Pular para o playerIr para o conteúdo principal
O Brasil ainda enfrenta um déficit alarmante de saneamento básico: três em cada 10 residências não têm acesso à rede de esgoto, um número que não evolui devido ao baixíssimo investimento no setor. A especialista Maria Aparecida Silva de Paula, da Associação dos Engenheiros da Sabesp, analisa o cenário e aponta uma nova esperança.
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00O saneamento básico ainda é um desafio para o Brasil.
00:03Três em cada dez casas continuam sem acesso à rede de esgoto.
00:07Esse déficit custa caro, viu?
00:09Não apenas em infraestrutura, mas principalmente em saúde, educação e qualidades de vida.
00:15Cada real investido em saneamento pode gerar até quatro de economia em gastos hospitalares,
00:21além de reduzir desigualdades e tornar as cidades mais resilientes às mudanças climáticas.
00:27E para falar sobre esse tema estratégico que chegará à COP30 em Belém,
00:32a gente recebe a Química Industrial Maria Aparecida Silva de Paula,
00:36com mais de trinta anos de experiência em saneamento
00:39e atual coordenadora de relações institucionais da Associação dos Engenheiros da Sabesp.
00:45Seja bem-vinda, obrigada por aceitar o nosso convite.
00:49Antes de começar a nossa entrevista, eu até chequei com você os dados, né?
00:52De três a cada dez que ainda faltam ter saneamento, porque eu estudo o meio ambiente há muito tempo
00:58e esse número não muda, não evolui. O que é que acontece?
01:02É verdade, obrigada pelo convite, mas realmente, porque o investimento é muito pouco.
01:07É insuficiente para a quantidade de necessidades que o Brasil necessita.
01:12Então, menos de um por cento dos investimentos, o saneamento está dentro de outros.
01:18Então, ele está 0,057% só de investimento.
01:22Claro que não há como você alcançar e melhorar esses índices,
01:27o investimento ainda é muito aquém da necessidade que o saneamento precisa.
01:32E como atrair, então, mais investimentos, já que esse setor é extremamente importante nesse momento,
01:37que a gente fala sobre meio ambiente, água potável, justiça climática,
01:42tem tudo a ver com os temas que serão abordados na COP30, né?
01:46Essa é a primeira vez que a COP30 está tratando do saneamento,
01:50olhando para mudanças climáticas e entendendo que há necessidade dessa interface,
01:55desse olhar com um pouco mais de cuidado do saneamento.
02:00O relatório que nós estaremos apresentando no COP30, lançando a terceira versão,
02:05a terceira edição, ele retrata, são 60 diretrizes que foram colhidas inicialmente em 2023 pela ESB
02:15e em março, e nós entramos nesse processo, na segunda edição, quando foi feito o lançamento,
02:22entendemos oportuno que a Associação dos Engenheiros da Sabesp
02:25abraçasse também esse projeto junto com tantas outras entidades,
02:29foram inicialmente 26 operadoras que são associadas da ESB,
02:35e nós entramos nessa terceira edição.
02:37E nesse estudo, o que vocês identificaram?
02:40Obviamente, quando a gente fala que a cada 10, 3 casas não tem saneamento,
02:45isso é de forma irregular, né?
02:48No país inteiro, a gente sabe que na região sudeste, sul,
02:51e até em concentrações assim, São Paulo capital, bairros mais da periferia,
02:55a gente sabe que o saneamento não é distribuído de forma igualitária,
02:59tanto no país como na própria cidade, né?
03:01O que vocês dão de diretrizes para que isso aconteça de forma mais justa?
03:05É, dentro do trabalho que foi feito,
03:09que nós fizemos o trabalho de norte a sul do país.
03:12Então, nós fizemos dois seminários para a terceira edição desse documento,
03:16que eu vou ver aqui, o saneamento e mudanças climáticas,
03:19diretrizes aos prestadores de serviços de água e esgoto,
03:22para enfrentamento de eventos adversos.
03:26Nessa terceira edição, nós fizemos o quê?
03:29Fizemos dois seminários, um em São Paulo,
03:33que aconteceu no dia 28, onde nós trabalhamos com o eixo centro-oeste, sul e sudeste,
03:40e depois, no dia 1º de setembro, nós fomos para Manaus,
03:44trabalhando norte e nordeste.
03:46Quando você faz esse levantamento com especialistas de todos os setores,
03:51a academia, a parte tecnológica, e também os especialistas,
03:56há a possibilidade de identificar com maior propriedade aquelas lacunas que ainda existem,
04:02que precisam ser tratadas e melhoradas as condições de saneamento no país.
04:08Há questões de infraestrutura, planos emergenciais, contingenciamento,
04:14os comitês de bacias que precisam ser fortalecidos.
04:18Então, foram vários os temas que cada especialista trouxe o seu querer,
04:22a sua dor, para dentro do projeto,
04:25e mostrando aqui, sinalizamos, aqui é necessário que tenhamos um tratamento especial,
04:31um olhar especial para identificar quais os pontos que cada um,
04:35cada operadora deve ou precisa olhar com mais cuidado e investir o seu trabalho,
04:44tanto a força de trabalho, quanto também a parte de investimentos financeiros.
04:50Com essa apresentação na COP30, os investimentos, o financiamento,
04:54para todos os setores, a transição energética, a preservação das florestas,
04:59é um tema que fica muito mais em evidência,
05:02a questão da renovação da nossa matriz, como também a preservação das florestas.
05:07O saneamento, pela primeira vez, entra ali nesse debate
05:10e também vai receber parte desse financiamento?
05:12Essa é a promessa?
05:14Nós não temos promessas, nós temos grandes possibilidades,
05:20porque estar falando de saneamento e ter um espaço dentro da COP30
05:24já é um grande avanço,
05:27que vai trazer olhares de todo internacional,
05:31dentro de uma questão que é tanto aqui no Brasil como em outros lugares também.
05:35Então, nós não temos a intenção essa,
05:40de que esse material fique em cima, dentro das mesas dos grandes operadores,
05:46de quem tem o poder da caneta para tomar a decisão adequada certa,
05:51mas não temos a certeza de que realmente vai acontecer.
05:55Claro que isso depende muito de um trabalho de bastidores,
05:58de muita conversa, de muitas iniciativas, de seminários, workshop,
06:03do Ministério Público, enfim, de todas as esferas,
06:07estar trabalhando para melhorar a qualidade de vida das pessoas
06:09e, principalmente, nós estamos passando por eventos climáticos bastante severos,
06:14tanto com secas, quanto com inundações, quanto com ondas de calor.
06:21Nós passamos esses últimos dias, nós estamos nessa fase de calor, chuva, ventos,
06:27e isso traz para a população, para os investimentos que são feitos,
06:33a questão da infraestrutura, ela acaba sofrendo algum tipo de problemas.
06:40Esses temporais recentes em São Paulo mostraram justamente isso,
06:44que a gente estava aí na semana do Rio Tietê,
06:48justamente quando houve um temporal que mostrou que a qualidade da água já estava ruim
06:52e toda a sujeira da cidade, justamente por causa da chuva forte,
06:57acabou também poluindo ainda mais o rio.
07:00Como trabalhar a infraestrutura para que a cidade toda seja mais resiliente,
07:05tanto na mitigação como nessa adaptação que a gente vai precisar ter?
07:09Porque já é um fato, para vocês que fazem estudos,
07:12de que as secas que aconteciam uma vez a cada 20 anos,
07:16ou os temporais, como ocorreram no Rio Grande do Sul,
07:19que aconteciam no longo espaço de tempo,
07:21agora eles estão em espaços mais curtos.
07:23A gente vê três, quatro secas seguidas,
07:26a gente passou por uma crise de abastecimento em São Paulo
07:28há pouco mais de, há quase 10 anos,
07:31e de novo a gente está com os reservatórios operando abaixo.
07:34Como é que vocês lidam com essas mudanças no clima e se adaptam a elas?
07:39E o que diretrizes existem nesse estudo para ajudar as cidades a ligar todos os pontos dessa infraestrutura?
07:45Porque acaba desaguando no rio que a gente precisa de água potável,
07:49água que gera energia e por aí vai.
07:51É um trabalho isolado, como a gente comentou.
07:55É um trabalho que precisa de políticas públicas,
07:58precisa da própria população, das academias.
08:01Não é uma equação fácil de resolver.
08:06Mas, claro, se cada um de nós tomarmos a nossa,
08:09assumirmos o nosso papel,
08:11a Associação dos Engenheiros tem essa bandeira,
08:14leva essa bandeira,
08:15de trabalhar com as questões de capacitação,
08:18de pessoas, de profissionais,
08:20de trabalhar com a sociedade,
08:23porque nós somos da Organização de Sociedade Cível de Interesse Público,
08:26então nós temos o nosso trabalho sociais.
08:28Então, não dá para você,
08:31não há uma forma única de resolver essa questão,
08:34mas cada um tem que fazer o seu papel dentro do seu DNA.
08:38As empresas tomarem cuidado com aquilo que são lançados nos rios,
08:42de trabalhar com recursos hídricos com menor,
08:46com mais eficiência e eficácia.
08:49O poder público com questão da legislação,
08:53melhorando a fiscalização.
08:55Os comitês de bacias entendendo,
08:59sinalizando o que deve ser colocado,
09:02cada projeto, cada estrutura,
09:05nova estrutura que a cidade venha a acertar.
09:09Então, todos esses cenários,
09:11todos esses insights,
09:13é que faz com que a gente melhore a qualidade de vida da população,
09:17que melhore a condição do rio Tietê,
09:19dos outros rios também.
09:21Isso a gente fala de norte a sul do país,
09:23porque nós temos que tomar cuidado com aquilo que nós fazemos.
09:26Mas a população também não pode ficar de fora.
09:28O uso racional da água é uma questão muito forte,
09:30que temos que levar em consideração,
09:32neste momento em que nós temos essas mudanças climáticas.
09:36também outra coisa que a gente precisa tomar consciência
09:41é do nosso resíduo.
09:44A gente percebe que a população ainda continua
09:47lançando os seus rejeitos dentro de rios,
09:50dentro de córregos.
09:52E há um trabalho forte para as operadoras
09:55ficar retirando o resíduo.
09:58A própria prefeitura vai nos lugares onde tem loteamento,
10:02eles vão lá, retiram e estão próximos a córregos,
10:05próximos a rios.
10:06Então há necessidade de uma conscientização,
10:09uma sensibilização da população
10:11para saber o seu real papel
10:13e fazer as cobranças que são cabíveis para o poder público.
10:16É porque quando a gente fala de saneamento,
10:18a gente está falando de tratamento de esgoto
10:20e também acesso à água potável.
10:22E um dado chamou muito a atenção,
10:24que é a questão da cidade,
10:25que vai receber a COP30, Belém,
10:27mostrar um índice de saneamento muito baixo,
10:30de uma forma geral.
10:31Isso a gente está falando da bacia hidrográfica,
10:33uma das mais ricas do planeta,
10:35com água em abundância.
10:37O que acontece?
10:38Além dos investimentos serem irregulares,
10:41o que acontece quando essas regiões,
10:43a gente está falando de um país que tem abundância em água,
10:45uma gestão até eficiente em alguns pontos,
10:49e essa água não chega,
10:50e o tratamento também não é feito.
10:52como a gente solucionar esse problema,
10:55que já é praticamente histórico aqui no nosso país?
10:58Não é uma situação fácil,
11:01porque o que acontece de não ter a água o suficiente,
11:08existem lugares em que há um impedimento técnico forte,
11:11e é difícil você vencer esses acessos.
11:15O investimento é maior.
11:17Então, quando os operadores estão para tomar as suas grandes decisões,
11:24há uma forma de atingir mais pessoas com menor recurso ou com maior recurso.
11:30E essa decisão agora que a gente está trazendo pela primeira vez,
11:36está se falando muito de saneamento rural,
11:39das áreas urbanas, das pessoas menos favorecidas,
11:43essa é a bandeira do COP30,
11:45olhar para essas condições, para as áreas não urbanas,
11:49sair dos núcleos e ir para as periferias,
11:52ir para as comunidades, ir para as áreas rurais.
11:54E precisam de tecnologias específicas.
11:58E este é um dos grandes enfrentamentos,
12:00um dos grandes desafios.
12:02Até porque quando você fala em áreas rurais,
12:05você fala em quilombolas,
12:06você fala em condições indígenas,
12:09então você muda a cultura,
12:10você está inferindo também na situação cultural
12:14daquelas áreas em que você está trocando.
12:18Lavar a roupa no rio para trazer uma tubulação,
12:21para trazer água com melhor qualidade,
12:22para fazer o afastamento e tratamento de esgoto.
12:26Então são situações muito distintas que acontecem,
12:30com grandes desafios,
12:34para você trabalhar não só na questão técnica,
12:37mas também na questão cultural,
12:39que deve ser respeitada.
12:40Nesse sentido, falta investimento também na ciência,
12:43para essas inovações tecnológicas,
12:45trazerem mais soluções efetivas ou mais baratas,
12:49para que isso chegue de forma mais igualitária para todo o país?
12:52Eu acho que não tanto na falta,
12:55a questão de novas tecnologias,
12:58porque a academia está trabalhando cada vez mais forte,
13:01mas a aplicação,
13:02porque é mais fácil você colocar água
13:06em lugares que são mais fáceis de trazer a água
13:10do que em lugares onde você tem mais desafios.
13:13Então mais desafios precisa de mais tecnologia,
13:15mais tecnologia precisa de mais investimento.
13:18E mais investimento,
13:19a necessidade de realmente trabalharmos com a sensibilização,
13:24para que haja maior aporte de recursos,
13:26maiores financiamentos para o adicionamento.
13:28E se você está falando de políticas públicas,
13:30investimento estatal,
13:32como é que você vê isso tudo?
13:33Eu acho que é uma somatória de todos os esforços,
13:36políticas públicas, parcerias públicas e privadas,
13:39as SPs,
13:42é uma somatória de todos,
13:44é um esforço que deve ser dividido para cada um,
13:46e cada um que tiver a possibilidade
13:49de entrar nesse cenário
13:53e atuar,
13:53é aí que a gente vai ganhar em escala
13:56e realmente atender as áreas
13:58que hoje são desabastecidas, não atendidas.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado