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O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, avalia o resultado da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que terminou sem um plano claro para o fim dos combustíveis fósseis.

Carlos Bocuhy afirmou que o desafio da Cúpula é reflexo de um "conflito de interesses" profundo entre os países e que, por essa razão, "nunca vai ter um consenso" no cenário atual.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/DaLoMOukjXs

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Transcrição
00:00Mas vamos falar agora da COP30, as horas finais de negociação da COP foram tensas,
00:06falta de um roteiro pra abandonar os combustíveis fósseis no texto final causou polêmica entre países ambientalistas.
00:14Estamos agora com o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuí,
00:20vai conversar conosco pra falar sobre os resultados da COP.
00:24Carlos, seja muito bem-vindo.
00:25Como é que o senhor avalia?
00:27Nós percebemos todo esse delay ainda da questão dos combustíveis fósseis,
00:33a adoção dos combustíveis não fósseis vai crescendo, felizmente, no Brasil,
00:37mas vai ser uma tarefa muito difícil.
00:40Imaginar que os países são dependentes do petróleo, fazem comércio com o petróleo,
00:46deixa tudo debaixo do solo em razão da natureza, ainda existe um delay muito grande.
00:51Seja bem-vindo, bom dia.
00:53Bom dia, Marcelo, bom dia, Danube, é um prazer estar aqui de volta.
00:58Bom, a questão é que nós temos um problema, esse problema ele é atestado pela ciência,
01:05quer dizer, você tem que dar uma solução pra questão do aquecimento global.
01:11Esse processo foi instalado nas Nações Unidas a partir de 1992,
01:16ocorreram 30 conferências de lá pra cá, mas o sistema decisório que está instalado,
01:24ele não dá conta do problema, porque ele é um sistema que trabalha apenas por consenso.
01:31Quando você tem um sistema que trabalha por consenso e dentro desse sistema estão inseridos os setores que têm interesse direto no processo,
01:43você tem um processo de conflito de interesses, onde nunca você vai ter um consenso que seja de fato pró-humanidade,
01:53pró-resolução do problema maior estrutural, mas você vai ter a decisão voltada ao interesse econômico, doméstico,
02:02dos petroestados, daqueles países que têm uma dependência umbilical com a questão do petróleo.
02:09Isso aconteceu na conferência, a Arábia Saudita e outros países fizeram coro para não admitir o banimento do petróleo.
02:19Então, esse fato todo demonstra que o sistema das Nações Unidas hoje, pra esse tipo de decisão,
02:28ele não dá uma resposta a essa ameaça que a humanidade atravessa.
02:34E isso acabou gerando um mapa do caminho, uma caixa de ferramentas que será trabalhada de forma independente das Nações Unidas.
02:46Ela vai pra um outro fórum de países que vão discutir o banimento dos combustíveis fósseis.
02:53Então, nós temos aí um efeito que acabou gerando, um efeito de não decisão favorável,
03:01que acabou gerando outras iniciativas paralelas ao processo decisório da ONU.
03:07Bocuí, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva,
03:11ela chegou a lamentar ali a razão de não ter entrado nas decisões finais
03:16a questão desse mapa do caminho, né, pra deter ali o desmatamento,
03:22também viabilizar a transição pra longe dos combustíveis fósseis.
03:26E aí, também afirmou que então a presidência brasileira, na conferência, vai elaborar pelo menos dois planos próprios.
03:33Como que você avalia isso?
03:36Bom, o que acabou acontecendo é que, se você tem a partir de Dubai uma decisão,
03:42um compromisso de que a humanidade caminhe pra longe dos combustíveis fósseis,
03:48pra solucionar o problema do aquecimento global,
03:50isso necessita de uma estratégia, necessita de uma caixa de ferramentas,
03:55nós temos que ter claramente os passos que a humanidade vai dar pra resolver o problema.
04:02Como isso não foi possível dentro da conferência,
04:06porque houve resistência dos países em que isso fosse feito,
04:10o Brasil, ele vai preparar um processo,
04:14é que, primeiro, ele apresenta essa caixa de ferramentas,
04:19mas fora do contexto da ONU.
04:22E, por outro lado, vai preparar o documento
04:24pra desmatamento zero de florestas, que é o que tem que se fazer, tá?
04:28Mas é importante a gente dizer o seguinte,
04:31diante da decisão, da forma que ocorreu,
04:34você tem que tratar o problema de forma estrutural,
04:38e não pode dizer que a conferência foi bem sucedida,
04:41porque nós tivemos alguns avanços nas medidas de adaptação climática.
04:48É a mesma coisa dizer que nós não vamos estancar a sangria,
04:52mas nós vamos, digamos, distribuir esse paradrapo, né?
04:57Então, você tem que atacar o problema central,
05:01que é o problema causador das mudanças climáticas em 80%,
05:06que é combustíveis fósseis.
05:08Isso é um fato comprovado pela ciência.
05:10E isso tudo nos demonstra o seguinte,
05:14nós temos um abismo enorme entre o que a ciência percebe,
05:19o que a ciência aconselha,
05:21qual é o resultado da pesquisa científica,
05:25e como isso não se transforma em política pública,
05:29como isso não se transforma em decisão,
05:32em caixa de ferramentas pra solucionar o problema.
05:36Então, é claro que as iniciativas que ficam pra fora da conferência,
05:43que vão trabalhar em outros pools de países,
05:46de iniciativas, vão acabar ocorrendo fora da ONU.
05:51E aí, eu chamo atenção pra questão do direito internacional,
05:56que tá avançando bastante, principalmente nos aspectos dos direitos humanos, né?
06:01As cortes internacionais, elas têm se manifestado no sentido
06:06de que o direito seja utilizado realmente
06:09pra penalização daqueles países que estão provocando danos globais.
06:15Então, eu acho que tudo isso demonstra que o processo,
06:18ele vai se dar de forma resolutiva,
06:22não dentro da ONU, desse processo como se dá agora,
06:25mas através de iniciativas paralelas que vão ser mais fortes a partir de agora.
06:31Exatamente, né, Bocuí?
06:32A gente acompanha o próprio esgotamento da ONU
06:34nas questões que envolvem guerras, por exemplo,
06:36no fato da Rússia contra a Ucrânia,
06:38essa questão do clima, então, é mais uma exposição da dificuldade hoje
06:42desses organismos internacionais,
06:44eles se posicionarem e também direcionarem todas as políticas
06:48pros outros países.
06:50Mas eu gostaria que o senhor falasse um pouco do Brasil, né?
06:52Porque também muitas vezes, como o senhor falou,
06:54as questões comerciais vão ser noteadas agora
06:57pelo meio ambiente cada vez mais
06:59e muitas vezes também questões comerciais colocadas contra o Brasil
07:02são formas de proteção de mercado disfarçadas de meio ambiente.
07:08O que eu gostaria de saber, qual que é o nível do Brasil hoje
07:10em relação às suas discussões, à sua produção
07:12e, claro, um caso clássico é a França
07:16em relação ao agronegócio aqui brasileiro.
07:19Bocuí.
07:19Olha, essa questão de proteção de mercado,
07:24de fato, se você der motivo
07:26para que o seu concorrente, ele possa usar algum argumento contra você
07:32para te tirar do mercado,
07:34para ganhar a sua precedência no mercado internacional,
07:40isso vai ser utilizado.
07:41Então, é importante que o Brasil, de forma estratégica,
07:44ele não deixe essa brecha, né?
07:45De outro lado, se a gente pensar que se um país produz
07:50com danos ambientais sem se preocupar com o meio ambiente
07:53e outro país se preocupa com o meio ambiente,
07:57o produto dele vai ser mais caro.
07:59E aí, a concorrência do mercado internacional fica desleal.
08:03Então, tem razão aquele que diz,
08:05olha, eu faço tudo certinho, portanto,
08:08eu gostaria que todos fizessem da mesma forma, né?
08:11Para que você tenha um estado de organização mínima,
08:16de regramento de mercado.
08:17Então, é a velha questão.
08:19O Brasil não pode abrir o franco.
08:22O Brasil tem que fazer a lição de casa,
08:24ter uma regularidade ambiental no uso da sua agricultura, né?
08:29Evitando o desmatamento da Amazônia,
08:33evitando a desconformidade ambiental
08:37para que ela não pese contra o Brasil
08:39na hora de você trabalhar o mercado internacional.
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