Copom define nesta semana novo patamar da Selic; economista analisa

Jovem Pan News

A economista Carla Beni analisa a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que acontece nesta semana para definir o novo patamar da taxa Selic. A especialista avalia o cenário econômico e quais devem ser os próximos passos.

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00:00E nessa semana o Copom deve definir novamente como fica a taxa básica de juros usada no Brasil.

00:06Sobre os possíveis cenários para a Selic, nós vamos conversar agora com a economista Carla Bene,

00:12conselheira do Corecon de São Paulo. Carla, bem-vinda, boa tarde.

00:17Boa tarde, Nelson. Prazer estar aqui com vocês.

00:20Prazer é todo nosso. Carla, sempre que a gente fala de taxa de juros, é aquela história, né?

00:25Taxa tá alta, quando é que isso vai abaixar?

00:28Dessa vez, será que tem a expectativa de uma diminuição importante na taxa de juros ou a expectativa é de manutenção?

00:37A expectativa, Nelson, ela é de manutenção, né?

00:40O Focus dessa semana, inclusive, também apontou terminar o ano com a Selic a 15%.

00:48Eu ainda tenho uma esperança para a última reunião do final do ano,

00:54uma redução de 0,25 ponto percentual para sinalizar o início de corte de juros para 2026.

01:04Mas essa é uma aposta minha particular que eu tô fazendo aqui com vocês.

01:09E o que justifica essa manutenção?

01:12Tem dado certo?

01:13Tem impactado positivamente para segurar a pressão inflacionária, a inflação?

01:19Porque recentemente a gente viu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falando sobre legados que pretende deixar na economia

01:25e um dos dados que ele traz é justamente de inflação.

01:29Isso se deve a essa política do Copom e do Banco Central?

01:34Olha, a taxa Selic, ela está muito elevada, ela tem um resultado cada vez menor, ou seja, cada vez menos.

01:45No mundo todo, inclusive, você tem observado a elevação da taxa de juros para conter o processo inflacionário

01:53como algo muito mais lento e muito mais falho do que foi há muito tempo atrás.

02:00A economia está muito mais complexa no seu dinamismo.

02:05Então, eu peguei um dado interessante aqui para a gente lembrar que em fevereiro de 2022,

02:12a Selic saiu de 9,75, olha que saudades, 9,75 para 10,75.

02:19Ou seja, desde fevereiro de 22, Nelson, que nós estamos com dois dígitos de taxa Selic.

02:26São três anos, mais que três anos, porque em fevereiro de 25 completaram três anos.

02:34Ou seja, você veja como é lento o processo de elevar a taxa de juros para conter a inflação,

02:41principalmente com um ponto central que é a meta.

02:45Como a meta é de três, um ponto e meio para cima e um ponto e meio para baixo,

02:51o centro da meta é muito baixo.

02:53Então, nós estamos observando há muito mais de três anos essa inflação que não fica entre 3 e 3,5,

03:02mas você só eleva a taxa Selic.

03:04Então, sob essa ótica, eu diria para você que isso tem pouca eficiência.

03:10E aí, Carla, uma pergunta que cabe muito bem é também em relação à gestão do Gabriel Galípolo.

03:17A gente trouxe aqui, nas nossas últimas edições, a manifestação do Campos Neto,

03:22que se encontrou no encontro do LID e falou conosco com a nossa reportagem,

03:26elogiando a gestão do Galípolo à frente do Banco Central

03:30e criticando a pressão do governo federal para que o Banco Central baixasse a taxa de juros.

03:38Na prática, o que aconteceria se o Banco Central cedesse a pressão

03:41e baixasse consideravelmente, drasticamente, a taxa de juros?

03:45Bom, aqui são duas considerações que eu faria.

03:50Primeiro, com relação ao Galípolo, que você inicialmente mencionou,

03:54que a gestão do Galípolo, ela segue a mesma linha da gestão do antecessor do Campos Neto

04:03e o próximo que entrar vai também seguir a mesma gestão,

04:07então, se essa continuar a mesma métrica de raciocínio do Banco Central,

04:14onde ele não tem duplo mandato.

04:16Nos Estados Unidos, há um duplo mandato.

04:18Na Europa, há um duplo mandato, onde, além da inflação,

04:22você precisa se preocupar com a posição dos empregos,

04:26ou seja, com a taxa de desocupação.

04:29Então, no caso do Brasil, o foco da inflação e da meta

04:33é o primeiro item, é o item número um.

04:36Então, por isso que a gente acabou não vendo nenhuma grande diferença

04:41entre Campos Neto e Galípolo e Campos Neto elogiando a conduta do Galípolo,

04:46porque é praticamente a mesma.

04:48E isso serve para poder explicar justamente essa manutenção

04:54e como é que isso daí vai acabar funcionando,

04:57independente, basicamente, de quem estiver no comando do Banco Central.

05:03Carla, quero agradecer demais a sua participação conosco.

05:07É sempre um prazer te receber aqui na Jovem Pan.

05:10Obrigada, um grande abraço e um ótimo domingo a todos.

05:14Até a próxima.

05:15Obrigada.

05:16Obrigada.

05:17Obrigada.

05:18Obrigada.

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