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O monitor do custo de vida 2025, pesquisa global da Ipsos, mostrou que 35% dos brasileiros vivem situação financeira difícil, mas acreditam em aumento de renda no próximo ano. Marcos Cagliari, CEO da Ipsos, explica a percepção do brasileiro frente à inflação, juros e impostos.

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00:005 horas e 29 minutos, o Monitor do Custo de Vida 2025, pesquisa global da Ipsos, que analisa a percepção financeira em 30 países, revela um Brasil de contrastes.
00:1335% dos brasileiros afirmam estar em situação financeira difícil ou muito difícil. É mais do que a média global, de 27%.
00:21Ao mesmo tempo, os mesmos 35% acreditam que a renda vai aumentar no próximo ano. Somos mais otimistas do que na média, no resto do mundo, 29%.
00:33Quem vai explicar para a gente o cenário que essa pesquisa revela é o Marcos Calhari, CEO da Ipsos. Tudo bem, Marcos? Boa tarde.
00:41Um prazer estar aqui.
00:43Bom receber você aqui de volta. Obrigado pela sua presença aqui no nosso estúdio, Marcos.
00:46Vamos pegar esse primeiro número, 35% dos pesquisados, dos brasileiros, no caso, disseram que vivem numa situação difícil ou muito difícil.
00:57O desemprego está baixo, a renda vem subindo. A gente pode entender que inflação e juros explicam essa percepção dos brasileiros?
01:05E dá para entender o que é que explica mais se é inflação ou se são juros?
01:09Antes de mais nada, eu acho que é legal falar sobre esse estudo, que o grande valor dele está aqui a percepção da população.
01:14Não são os grandes índices macroeconômicos. É como a população sente.
01:17Obviamente, a população não tem todas as informações econômicas e nem tem interesse em fazer grandes previsões do que vai acontecer de futuro em termos macroeconômicos.
01:27Então, o que a gente está avaliando aqui, em primeiro lugar, é a percepção.
01:30Então, o que a gente está nesse número que você trouxe agora, 35% da população brasileira diz que está sentindo sua situação financeira muito difícil.
01:37Quando a gente pergunta a causa, aparece aí uma surpresa.
01:41É o único país do mundo que atribui a dificuldade à alta taxa de juros.
01:45Isso não acontece em nenhum dos outros 30 países que a gente estuda.
01:48Na média dos países, eles veem o problema vindo ou globalmente, a situação financeira global,
01:53que inclusive é um item também pesado no Brasil, a segunda causa da situação financeira, da percepção da situação financeira.
01:59E o terceiro é a política do meu país.
02:02Então, alguma coisa um pouco mais nacional, que é a segunda globalmente.
02:05A taxa de juros não aparece entre as três principais no mundo.
02:09No Brasil, sim.
02:10Então, eu estava ouvindo aqui a fala da Luísa Trajano e está alinhado aqui a percepção da população.
02:16Atribui o alto custo de vida.
02:17Quando eles falam em inflação, eles percebem muito mais o custo de vida do que a inflação.
02:21É mais uma vez uma diferença entre os índices macroeconômicos e como as pessoas os percebem.
02:26Mas atribui a inflação e o consumo, a situação que ele está vivendo, principalmente a taxa de juros.
02:31E essa é uma peculiaridade do Brasil.
02:33E aí, esse outro lado.
02:34Os mesmos 35% acharem que a renda deles vai aumentar no próximo ano.
02:40Dá para entender o que leva as pessoas a terem esse otimismo?
02:44Não são as mesmas pessoas.
02:46Os 35% acham coincidência numérica, evidentemente.
02:49O que a gente vê, o brasileiro normalmente é mais otimista.
02:52Então, em todos os estudos que a gente faz, a gente tem fartamente documentado isso,
02:55o brasileiro olha a situação do futuro sempre como vai ser melhor.
03:00Então, isso ajuda a explicar um pouquinho esse olhar do futuro que a gente vê.
03:04Até porque, quando a gente pergunta para os brasileiros o que eles acham que vai ser o futuro,
03:09de fato, um percentual menor deles diz que a inflação vai subir.
03:12Mas a gente vê uma percepção que o desemprego vai subir.
03:15Então, a gente já começa a ter quase uma dicotomia aqui, uma contradição.
03:20Eles também acham que a taxa de juros vai continuar subindo.
03:23E, mais interessante, também é um dos poucos países que acham que os impostos vão subir.
03:27E aí, tem uma grande diferença com a média global.
03:30Estou dizendo isso porque ele vê que a situação dele deve melhorar,
03:32esses 35% que você se refletiu,
03:34mas a do país não necessariamente.
03:36Ele ainda vê alguns obstáculos importantes que devem piorar antes de melhorar.
03:40Essa é a percepção que o brasileiro tem no dia a dia.
03:43Agora, no ano que vem, uma novidade importante é essa mudança na isenção do imposto de renda.
03:48Que, dependendo da situação da renda da pessoa,
03:50isso vai liberar por mês R$ 100, R$ 200, R$ 300 de renda para ela.
03:56Embora essa lei só tenha sido sancionada na semana passada,
03:58ela está em discussão e já foi aprovada há mais tempo.
04:01Isso entrou, isso influenciou nessa percepção das pessoas que a renda vai melhorar?
04:05Eu acho que o interessante desse estudo é que a percepção,
04:09a opinião das pessoas muda quando vira verdade.
04:12Então, por mais que haja perspectiva da entrada da isenção de imposto,
04:16eles ainda não sentiram isso.
04:18A população ainda não sentiu isso de fato.
04:20Então, há uma percepção, um otimismo em que a renda disponível vai continuar crescendo,
04:26mas, ao mesmo tempo, há que os impostos vão continuar crescendo.
04:29E a gente deveria ver exatamente o oposto.
04:30Então, o que a gente está vendo aqui é que o consumidor brasileiro,
04:33a população brasileira de maneira geral,
04:35ele não traz para os dias de hoje o que pode vir a acontecer no futuro.
04:40Isso que eu acho que é interessante a gente notar.
04:41Por mais que a gente, quando discute economia,
04:43a gente discute as possibilidades e as expectativas,
04:46quando a gente está falando das pessoas, a gente está falando do hoje.
04:48Até porque o processo de consumo é um processo muito imediato
04:50e com muita dificuldade, como a gente acabou de discutir.
04:53Você falou há pouco sobre essa diferença entre os grandes agregados macroeconômicos
04:57e o que cada um de nós sente na ponta no dia a dia.
04:59E tem um dado que eu acho que chama muito a atenção para esse ponto,
05:03eu queria pedir a sua leitura,
05:05que é o dado sobre se o Brasil está em recessão.
05:0836% das pessoas responderam que sim.
05:10E nem é uma coisa de agora, porque no ano passado já foram 33.
05:13Quer dizer, cresceu, mas já era um número alto.
05:15A gente teve recessão pela última vez em 2020, na pandemia.
05:19Como é que as pessoas percebem isso?
05:21Como é que a gente explica uma percepção tão diferente na ponta
05:25em relação àquilo que o país, de fato, está vivendo no Brasil?
05:27Ótima pergunta. E esse 35% que você acabou de comentar dos brasileiros,
05:30ele é ainda menor do que a média global.
05:32Quer dizer, 42% da população do mundo acredita que o seu próprio país está em recessão.
05:37Que a gente sabe que também não corresponde à verdade.
05:39A recessão é um termo econômico absolutamente técnico.
05:42A sucessão de dois trimestres...
05:44Quem responde a pergunta sabe o que é?
05:46Obviamente não sabe.
05:47Obviamente não sabe.
05:48O que ele atribui à recessão é uma situação econômica ruim.
05:51Como esse número, ele não coincidentemente, ele é muito similar às pessoas que dizem
05:54que estão com muita dificuldade.
05:56Então, isso era parte da diferença entre a percepção e como as pessoas percebem.
06:00A gente, às vezes, está usando termos econômicos e que não são plenamente nem compreendidos,
06:04nem absorvidos e nem há o interesse da população em compreendê-los.
06:06Então, eu atribuo esse número alto de percepção de recessão no Brasil, apesar de a gente
06:11estar longe, de estar em recessão técnica, às pessoas que estão sentindo dificuldade
06:16econômica.
06:17E aí, há uma coincidência numérica, mais uma vez, com os números que você trouxe,
06:20de pessoas que se declaram com dificuldade ou muita dificuldade na sua gestão econômica.
06:28Outro dado nessa linha também, que é o dado sobre expectativa para os juros.
06:31E aí, 66%, ou seja, 2 a cada 3, esperam que teremos taxas de juros maiores no ano que
06:39vem, sendo que o caminho natural que a gente está observando é que ela comece a cair.
06:43Está muito alta, provavelmente vai cair devagar, mas o caminho seria para baixo e não para cima.
06:48Isso entra nessa ideia também?
06:51É exatamente a mesma linha de raciocínio.
06:53As pessoas não têm a informação das canhões do cupom, não têm informação e, mais
06:56uma vez, talvez não tenham interesse nisso.
06:58Como elas olham isso é, hoje eu vejo os juros como o principal problema.
07:02E também elas não veem, não é que elas veem os juros como uma retração da atividade
07:04econômica, elas veem os juros como um problema para pagar a parcela do financiamento dos produtos
07:09que ela consome.
07:09Quer dizer, é uma outra perspectiva para absorver o mesmo problema.
07:13E eles acreditam que no ano que vem, se o país vai piorar, os juros vão piorar.
07:16Esse negócio aí que faz a gente ter tanto problema para pagar a parcela, vai continuar
07:21piorando.
07:22Então, essa é uma preocupação do brasileiro hoje.
07:24A minha situação, eu acredito que melhora, mas a situação do país, eu não vejo
07:27por que melhorar.
07:28Então, até virar a verdade, a isenção do imposto, a queda na taxa de juros, e não
07:32é nem a queda, não é nem a queda da decisão do cupom, é a queda no financiamento, no juros
07:36do financiamento.
07:37Quer dizer, até isso acontecer, a gente vai ver aí uma sensação muito misturada de
07:44perspectiva econômica do brasileiro.
07:46Tem uma coisa cultural também, porque a gente tem na cabeça, como brasileiro, essa ideia
07:50de que o Brasil é um país de juros alta, inflação alta, impostos altos.
07:55Quer dizer, via de regra, o padrão das pessoas não acaba sendo sempre achar que sim, vai
08:00subir, sim, vai ser alto.
08:01Acaba sim, mas se a gente olhar no passado, isso não é uma regra, não aconteceu nessa
08:06mesma pesquisa que a gente faz, está na sétima edição desse estudo e começou na
08:10pandemia.
08:11Teve um momento em que isso não era notado.
08:13Então, apesar de ser cultural e certamente tem um viés para cima dessas percepções,
08:18em algum momento o Brasil começou a baixar taxas de juros antes, por exemplo, porque teve
08:21inflação mais nova logo depois, mais baixa logo depois da pandemia.
08:24Então, isso não foi um problema.
08:26Então, havia, sob certo aspecto, o reflexo do que estava acontecendo na macroeconomia,
08:30influenciava no processo de consumo e ele percebia.
08:33Então, há esse viés, mas a gente não notou isso antes e isso está se manifestando
08:36agora.
08:37Quer dizer, obviamente, é um tema midiático, é um tema que, como a gente acabou de ver,
08:42personalidades, celebridades, políticos reiteram, portanto ele acaba absorvendo, mas
08:45mais importante, afeta no dia a dia das pessoas, o consumo do brasileiro é muito baseado
08:49em financiamento e parcela.
08:51E, obviamente, a taxa de juros afeta isso.
08:53Então, este é o fim da linha que a gente vê, como as coisas viram verdade na rua,
08:58no dia a dia das pessoas.
08:59Essa, eu acho que é a beleza desse estudo, comparando com os grandes números da economia.
09:04Marcos Calhares, CEO da Ipsos, muito obrigado, Marcos, pela sua presença aqui, destrinchando
09:09para a gente esses números realmente muito interessantes sobre o que pensa o brasileiro
09:13em relação às suas finanças.
09:14Obrigado, viu?
09:15Obrigado, Fábio.
09:16Valeu.
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