A executiva Ana Carolina Garini, CEO da ONG ZeroDois% pela Educação , explica como transformou 20 anos no setor privado em impacto social real, impulsionando startups, filantropia e educação pública brasileira.
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC
🚨Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber todo o nosso conteúdo!
Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC nas redes sociais: @otimesbrasil
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: https://timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
#CNBCNoBrasil
#JornalismoDeNegócios
#TimesBrasilCNBC
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Hora do quadro protagonistas que traz histórias inspiradoras de mulheres que transformam as áreas em que atuam.
00:07Hoje eu converso com uma executiva de destaque no setor privado, mas que depois de duas décadas de atuação em grandes companhias,
00:16resolveu dar voz a um impulso antigo e usar toda a experiência que adquiriu para atuar integralmente na transformação social e no fortalecimento da educação brasileira.
00:28E ela faz isso apostando no crescimento e no sucesso de empresas que ainda estão começando, ao mesmo tempo em que estimula a filantropia aqui no Brasil.
00:44A protagonista de hoje é Ana Carolina Garini, CEO da ONG 02 pela Educação, apoiada pela Fundação Lehman.
00:52Uma líder que decidiu transformar uma carreira consolidada no setor privado em impacto social real.
01:00Ela já ocupou posições de liderança em empresas como Microsoft, Walmart e OLX.
01:06Com mais de 20 anos de experiência executiva, Ana Carolina canaliza sua energia para fortalecer a educação pública brasileira
01:15e fomentar a cultura de doação entre empreendedores.
01:18Ela também é sócia fundadora da Com, mentora de startups e engajada em causas ligadas à saúde e ao apoio a pacientes oncológicos.
01:28Vou te chamar de Cacá porque é como todo mundo te chama.
01:31Seja muito bem-vinda, é um prazer ter você aqui no Protagonistas.
01:34A minha primeira pergunta é sempre a mesma para todas vocês.
01:37Quem é Ana Carolina Garini? Como é que você se definiria?
01:41Primeiro de tudo, eu me definiria como Cacá.
01:43Quando as pessoas me chamam de Ana Carolina, eu fico pensando com quem essa pessoa está falando.
01:49Então, primeiro de tudo, eu sou a Cacá.
01:52Eu sou uma mulher com muita energia, com muita energia.
01:56E sempre fui uma mulher que não entendia muito essa diferença de gênero.
02:00Porque eu sou a terceira filha de três mulheres.
02:03A minha avó sempre foi muito forte.
02:05Minha avó teve oito filhos, dos quais seis são mulheres.
02:09Então, a gente sempre lá em casa falava o seguinte, é uma coisa difícil, dá para as mulheres fazer.
02:14Ah, é só braço? É só braçal? Dá para os homens.
02:17E aí, eu fui me deparando com essas coisas de gênero depois, quando eu fui mais velha.
02:22Eu sou uma mãe em construção.
02:24Minha filha tem nove anos e faz nove anos que eu estou tentando construir que tipo de mãe eu sou.
02:29E eu sou, acho que uma profissional em desconstrução.
02:34Porque depois de 20 anos de carreira no privado, eu resolvi fazer uma mudança que já vinha aqui no meu ouvido há muito tempo,
02:44falando é para lá que você tem que ir.
02:46Mas eu fui de forma mais organizada, digamos assim.
02:49O que te fez exatamente deixar o mundo corporativo e mergulhar nessas mais profundamente no mundo do impacto social?
02:57O que fez e por quê?
02:58Eu sempre fiz trabalho voluntário, mas eu sempre voltava para casa com uma pulga atrás da orelha, Cris.
03:05Eu sempre pensava o seguinte, eu estou lá, eu dediquei meu sábado.
03:09Então, eu dei aula na Paraisópolis quase dez anos, todo sábado.
03:15Quantas vidas eu mudei de fato?
03:18Quantas coisas eu fiz que vai mudar, sabe, o ponteiro da sociedade?
03:22Sempre tinha isso e eu tive uma vida muito difícil e eu acho que eu tive muito retorno, sabe?
03:31Assim, a minha vida foi difícil, eu não...
03:33Para fazer faculdade eu tive que trabalhar, minha mãe não fez faculdade, né?
03:36Então, não foi uma coisa fácil.
03:38Eu queria, assim, dar um...
03:39Difícil você diz financeiramente.
03:41Financeiramente e soft skills também.
03:44Porque meu pai não era uma pessoa, como infelizmente a grande maioria dos pais, não era uma pessoa muito de educação, assim.
03:53Era uma pessoa muito menos...
03:56Era uma pessoa com telurita, mais dura.
03:58Saiu de casa muito cedo e a gente ficou sozinha.
04:02Era uma pessoa um pouco agressiva também.
04:04Então, de todos os sentidos, sabe?
04:06E eu acho que a vida me deu muito e eu sempre quis retornar.
04:09E quando eu olhava como eu fazia voluntariado, não chegava no impacto que eu queria.
04:17E na Microsoft, em 2013, mais ou menos, a gente lançou o Office e eu era gerente de Office na época.
04:23E eu fiz um trabalho com a Coca-Cola.
04:26Falei, vamos pegar esses meninos do Instituto Coca-Cola e vamos colocar eles para venderem o Office em todas as lojas.
04:31Vamos mostrar o que é tecnologia para eles.
04:33E aí eu vi que ali eu poderia fazer mais.
04:36Então, eu acho que o que me fez fazer essa mudança é onde é que eu sento e eu tenho um impacto maior, sabe?
04:47Eu acho que fazer voluntariado é incrível.
04:49Eu adoro.
04:50Eu vou, eu faço.
04:51Mas hoje, sentada na cadeira que eu estou, eu faço a diferença para muita gente.
04:56Porque eu consigo impactar municípios inteiros, né?
05:00Mas todas as escolas de alfabetização de um município.
05:03É muito, a escala é muito maior.
05:06É, sem dúvida nenhuma.
05:07A gente já vai entrar para falar da 02 Educação.
05:11Mas aproveitando que você já falou da Microsoft, o que você trouxe da Microsoft?
05:16O que você trouxe do Walmart, da OLX para o seu trabalho hoje?
05:20Da Microsoft, sem dúvida, é a forma correta e rápida de fazer as coisas e escalar.
05:26Foi minha primeira grande empresa.
05:29Eu entrei na Microsoft, eu tinha 17 anos, não tinha nem 18.
05:34Mas eu trouxe o que? Como estagiária?
05:36Não, eu entrei como terceirizada para fazer um evento de três meses.
05:40Tá.
05:40E eu nem tinha passado na faculdade ainda.
05:42Eu estava juntando dinheiro.
05:43E lá eu fiquei 11 anos.
05:45Então, assim, foi uma jornada grande.
05:48Então, foi tudo que eu aprendi do mundo corporativo foi na Microsoft.
05:50Então, essa coisa de escalar, ser rápido, ter projeto, ter foco, eu aprendi na Microsoft.
05:57E como tratar pessoas também, eu aprendi muito na Microsoft.
06:01No Walmart, eu entendi da parte escalável, podemos dizer assim, do consumidor final.
06:08Então, como é que você aumenta muito?
06:09A Microsoft é muito B2B, né?
06:11É muito de empresa para empresa.
06:12Quando eu fui para o Walmart, eu descobri toda uma outra coisa.
06:15Nossa, isso sim é escalar.
06:17E a OLX, eu brinco que eu trabalhei em máquinas de moecare, né?
06:21Porque a Microsoft e o Walmart são muito de venda, de resultado.
06:24A OLX me mostrou um lado de, você pode ter resultado, mas você pode cuidar do seu time também.
06:30Não precisa ser a todo custo, né?
06:32Você não precisa se matar de trabalhar.
06:33Exatamente.
06:34Então, a OLX me trouxe muito isso.
06:36Então, hoje, eu, claro, a gente persegue resultado lá na ONG, mas com outro olhar, sabe?
06:43Então, eu trago muito da Microsoft essa coisa de qual é o meu projeto, qual é o meu plano, qual é o meu planejamento.
06:50Do Walmart, como é que eu escalo isso, como é que eu trago em grande escala.
06:54E da OLX, como é que eu cuido das pessoas que estão comigo para seguirmos sempre juntos.
07:00Como é que a maternidade e a sua vida pessoal acabaram influenciando nas suas decisões?
07:06Ou não teve influência nenhuma?
07:08Não, teve total influência.
07:09Quando eu criei a minha primeira ONG, junto com a minha sócia, que chama Força Meninas, foi total por causa da maternidade.
07:17Eu tive uma experiência muito difícil quando eu fiquei grávida no varejo.
07:21Não é fácil, o varejo já é uma cultura mais de venda, de resultado.
07:25Você estava na OLX na época?
07:27No Walmart.
07:27No Walmart, tá.
07:28E aí, conversando com uma amiga minha que também estava na Walmart, a gente fundou o Força Meninas, eu sou cofundadora.
07:35É uma ONG que foca em ensinar meninas de 5 a 18 anos, qual é o espaço que ela tem?
07:42Que matemática pode ser sim para ela?
07:44Que ela pode ser sim o que ela quiser?
07:47Então, a maternidade já começou...
07:48A Júlia tinha 3 meses.
07:503 meses eu resolvi fundar uma ONG.
07:51Na minha licença maternidade, achei assim, nossa, vou fundar uma ONG.
07:55Aquela coisa do...
07:56Pouca coisa para fazer, né?
07:57Aquela coisa do...
07:58Eu já tenho pouca coisa no meu potinho aqui, eu vou colocar mais uma coisa.
08:00Mas foi incrível para mim, foi muito incrível.
08:03E a maternidade me deixou muito mais focada, porque se eu não vou buscar a Júlia na escola, ninguém vai.
08:11Ela tem pai, a gente é separado e ele busca ela nos dias dele, mas nos meus dias, eu tenho que buscar?
08:17Não tem, né?
08:19Então, eu sou muito mais focada, eu sei o que eu tenho que fazer, eu sou muito mais organizada.
08:23Me deixou muito mais organizada a maternidade.
08:26E geral, traz mais disciplina, né?
08:28Sim, sim.
08:29E traz também uma coisa, uma quietude, eu acho.
08:32Do mesmo jeito que te tira do prumo e que você fala, gente, o que foi que eu fiz da minha vida?
08:36Por outro lado, você entende que você não controla nada.
08:39Porque para mim, a Júlia comendo ia ser como nas fotos.
08:43Sabe a maternidade na foto?
08:45E aí, bem comida na tua cara, você fala, tá, eu não controlo nada.
08:49Então, isso também é bom de você sair um pouco dessa coisa, eu preciso controlar.
08:53Tem que ser isso, tem que comer a ser isso, tem que mamar.
08:56Vamos.
08:57Então, acho que a maternidade também me trouxe essa calma.
09:00Qual foi o maior desafio, ou ainda é o maior desafio para você, de liderar num mercado que é fora do setor privado?
09:08Eu acho que o maior desafio, Cris, e eu acho que tem no setor privado e no público, eu acho que ele é meio parecido, é fazer com que as pessoas acreditem que a gente vai conseguir chegar onde precisa.
09:22No setor privado, a gente tem ali o que a gente chama de casos de sucesso.
09:27Olha, tal empresa fez isso, dá para ser feito, tal empresa fez aquilo, mas quando você vai inovar, não tem caso de sucesso.
09:33E na ONG é um pouco isso, porque a gente tem uma verdade absoluta, entre muitas aspas, no Brasil, que a educação pública é ruim, que a educação pública não tem jeito.
09:43Então, quando eu falo que eu estou dentro de uma ONG focada em educação pública, as pessoas já falam, ah, não.
09:50E aí eu tenho que olhar para o meu time e falar, gente, a gente está fazendo a coisa certa.
09:53Se ele falou não, o que a gente vai fazer, fazer ele falar sim daqui a pouco, não agora.
09:58Então, para mim, esse é um desafio muito grande, como é que as pessoas, mesmo com os tapas que a gente leva, os tropeços, continuem focadas em fazer a diferença na educação pública.
10:09Então, vamos explicar para quem está aqui nos assistindo exatamente o que faz a Zero2, por que esse nome e como surgiu essa ONG.
10:16Claro.
10:18Eu vou começar pelo começo.
10:19Como surgiu?
10:20São dois fundadores, os dois trabalham nesse mercado de startup.
10:26E eles enxergaram que ali tinha muito dinheiro e pessoas muito inteligentes, pessoas que são grandes focos, onde as pessoas querem ser.
10:36Então, vou dar um exemplo aqui, Fabrício Blois, um dos fundadores do iFood.
10:40Uma pessoa que você olha e fala, putz, uma pessoa inteligente, gostaria de ser, né?
10:45Entre outros nomes.
10:47Então, eles olharam e falaram, nossa, a gente tem aqui um ecossistema muito bom, que pode ser uma veia para melhorar a educação.
10:58E aí, eles fundaram a Zero2.
11:00Por que este nome?
11:02Zero2% do seu resultado.
11:04Então, o que a Zero2 faz?
11:05Ela conversa com esses fundadores de startup, os fundadores de fundos, e diz o seguinte, vamos junto.
11:11Lá na frente, quando você ficar rico, quando você vender, se tiver um evento de liquidez, né?
11:16Porque eu te ajudei aqui a melhorar a sua startup, você me doa Zero2.
11:22Eu vou ser um fundo do bem.
11:24Vou pegar esse dinheiro e investir em educação básica brasileira, pública, tá?
11:30E quando eu falo básica, eu estou falando de alfabetização.
11:32Porque a gente precisa melhorar a base para depois resolver todos os outros problemas que a gente ainda tem.
11:37Então, foi daí que tem o nome Zero2%.
11:40Então, o que a gente faz hoje é, tem a nossa comunidade de fundadores de venture capital, né?
11:47Fundadores de fundos e de startups.
11:49A gente tem um monte de eventos para ter conversas com eles.
11:54E eles, quando chegam no momento de liquidez, dão um Zero2% para a gente.
12:00Hoje, Cris, a gente tem em torno de 80 pessoas nessa comunidade.
12:04A gente tem uns 16 milhões já em pledge, né? Prometido.
12:09E a gente tem muita coisa acontecendo, assim.
12:12Então, a gente fica muito feliz, porque é uma ONG nova.
12:16Não tem dois anos ainda.
12:16Tem quanto tempo? Não tem dois anos.
12:18Quando você diz que vocês chegam para essas startups, por exemplo, e fala, ah, vamos junto.
12:23Quando lá na frente vocês começarem a ganhar mesmo, a gente fica com 0,2%.
12:28O que é esse vamos junto?
12:30De que forma vocês ajudam essas ONGs a se desenvolverem?
12:33É essa comunidade se retroalimentando.
12:36Então, é um...
12:37Vou dar um exemplo aqui.
12:38A gente tem o Edson Rigonati, que é de um fundo que chama Astela.
12:43É um fundo bem conhecido.
12:44Investiu na RD Station, investiu em um monte de empresas que foram super bem.
12:49As pessoas entram lá e falam, posso bater um papo com o Edson?
12:52Vamos fazer um evento?
12:53Então, a gente é uma comunidade que se retroalimenta.
12:56Pessoal, estou com uma dúvida aqui.
12:57Então, e é engraçado porque quando a gente começou, eu falei, eu não vou ser a chata
13:01de criar o grupo do WhatsApp.
13:03Eles pediram um grupo.
13:04Eu não vou ser a chata de fazer evento.
13:07Eles pedem evento.
13:08Aí, cada evento que a gente faz, eles querem outro.
13:10Então, é uma comunidade que se ajuda mesmo.
13:12Então, a gente vem ajudando eles do ponto de vista de educação, de como é que a gente
13:18pode melhorar até a jornada dele enquanto empreendedor.
13:22E a hora que ele, lá na frente, tiver um sucesso, o êxito, ele devolve para a gente.
13:30E de que forma essa iniciativa é diferente de outras do terceiro setor?
13:34Tem duas coisas.
13:36Eu acho, na verdade, eu não acho, eu tenho certeza, tá?
13:39Tem duas coisas.
13:41A primeira é, a gente não pede o valor agora.
13:45A gente pede o valor quando ele tiver.
13:46Então, é sucesso e sucesso.
13:48O sucesso dele é o meu sucesso.
13:49Então, acho que essa é uma grande diferença que eu conheça.
13:53Não tem ninguém que faça no Brasil.
13:55A gente tem lá fora, que chama o Giving Pledge do Bill Gates.
14:00E foi muito baseado nisso.
14:03Então, essa é a primeira coisa.
14:04E a segunda coisa, que eu sempre falo isso para todo mundo, é o quanto a gente está criando
14:09uma nova geração de filantropos do país.
14:12Porque hoje, se a gente for pensar na filantropia no Brasil, primeiro que não é cultural.
14:17Segundo que, se a gente for pensar em grandes filantropos, a gente tem o Jorge Paulo Leman,
14:22a gente tem o Eli Horn, a gente tem as pessoas que são mais velhas.
14:25E essas pessoas agora, de startup, elas estão na crista da onda.
14:29Então, é agora que eu tenho que pegar essa pessoa e mostrar para ela a importância da
14:33filantropia.
14:33A importância dela devolver para o país que deu para ela chances de chegar onde ela chegou,
14:41ela devolver.
14:41Então, acho que essas duas, para mim, são as que brilham o meu olho, assim, que diferencia
14:46bastante.
14:47Aproveitando que você falou do Jorge Paulo Leman, qual é o papel da Fundação Leman
14:51nesse projeto?
14:53A Fundação foi que investiu na gente no primeiro ano, e no segundo continua investindo, e no
14:59terceiro também, enfim.
15:00Mas foi a primeira a investir na gente e acreditar no projeto.
15:03E a ONG usa muito da estrutura da Fundação Leman, porque eles fazem alfabetização como
15:12ninguém.
15:12Então, eles abriram muitas portas para mim, tanto dentro das secretarias de educação,
15:17eu trabalho de lá, eu vou para a Fundação muitas vezes, converso com muita gente, e eles
15:22têm um papel também muito importante quando a gente escolhe a ONG que a gente vai investir.
15:28Porque eles olham, eles fazem o que a gente chama ali de diligência, de olhar e falar
15:33é uma ONG escalável, o investimento está sendo feito de forma correta, tem resultado.
15:39Então, quando a gente brinca que a gente faz filantropia com DNA de startup, quando a
15:43ONG vai fazer o pitch para a gente, para fazer o investimento, é a Fundação Leman que
15:48está por trás, garantindo que se a gente for fazer o investimento nessa ONG, é o investimento
15:53correto.
15:53Onde você enxerga mais potencial de transformação na educação aqui no Brasil?
15:58Tem um potencial muito grande que é como é que a gente educa as crianças hoje, né?
16:06Provavelmente, a gente foi educado do mesmo jeito que os nossos avós, que os nossos...
16:10Sim.
16:10Não muda, não muda.
16:12Então, esse é um grande potencial.
16:15Como é que a gente faz diferente?
16:16Eu já vejo escolas públicas fazendo diferente, uma ou outra escola, desculpa, escolas privadas
16:22fazendo diferente, uma ou outra escola pública fazendo diferente, mas a gente tem que mudar
16:28essa forma de educar.
16:30Essa é a grande verdade.
16:32E a outra coisa, vou te devolver com uma pergunta.
16:34Quantas pessoas você conhece que quer ser professor?
16:36Você fala assim, olha, hoje eu acordei e eu vou.
16:39Acho que eu não conheço ninguém.
16:40Exato.
16:41Infelizmente.
16:41Exato.
16:42A gente tem que botar o professor onde ele tem que estar.
16:46É muito importante.
16:47Eu fico até arrepiada, gente.
16:48Ficou um professor, uma coisa muito incrível.
16:51E a gente foi deixando ele de lado, sabe?
16:53E a gente valoriza pouquíssimo.
16:56Pouquíssimo.
16:56A gente paga muito mais...
16:57Nada contra, mas a gente paga muito mais um jogador de futebol do que um professor.
17:01Não pode isso.
17:01Infelizmente mais.
17:03Né?
17:04Com certeza.
17:04Então, assim, é colocar o professor no lugar que ele merece.
17:08Que conselhos ou que conselho você daria para mulheres que querem liderar nessa área
17:14que você lidera?
17:15Liderar com propósito.
17:17Seja verdadeira.
17:20Mostre a sua vulnerabilidade.
17:21Porque não é um...
17:22Trabalhar no terceiro setor não é fácil.
17:25Então, tem dias que eu olho para o meu time mesmo e falo, gente, não sei nem por onde
17:27começar hoje.
17:29Ontem a gente levou três, não.
17:30Dois portas na cara.
17:31Mas, assim, hoje eu preciso da ajuda de vocês.
17:33Então, acho que mostrar a vulnerabilidade é importante.
17:36Porque te humaniza, né?
17:38E você ser verdadeiro com o que é importante para você.
17:41Essas duas, com certeza.
17:43E a terceira é escute.
17:46Porque a escuta, ela é tão importante.
17:49E aí, não só do que está sendo falado, do que está sendo feito, do que está sendo
17:52mostrado, né?
17:53Assim, você sabe muito mais que eu, que o corpo fala.
17:57Então, escuta.
17:59Entenda qual é o real propósito da pessoa que está do outro lado para você conseguir
18:03trazer ela para o seu lado.
18:05São desafios completamente diferentes dos desafios que você tinha quando você estava
18:09no setor privado, nessas grandes empresas que eu citei?
18:13Sem dúvida.
18:13Sem dúvida.
18:14Tem dias que eu acordo e falo, gente, por que eu fiz isso assim?
18:17E eu lembro, eu tenho um propósito.
18:19Eu vou mudar esse país através da educação.
18:21Foi por isso que eu fiz isso.
18:22Mas completamente diferente.
18:23Porque você tem muita gente com um foco que é palpável, né?
18:32Você vende software.
18:33Então, tá bom, pessoal.
18:34Eu quero que todos os bancos usem Excel.
18:37Então, eu quero diminuir em 80% o analfabetismo.
18:42Não é palpável.
18:43É.
18:43É bem mais complicado.
18:45É.
18:45Mas em alguns momentos você se arrepende ou nunca?
18:48Nunca.
18:49Eu sempre digo que eu nunca estive tão feliz na minha vida.
18:52E eu passei por momentos assim, Cris, bem difíceis.
18:56E eu olho pra trás e eu falo, nossa, como isso foi me construindo pra chegar aqui mais
19:04inteira, sabe?
19:05É quando você entra nessas reuniões, nessas conversas com startups, que eu imagino que
19:11a maioria seja...
19:14Homem.
19:15Homem.
19:15Exatamente.
19:16E muitas vezes você entra na sala e você é a única mulher.
19:19Você sente...
19:21Quais são os grandes obstáculos pelos quais você teve que ultrapassar?
19:25Você sente que ainda há um certo preconceito, entre aspas, ou não?
19:30Ah, tem.
19:31A gente pode dizer que ele é velado, mas tem.
19:35Eu sempre me coloco no lugar de...
19:40Se eu tô aqui, eu tô abrindo a porta pra mais uma mulher.
19:43Sabe?
19:44Então, eu entro sempre com esse foco.
19:48Se eu tô aqui, eu tô abrindo a porta pra mais uma mulher.
19:50Se eu tô aqui, mais alguma vai subir comigo.
19:53Então, tanto que a grande maioria do time é mulher.
19:57Eu ia te perguntar isso.
19:59100%.
19:59100%?
20:01Acabo de notar que 100%.
20:03Mas é isso, assim.
20:05Então, pra mim, tem obstáculo.
20:07Tem sim um olhar diferente.
20:11Mas eu sempre penso em quem eu tô puxando junto, sabe?
20:16Mas você acha que as mulheres, elas, de certa forma, têm uma preocupação maior em trabalhar com propósito do que os homens?
20:26Talvez por isso você tem um time com mais mulheres?
20:29Não sei se é algo intencional.
20:31Se você fez isso de propósito.
20:33Não foi intencional, acabei de pensar aqui.
20:37Mas eu acho que neste setor, não tem muito essa coisa de mulher e homem, tá?
20:44Pensando aqui na Fundação Lehman, por exemplo, é bem meio a meio, é bem diverso.
20:49Mas é sim, de fato, o que preenche a gente.
20:53Eu acho que homem e mulher tem essa diferença do que me preenche.
20:57Claro, tem exceções, né?
20:58Mas tem, o que é sucesso pra um homem?
21:01É dinheiro, são outras coisas.
21:04Pra mulher pode ser dinheiro também.
21:05Eu adoro dinheiro, não vou dizer pra você, não vou ser hipócrita.
21:08Mas pra mim, uma amiga minha me ensinou isso, a Karen.
21:12Sucesso vem da palavra sucessão.
21:14Então, assim, pra mim, sucesso é o que eu tô deixando de legado pra Júlia?
21:18O que a Júlia vai bater no peito e falar a minha mãe que fez isso aqui?
21:21Ai, desculpa.
21:22A minha mãe fez isso aqui, sabe?
21:23Então, pra mim, vem muito mais deste lugar.
21:26E é por isso que eu acho que mulheres têm mais esse lugar de...
21:29Pra onde eu tô indo, ir com propósito, levar todo mundo comigo.
21:34Cacá, acredite, nosso tempo acabou.
21:37Já?
21:37Passa muito rápido, né?
21:39Mas eu sempre faço a mesma pergunta pra vocês no final.
21:43O que significa pra você ser protagonista da sua própria vida?
21:47Significa muito, assim.
21:49Significa que eu posso mostrar pra Júlia que ela pode ser o que ela quiser,
21:52quando ela quiser, a hora que ela quiser.
21:54Significa que eu não coloco na mão do outro qualquer decisão que eu tomei.
22:00Porque, às vezes, a gente tem a falsa sensação que se a gente tomar uma decisão, a gente vai ficar feliz.
22:05Mas nem sempre.
22:07Tomar uma decisão é difícil, né?
22:08E aí é melhor você jogar a decisão pro outro.
22:11Mas não.
22:12Eu sempre fui a pessoa que...
22:13Tá bom, vou encarar de frente.
22:14Vou tomar essa decisão.
22:16Até porque cada escolha é uma renúncia, né?
22:17Exatamente, exatamente.
22:20Então, pra mim, ser protagonista da minha vida é estar sentada hoje na cadeira que eu sonhei,
22:25fazendo o que eu sonhei, sendo paga por isso.
22:28Então, assim, ser protagonista...
22:30Eu não sei se você conhece essa palavra, chama Ikigai.
22:33Se eu vou falar, pra mim, ser protagonista da minha vida é todo o dia.
22:36Tem uma razão pra acordar todos os dias.
22:38Exatamente.
22:39É ter o meu Ikigai todos os dias.
22:41Que lindo, adorei.
22:42Obrigada.
22:43Eu agradeço.
22:43Foi muito gostoso.
22:44Muito obrigada.
22:45Fico muito feliz, eu que agradeço.
Seja a primeira pessoa a comentar