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O Na Real recebe as doutoras Patricia Almeida (hepatologista), Camila Magalhães (psiquiatra especialista em vício) e o Dr. Walter Cintra (médico sanitarista). Eles falam sobre o surto de bebidas adulteradas com metanol, por que os jovens são os mais vulneráveis ao consumo de álcool e os efeitos no corpo e na mente.

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Transcrição
00:00Bebidas adulteradas com metanol já deixaram mortos e internados em estado grave.
00:05O que que tá por trás dessa tragédia silenciosa?
00:09Aqui a gente vai trazer realmente alguns dados, né?
00:12E por que que os jovens acabam sendo os mais vulneráveis ao consumo de álcool?
00:16Quais os efeitos no corpo, na mente?
00:19A gente vai falar sobre o vício também em alcoolismo.
00:22Mas antes de começar, vale a gente olhar pra alguns números aqui no nosso país.
00:26Metade dos adultos brasileiros relata já ter consumido algum tipo de álcool.
00:31Um em cada cinco admite ter exagerado na dose.
00:35Antes de continuar, a gente tem alguns dados na tela que eu quero colocar pra você.
00:39Olha só, segundo o Datafolha, todos os dias pessoas consumem de cinco a seis vezes por semana.
00:45Ou seja, praticamente todos os dias, 3% da população.
00:49De três a quatro vezes por semana, também 3% da população.
00:53Uma, duas vezes por semana, 20% da população.
00:57E uma vez a cada 15 dias, 10% da população.
01:01Pode seguir pra próxima tela, por favor.
01:03Agora, as idades, os jovens ainda lideram o consumo de bebidas alcoólicas aqui no nosso país.
01:09Dezoito a trinta e quatro anos são cinquenta e oito por cento.
01:13E quarenta e dois por cento desses dezoito a trinta e quatro anos não consomem.
01:17Dos quarenta e cinco aos cinquenta e nove anos, quarenta e seis por cento consomem.
01:22E, olha só, cinquenta e quatro por cento não consomem.
01:24Então, parece que vai chegando a maturidade.
01:26As pessoas vão parando pelo menos um pouco de bebê, segundo essa pesquisa Datafolha.
01:31De trinta e cinco a quarenta e quatro anos, ainda é a maioria.
01:33Cinquenta e cinco por cento consomem, quarenta e cinco não.
01:37E sessenta anos ou mais, as pessoas já vão parando.
01:40Até porque o corpo não aguenta mais, né, gente?
01:42Sessenta e cinco por cento já não consomem mais álcool e trinta e cinco por cento consomem.
01:48Então, a maioria não consomem.
01:50Temos mais uma tela, a última.
01:52A maioria diz que bebe quantidade adequada.
01:56Muito mais do que deveria, sete por cento.
01:59Mais do que deveria, onze por cento.
02:01Consome na medida adequada, oitenta e um por cento.
02:04As pessoas acham que consomem na medida adequada, né?
02:07É bom responder a pesquisa, mas na real, como esse programa chama na real, a gente sabe que não é bem assim.
02:12Por quê?
02:13Porque quando se trata de um vício de um álcool, a gente quase sempre não consegue saber o limite
02:18e não existe uma dosagem saudável, né?
02:21É sempre bom a gente falar sobre isso.
02:23E olha, a gente fala também que, geralmente, sete vírgula sete litros de álcool puro por ano
02:29é um consumo global, que tem um dado também de uma pesquisa.
02:33E os jovens, os estudantes de três a dezessete anos,
02:36sessenta e três por cento já experimentaram algum tipo de bebida alcoólica.
02:39Trinta e quatro por cento consumiram pela primeira vez antes dos quatorze anos, muito cedo.
02:45E uma pesquisa recente do Observatório da Saúde Pública mostra que, nas capitais,
02:49o consumo de álcool aumentou também entre os adultos, atingiu trinta e quatro por cento.
02:53Em termos de impacto humano e social, o álcool no Brasil gera cerca de doze mortes por hora
02:59com acidentes de trânsito e com brigas.
03:02Representa um custo para o Estado estimado de dezoito bilhões por ano para a saúde pública
03:07e também para a produtividade.
03:09A gente está falando de muitos números, mas esses números dão um cenário importante.
03:14A gente está falando de algo que está presente na nossa sociedade,
03:17que é culturalmente normalizado, mas que acarreta muitos riscos,
03:21especialmente quando bebidas adulteradas entram nessa equação que já é perigosa.
03:27Por isso, a gente vai chamar agora para essa conversa alguns convidados super importantes
03:31para te ajudar a esclarecer o que está acontecendo.
03:34Primeiro, vou chamar a doutora Patrícia Almeida, que é hepatologista, especialista em fígado e intoxicações.
03:40Doutora Patrícia, bem-vinda. Muito obrigada.
03:42Muito obrigada.
03:44Também o doutor Walter Sintra Ferreira, que é professor da FGV, médico-sanitarista e gestor de saúde pública.
03:50Bem-vindo, doutor.
03:51Muito obrigado.
03:52E a doutora Camila Magalhães Silveira, que é psiquiatra, especialista em transtornos do humor,
03:57por vícios e políticas públicas de saúde mental.
04:00Doutora, muito obrigada também.
04:01Que agradeço.
04:02Obrigada.
04:03Queria começar com a doutora Patrícia.
04:05Muita gente está assustada, doutora.
04:07O que está acontecendo?
04:08Vamos esclarecer primeiro.
04:10A diferença do álcool bom, que se é que existe um álcool bom,
04:14que pode ser bom, recreativo, como as pessoas costumam dizer, o etanol.
04:18E o metanol? Por que ele é tão perigoso, doutora?
04:21O metanol, mesmo em quantidades pequenas, ele é muito tóxico no nosso corpo.
04:26Na verdade, não o metanol em si, mas um produto final,
04:32que é formado da metabolização no fígado do metanol ingerido.
04:37Então, quantidades pequenas de metanol...
04:40Como uma colher?
04:42Sim.
04:425, 10 ml.
04:43Uau!
04:44É capaz de, chegando ao fígado, ele vai ser degradado, metabolizado,
04:49e forma um composto muito tóxico, que é o ácido fórmico.
04:52E ele é extremamente danoso.
04:56Como é que ele age no nosso corpo?
04:58Ele pode agir diretamente, sendo tóxico no sistema nervoso central.
05:02O paciente pode ficar em coma, inclusive.
05:06Mas pode ter dores de cabeça, tonturas, náuseas.
05:12O paciente também pode ter uma lesão no nervo óptico.
05:15Perceber uns flashes visuais.
05:17Como se fosse uma intoxicação mesmo.
05:21Além desses flashes, o paciente pode evoluir com cegueira.
05:25E sem contar que ocasiona uma acidose.
05:30Uma intoxicação tão grave que o pH do sangue fica extremamente ácido.
05:36O que é muito deletério para o funcionamento do organismo como um todo.
05:41O corpo não consegue, sem o antídoto, liberar isso.
05:46Ou demora muito.
05:48E por isso acaba realmente causando a morte até.
05:50Ele vai evoluir com acidose.
05:54Ele pode até, com o tempo, ficar com mais ou menos sequelas.
06:00Mas, muito provavelmente, vai precisar de suporte médico para isso.
06:04Então, o paciente pode ir tanto com a ajuda de um antídoto, hemodiálise, suporte respiratório para segurança, hidratação.
06:15Então, um suporte médico, um suporte clínico intensivo.
06:19Mais ou menos a depender do indivíduo.
06:22O que é também muito particular de cada um.
06:25E isso a gente corre contra o tempo.
06:27Tem que ser o mais rápido possível que a pessoa sentir o sintoma e já correr para o hospital.
06:31Sim, porque vai deflagrando muitas reações em cadeia.
06:40De toxicidade, de piora.
06:42Então, a acidose leva a disfunção, a problema no rim.
06:46E aí precisa da diálise.
06:48E aí o potássio sobe.
06:50Então, é uma cascata.
06:52Uma cascata de acontecimentos que são muito tóxicos.
06:57E nós temos um antídoto.
07:00Nós temos, na verdade, nós temos dois antídotos.
07:06Um deles não está disponível.
07:09Não é aprovado na Anvisa.
07:11E o outro é o próprio álcool, mas o álcool medicinal.
07:15Não é o álcool.
07:17Então, não adianta usar álcool de procedência conhecida,
07:22pensando que vai estar diminuindo a possibilidade ou tratando uma intoxicação por metanol.
07:29Não é assim que funciona.
07:31Na verdade, precisa ser feito em ambiente hospitalar, com dose segura, monitorada, endovenoso.
07:39Então, é algo que precisa de um suporte de uma instituição de saúde.
07:44Perfeito.
07:45E aí, doutor Walter, como é que as instituições têm que se preparar para receber tanta gente
07:50que agora pode ter uma ressaquinha e já correr para o hospital com medo, né?
07:54É, veja, isso vai acontecer.
07:55Provavelmente já está acontecendo.
07:57Porque o meu WhatsApp aqui, dos meus filhos, já está bombando, contando casos.
08:05E aí, a gente precisa tomar muito cuidado com a tia do Zap.
08:09Claro.
08:09A gente sabe como que funcionam as redes sociais, infelizmente, atualmente.
08:13E as instituições de saúde têm que se preparar.
08:16Porque, com certeza, eu tenho certeza que nesse momento já existe na porta dos prontos-socorros,
08:21das UPAs, as pessoas que estão procurando, ou porque tomaram uma dose,
08:25ou porque estão se embriagando, enfim, ou porque, de fato, estão intoxicados.
08:30Então, precisa tomar muito cuidado.
08:32O que é importante agora é a informação.
08:34Informação clara.
08:35As pessoas precisam receber uma informação muito clara.
08:38E aí, o poder público é o grande responsável por isso.
08:42E as organizações de saúde vão estar preparando, já estão preparando, com certeza,
08:46os seus profissionais para receber e separar aquilo do que é, de fato,
08:52um risco de verdade, de uma intoxicação, daquilo que é simplesmente uma suspeita, enfim.
08:59Muita calma nessa hora, muita atenção, muito cuidado, evidentemente.
09:04Mas é preciso ter serenidade.
09:07Evidentemente, na dúvida, a pessoa deve procurar um serviço de saúde.
09:10Isso não tem dúvida.
09:11Eu quero também fazer um alerta aqui, porque tem muita gente assistindo,
09:14dizendo, e tem alguns vídeos rolando na internet,
09:17Ah, se misturar a bebida com água, ou se misturar com um pouco de outro álcool,
09:22a gente consegue observar que pode ter ou não falsificação ali.
09:27Ou, ah, acende um fósforo, se pegar fogo.
09:31Olha os riscos.
09:32Doutor, existe alguma maneira da gente saber que a bebida é falsificada?
09:36Não.
09:37Até porque o metanol, ele é...
09:39Por que é usado o metanol, muitas vezes, para fazer...
09:42Porque ele é muito parecido com o etanol, em termos de gosto, em termos de cor, enfim.
09:48Não dá para você saber se aquilo tem metanol ou não.
09:52Então, não existe esse tipo de teste, não existe.
09:55O que precisa até ser, você precisa saber a origem do que você está bebendo.
09:58E na dúvida, não beba.
10:00Aliás, a quantidade adequada de álcool é zero.
10:04Essa é a quantidade...
10:05A quantidade adequada de tabaco é zero também.
10:08Então, não tem quantidade adequada.
10:10Até porque as pessoas são muito individuais como reagem a esses tipos de drogas, enfim.
10:17Então, precisa saber disso.
10:18Saber, você vai beber uma bebida alcoólica?
10:22Tenha certeza da origem, né?
10:24Que é uma origem de uma bebida realmente que está ali vendida por um distribuidor idôneo.
10:31Com nota fiscal.
10:32Com nota fiscal.
10:33Lacrada.
10:34Lacrada, enfim.
10:35Isso é difícil?
10:36É.
10:36Então, na dúvida, nesse momento, até a gente ter mais clareza do que está acontecendo, evite beber.
10:42Acho que, aliás, é um conselho bastante saudável para as pessoas.
10:46Perfeito.
10:47Doutora Camila, e por que os jovens acabam indo nessa maré?
10:51Inclusive nesses bailes funk, nesses locais que vendem as bebidas no meio da rua, sem procedência.
10:58Existe uma potência do grupo, né?
11:00De você querer se sentir inserido, de estar pertencendo àquele grupo.
11:05Que todo mundo está bebendo, só eu que não vou beber.
11:07Inclusive, existe um julgamento.
11:09Ah, não bebe, carete, chato.
11:11Ainda existe esse julgamento.
11:12Ah, por exemplo, se eu não estou bebendo, ah, está de dieta, é.
11:15Ah, mas por que você não vai beber hoje?
11:17Parece que quem não bebe é o que está fora, né?
11:21Que tem que se justificar o tempo inteiro.
11:23Isso acontece muito mesmo?
11:24É, acontece. A questão é que o álcool está inserido, né, na cultura, desde o que o homem existe, né?
11:31Ele fermentava o álcool e usava, e experienciava substâncias para ter algum efeito.
11:37Então, eu acho que a gente sabe que isso faz parte, porém, de algumas culturas mais do que outras, né?
11:43No Brasil, tem essa questão do cestar.
11:47A gente sabe que tem os fluxos, onde se vende muitas bebidas alcoólicas na rua.
11:52O jovem, ele entende essa substância, que é lícita e muito disponível como algo bastante possível para ele se expor melhor, para ele pertencer, né?
12:04E a pressão dos pares também faz parte um pouco dessa fase da vida em que transgredir, vamos dizer assim, compõe um pouco da cultura e do crescimento.
12:15Entretanto, a gente tem mais informações hoje em dia, né, de que o consumo precoce do álcool, quanto antes ele for feito, antes as pessoas terão problemas relacionados ao uso do álcool.
12:29Então, as famílias hoje, ao contrário de um passado em que o álcool era ofertado em casa, com a crença de que, ah, meu filho saberá beber, se ele beber comigo, ou se eu monitorar.
12:41Hoje em dia, os pais já têm uma informação de que não, que é um consumo perigoso, né?
12:47Que é um consumo que, não porque é feito em casa ou naturalizado dentro de casa, ele vai trazer menos riscos.
12:53Então, quanto mais a gente postergar, né, a idade de início para aqueles que vão querer beber, essa é uma prática de saúde pública muito importante.
13:02Não só o álcool, como substâncias ou comportamentos que são aditivos aos jovens.
13:08Jogos, né, postergar a idade de início, o tabagismo em toda e em qualquer idade, ele vai ser complexo.
13:15Mas a questão do álcool, primordialmente, que o cérebro está em uma fase de formação e ali ele vai impactar muito mais, vai trazer prejuízos muito mais relevantes do que se ele iniciado adiante na vida.
13:29E a questão do vício em álcool, comparado com outras drogas, ele vicia menos ou mais? Existe algum estudo em relação a isso?
13:36Se a gente somar todas as drogas, nenhuma vai ser tão complexa quanto o álcool e deletéria, justamente por conta da disponibilidade das pessoas naturalizarem e do efeito dela em vários órgãos, né?
13:49Tem outras substâncias que o jovem vai fazer uso, ou adultos, e que ele não vai tolerar, né, o uso daquela substância, porque ela pode ser uma droga estimulante ou perturbadora do sistema nervoso central.
14:02Ou seja, traz um efeito alucinógeno, ninguém funcionaria fazendo o consumo dessas substâncias.
14:07A longo prazo.
14:08A longo prazo.
14:09Então, essa naturalização do álcool vem dessa certa crença de que ele faria menos mal.
14:15Só que a gente sabe que, em termos de saúde pública, hoje o álcool é um grande problema.
14:19A gente falou agora, né, dos bilhões gastos aí com tudo, né, segurança, saúde.
14:24Acima da média mundial em termos de litros consumidos.
14:27E as estatísticas que você mostrou, só pra amarrar esse dado, que eu acho que pra um alerta das famílias e tudo mais, é que é como o brasileiro bebe nas pesquisas.
14:38Você viu que ali, um em cada cinco bebe muito quando bebe.
14:42Então, além de tudo, tomarmos cuidado com esse padrão do beber, que tá sendo muito intenso, não somente em jovens, como em adultos também.
14:53E agora os idosos, apesar da estatística ser menor, houve um incremento do consumo de álcool da pandemia em diante.
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