O afroturismo deixou de ser tendência e se tornou realidade em Minas Gerais. No podcast Uai Turismo, Lucas Xavier e Tiago Bicalho mostram como políticas públicas e experiências locais transformam a forma de explorar Belo Horizonte.
A integração entre iniciativas privadas e políticas públicas é essencial. Projetos de base comunitária e a promoção de produtos turísticos diversos fortalecem o setor. Para quem quer conhecer novas formas de viajar, a dica é acompanhar o Uai Turismo e explorar esses caminhos transformadores.
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00:00Hoje a gente viaja por um Brasil que se reconhece na própria história.
00:07O afroturismo já não é uma tendência, é uma realidade e é o tema de hoje no podcast Why Turismo.
00:22Eles são turismólogos e sócios na agência de receptivos Sensações Turismo.
00:27Estamos hoje com o Lucas Xavier. Bem-vindo, Lucas.
00:30Obrigado.
00:31O Lucas possui MBA em gestão de projetos e tem sólida trajetória em políticas públicas do turismo,
00:37estruturação de produtos e desenvolvimento territorial.
00:41Ele atua por mais de uma década na Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais
00:45e mais recentemente ele foi gestor executivo da IGR, Circuito Turístico Parque Nacional da Serra do Cipó.
00:52Ele é um apaixonado por um turismo que favoreça e promova a diversidade e conecte pessoas com o lugar e com o propósito.
01:00A gente está também com o Tiago Bicalho. Bem-vindo, Tiago.
01:02Obrigado.
01:03Que já atuou na hotelaria, na docência e já foi membro do Conselho Estadual de Turismo de Minas Gerais.
01:08Hoje ele atua também na promoção, comercialização, operacionalização e guiamento de passeios em Belo Horizonte e região.
01:16E ele é cofundador também da marca Y-A-Pé, que faz passeios a pé por Belo Horizonte e visite BH.
01:23Bem-vindos ao podcast Y-Turismo, gente.
01:25Obrigada.
01:26Hoje então a gente vai falar de um tema aí que a gente tem escutado muito, mas às vezes está faltando tangibilizar para as pessoas.
01:34Mas primeiro, Lucas, eu queria que você me falasse um pouquinho dessa trajetória sua e como que de fato o afroturismo se transformou numa realidade e acredito que numa realização pessoal também.
01:47Sim, com certeza.
01:48Bom, primeiro obrigado pela oportunidade de a gente estar aqui e falar um pouco de tanta coisa que faz sentido para a gente e que a gente acredita que transforma o turismo do nosso país, do lugar onde a gente vive.
01:59E aí pensar no turismo de modo geral, para mim, ele tem um ponto de partida muito distante da minha realidade, né?
02:08Eu nasci na periferia, eu sou uma pessoa de periferia, que o turismo não era uma realidade, era um desejo muito, muito longe.
02:16E aí a partir da faculdade eu aproximo dessa prática e durante a faculdade eu vou entendendo do que se trata.
02:23E aí eu percebo que faltam lugares de reconhecimento, lugares onde eu estava valorizando a minha história, entendendo ali uma similaridade daquilo que eu vivia, né?
02:34Então tinha um distanciamento do que era valoroso e do que não era.
02:40Então eu estava muito para o que não era.
02:43E aí eu redescubro o turismo a partir da prática profissional e vejo como oportunidade de incentivar novas práticas do turismo.
02:52E perceber que o turismo, ele é, sim, ferramenta para valorizar as nossas histórias, né?
02:58E com o passar do tempo, com essa estadia ali, que eu brinco, dentro da Secretaria de Estado de Turismo,
03:03eu entendo o que é política pública, eu percebo que a política pública é ferramenta de transformação,
03:09é ferramenta de dar suporte para que a diversidade se torne realidade em todos os setores, inclusive no turismo.
03:16E dentro da Secretaria eu trabalhei muito com essa parte de práticas diversas, do turismo de base comunitária.
03:23Trabalhava mais nas políticas públicas.
03:25Isso, isso. Lá eu passei por vários setores.
03:29Dentre esses setores, mais para o fim ali da minha estadia, eu fiquei mais focado na parte de produtos.
03:36Então, eu estive como diretor de segmentação turística, onde eu tive que aprofundar um pouco mais sobre essa diversidade do turismo,
03:44tanto na demanda quanto na oferta.
03:46E, por fim, eu estava realmente tratando ali sobre a promoção de produtos turísticos.
03:51E, então, nessa minha atuação, eu tive a oportunidade de incentivar e de estabelecer alguns projetos e algumas ações
04:00que focasse realmente na diversificação da oferta.
04:03E aí o afroturismo, ele vem mais recente, enquanto realização, quando eu encontro o Tiago, né?
04:10Nas sensações turismo, a gente se torna sócio.
04:13E aí, na busca de ver o turismo de Belo Horizonte, entender o que a gente estava tendo de oferta.
04:18O Tiago, ele já atuava com as sensações, numa visão de apresentar a cidade por um outro olhar.
04:27E aquilo me chamava muito a atenção e, quando eu chego, a gente juntos vai em busca, então,
04:32dessa ferramenta do afroturismo como oportunidade de contar as histórias que ainda não eram contadas.
04:38E tem sido sensacional a gente conseguir colocar isso em prática, né?
04:45Hoje a gente tem aí quatro rotas estabelecidas dentro do hipercentro da cidade, já há algum tempo, né?
04:51Trabalhando isso com personalidades que antes não eram colocadas ao centro, redescobrindo essa história, né?
04:58A gente se reconhecendo nessa história é muito importante e o turismo é essa ferramenta.
05:03Lucas, você falou da Secretaria de Turismo, você trabalhava muito nas políticas públicas e depois foi para produto.
05:10Você sentiu, em algum momento, agora que você não está mais lá, que você pode falar,
05:14que a política pública pregava alguma coisa e que na hora que você ia colocar no mercado como oferta de produto,
05:21aquilo não estava conversando ou não estava tão embalado quanto o mercado precisa?
05:28Eu falo da minha trajetória com muita tranquilidade que também foi uma escola para mim.
05:32Então, no setor público, eu tive a oportunidade de estar no Estado, tive a oportunidade de estar no programa de regionalização
05:40e, por consequência, ter uma proximidade muito forte com a parte do município.
05:47E, de forma geral, o que eu percebo é que há uma confusão do que compete a cada setor.
05:53E, nesse sentido que há essa confusão, a gente acaba se atropelando.
05:58No Estado, eu destaco aqui uma política pública que funcionava muito bem,
06:03que é o programa de apoio e suporte às agências,
06:07onde a gente conseguia trabalhar ali diretamente com a demanda das agências,
06:13dando suporte, ou seja, o que compete à política pública, o que compete ao Estado, ao município
06:19e até mesmo à regionalização, é favorecer um ambiente,
06:23trazer um ambiente que seja frutífero mesmo,
06:27para que o empreendedor ou o empresário consiga fazer o que lhe compete.
06:31Então, hoje, se eu olho para essa trajetória e consigo trazer um conhecimento para mim,
06:39é entender que, cumprindo com o que compete cada setor e tendo um diálogo constante,
06:45e aí a gente tem espaços no Estado, no município e na regionalização que favoreça para isso,
06:50a gente vai ter um resultado muito mais favorável para o desenvolvimento
06:53que é apontado na política pública.
06:56E aí eu concluo que a política pública, ao meu ver,
07:00quando bem trabalhada, quando bem definida,
07:05essas competências, ela favorece e muito o desenvolvimento desse turismo que a gente quer.
07:11Entendi, Tiago.
07:13E aí você já vem com uma trajetória bem de mercado,
07:16sua trajetória é bem forte no mercado e muito na operação ali,
07:21porque aí a gente já está falando de contato direto com o turista.
07:24Que é a prática, né?
07:25E como que o afroturismo chegou na sua vida?
07:30Aí eu falo já como mercado mesmo.
07:32Perfeito.
07:32É muito interessante pensar nessa chegada do afroturismo,
07:36porque ela conecta com a trajetória que o Lucas acabou de mencionar.
07:39No período em que o Lucas estava na Secretaria de Estado de Turismo,
07:43eu fazia parte do programa de apoio às agências.
07:46A minha agência foi criada em 2013.
07:49Que era o Minas Recebe, né?
07:50Exatamente.
07:51Foi criada em 2013.
07:53Então, ao longo desse período,
07:54eu pensava que a gente precisava de ocupar espaços institucionais importantes
07:59para tratar do assunto do turismo.
08:02Consequentemente, pouco depois disso,
08:03eu tive a oportunidade de conviver no Conselho Estadual de Turismo.
08:06Isso me deu uma abertura de olhar principalmente a tomada de decisão das políticas públicas
08:11e o papel dos conselheiros ajudando e auxiliando nessa interlocução do mercado.
08:17Mas desde a minha formação, lá atrás, eu tinha um incômodo muito grande, né?
08:21Nós discutimos várias questões teóricas e eu achava muito importante trazer a prática do turismo
08:27e a vivência do turismo.
08:29E isso é um ponto que, por exemplo, eu e o Lucas temos de incômodo em comum.
08:33Então, esse primeiro incômodo nos traz o encontro,
08:37porque ele tinha de um lado e eu tinha do outro.
08:40E isso nos leva a se conectar e a começar a trabalhar em conjunto,
08:45apresentando e aprendendo com a cidade.
08:48Então, um dos grandes desafios que eu tinha, por exemplo, no início da minha trajetória profissional,
08:52era mostrar que Belo Horizonte era possível se viver em 10 dias ou mais.
08:56porque eu não admitia que as pessoas passassem somente 4 horas no City Tour em Belo Horizonte.
09:02Eu achava que era pouquíssimo tempo para conseguir apresentar toda a riqueza que a cidade tinha.
09:07E isso era uma realidade lá atrás, quando eu comecei o meu processo e a minha caminhada no turismo.
09:13Essa conexão de pensar coisa nova encontra lugar em duas pessoas que moram na mesma região,
09:19de certa maneira, que discute as mesmas temáticas e que pense em um turismo diferente.
09:26Então, olhando para a cidade de Belo Horizonte,
09:28entendendo que Belo Horizonte era muito além do que a Belo Horizonte já se apresentava,
09:33nós começamos a investigar como a gente poderia fazer isso.
09:36E aí, de fato, o afroturismo entra com uma discussão que já era um desejo de ser construído.
09:42E aí, um grande marco que eu posso dizer que é um marco importante
09:46foi uma participação que nós tivemos, principalmente na pessoa do Lucas,
09:51na WTM, que é o principal evento da América Latina,
09:55no qual a gente conseguiu que esse incômodo e esse desejo de construir algo novo
09:59encontrasse com pessoas e cruzasse com trajetórias que são importantes e que foram importantes.
10:06São até hoje, mas foram importantes principalmente nesse princípio
10:10para que a gente pudesse conceber a atividade turística,
10:13que foi a conexão que nós tivemos com o Guia Negro.
10:15A gente que já está no setor do turismo,
10:18eu acho que já está bem incorporado o tema afroturismo,
10:23apesar de que eu, particularmente, ainda acho que ele...
10:25eu percebo muita discussão, ainda não vejo acontecendo de fato.
10:29Aí, para quem está nos ouvindo e nos vendo agora,
10:32tentando falar com uma linguagem de mercado, o que é afroturismo?
10:35A gente poderia entender o afroturismo como uma prática vivencial,
10:40muitos a colocam no lugar de uma segmentação turística,
10:44ou seja, um caminho de segmentação,
10:46que a gente possa entender como que o turismo é ofertado,
10:49mas eu, particularmente, entendo o afroturismo muito no lugar das vivências e experiências,
10:54pautada na narrativa afrocentrada,
10:57e que, principalmente, exalte ou que traga para aqueles interlocutores,
11:02tanto viajante quanto quem deseja ofertar a atividade,
11:05monumentos que tratem da nossa história afro-brasileira e da nossa ancestralidade,
11:14que são aspectos que, de fato, estão enraizados em nós
11:18e que, muitas das vezes, foram apagados ao longo dos anos
11:21e que não são colocados à tona.
11:23Até então, parece que eu não falei de turismo.
11:25E aí, o turismo entra no processo de deslocamento,
11:28de conhecer essa realidade brasileira,
11:30que é muito diferente, inclusive, da realidade de vários países do continente africano.
11:35Então, o Brasil construiu uma forma de se fazer turismo,
11:39que é uma forma muito distinta
11:41e que esse resgate da narrativa afrocentrada
11:44possibilita ao viajante histórias diferentes da que ele já contou no mesmo lugar.
11:49E, mais que isso, eu acredito que o afroturismo dá a oportunidade
11:53de a gente ter nitidez da escolha que a gente está fazendo.
11:58Eu estou escolhendo esse produto por qual motivo?
12:00Eu estou escolhendo estar nesse hotel por qual motivo?
12:03Quem são as pessoas que, realmente, estão ganhando grana
12:07com esse dinheiro que eu estou comprando esse produto?
12:10Então, o afroturismo passa também a ser uma ruptura desse pensamento
12:14tão habitual que é aceitar somente o que está sendo ofertado.
12:19A gente passa por um processo onde o turista que pratica o afroturismo
12:24ele vai sabendo com consciência da sua escolha.
12:28Ele não é surpreendido simplesmente por um marketing massivo
12:32ou porque, normalmente, ou habitualmente, a gente sempre ficou nesse hotel,
12:38a gente sempre fez esse passeio.
12:40O turista que hoje busca o afroturismo, ele busca porque ele quer
12:43reconectar com essa história e se reconhecer nessa história,
12:48principalmente no quesito cultural, no quesito de identidade, de origem.
12:52Eu falo sempre que o turismo em si é só a atividade econômica.
12:58O insumo dele é a cultura, é a história que a gente vai contar.
13:02O afroturismo, então, é uma nova perspectiva da nossa própria história
13:06e do que a gente sempre consumiu.
13:08Seria isso.
13:09Históricamente, é importante dizer que essa terminologia é uma terminologia nova.
13:13Mas a prática do afroturismo já existe há muitos anos.
13:16Mas são histórias não contadas?
13:18Seria isso?
13:20Estou fazendo uma pergunta bem de lenda mesmo.
13:21Porque a gente viaja para falar, a gente tem a história do Brasil colonial,
13:25onde a gente só tem a perspectiva do afro a partir da escravidão.
13:30Exato.
13:30É só essa história que é contada para a gente enquanto escola e enquanto turista também.
13:35Sim, sim.
13:36É uma nova perspectiva que o afroturismo traz?
13:40Ele passa por essa discussão, de certa maneira, da narrativa.
13:45Porque o afroturismo, nós percebemos pela prática,
13:49que costuma ser uma disputa de narrativa pelo mesmo território.
13:52É mesmo.
13:53Para a gente poder, por exemplo, muita gente que já fez um City Tour Belo Horizonte,
13:58ao fazer a nossa atividade, pelos horizontes negros,
14:01fala assim, nossa, não imaginava que isso poderia acontecer em Belo Horizonte.
14:04Não tinha pensado na história por essa lógica.
14:07Então, não deixa de ser uma disputa narrativa.
14:09E a gente tem registro suficiente para comercializar.
14:12Sim, sim.
14:13Dá um exemplo de Belo Horizonte.
14:14Antes, eu queria só trazer uma perspectiva que eu acho muito importante.
14:18Quando a gente está pensando no turismo, a gente está pensando no...
14:21Apesar de ser uma atividade econômica comparada com outros setores, nova,
14:25ela traz a mesma estrutura das demais.
14:29A gente tem uma estrutura definida do que é valoroso e do que não é.
14:33Do que pode funcionar e do que não pode funcionar.
14:37E a gente tem uma estrutura de poder.
14:39Então, a gente parte desse ponto.
14:41Quem tem poder é quem conduz e define o que vai para frente e o que não vai.
14:46Então, quando a gente está falando de produtos turísticos,
14:48a gente tem quem formate esses produtos e que vai falar,
14:52olha, agora a tendência são bangaluz.
14:56Então, é isso daqui que vai vender e sempre vai vender desse jeito.
15:00Qualquer coisa que esteja fora disso, vem cá para a margem.
15:03Não usa, não.
15:04Então, quando a gente coloca o afroturismo, é a oportunidade e é mais do que a oportunidade,
15:10é o poder na mão das pessoas de contar a própria história.
15:14Então, eu não resumiria o afroturismo nas histórias que a história não conta.
15:19Mas eu coloco o afroturismo como uma ação afirmativa dos empreendedores pretos,
15:25das histórias, das personalidades.
15:27Aí vou dar exemplo claro.
15:29Hoje, aqui em Belo Horizonte, é muito comum a gente ouvir a história de uma mulher
15:33que muitos colocam ela como Maria Papuda.
15:37Provavelmente, todo mundo que veio fazer um City Tour aqui em Belo Horizonte
15:41é colocada essa história.
15:43E logo se conclui que essa mulher é uma bruxa.
15:48Só que, na verdade, a ação que ela teve foi buscar o direito de moradia.
15:54Conta a história de Maria Papuda.
15:55Será que eu dou esse spoiler?
15:56Pode, pode.
15:57Então, vou dar esse spoiler.
15:58Bom, Maria Papuda, na verdade, a gente apresenta ela como, de fato, ela era.
16:04Que é a Maria do Arraial.
16:06Ela era uma mulher simples que estava ali colocada, estabelecida ali na região do Palácio da Liberdade.
16:13Exatamente onde está o Palácio da Liberdade.
16:16E, nesse processo de construção dessa Belo Horizonte, ou seja, tirar o curral del rei da frente
16:22e vamos colocar essa evolução para frente, ela estava no meio do caminho.
16:25logo, de forma muito resumida, tiraram ela daquela casa que ela estava para construir o palácio.
16:32Afinal, era o grande poder que estava ali.
16:34Só que ela, assim como todos os demais que estavam ali, resistiram.
16:39E ela ficou conhecida porque ela resistiu.
16:44Logicamente, quando a gente está resistindo, a gente não resiste sorrindo.
16:47A gente resiste com bravura.
16:50A gente resiste com força.
16:52E ficou na história que ela jogou uma praga para os poderosos que estavam ali.
16:58Só que, na hora de contar essa história, não colocaram que ela estava buscando o seu direito básico de moradia.
17:05Buscando o seu direito básico de ter o seu território cultural.
17:10Porque ali ela vivia com a família, com os seus amigos e por aí vai.
17:14E aí, na história narrada, sempre é colocada ela como bruxa.
17:18Na nossa história, a gente coloca ela nesse lugar de poder da narrativa.
17:23Onde ela traz a narrativa da resistência.
17:26Resistência a essa que configura todo o processo da cultura afro-brasileira.
17:32Para a gente existir enquanto cultura afro-brasileira, existe um processo de resistência.
17:38E quando a gente vai fazendo Belos Horizontes Negros,
17:40a gente vai ter alguns outros pontos que a gente chama de pontos de denúncia.
17:44E também pontos de cultura, pontos de alegria.
17:48Que demonstra dessa identidade que nasce dessa resistência.
17:52Então, em resumo, é isso.
17:55Esses quatro roteiros que vocês têm, são os quatro que vocês estão falando de afroturismo.
17:59Isso.
18:00Eles são temáticos?
18:01Qual que é o nome?
18:02O que eles contam de diferente um do outro?
18:05Quer chegar?
18:05Vou aproveitar para falar um pouco desses roteiros.
18:09Porque essa história da Maria do Arraial, ela é a base para uma das rotas.
18:13Então, ao longo da rota, de uma forma completa, a gente vai recontar a história do Arraial do Curral del Rey.
18:20Se nós a chamamos de Maria do Arraial, nós precisamos de apresentar o Arraial.
18:25Ao apresentar o Arraial, a gente apresenta a população que residia nesse Arraial.
18:29Que majoritariamente era uma população preta e parda pelo censo.
18:33Um dos primeiros censos que nós temos.
18:36Depois disso, nós temos pesquisadores que tratam da temática.
18:39E que nos ajudam nessa rota da Maria do Arraial.
18:43Que são Padre Mauro, que fez uma investigação muito grande pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
18:49E Marcelina, que faz uma investigação sobre a realidade histórica e religiosa na cidade.
18:56Eles levantaram essa leva cultural na perspectiva de estudo.
19:01E nós aproveitamos que o turista é um ser que transita e se desloca entre vários territórios.
19:07Para dar à luz e apresentar essa história que muitos deles não conhecem.
19:11Primeira rota, Maria do Arraial.
19:13A segunda rota é denominada Artes Negras.
19:16É muito importante, dentro do processo de criação das rotas.
19:20Nós pensamos o que Belo Horizonte ainda pode contar sobre a história preta.
19:24E aí nós buscamos essa rota.
19:26Que é uma rota que vai passando por todos os estilos de arte.
19:29Então nós vamos refletir sobre a arquitetura, vamos refletir sobre o cinema, vamos refletir sobre a música.
19:35E vamos trazer algumas... literatura.
19:38Trazendo algumas intervenções no caminho.
19:40Por exemplo, com o oráculo, que é uma atividade que a gente realiza com cada um.
19:44Para trazer uma mensagem ali do dia de pessoas pretas importantes na nossa trajetória.
19:50E que a gente consegue dar luz a isso na atividade que nós temos.
19:54Rota 2.
19:55A terceira rota é Trabalho com Direitos Humanos.
19:58É uma rota que inicia e tem como tônica Conceição Evaristo.
20:02Que nasce numa aglomerada, ou na favela, chamada Pindura Saia.
20:07Que fica no alto do Cruzeiro.
20:08Então nós começamos avistando a cidade...
20:10Do Cruzeiro, o bairro Cruzeiro.
20:11Do bairro Cruzeiro, da FUMEC.
20:13E começamos avistando a cidade.
20:16E de lá descemos, passando por espaços que trabalham a representatividade dos direitos humanos.
20:22A nível do Brasil e a nível de Minas Gerais, inclusive, há tempos passados.
20:27Se a gente pensar na Inconfidência Mineira, por exemplo.
20:30Então a gente consegue, ao longo dessa rota, mesmo dentro de Belo Horizonte, tratar sobre vários desses assuntos.
20:36A quarta rota me ajuda a contar para você uma situação que não é somente a narrativa que traz a tônica do afroturismo.
20:44Mas também os espaços são muito importantes.
20:46Então pensar em espaços onde a cultura preta se faz presente é, de fato, trazer à tônica aquilo que é afroturismo.
20:55Para isso, nós utilizamos dois espaços e chamamos esse roteiro de Entre Museus.
21:00Então começa no Museu Histórico Abílio Barreto e termina a experiência no Muquifo.
21:06Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos.
21:09Onde a gente tem uma narrativa de exposição totalmente diferente entre um e outro.
21:14Um diálogo entre os dois museus sendo provocados pelo Guia de Turismo e pelo Anfitrião, que sempre acompanha as atividades.
21:21Mas que proporciona um despertar do olhar para algo que é naturalmente cultural.
21:27Mas que nós, no turismo, utilizamos para potencializar essa narrativa e para levar as pessoas a conhecerem também essas histórias.
21:34São roteiros que não fazem sentido. Então a pessoa fazia sozinha, né?
21:37Não, porque a gente propõe exatamente essa vivência entre o grupo e até mesmo quando a pessoa vem conhecer o roteiro.
21:47Mesmo que seja particular, essa ideia de ter o Guia e o Anfitrião é quase que um primo te acompanhando e te mostrando a cidade dele.
21:56Eu gosto sempre de marcar também que o território de Belo Horizonte, essas iniciativas, esses espaços pretos sempre existiram.
22:03O que nós, enquanto agência, enquanto Sessações, fazemos desde o início é tentar dar relevância na nossa narrativa para esses espaços.
22:14A gente tem tantos outros que já praticam o afroturismo, que às vezes não se enquadram porque não entendem ou não sabem qual é o conceito,
22:22mas não deixa de ser o afroturismo, sabe?
22:25A gente tem feito esses passeios, especificamente o Belo Horizonte Negros, desde 2023.
22:30Mas antes disso mesmo, o Tiago já praticava os passeios das sensações com esse olhar mais diverso.
22:40A gente sempre trabalhou as artes urbanas, os coletivos, olhar a cidade.
22:47E uma coisa muito importante também de entender, que muita gente pergunta para a gente,
22:51pô, mas vocês não vão para as favelas, vocês não vão para as periferias?
22:54Porque inicialmente foi proposital a gente estar dentro da Contorno.
22:59Essa é uma cidade que trabalhou a ideia de que o que era cidade estava dentro do Contorno, o que não era, vai para fora.
23:07E o que a gente faz é reocupar esse espaço contando as histórias que foram tiradas desse Contorno.
23:12Então, por isso que nesse primeiro... Vamos colocar essa primeira temporada?
23:16Nessa primeira temporada, a gente coloca esses quatro roteiros dentro da Contorno,
23:22mas a gente já está arquitetando e mobilizando outros tantos roteiros com essa temática.
23:28E quem hoje consome afroturismo?
23:30Pelo menos aqui, quando vem para Belo Horizonte, você não tem essa perspectiva.
23:33Depois eu quero saber um pouquinho do que vocês pegam de referência ao mundo afora.
23:36Mas aqui, quem compra esses roteiros?
23:38É muito interessante que tem uma comunidade de viajantes pretos e pretas que buscam esse tipo de experiência,
23:46mas é muito importante aproveitar esse espaço de tanta potência que é o iTurismo,
23:51para que a gente possa desmistificar isso.
23:53Não é só para o preto.
23:55Inúmeras pessoas entram em contato com a gente e dizem assim,
23:58eu sou branco e eu também posso ir no tour?
24:01Por que será que isso está acontecendo, gente?
24:03Vocês já refletiram sobre isso?
24:04É uma questão de que, do nosso ponto de vista, e aí a gente pode problematizar isso um pouco mais também,
24:11é que muitas pessoas brancas, elas não se veem racializadas.
24:15É como se a discussão de raça não competissem às pessoas brancas.
24:19E, na verdade, o que a gente proporciona no tour é mostrar que o tour Belo Horizonte Negros,
24:24ele diz respeito a todos os tipos de pessoas, a todas as etnias, a todas as raças.
24:29Então, quando a gente traz uma discussão que, na verdade, pode parecer que é uma discussão na perspectiva negra,
24:36mas a gente está discutindo a sociedade como um todo.
24:38A gente está trazendo esse aspecto de uma maneira mais ampla,
24:42para que a pessoa branca possa conseguir se enxergar dentro dessa sociedade.
24:47Porque quem é negro, e aí é uma perspectiva muito mais fácil de entender,
24:52qual que é o nosso lugar, ou o lugar melhor, o lugar que nós somos colocados na sociedade.
24:57Então, muitas pessoas nos veem de rabo de olho, às vezes não acreditam no nosso potencial,
25:03não acham que a gente consegue, de certa maneira, alcançar alguns espaços.
25:07Não digo isso na perspectiva pessoal, mas digo isso numa perspectiva coletiva.
25:11É esse o imaginário que muitas pessoas têm.
25:15Então, quando vem pro tour e consegue ter essa dimensão,
25:18a gente começa a ter essa perspectiva das pessoas pensarem,
25:21nossa, essa luta de ter uma sociedade melhor, ela passa também pela minha luta de vida.
25:26E eu acho que isso é um dos grandes chamarinhos.
25:29Eu acrescento aqui, eu vou buscar aqui o livro Afroturismo,
25:34que é, inclusive, escrito pelo Guilherme Soares Dias,
25:37que é o parceiro nosso do Guia Negro,
25:39onde o manifesto é, até notei que, para não errar a ordem,
25:44afeto, afronta e futuro.
25:46Quando a gente está falando de afroturismo,
25:49é incômodo porque a gente está expondo uma fissura da estrutura da sociedade.
25:54E quando a gente está falando de turismo, a gente também está falando de lazer.
25:58As pessoas estão vindo buscar conhecimento e também conhecer um território
26:04por meio da perspectiva preta, sim.
26:07Eu acho que o incômodo vem a partir do momento que a gente não está na tradição,
26:12exaltando as mesmas estátuas, os mesmos espaços,
26:18porque esses lugares já têm o seu lugar na prateleira.
26:21O afroturismo, ele talvez incomoda porque, no mercado,
26:26demonstra que a gente está buscando o nosso espaço também a partir dessa prática.
26:31E também incomoda porque não são mais os mesmos nessa luz de atenção.
26:38Então, eu acho que é um futuro inevitável.
26:41A gente pode ver isso em todos os setores.
26:43A gente está falando de diversidade.
26:45Se a gente está falando de diversidade, a gente está colocando aqui
26:48que vamos ter que dividir esse bolo, sim.
26:50Todo mundo vai ter que comer e ser feliz com esse bolo,
26:54porque o turismo é lazer e é economia.
26:58E existe mercado real para isso.
26:59Existe muito mercado para isso.
27:02E aí, indo nesse sentido,
27:04a pessoa que busca a prática do afroturismo,
27:08aí a gente pode falar de outras,
27:10eu acho que independe inicialmente do valor monetário,
27:15no sentido, é caro ou barato.
27:17Ela vai buscar pelo motivo de ser afroturismo.
27:20E aí, depois, no segundo momento,
27:21ela vai ver ali se está dentro do que ela está programando ou não.
27:27Existe hoje a motivação,
27:28tem vários dados da Embratur já trabalhando isso,
27:31do próprio Ministério do Turismo.
27:33Esse ano, foi esse ano, ano passado,
27:34que fizeram o primeiro mapeamento de afroturismo do Brasil.
27:38Então, a gente tem informação, conhecimento de mercado,
27:42tem vários empreendedores que já trabalham com isso e ganham dinheiro.
27:46E aí, a gente está falando de empreendedor pequeno,
27:49empreendedor que faz cruzeiros específicos disso,
27:52empreendedor que fazem produtos internacionais.
27:55Então, é uma realidade.
27:57Agora, cabe a gente entender quais são as ofertas
28:01e como melhor expô-las nesse mercado.
28:06Lucas, você fala dos empreendedores,
28:08que vocês dão essa prioridade aos empreendedores pretos.
28:12Você encontra este público dentro dos limites da Contorno,
28:15que empreende?
28:16Eu achei muito bacana isso.
28:18Sim, sim.
28:18Porque a gente vê o quê?
28:20As grandes redes hoteleiras.
28:21Onde que estão esses empreendedores?
28:24A gente...
28:25Dentro da Contorno, que me gerou essa curiosidade.
28:27A gente sempre está num processo de descoberta.
28:30Porque são pequenos negócios.
28:32É, são pequenos negócios.
28:34E, gente, BH é, de fato, uma roça grande.
28:38Com todo afeto e carinho eu falo isso.
28:41A gente não conhece todo mundo.
28:43Isso é fato.
28:44Mas aqueles que a gente vai encontrando pelo caminho,
28:47a gente vai agregando dentro do nosso processo.
28:50Ultimamente, ficou muito reconhecido, a nível nacional,
28:55por exemplo, o Espaço Kittutu, da Kelman,
28:58que é uma chefe de cozinha, que por acaso...
29:00Por acaso, não, né?
29:01Por trabalho.
29:04Participou de um reality show na Globo, de cozinha.
29:07Tomou ali uma percepção.
29:09Mas antes mesmo de ir pra lá, já era reconhecida aqui, né?
29:14De um espaço realmente de afirmação do território.
29:17Ela fica ali próximo do viaduto Santa Tereza.
29:21Um dos movimentos que ajuda muito nisso é o Black Money.
29:24A gente tem uma ideia de fazer o dinheiro circular dentro da comunidade preta
29:29e das pessoas que são empreendedores pretos.
29:32Porque também passam por uma dificuldade de se posicionar
29:35e muitas das vezes trabalham nos seus estabelecimentos.
29:38Aquela característica.
29:40Então, duas das nossas quatro rotas.
29:42A gente consegue terminar no Kittutu com o almoço.
29:44Então, é interessante.
29:46Porque a gente está nessa região.
29:47Uma das rotas, que é a Maria do Arraial, que é mais extensa,
29:50lá no Mercado Novo.
29:51A gente foi buscar quem seria o empreendedor que poderia acolher.
29:55Vocês fazem o trabalho de cavucar mesmo, né?
29:58Como diz a gente aqui, né?
29:59E constantemente.
30:00Porque muda, né?
30:01Caramba, né?
30:02E vão mudando.
30:03Aí, por exemplo, tem um lugar...
30:04Porque é mais cômodo ir pro lugar comum, né, gente?
30:06É muito mais cômodo.
30:07Vocês não estão fazendo isso.
30:08E aí, imagina, por exemplo, a pessoa faz um tour, uma caminhada,
30:10que é prazerosa, mas ao mesmo tempo, não, deixa de ser uma caminhada,
30:14um exercício, uma forma da gente circular pela cidade,
30:16terminando na beirada de um fogão de lenha, dentro do Mercado Novo,
30:21com mulheres que cozinham ali, mulheres pretas majoritariamente,
30:25e que estão ali contando o que é a comida mineira.
30:28Isso nos dá a possibilidade de dizer que, particularmente,
30:32além de exercer o afroturismo em Minas Gerais,
30:35a gente tem uma característica muito forte, que é a afromineridade.
30:38A afromineridade, ela está presente em Minas Gerais,
30:41principalmente nas suas manifestações culturais,
30:44no modo de fazer, no saber que marca essa nossa trajetória,
30:48essa nossa forma de ser.
30:49Nas igrejas do Rosário, espalhada por todas as cidades, quase.
30:52E as pessoas que estão em torno dessa igreja.
30:55Porque a religiosidade, marcada na religiosidade católica,
30:59majoritariamente mineira, é uma religiosidade que também é permeada
31:03de sincretismo religioso.
31:05Que a história, e aí, muitas das vezes, a gente tem que buscar os aspectos históricos,
31:09o fato da gente não possuir ordem primeira e ordem segunda
31:13em grande parte do nosso período histórico em Minas Gerais,
31:17nos ajuda a dizer que as populações e as pessoas fizeram a sua história.
31:21E aí, as irmandades do Rosário construíram as suas igrejas para todas as cidades.
31:26Uma coisa muito interessante, voltando para aquele fato,
31:29eu sou branco, eu faço o passeio e não faço.
31:31E é muito recorrente, na hora que a gente está fazendo esses passeios,
31:39o reconhecimento dessa cultura mineira.
31:42E quando a gente vai estratificar, principalmente quando a gente fala de gastronomia,
31:46a gente vai vendo que a nossa gastronomia é afro.
31:48Não tem como, né, gente?
31:50A gente vai vendo que a sonoridade da nossa infância é afro.
31:54A gente está falando de congada, a gente está falando de reinado,
31:56a gente está falando de uma cantiga de criança e que muito se passa por essa ancestralidade.
32:04E aí, a gente está falando da identidade do mineiro.
32:07E que, por vezes, não é identificada como uma identidade afro por opção.
32:14Lembra que eu falei de poder?
32:16Qual que é a narrativa que a gente coloca para frente?
32:18É eurocêntrica ou é afro?
32:20Na nossa história como toda.
32:23Então, falo isso porque o afroturismo te permite a se reconhecer
32:29e reconhecer a sua história que não foi contada.
32:32Sim, é verdade.
32:32E é a sua própria história, a história do seu território, a história da sua família,
32:37de onde vêm as coisas.
32:39E, com isso, te deixa muito mais rico.
32:41Com certeza.
32:42E é bem interessante.
32:42E eu acho além ainda, sabe, gente, assim, do...
32:45Claro que esse reconhecimento é importante e que a gente nem fala só como mineiro,
32:50mas acho que Minas Gerais é muito forte, a gente sempre negou isso.
32:52Sim, sim.
32:54Mas a gente tem um mercado e uma história legal para contar para todo mundo,
32:58para o asiático que está rodando o mundo e que a gente sabe que eles vão chegar aqui
33:02em algum momento e eles querem, as pessoas querem conhecer uns as histórias dos outros.
33:07Por que a gente sempre foi para a Europa saber a história da Europa e a gente pouco rodou aqui?
33:12Talvez porque não tinham dois como vocês também.
33:14Foi barrar isso no produto e contar essa história, né?
33:17Aí eu volto e é muito legal.
33:20Por que a gente fala que constantemente a gente vai redescobrindo e descobrindo as coisas?
33:26Quando a gente vai olhar para a história, a gente reconhece muitas lideranças que lutam
33:32tal como, seja na narrativa que hoje a gente está chamando de afroturismo,
33:37seja lá no início, porque quando a gente está falando dessa população africana,
33:41desde o início eles lutaram.
33:43Ninguém veio para cá deitado ou estou vindo, né?
33:46Então, essa história, quando a gente fala da Maré do Arraial,
33:50ela estratifica, ela coloca em voga a resistência recorrente.
33:55Então, quando a gente vai retomar isso olhando para trás, olhando para os ancestrais,
34:01olhando para as histórias que por vezes são colocadas na forma marginal mesmo,
34:06a gente reconhece isso constantemente, não é de agora, o ponto de partida não é agora, entende?
34:12Eu entendo, o ponto de partida não é agora, mas vamos combinar,
34:16e aí você falou aqui anteriormente que turismo é lazer,
34:21vocês estão trazendo isso uma forma lúdica de contar essa história.
34:25Por mais que seja uma história séria, é uma forma lúdica, é uma forma gostosa.
34:29Porque talvez a gente teria essas grandes resistências aí, contando essas histórias,
34:35contando isso tudo, mas dificilmente você ia ter uma pessoa comum
34:39que ia pegar um livro desse para ler.
34:41Mas a partir do momento que a gente tem isso, né?
34:43E aí vocês estão contando uma história linda, mas que por trás disso tem muito trabalho
34:47de cotação, de ver o que está valendo a pena, de ter resultado financeiro no final,
34:52de todo o trabalho de agenciamento que as pessoas não sabem que acontece,
34:55que ele acontece, que ele é diário, para embalar isso para um produto,
35:00para a pessoa comum que não vai ser um grande estudioso como vocês são,
35:04a consumir isso e aprender.
35:06E aí eu acho que é quando a gente consegue fazer a diferença,
35:10quando você sai desse ambiente acadêmico e trazem para a realidade comercial.
35:15Olha, eu consigo fazer um roteiro de dois dias em Belo Horizonte de afroturismo
35:20sem precisar virar uma especialista em afroturismo.
35:24Isso é que eu acho que é o mais bacana.
35:25E qual que é o recado para o turista?
35:27É a autenticidade.
35:29O recado que os turistas...
35:31O que o turista demanda?
35:33Você pergunta qual que é o perfil.
35:34Muito é o perfil de quem busca autenticidade.
35:37Porque a pessoa fala assim, olha, eu estou cansado daquela coisa que é feita só para o turista.
35:41Maravilhoso.
35:41Então essa ideia no afroturismo é muito difícil de ter.
35:45Não tem como.
35:45Porque o afroturismo ele trabalha com autenticidade, ele trabalha com conexão.
35:50A gente tem nem registro para fazer maquiado, né?
35:53E por que você não vai fazer um afroturismo autoguiado sozinho?
35:57Porque o afroturismo é contato.
35:59Afroturismo é conexão.
36:00Afroturismo é o aquilombamento.
36:02É a gente se ver no outro e conversar.
36:05Então o nosso turismo, na verdade, é uma conversa.
36:09E acaba sendo uma conversa, de certa maneira, educativa.
36:12No qual a gente...
36:13Imagina assim, várias pessoas sentam na praça e batem papo com alguém.
36:17E isso é uma atividade de lazer.
36:19No nosso caso, a gente convida a pessoa a caminhar.
36:21A gente vai lá nos nossos antepassados.
36:24Vai buscar aqueles que caminharam e conversavam durante muito tempo.
36:28Para poder falar assim, olha, a gente pode andar, conhecer esse lugar onde a gente vive.
36:32E ao mesmo tempo bater um papo.
36:34E esse é um...
36:35Agora, uma coisa, pensando nessa formatação de produto,
36:38demanda da gente constantemente criatividade.
36:42Demanda da gente constantemente entender e ter uma escuta ativa
36:46do turista que está vindo para quem está demandando também,
36:51enquanto agências e operadoras.
36:53Algumas dessas rotas tinham outro formato.
36:56E durante a gente foi readequando ali.
36:59No começo a gente subia, agora a gente desce.
37:01É, mas são pequenos detalhes.
37:03São coisas que a prática...
37:04Quem não está na operação não sabe não.
37:07O papel aceita tudo, né?
37:08Exato, exato.
37:09E até grupos específicos também, né, Lucas?
37:11Por exemplo, a gente já trabalhou com grupos de jornalistas.
37:14Então, com grupos de jornalistas, nós realizamos uma narrativa mais voltada para a comunicação.
37:18Com grupos de juristas de uma associação de magistrados de Minas.
37:23Então, nós trabalhamos uma narrativa que pudesse atender um pouco dessa perspectiva da legislação.
37:28Então, o território é tão rico que ele nos possibilita também mudar.
37:33E aí a criatividade, como o Lucas disse, não pode faltar.
37:35E acaba sendo um serviço super personalizado.
37:37A história não muda, mas a operação acaba mudando.
37:40A cada roteiro tem uma novidade.
37:43A cada roteiro, como a gente é da conversa, da prosa e da escuta,
37:47quem está visitando, ele não fica quieto, parado, sem dar a sua contribuição.
37:54E como são pessoas extremamente interessadas na pauta,
37:58muitas vezes a gente pegou a informação ali.
38:01A gente parte do ponto de que a gente realmente não sabe tudo.
38:05Então, se a gente não sabe tudo, quando a gente está fazendo o roteiro,
38:08é o lugar de aprendizado também.
38:11E os grupos são diferentes.
38:12Então, se você está indo com um grupo de juristas, vai ser uma coisa.
38:14Se for com um grupo de crianças, com família,
38:17vai ser outra coisa.
38:19E essa história aí já tem um tempo,
38:23que vocês estão construindo,
38:25e agora a gente vai ter o Congresso Brasileiro de Afroturismo,
38:29que vai acontecer em Belo Horizonte.
38:30Me conta do Congresso.
38:32Exatamente. Estamos aqui.
38:34Olha, o Congresso foi pensado para acontecer,
38:38principalmente fora de um eixo muito comum do afroturismo,
38:41que é o eixo Rio-São Paulo-Salvador.
38:43Então, quando se pensa em afroturismo no Brasil,
38:45majoritariamente, pensa nesses três lugares.
38:47Salvador, Rio e São Paulo.
38:49Nós tentamos trazer o Congresso para cá,
38:51principalmente para trazer o potencial que Minas Gerais tem.
38:54Eu acho que o Mineiro tem aquele jeitinho mais tímido,
38:57mais de não falar,
38:58mas a gente tem muita coisa no nosso território.
39:01Nosso território tem uma característica com três biomas distintos,
39:04com realidades distintas e várias comunidades, vários museus,
39:09vários espaços que trazem essa potência para o Congresso.
39:12Então, nós queremos, primeiro, trazer o que Minas Gerais tem de relevante,
39:16mas, ao mesmo tempo, ser um lugar de encontro do Brasil.
39:20Então, o Congresso Brasileiro de Afroturismo foi idealizado dentro desse contexto,
39:24no ano em que a gente celebra a fundação da Associação Brasileira de Afroturismo,
39:28onde nós também somos um dos membros fundadores,
39:32que é um orgulho para que a gente possa dizer para todo mundo
39:35da importância dessa mobilização
39:37e das pessoas que fazem o afroturismo espalhado pelo Brasil.
39:42A programação, Isabela, está riquíssima
39:44dentro de um contexto de entender,
39:46desde uma perspectiva de posicionamento internacional do afroturismo,
39:51passando pela realidade brasileira
39:53e chegando até a nossa realidade em Belo Horizonte,
39:56discutindo o nosso território e aquilo que a gente tem de melhor.
40:00Essa é uma iniciativa em conjunto do Guia Negro,
40:04que é uma plataforma de afroturismo a nível Brasil,
40:07uma das principais,
40:09junto com nós, as Sensações Turismos,
40:11e que juntos a gente, então, organiza e formata esse congresso.
40:18Ele vai acontecer de 3 a 5 de dezembro.
40:21Ele vai ter duas localidades.
40:25A parte técnica de 3 a 5 de dezembro vai acontecer no CRJ,
40:29Centro de Referência à Juventude, ali na Praça da Estação.
40:32E a parte acadêmica vai acontecer dia 4, na parte da manhã,
40:37lá no paralelo, lá na FUMEC, ali no bairro Cruzeiro.
40:42O público, então, vão ser para a parte acadêmica,
40:44obviamente, quem?
40:45Os estudantes de turismo e de outras áreas também?
40:47Essa parte é muito legal,
40:49porque nós não queremos fazer um evento que possa ser aquele acadêmico tradicional.
40:54Então, nós chamamos o espaço de Diálogos Acadêmicos e Ancestrais.
40:59Ele acolhe pesquisas científicas,
41:02relatos de pesquisa em andamento ou concluída,
41:05mas nós temos outras duas categorias que não necessariamente são para pesquisadores.
41:08Por exemplo, a segunda categoria é dossiê fotográfico.
41:13Então, um empreendedor que tem uma atividade de afroturismo,
41:16uma comunidade que tem uma atividade de afroturismo,
41:19que recebe turistas e tem uma dinâmica,
41:22ela pode apresentar uma sequência de fotografias de 10 a 15,
41:26com um pequeno texto, um texto de apresentação desse dossiê
41:30e um texto de conclusão, trazendo algumas reflexões
41:34sobre o que aquelas fotos podem trazer.
41:36É uma oportunidade de apresentar isso também dentro do Congresso.
41:40E a terceira modalidade é entrevistas com mestras e mestras.
41:44De saber popular.
41:45Porque nós sabemos...
41:46Aproximando a academia de quem realmente está fazendo o negócio acontecer.
41:50Exatamente.
41:51É esse o intuito.
41:52É pensar em, por exemplo, o trabalho,
41:54ele não tem limite de quantidades de pessoas.
41:56Então, se uma comunidade inteira,
41:58ou parte de uma comunidade,
42:00ou uma associação quiser escrever em conjunto,
42:02a gente acata, porque o nosso intuito não é seguir aquele rigor,
42:06acadêmico tão apurado.
42:07Mas sim que essas histórias possam ser contadas e potencializadas.
42:12E é importante a gente dizer que Belo Horizonte,
42:15ele é o destino anfetrião do evento.
42:17Então, essa acolhida em Belo Horizonte,
42:19aí, claro, a gente não pode deixar de mencionar o apoio
42:22da Prefeitura de Belo Horizonte,
42:23por meio da Belo Tour,
42:24para que faça com que isso aconteça,
42:28aqui em Belo Horizonte.
42:29Mas é uma maneira também da gente mostrar
42:32que, da cidade para o mundo,
42:35a gente consegue discutir sobre afroturismo,
42:38que depois de tanto tempo que essa prática acontece,
42:41é uma das primeiras vezes, por exemplo,
42:42que no Plano Nacional de Turismo nós tivemos
42:44a menção dessa terminologia e dessa prática
42:47como uma tendência para os próximos anos.
42:50Para essa parte acadêmica, ainda é possível inscrever?
42:52Sim, sim.
42:53Poder divulgar para a gente, então.
42:54Vamos lá.
42:56Ó, a gente prorrogou o prazo,
42:57então, até dia 10 de novembro,
42:59está aberta a inscrição no nosso site,
43:02no nosso Instagram.
43:04No site está cbeafro.com.br
43:07e no Instagram, arroba cbeafro,
43:09você tem mais detalhamento ali no link de inscrição.
43:13Na parte técnica, né,
43:15quando você colocou ali qual que é o público,
43:18o público é o público de empreendedores,
43:21de instituições de apoio,
43:23de setor público,
43:25é realmente esse momento de encontro,
43:28onde a gente vai ter a oportunidade
43:30para aqueles que nunca ouviram falar
43:32e nunca entenderam da prática,
43:35querem entender.
43:36Ali é um espaço muito interessante
43:38e para aqueles que já estão inseridos,
43:40estão evoluindo para diferentes caminhos,
43:44é o espaço de conexão com outros tantos empreendedores,
43:48com comunidades, com políticas públicas,
43:50com oportunidade mesmo.
43:52Então, a gente tem essa separação
43:55apenas no dia 4 de manhã,
43:58vai ter a parte acadêmica,
43:59que é de seleção desses trabalhos inscritos
44:02e paralelo vai permanecer
44:03a programação técnica lá no CRJ.
44:06Um detalhe importante é que,
44:09além dessa parte técnica,
44:11da parte acadêmica,
44:13o evento é muito mais do que isso.
44:15Então, ele tem uma parte, por exemplo,
44:16e várias surpresas a gente pretende fazer, né,
44:20mas essa parte cultural,
44:21a gente tem dialogado com vários municípios
44:23e várias comunidades,
44:25comunidades quilombolas,
44:26comunidades tradicionais,
44:28que estarão no evento
44:29trazendo o que é o seu potencial,
44:31o que é a sua força,
44:32o que é a sua expressão cultural.
44:34A gente vai ter um cuidado tão grande,
44:37a gente tem uma beleza,
44:38que é um patrimônio cultural e material,
44:41que é as quitandas de Paracatu.
44:44Então, nós teremos, ao longo do evento,
44:46uma possibilidade de conhecer as quitandeiras,
44:49aquelas pessoas que trabalham com esse processo,
44:52que produzem tudo isso
44:53e vai colocar a mesa
44:54para que a gente possa vivenciar.
44:56Então, isso é um gostinho
44:57do que a gente pode dar,
44:59do que vai ser o que a gente está chamando
45:01desse grande aquilombamento, né,
45:03um grande encontro mesmo no Congresso.
45:05E quem, o público, então,
45:07seria o público mais técnico
45:08nesse momento para o Congresso, né?
45:10É, o público, de fato, é diverso,
45:13Isabela, no sentido de,
45:15pode, o foco, né,
45:17das discussões são para empreendedores
45:19que querem chegar nessa prática do afroturismo,
45:22mas também tem a parte de universidade
45:25que estão estudando turismo,
45:26que vão estar,
45:27mas em grande volume vão ser os empreendedores,
45:31o afroempreendedor e as instituições de apoio, né,
45:34seja a prefeitura, os circuitos turísticos,
45:38associações de guia,
45:39outras tantas associações que a gente tem
45:42no setor do turismo
45:43e, como o Thiago bem falou,
45:46a programação, ela atende todos esses, né?
45:49Com mais detalhe e para você se sentir mais motivado aí,
45:53entra no nosso site
45:55que vocês vão ver exatamente item a item
45:57das discussões que a gente está propondo.
45:59Tá, se você está assistindo
46:00esse episódio no YouTube,
46:03vai lá no iTurismo,
46:04que a gente vai deixar o link lá,
46:06que aí é só clicar, fica mais fácil,
46:07você não conseguiu anotar.
46:10E aí, gente, assim,
46:11para quem está querendo, então, né,
46:14empreender,
46:15seja um destino,
46:16seja um empreendedor,
46:17no afroturismo,
46:19queria que vocês dessem umas dicas aí,
46:20óbvio que participar do Congresso é uma delas, né,
46:23para além de participar do Congresso,
46:25vocês conseguem dar aí algumas dicas
46:27para quem está querendo começar
46:28e não sabe por onde começar?
46:31Eu acho que é muito importante a gente pensar
46:33que o afroturismo é feito de conexões.
46:37Lá atrás,
46:38antes mesmo de conectar com o Lucas,
46:40da gente pensar o afroturismo em Belo Horizonte,
46:42eu havia me conectado com a Lupri,
46:44que pensava a Rota dos Quilombos,
46:46que a gente acredita ser um projeto pioneiro
46:48aqui em Minas Gerais.
46:49Por que eu estou dizendo isso?
46:51Porque é muito importante
46:52para quem quiser trabalhar nesse setor
46:54que se mobilize em conjunto.
46:57Encontrem atores que fazem ações semelhantes,
47:01busquem pessoas que têm referência nesse assunto,
47:04porque essas conexões,
47:06mesmo se não podem ser territorialmente,
47:09podem ser pessoas da localidade,
47:10mas ao mesmo tempo podem ser fora.
47:12O Congresso, por exemplo,
47:13ele foi construído muito assim.
47:15Nós conversamos com um,
47:16conversamos com outro
47:17e é um produto novo.
47:19Ele é o primeiro,
47:20a ideia é que ele seja itinerante?
47:21Sim.
47:22Nós temos, por exemplo,
47:23três estados,
47:26barra cidades,
47:27candidatas a receber o próximo
47:28Congresso Brasileiro de Afroturismo,
47:30que com certeza vai acontecer
47:31fora de Belo Horizonte,
47:33exatamente para essa dinâmica.
47:35Mas é interessante assim,
47:35acho que o primeiro recado é
47:37criar conexões.
47:38O segundo é entender que,
47:40enquanto turismo,
47:42nós temos uma atividade
47:43que é muito tradicional.
47:45Então, a atividade turística
47:46era majoritariamente,
47:47majoritariamente ao longo do tempo,
47:48ela tem poucas mudanças
47:49em relação a outras áreas.
47:52E até é compreensível
47:54quando a gente olha,
47:55por exemplo,
47:55uma empresa de transporte,
47:56que ela trabalha com ônibus
47:58e fica ali durante o período
47:59que ela tem,
48:00ou com um hotel,
48:01que você também tem
48:02esse dinamismo de um prédio
48:04que vai ser construído
48:05e vai precisar de dar um retorno
48:06por um determinado tempo.
48:08Quando a gente olha
48:08para o território
48:09e para as pessoas,
48:10a gente não tem essa rigidez.
48:12A gente consegue ter essa mobilidade.
48:14Então, os guias de turismo,
48:16as agências de viagem,
48:17os destinos,
48:18podem olhar para a sua oferta
48:20e colocar no catálogo assim,
48:23o primeiro passo
48:24é mostrar que ali existe algo
48:26que alguém possa querer conhecer.
48:29E aí, eu acho que
48:30se colocar nesse lugar
48:32do afroturismo,
48:33ajuda a projetar
48:35e a conectar
48:36a história local
48:37com a história
48:38de quem mais importa no turismo,
48:41que é o viajante,
48:42o turista.
48:43Aquele que vai criar
48:44o desejo
48:45em conhecer aquela localidade
48:46a partir de tudo
48:48que está sendo contado
48:49e dito sobre ela.
48:50Na minha perspectiva,
48:52eu coloco
48:52a principal dica
48:54do afroturismo
48:55é a escutativa.
48:57Se você não tiver
48:58uma escutativa
48:59e você só tiver
49:00o argumento da fala,
49:02pouco você vai conseguir
49:03empregar.
49:04É muita informação,
49:05é muito detalhe,
49:07muitas camadas
49:09que precisam
49:10de ter uma escutativa,
49:11de uma dedicação
49:12de estudo,
49:13de uma dedicação
49:14de percepção,
49:16para então,
49:17aí você começar
49:18a entender
49:19como que você vai
49:20se situar
49:22dentro desse espaço.
49:23E aí, a partir disso,
49:25eu acredito
49:25que as conexões
49:26favorecem
49:27essa escutativa.
49:29Quando você faz parte,
49:30quando você está
49:31participando
49:31de várias pontas,
49:34você consegue
49:34ter mais conteúdo
49:36e a partir do conteúdo
49:37você amadurece
49:38o seu argumento.
49:39Eu acho que
49:39tem que ter paciência,
49:40não adianta
49:41querer hoje
49:42e amanhã
49:43já estar executando
49:44porque não vai ter
49:45sustentabilidade.
49:46Então,
49:47é ter uma escutativa
49:48para você amadurecer
49:49o seu argumento
49:50e então você entender
49:51o seu lugar
49:51nesse caminho.
49:52Até porque a gente
49:53estava falando
49:54da autenticidade.
49:56E a autenticidade
49:57vai levar um tempo
49:58para colocar tudo
49:59na prateleira certa.
50:01Exato.
50:02Gente,
50:02vocês são turismólogos,
50:04porém,
50:05também turistas,
50:05imagina.
50:07Um turista profissional.
50:08Então,
50:09a minha pergunta
50:10sempre no final
50:11é essa.
50:11Quero perguntar
50:12primeiro para o Lucas
50:13e depois para o Thiago.
50:14Lucas,
50:14quando você está de férias,
50:15o que você gosta de fazer?
50:16Eu amo caminhar.
50:18Amo caminhar.
50:19O forte grande.
50:20Nossa,
50:21caminho sem rumo,
50:22no meio do caminho
50:23eu proseio composte
50:24se deixar.
50:26Eu gosto,
50:27eu falei agora há pouco
50:28da dica da escutativa
50:30e o caminhar
50:31para mim
50:31é esse processo também
50:33de observar
50:33o que está acontecendo.
50:34Independente do lugar
50:35do mundo.
50:36Independente do lugar,
50:37mas principalmente
50:38se eu estou
50:38em uma cidade
50:39que eu não conheço.
50:41Principalmente.
50:41Amo.
50:42Você busca sempre
50:43ir para uma cidade diferente.
50:44Você não gosta
50:44de repetir destino.
50:45Eu tenho repetido Salvador
50:46com uma certa frequência.
50:49Mas eu amo descobrir lugares
50:51que eu nunca fui.
50:51Eu não gosto de repetir muito não.
50:53Salvador tem sido
50:54uma repetição gostosa.
50:56Então, é isso.
50:57Tiago, você,
50:58quantas férias.
50:59Eu gosto muito
51:00de me conectar
51:01com as pessoas.
51:02É uma coisa
51:03que eu basicamente
51:04busco muito
51:05ao longo das minhas viagens.
51:06mas eu não consigo
51:07eu fiz exercício aqui
51:09agora rapidamente
51:09de lembrar
51:10mas eu não consigo
51:11lembrar de uma viagem
51:12que eu fiz
51:13que eu não visitei
51:14algum espaço cultural.
51:16Então, é uma coisa
51:18que eu normalmente
51:18gosto muito
51:19até para atividades
51:20de lazer,
51:21de compra,
51:21praia,
51:22qualquer destino
51:23que seja
51:24eu sempre gosto
51:25de buscar algum espaço
51:26porque lá eu consigo
51:28entender um pouco
51:28daquela localidade
51:29e para mim
51:30é muito importante
51:31saber onde eu estou
51:32colocando o pé.
51:32Sair do lugar
51:33só de espectador.
51:34Eu gosto muito
51:36mas ao mesmo tempo
51:37lá é onde eu encontrei
51:38as principais pessoas
51:39e as pessoas mais legais
51:40que eu conheci
51:41nas viagens
51:42que eu fiz.
51:42Então, é muito legal
51:43porque me ajuda
51:44ao mesmo tempo
51:45de conhecer o lugar
51:46conhecer pessoas
51:47que conhecem
51:47e sabem
51:48um pouco daquela
51:49realidade
51:49daquele local.
51:51Maravilha.
51:51Gente, eu queria que agora
51:52vocês divulgassem
51:53porque a gente falou
51:53de tantos negócios aqui
51:54pra gente condensar
51:56tudo agora
51:57nesse finalzinho
51:58as informações
51:59das sensações turismo
52:01que a gente tem
52:01o site e o Instagram.
52:02Então, vamos lá.
52:04A gente vai dividir aqui
52:05eu falo das sensações
52:06e você fala do CBAfro.
52:09Bom, das sensações
52:10então vocês podem
52:10buscar a gente
52:11no arroba
52:12sensações turismo
52:13o site é
52:15sensações.tur.br
52:17e lá tem
52:18todas as informações
52:19detalhes
52:20de outros tantos
52:21pacotes que a gente faz
52:22passeios, roteiros
52:24como a gente começou
52:25falando
52:26a gente tem
52:26diferentes práticas
52:27do turismo
52:28aqui em Belo Horizonte
52:29em Minas Gerais
52:30então dá uma olhada lá
52:32que tem coisa boa
52:32Maravilha
52:33O CBAfro também
52:34está lá nas sensações
52:36mas o Congresso
52:37Brasileiro de Afroturismo
52:38é super simples
52:39www.cbafro.com.br
52:43ou cbafro no Instagram
52:46Aí lá as pessoas
52:47vão ter acesso
52:47a programação
52:48a inscrição
52:49tudo
52:49Gente, muito obrigada
52:51A gente que agradece
52:52Adorei
52:53espero estar com vocês
52:54lá no início de dezembro
52:56então de 3 a 5 de dezembro
52:57E a você
52:59eu quero te convidar
53:01a conferir diariamente
53:02o nosso conteúdo
53:04sobre as diversas
53:05vertentes do turismo
53:06em turismo.ai.com.br
53:09Não deixe de seguir
53:10também o nosso Instagram
53:11arroba
53:12portal oai turismo
53:13e eu te vejo
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