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O especialista em gestão pública André Marques analisou, no Real Time, como o avanço do rombo das estatais pressionou as contas públicas. Ele mostrou como esse cenário afetou metas fiscais, risco Brasil e qualidade dos serviços, reforçando a necessidade de ajustes e melhor governança.serviços públicos, mostrando por que o ajuste e a governança se tornaram urgentes.

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Transcrição
00:00A situação das contas públicas, considerando ainda o agravamento com a crise das estatais,
00:06chega num momento em que o cobertor das receitas do governo é curto,
00:10que há dificuldade em cumprimento das metas fiscais.
00:13E isso tem impacto sobre toda a economia.
00:15Vamos conversar agora sobre esse assunto com o André Marques,
00:19que é especialista em gestão pública.
00:22Oi, André, bom dia para você, uma ótima semana por aí.
00:25Muito obrigada por aceitar nosso convite e participar ao vivo aqui do Real Time.
00:28Eu quero agradecer, é um prazer estar aqui com vocês.
00:32André, a gente também agradece a sua participação.
00:35Rodrigo Loureiro, nosso analista de economia e mercado, também vai participar dessa entrevista.
00:39Mas para começar, André, eu queria perguntar o seguinte.
00:43Na sua opinião, qual deveria ser a prioridade do governo na gestão das estatais hoje?
00:48A questão do ajuste, capitalização, venda de ativos, mudança de governança, são muitas questões, né?
00:56Sem dúvida, sem dúvida.
00:58Acho que a prioridade é definir qual é, de fato, o escopo que o governo pretende dar para essas estatais.
01:04Você pega, por exemplo, um caso específico dos Correios,
01:07uma dívida que só vem crescendo nos últimos anos,
01:12a dívida desse ano é três vezes maior do que a do ano passado,
01:16o resultado é três vezes pior,
01:18e isso só drena os recursos do governo federal.
01:21E quando drena recursos do governo federal,
01:23esse recurso que poderia estar indo para a saúde, educação, segurança,
01:26e outras áreas acabam sendo direcionada para uma estatal que está sendo deficitária.
01:32Então, é preciso que isso seja sanado, que isso seja estancado,
01:35e existem várias formas de se fazer isso,
01:38e vamos ver como é que esse empréstimo, de fato,
01:41pode ou não contribuir nessa direção.
01:44André, bom dia.
01:45Quando a gente fala sobre cobertor curto,
01:47e a gente lembrando ali o principal, acho que princípio da economia,
01:52que é você arrecada e você tem que economizar.
01:54A conta tem que ficar no azul no final do período, no final do ano, enfim.
01:58O Brasil tem uma arrecadação forte, mas ele gasta muito também.
02:01A gente vem discutindo isso ao longo dos últimos muitos anos.
02:05Com essa possibilidade de termos esse cobertor cada vez mais curto,
02:12o senhor vê alguma possibilidade de aumento de impostos
02:15ou de uma nova contribuição,
02:17já que cortar os gastos parece uma missão cada vez mais difícil?
02:22Os recursos são sempre finitos.
02:24Então, não existe recurso para atender todas as demandas,
02:28seja do país, seja de estados ou municípios.
02:30Então, você aumenta a receita, você reduz a despesa, controla a maior despesa.
02:36Acho que esse exemplo dos Correios recentes é um exemplo típico
02:39de que poderia, sim, haver um controle mais eficiente,
02:43mais rigoroso na parte de despesas, de investimento de forma geral,
02:47e com isso evitar a necessidade de aumento de receita.
02:51Mas como resolver estruturalmente problemas de despesas
02:54é uma coisa que dá trabalho, é uma coisa que gera disposições,
02:58acaba sendo mais fácil, mais cômodo simplesmente partir para o aumento da receita,
03:03aumento de impostos, e isso é o que a gente vem vendo nos últimos anos.
03:07A gente vem vendo isso em todas as esferas governamentais do país
03:11e, infelizmente, esse controle da despesa vem sendo deixado em segundo plano.
03:18Agora, André, quando uma estatal entra em crise,
03:21a gente sabe que o impacto não é só operacional.
03:24Ela pode recair sobre o Tesouro justamente quando há pouco ou nenhum espaço para erro,
03:30que é o que está acontecendo com o caso dos Correios e de outras estatais também
03:34que já aconteceu esse mesmo tipo de situação, não?
03:38Sem dúvida, em duas situações.
03:40Primeiro, em cobrir o déficit de cada uma dessas estatais,
03:43e nesse caso específico dos Correios, além de cobrir o déficit,
03:47agora existe aí toda a discussão da busca de um empréstimo,
03:50com um pool de bancos, só que se esse empréstimo, se ele foi efetivamente aprovado
03:55e ele não for pago, quem acaba pagando é o Tesouro,
03:59que a garantia será do Tesouro Nacional.
04:02Então, no final das contas, seja por um caminho,
04:05um caminho direto de aporte de recursos na estatal,
04:08seja por um caminho direto como garantidor da dívida,
04:11no final do dia o orçamento do governo federal acaba ficando pressionado
04:16quando você não consegue resolver estruturalmente as despesas.
04:21Então, esse não é o primeiro e, infelizmente, não vai ser o último caso nessa direção.
04:26André, quando a gente tem crises assim, fica aquele receio de que uma crise desse tipo
04:32possa afetar as notas do Brasil, possa afetar o risco do Brasil,
04:36principalmente quando a gente fala sobre as agências de rating.
04:39E aí, você afetando essa nota, você diminuindo essa nota,
04:42você desencoraja investidores internacionais.
04:46Você vê essa possibilidade? Você vê essa crise dos Correios
04:49podendo afetar o risco do Brasil?
04:53Eu acho que não é só a crise dos Correios, na verdade,
04:55é a soma de uma série de decisões, uma série de conclusões
05:02que a gente está vendo no nosso controle de despesas
05:05e numa receita cada vez mais pressionada.
05:09Então, acho que esse conjunto da obra acaba, sim, levando a esse risco.
05:14E esse risco não é só a questão de desencorajar investidores,
05:17mas de quando você tem essa perda no seu rating,
05:22você, consequentemente, acaba pagando,
05:24correndo risco de pagar juros mais altos, taxas mais altas.
05:28Então, isso também afeta as contas públicas.
05:31Então, quando você não resolve estruturalmente,
05:34por diversos caminhos diferentes,
05:36você pressiona as contas públicas
05:38e quem sempre paga no final do dia
05:40é o contribuinte, é o cidadão.
05:42André, esse rombo nas estatais já está próximo do recorde do ano passado.
05:47A gente já está aí em 6,35 bilhões de reais,
05:52sendo que, como você mesmo mencionou,
05:53os Correios estão liderando esse déficit.
05:57Inclusive, a situação já obrigou o Ministério do Planejamento
06:00a bloquear 3 milhões do orçamento desse mês, a congelar.
06:05Qual é o principal impacto desse congelamento?
06:09Bom, o impacto disso é que ações,
06:12quando você tem um orçamento,
06:13aquele orçamento é um norteador das suas prioridades.
06:16Quando você não consegue executar o seu orçamento,
06:19isso significa que prioridades que foram determinadas
06:21pelo Poder Executivo,
06:23prioridades que foram negociadas junto ao Congresso
06:28acabam sendo deixadas de lado.
06:31Então, você corre o risco de ações importantes,
06:34ações sociais,
06:35ações de forma geral
06:37que poderiam trazer benefício para a população
06:39ficando de lado
06:40porque você não vai ter recursos suficientes para isso.
06:43Então, acaba sendo uma bola de neve
06:45que vai afetando o dia a dia da população.
06:48André, fala-se muito em Brasília
06:50sobre a possibilidade do governo em 2026,
06:53até nos próximos anos,
06:54flexibilizar mais a meta fiscal.
06:57Eu queria entender do senhor
06:58como que você concilia essa flexibilização
07:01com também um processo de você estabilizar
07:04as contas públicas,
07:05principalmente quando a gente trata das estatais.
07:09Bom, se você tem a flexibilização,
07:11mas na contrapartida você tem medidas claras
07:14de reestruturação das suas despesas,
07:17da sua forma de governar,
07:18então isso pode ser um benefício
07:20porque você ganha tempo
07:21para que você consiga arrumar a sua casa.
07:24O problema é que, historicamente,
07:25o que a gente tem visto,
07:27e isso em diversos entes federativos,
07:30você acaba vendo que você dá um fôlego a mais,
07:33seja para a empresa estatal,
07:35seja para o Estado,
07:36seja para o município,
07:37e aquele ente acaba não fazendo,
07:40de fato, a sua reorganização necessária.
07:43Então, se fosse com esse objetivo,
07:45vou ganhar tempo, vou me reestruturar,
07:47e mais à frente eu vou voltar a ficar no azul,
07:49como nós estávamos conversando aqui no início,
07:52ok, acaba sendo um direcionamento bastante importante,
07:57mas, infelizmente, historicamente,
07:59não é o que nós temos visto.
08:00Nós temos visto justamente ao contrário.
08:03Você dá fôlego, você dá tempo,
08:05continua o gasto,
08:06e mais à frente você precisa de uma nova medida
08:08para poder consertar aquilo
08:10que já deveria ter sido consertado lá atrás.
08:12Então, é uma bola de neve que acaba não tendo fim.
08:16Então, você precisa romper com esse ciclo
08:17se você efetivamente quer que as contas públicas
08:20se reorganizem estruturalmente.
08:23E, André, antes da gente finalizar,
08:25vou te pedir só para responder mais a uma pergunta.
08:28A gente sabe que isso influencia muito,
08:31como você mesmo disse,
08:31nas contas públicas,
08:33mas, consequentemente,
08:34para todos nós contribuintes.
08:36Sem dúvida nenhuma, sem dúvida nenhuma.
08:39Como os recursos são finitos,
08:41é uma decisão.
08:43Administrar orçamento é você administrar decisões.
08:46Enquanto quando você toma uma decisão
08:47de fazer alguma coisa,
08:49você automaticamente está tomando a decisão
08:51de não fazer alguma outra coisa.
08:53Então, quando você toma uma decisão
08:55de aportar recursos numa empresa deficitária,
08:58você está tomando uma decisão
09:00de não colocar esse recurso,
09:02novamente, na saúde, na educação,
09:03na assistência, na segurança,
09:05o cobertor é curso,
09:07o cobertor é finito.
09:08Então, quando você recorrentemente
09:11tem que buscar soluções alternativas
09:14para cobrir os seus déficits,
09:16a população acaba ficando cada vez mais
09:19com o seu serviço defasado.
09:22Então, ou a gente rompe com esse ciclo,
09:26ou, definitivamente,
09:27a gente ainda vai continuar vendo
09:28esse tipo de desgaste
09:30durante muitos e muitos anos.
09:31Com certeza.
09:33Muito obrigada, viu, André Marques?
09:35André Marques, que é especialista
09:36em gestão pública.
09:37Uma ótima semana para você
09:39e até a próxima.
09:41Para vocês também, bom dia.
09:42Obrigado.
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