Gleisi diz que governo vai debater com Motta e líderes cargos ao Centrão; Vilela e D'Avila comentam

Jovem Pan News

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo iniciará nos próximos dias a negociação para substituir os cargos ocupados por deputados do Centrão que votaram contra pautas do Executivo. O processo será conduzido em diálogo com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e outros líderes partidários, buscando ajustes na base de apoio governista. Cristiano Vilela e Luiz Felipe D'Avila comentaram
Reportagem: André Anelli
Comentaristas: Cristiano Vilela e Luiz Felipe D'Avila

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00:00Vamos voltar a Brasília porque a ministra das relações institucionais, Glaise Hoffman,

00:05diz que o governo vai discutir com Mota e outros líderes possíveis substitutos para demitidos

00:11que foram indicados justamente por parlamentares que votaram contra o governo.

00:17A Rami Veloso está de volta conosco agora para trazer todas as informações

00:21e a gente vai sentir na próxima votação...

00:25Pois não, pode falar, Rami.

00:26O projeto de Brasília, bom é isso, a ministra Glaise Hoffman vai se reunir novamente com o presidente da Câmara,

00:32Hugo Mota, e também com os outros líderes para discutir como serão ocupados esses cargos

00:38que vão ficar livres a partir de exonerações que eram de indicações de líderes do Centrão.

00:45O governo está fazendo esse pente fino depois da derrota que sofreu naquela medida provisória

00:51que previa alternativas para recompor a perda de arrecadação com o IOF.

00:57Então, portanto, a ministra tinha uma reunião, inclusive hoje, prevista com alguns líderes.

01:03Randolfo Rodrigues, líder do governo no Congresso, me confirmou que havia essa previsão

01:07na Secretaria de Relações Institucionais e o corte deve ocorrer ainda nos próximos dias.

01:13Nessa semana já teve mais uma leva, semana passada também, as exonerações são de cargos indicados

01:19por vários partidos, PSD, Republicanos, MDB, mas sempre lembrando que esse pente fino

01:28é feito diretamente a cada parlamentar que votou contra essa medida provisória

01:33que tinha como objetivo reajustar as contas do governo.

01:37O objetivo, segundo a ministra, é sim dar prioridade para os aliados do governo.

01:43Ou seja, o foco já está nas eleições de 2026, foi assumido, inclusive, pelo líder

01:49do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães, que o Congresso já ativou o modo

01:542026, portanto, o governo está tentando recompor a sua base.

02:00O líder do PT, também na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, diz que é hora do governo

02:05Lula, dá os cargos a realmente quem está com o governo e por isso é feita essa reavaliação.

02:13Já aqueles que estão sendo afetados com essas exonerações, esses dizem que, na verdade,

02:20o governo está errando, porque pode afetar ainda mais a governabilidade, ou seja, pode

02:27atrapalhar o governo nas votações que são de prioridade nos próximos meses, como, por

02:35lei de diretrizes orçamentárias, que foi o próprio governo que pediu para retirar

02:39de pauta, estava previsto para ser votada essa semana na Comissão Mixta de Orçamento,

02:43mas nessa tentativa de rearranjar a fonte de arrecadação para recompor os 35 bilhões

02:49de reais que o governo estava estimando arrecadar com aquela medida provisória que foi derrotada

02:54na Câmara dos Deputados na semana passada.

02:56E essa reunião agora que vai ocorrer entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o

03:01presidente Davi Alcolumbre, eles pediram aí mais tempo.

03:06Lembrando que ontem a ministra Glaise Hoffman se reuniu com o ex-presidente da Câmara, o

03:10deputado federal Arthur Lira, que é o responsável pela indicação do presidente da Caixa, Carlos

03:16Vieira.

03:17É um cargo extremamente importante, sobretudo para o ano das eleições, né?

03:23O Caixa é um dos maiores bancos públicos do país e responsável também por vários

03:27programas sociais.

03:29Arthur Lira se ausentou da votação da medida provisória que derrotou o governo, então,

03:33portanto, ele não será atingido.

03:36E dizem que ele foi exatamente tentar segurar esses cargos do centrão, mas a ministra Glaise

03:42Hoffman negou essa tentativa de Arthur Lira.

03:46Volto com vocês.

03:47Rani Veloso, daqui a pouco ela volta conosco ao vivo de Brasília.

03:50Valeu, Rani.

03:51Agora quero ouvir os nossos comentaristas, o Luiz Felipe Dávila e o Cristiano Vilela.

03:56Dávila é dando o que se recebe, né, Dávida?

03:59Então, evidentemente, por isso que o ministério, por isso que o presidente tem 40 ministérios,

04:05três, quatro para um partido, quatro para outro, só que a dinâmica mudou no Congresso,

04:10as emendas são mais importantes, os cargos estão sendo retirados e na próxima votação

04:15a gente vai observar se o governo tem ou não tem mais voto para votá-la no Congresso.

04:20É isso, Dávila?

04:22É isso mesmo, Marcela.

04:24O dando que se recebe é a cara de pau que o governo utiliza cargos para acomodar aliados

04:32que não têm nenhuma competência para exercer o cargo.

04:36Este aparelhamento do Estado trouxe o maior rombo histórico das estatais.

04:43É por isso que o Correio agora está pedindo 20 bilhões de reais para sair do buraco.

04:49Não podemos esquecer, Matos, que em 21 o Correio teve lucro.

04:54Como é que sai do lucro e para o prejuízo?

04:57Aparelhamento do Estado.

04:58Distribuir cargos para aliados políticos, contratá-los e demiti-los de acordo com as preferências políticas eleitorais.

05:09Nada a ver com competência pessoal.

05:12O Brasil precisa acabar com essa farra de cargos.

05:15Para você ter uma ideia, quando se troca um primeiro-ministro na Inglaterra, muda-se 300 cargos.

05:22No Brasil, o governo federal tem 27 mil cargos para distribuir para aliados.

05:28É uma vergonha.

05:30É assim que aparelham o Estado.

05:32Temos políticas públicas de péssima qualidade.

05:36E um governo que só pensa em meter a mão no nosso bolso para arrecadar mais impostos.

05:41O Brasil nunca vai progredir dessa forma.

05:45Cristiano Villela, o governo está tentando recompor a sua base

05:49e acaba usando cargos como moeda de troca para fidelizar a base no Congresso.

05:55Pois é, Paula.

05:56Mas já passou do momento.

05:57O governo errou muito na sua relação com o Legislativo,

06:02nesse terceiro mandato do presidente Lula.

06:05Em nenhum momento conseguiu construir uma base parlamentar sólida.

06:08E por que não conseguiu?

06:10Porque não teve capacidade de dialogar com setores diferentes da sociedade.

06:16Iniciou o governo fundamentado em pautas muito ligadas à esquerda,

06:21aquele grupo político mais tradicional, mais próximo ao presidente,

06:25e não buscou ampliar, agregar efetivamente pautas de centro,

06:29construir aquela frente ampla que vendeu durante o segundo turno das eleições de 2022.

06:36Diante desse cenário, diante dessa dificuldade, restou ao governo fazer o varejo,

06:42fazer o toma lá da cá, distribuir cargos, construir uma maioria em votações importantes,

06:49através desse expediente, que é um expediente que só enfraquece a democracia.

06:54O fato é que deve-se pensar realmente, o governo deve pensar,

06:58e os próximos governos devem pensar, uma forma de reconstrução política.

07:04Porque não adianta mais o país continuar nesse toma lá da cá,

07:09sem ter institucionalmente uma força parlamentar,

07:12de modo que o Executivo possa guiar os principais temas no país.

07:16Nesse sentido, não adianta ficar reclamando o que o Legislativo manda,

07:21porque é competência ou incompetência do Executivo

07:25a construção dessa base parlamentar mais sólida.

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