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  • há 1 dia
Para Dilson Pimentel, repórter do Grupo Liberal desde 1990, a cobertura do Círio reflete a evolução do próprio jornalismo. Ele recorda o desafio físico da era do impresso.

REPORTAGEM: Gabriel da Mota
IMAGENS: Ivan Duarte
EDIÇÃO: Karla Pinheiro (Supervisão Tarso Sarraf)

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Notícias
Transcrição
00:00A cobertura de um gabinete para o circo sempre foi muito desafiadora para o jornalista.
00:05E naquela época, o trabalho, eu diria para você, era muito mais desgastante fisicamente,
00:10porque a gente fazia uma cobertura, a corte que começava, ele ia até o final do circo.
00:15Por exemplo, eu entrava quatro horas da menina, e a minha primeira cobertura era a cobertura da menina,
00:21lá na igreja da Sé, que hoje é a Catedral Metropolitana de Belém.
00:24Em seguida, eu entrevistava os promesseiros da corda, e na sequência, eu acompanhava todo o circo,
00:30fazendo reportagem até o final, no campo, no centro da criatura em Nazaré, que hoje é praça e santuário.
00:36Naquela época, ao contrário de hoje, não havia o projeto de redação integrada.
00:41Tudo que a gente apurava, quando a gente retornava para a redação,
00:46a gente escrevia o material baseado em todas as regiões que a gente havia feito ao longo de todo o percurso do circo.
00:52Percebam que hoje, com as redes sociais, com a velocidade da informação, com o digital,
00:58hoje a gente consegue contar os relatos do circo de uma maneira muito mais dinâmica.
01:03Na época do impresso, o material da gente saía apenas no jornal impresso.
01:08Hoje o material sai na versão digital do liberal, que é o portal liberal.com,
01:13e sai em todas as plataformas também de jornal.
01:16O que eu acho muito interessante é que, por exemplo, naquela época, quando eu entrei,
01:19a gente tinha que aguardar o jornal no dia seguinte para ver o nosso material devidamente impresso
01:24e até para repassar esse jornal físico para os entrevistados.
01:29A gente avisava os entrevistados que a edição já estava disponível nas bancas,
01:35ou então a gente também, durante o nosso trabalho, a gente fechava com algumas pessoas esse jornal impresso.
01:39Não era um trabalho de assinatura, não era isso.
01:41Era o próprio repórter que pegava o jornal e, durante a conversa dele,
01:45que estava vendendo a matéria do dia a dia, entregava o jornal.
01:48Hoje mudou, porque hoje é tudo muito rápido.
01:51Você está no local fazendo a cobertura, já fica uma equipe grande cobrindo o cílio em campo
01:56e uma outra equipe grande na base aqui do jornal.
01:59Então tudo que você apura é encaminhado imediatamente para a redação,
02:03é para o seu armário de texto, vai para todos os plataformas do jornal,
02:06e imediatamente a gente já está vendo o resultado do nosso trabalho
02:09e a gente já consegue também compartilhar com as pessoas.
02:12Todo o tempo real, o que também faz com que aumente a nossa responsabilidade,
02:16porque como tudo é muito estratégico, a gente tem que ter a essência do jornalismo,
02:21seja no jornalismo impresso ou digitário,
02:23se não tem a responsabilidade, a ética, a preocupação com as informações
02:27e o cuidado com os interessados, o cuidado com as pessoas.
02:31A gente usa no nosso jargão jornalístico ação de personagens,
02:34mas isso é praga, consome em tempo.
02:36Na verdade, não é um personagem, é uma pessoa, é uma filha,
02:39que tem vários relatos, que tem várias histórias.
02:42Então a cobertura ficou mais dinâmica, ela ficou mais rica e ela ficou muito mais interessante.
02:47Eu nasci em uma cidade do inteiro, do Maranhão.
02:50Então quando eu vim morar em Belém, e eu comecei a trabalhar no janeiro de 1916,
02:57janeiro de 1900.
02:59E eu tinha uma curiosidade pessoal de um jornalismo muito grande,
03:01que era saber como é que uma imagem relativamente pequena
03:05conseguia atrair milhares de pessoas pela voz de Belém.
03:08Eu não conseguia ter essa compreensão.
03:11Então naquele meu primeiro ano do jornal, eu fui designado pra cobrir o sírio.
03:15E a pauta que eu recebi foi uma pauta que se repetiu nos anos seguintes.
03:20Eu entrava de madrugada e uma das pautas era eu entrevistar os promesseiros na porta.
03:24E foi aí que eu tive a dimensão do que é o sírio.
03:28Ouvindo os relatos, os testemunhos de fé, de superação,
03:33de pessoas que do ponto de vista da medicina formal haviam sido,
03:36pessoas haviam sido desenganadas pelos médicos,
03:39e conseguiram, com intercessão de Nossa Senhora, ficar curadas.
03:42Pessoas que vinham batalhando há muito tempo pela Casa Prode e finalmente conseguiram.
03:46Pessoas que foram aprovadas no vestibular.
03:48Pessoas que conseguiram reatar laços familiares.
03:51Então foi a partir daí que eu tive a dimensão do sírio e aí sim eu entendi
03:55o porquê da imagem conseguir mobilizar tanta gente
03:59e vai mobilizando tanta gente a cada um.
04:02E uma coisa que eu acho muito interessante.
04:04O aparato pra fazer a cobertura do sírio, não só da imprensa,
04:08mas das forças de segurança, é um aparato muito grande.
04:11São milhares de pessoas.
04:12Esse ano, os cálculos apontam que 2,6 milhões de pessoas participaram do sírio.
04:18Possivelmente é o maior público até agora,
04:20com a tendência do crescimento.
04:22E que pese essa multidão, esse mar de gente,
04:25a gente não tem concorrência de grande vulto, de grande proporção.
04:29O que eu acho muito interessante é o aparato inteiro à disposição de Nossa Senhora
04:34e nascer ao mesmo tempo cuidando de todo mundo,
04:37não deixando que ninguém se paixone, não deixando que o povo não atrasse.
04:40É um selvo fascinante.
04:42A primeira, ela foi marcante pra eu ter a dimensão do que era o sírio.
04:47Inclusive, eu não tinha noção do quanto o sírio fisicamente era muito desgastante.
04:52Eu me lembro que no primeiro ano de cobertura,
04:54quando eu cheguei perto do Verupês, eu não conseguia tocar o chão.
04:57Eu acho que parecem, num certo lugar, como se eu estivesse levitando,
05:02porque a multidão levava a gente.
05:04Se você não se preparar, não só jornalisticamente, pessoalmente, espiritualmente e fisicamente,
05:11é algo muito cansativo.
05:12Você tem que se preparar.
05:13Porque o sírio, a grande profissão do mundo,
05:15ela é a cunha imensa de uma série de eventos que a gente já vem fazendo antes do sírio.
05:19Então, quando a gente chega no sírio, o que pese?
05:23É como se a gente fosse zerar tudo.
05:25O sírio é o grande teste pra gente.
05:27Mas a gente já vem fazendo uma cobertura muito grande.
05:30E porém, o secatório, pra mim, é um momento muito emocionante.
05:34Que é um momento que eu posso...
05:36O Ivan, do Acho, que é o meu companheiro de pauta do sírio, já há muito tempo,
05:42ele me perguntou agora como se eu consigo separar a minha emoção pessoal da minha emoção jornalística.
05:49E eu tenho dificuldade, porque o sírio mexe muito comigo.
05:54Porque eu me lembro da minha mãe, que é a Católica.
05:56Eu lembro da minha família.
05:58Eu lembro de muitas pessoas que estão precisando.
06:00E eu me lembro de tanto que o Senhor da Propécie de Vida.
06:02Porque se você for pensar, se você for pensar na dimensão do sírio,
06:07e a gente consegue fazer o sírio e sair fisicamente mesmo,
06:11a gente sai espiritualmente renovado,
06:13a gente sai profissionalmente com muito mais conhecimento.
06:18E cada sírio é um.
06:19E cada sírio é um.
06:20E a gente tem uma comeceira que eu perguntei para ela,
06:24eu não recido como ela estava se sentindo.
06:26Ela falou assim, por um lado, eu estou muito feliz,
06:30porque é mais um sírio, é mais uma saúde que eu consigo,
06:32mas eu estou muito triste porque acabou.
06:34Então, esse sentimento de acabar,
06:36que a gente queria que se preocupasse o tempo todo,
06:38é que vai nos alimentando,
06:40para que a gente possa chegar renovado no sírio seguinte.
06:42E aí
06:44E aí
06:45E aí
06:49E aí
06:49E aí
06:50E aí
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