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  • há 1 semana
O julgamento de Alexandre na novela A Viagem

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Transcrição
00:01Senhores, o réu não é uma criancinha inocente.
00:05Puros são os filhos da vítima que perderam o pai.
00:09Um homem extremoso, bom, digno, honesto.
00:12O réu tem 24 anos.
00:15Sabe perfeitamente bem o que é um revólver.
00:18É capaz de manejá-lo com perícia e até o provou
00:21porque feriu a vítima mortalmente.
00:25Senhores...
00:26No mínimo, é ridícula a alegação de que não queria atirar,
00:31de que não queria matar.
00:33Como bem o disse o ilustre representado do Ministério Público,
00:36com certeza, o réu queria apenas brincar.
00:41O réu é tão jovem, tão inocente.
00:48Não, senhores.
00:50Não se brinca com a vida alheia.
00:53Não se brinca com a vida de um chefe de família.
00:57O réu seguramente ignora o que seja isso.
01:04Ignora o que seja a responsabilidade de uma esposa, de quatro crianças,
01:09como ignora quase tudo.
01:12O réu ignora o que seja uma arma.
01:15Não sabe sequer que uma bala pode matar uma pessoa.
01:17Ignora até, benedíssimo,
01:20que dinheiro não se toma emprestado arrombando cofres.
01:25O réu é inocente.
01:31E deve ser posto em liberdade, benedíssimo.
01:34Pra quê?
01:36Pra continuar contraindo dívidas.
01:39Pra pagá-las.
01:40Se é que tem a intenção de pagá-las algum dia.
01:43Com dinheiro emprestado em cofres arrombados.
01:46Nem que pra isso tenha que passar por cima das pessoas.
01:48Nem que pra isso tenha que matar chefes de família.
01:50Nem que pra isso tenha que usar armas sem querer.
01:52Nem que pra isso tenha que deixar quatro crianças órfãs.
01:55Esse, benedíssimo, é o roteiro desse jovem
02:03que se diz vítima da fatalidade.
02:09É a nossa responsabilidade, benedíssimo.
02:13Se deixarmos esse jovem inocente sair em liberdade,
02:18ou se dermos a ele
02:22a pena mínima,
02:24ele continuará
02:26na sua senda
02:29arrombando cofres,
02:31matando chefes de família,
02:33deixando mulheres viúvas
02:35e crianças órfãs.
02:41Hoje, eu sigo.
02:45Pronto.
02:46Não, eu não quero, não.
02:48Ah, come.
02:49Não vai comer, não, Lisa?
02:51Tô sem fome.
02:53Fazendo jejum, você não vai salvar aquele cafajesse da cadeia.
02:56Pai!
02:57Mas é isso mesmo.
02:58Ela tá assim porque hoje é o dia do julgamento
02:59daquele marginal.
03:01O Alexandre não é marginal, pai.
03:02Meu Deus, e quem sabe que você ia abandonar a gente
03:03e fugir com aquele bandido?
03:05Aquele desgraçado fez a tua cabeça.
03:08A decisão foi minha.
03:10A Lisa tá certa, pai.
03:11O Alexandre não obrigou ela a nada, não.
03:12Ela ia se mandar porque queria mudar de vida.
03:14É, bela a vida ia ter.
03:15Ela não sabia que o cara era doidão.
03:17Paciência.
03:18Ela queria garantir um futuro, casamento, segurança.
03:21Entrou pelo cano, tudo bem.
03:22Mas vai se fazer o quê?
03:23Tanto que agora aprendeu, partiu pro oposto.
03:26Não tá interessada em mais ninguém agora.
03:29Acertou.
03:30Ninguém.
03:31O réu é uma pessoa profundamente egoísta, sem sentimentos, que acredita ser o centro
03:38do universo.
03:39Chega ao cúmulo de alegar que agiu em defesa própria.
03:43A defesa, como sempre, tentará convencê-los de que o réu é jovem e não pode ficar tantos
03:50anos encarcerado.
03:53Com isso poderá, quem sabe, sensibilizar alguns corações aqui nessa sala.
03:57Mas em nome da responsabilidade desse juízo, a promotoria pede a punição do réu, na forma
04:04do libelo acusatório, a justa punição, porque ele é culpado de crime de latrocínio e por
04:12isso nós pedimos a condenação máxima.
04:14Apenas a condenação máxima.
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