.
43:58E para os que matam e mentem,
44:01o doutor Michael Stone continua sua jornada
44:03em meio a confusão e morte,
44:05tentando entender melhor a mente homicida,
44:08avaliando-a no seu índice da maldade.
44:13Versão Brasileira
44:15DPN Santos
44:16A CIDADE NO BRASIL
Seja a primeira pessoa a comentar