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O professor de relações internacionais Manuel Furriela analisa os últimos desdobramentos do conflito em Gaza. Em pauta, a intensa violência na região e o boicote de diversas delegações ao discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Assembleia-Geral da ONU.
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NotíciasTranscrição
00:00A 80ª Assembleia da ONU ainda não terminou, mas os quatro primeiros dias mostraram realmente que são muitos os desafios geopolíticos e diplomáticos da atualidade.
00:10Por esse motivo, o Jornal da Manhã conversa agora com o professor especialista em relações internacionais, o Manuel Furriella, que agradeço demais a presença aqui,
00:19para falar principalmente, já trazendo o contexto desse discurso do Benjamin Netanyahu, que deu sinais evidentes de que o conflito no Oriente Médio não tende a acabar. Bom dia.
00:31Bom dia. Realmente é uma questão, um momento difícil, pelo qual passa todo o Oriente Médio.
00:38Israel teve todo o direito de reagir aos ataques de 7 de outubro de 2023 com respaldo no direito internacional.
00:48Então, os estados que são atacados, eles têm direito primeiramente de resposta. Israel exerceu esse direito, teve reconhecimento e suporte da legislação internacional.
01:00Num segundo momento, Israel manteve os ataques no sentido de evitar, desmantelar o Hamas e evitar futuros ataques.
01:09E agora, nesta última fase, onde ele mantém os ataques e mantém a ocupação da faixa de Gaza, inclusive organizou incursões internacionais com grandes resultados militares,
01:24dentro do Irã, dentro da Síria, em vários outros países, em vários outros territórios, inclusive fora, propriamente da região da faixa de Gaza,
01:35como, por exemplo, no sul do Líbano contra o Hezbollah, trouxeram muitos resultados militares positivos, várias conquistas militares.
01:43Mas o ponto que agora está aqui colocado e que é alvo de crítica é a questão que envolve os direitos dos palestinos na faixa de Gaza.
01:55Sabemos e acompanhamos que há uma questão humanitária muito representativa no sofrimento daquela população local.
02:03Então, o que se cobra mais propriamente do governo atual israelense, não propriamente do Estado de Israel, mas do governo atual israelense,
02:13é qual é o projeto que tem para aquela região.
02:17Vão continuar as incursões militares? Com qual objetivo? E, a médio e longo prazo, qual o resultado esperado?
02:24Então, acho que mais propriamente do que as críticas que a gente observou por muitas das nações representadas na ONU, na Assembleia Geral,
02:35é propriamente a indicação de um objetivo daquilo que se pretende construir,
02:40da forma como o governo israelense pretende, não só a pacificação da faixa de Gaza, mas principalmente o futuro daquela região.
02:48É, porque a região de conflito realmente permanece, né, desde aquele dia 7, que a gente até mostrou aqui na Jovem Pan News amplamente,
02:57já dura muito tempo, ainda falta a libertação dos reféns, mas o presidente da Autoridade Palestina, o Mahmoud Abbas,
03:06também quis desvincular a Palestina do Hamas, dizendo que não representa o grupo terrorista, né,
03:13que o grupo terrorista não representa a totalidade da Palestina, e acusou o Benjamin Netanyahu de crimes de guerra.
03:20E a gente viu, então, essa manifestação por parte das pessoas, dos diplomatas que estavam presentes ali durante o discurso do Benjamin Netanyahu,
03:28deixando a sessão nesse ato simbólico de que, olha, nós não compactuamos com isso,
03:33e o reconhecimento também por parte das pessoas, né, que compõem a Europa, dos chefes de Estado,
03:42inclusive aqui do Brasil, em relação à Palestina.
03:45De que forma que a gente pode interpretar tudo isso em relação ao Oriente Médio?
03:51Alguns fatores importantes aí, né, de análise.
03:55Primeiro que o surgimento do Estado de Estado é em 1948 legítimo, né, realmente não se pode nunca discutir isso.
04:04Alguns estados, como por exemplo o Irã, né, não reconhecem esse direito, tem que ser afastado, né.
04:12Há um reconhecimento por parte das Nações Unidas em 1948, ou seja, pela representatividade da comunidade internacional.
04:19Então, mesmo que não seja unânime, ela não é por questões pontuais, estados pontuais, foi construído isso.
04:28Mas também naquele momento em 1948, foram reconhecidos quais seriam territórios de Israel e quais seriam os territórios dos palestinos.
04:37Então, o projeto inicial deveria ser seguido, que contemplaria as questões territoriais principais a partir daquele momento.
04:45Infelizmente, não tem sido seguido por nenhum dos estados.
04:50E dentro do grupo palestino, às vezes dá a impressão aqui pra nós, no Brasil, de que eles fazem parte de um grupo homogêneo.
04:59E pega bem o teu ponto, não, não é isso que acontece.
05:02Você tem três grandes grupos representando os palestinos.
05:06O maior deles, que é do Fatah, né, do chefe de Estado, Abbas, que representa a maior parte deles.
05:16E é um discurso mais pacifista, né.
05:20A gente percebeu até pela apresentação que ele fez na Assembleia da ONU.
05:25Você tem depois um grupo menor, que é o Hamas, né, sempre com um discurso mais assertivo, mais combativo e que não reconhece o direito do Estado de Israel existir.
05:37E que é um grupo, sim, terrorista, pelos atos que pratica.
05:417 de outubro de 2023 foi o ápice disso.
05:44E outros grupos menores, que não se sentem representados pelos dois, mas são minoritários, principalmente lá na Cisjordânia, que é o maior território palestino, né.
05:54Então você tem esses grupos, eles não são homogêneos.
05:57Agora o principal, e é um aspecto positivo deste momento, né, é que o discurso é de que a maior parte dos palestinos não é representado pelo Hamas, pelo grupo terrorista.
06:09A maior parte dos palestinos condena os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023 aos israelenses.
06:18E que, durante o discurso também, foi por eles dito que, independentemente de qualquer processo de negociação, imediatamente tem que libertar os sequestrados israelenses.
06:31É inaceitável utilizar sequestrados como morda de troca a seres humanos, né, com todos os desrespeitos que a gente observa, e com a provável morte já de cerca de 25 deles.
06:42Então esse é o cenário que nós temos agora.
06:45Agora o que é realmente necessário, como eu disse primeiramente, é que Israel diga qual é o seu objetivo, governo israelense, para a região, e que dialogue com aqueles moderados palestinos.
06:57Porque a partir daí se constrói algo positivo para os dois lados.
07:02Pois é, porque na concepção dele ele relembrou, né, esses ataques, essa violência toda praticada pelo grupo extremista Hamas.
07:09E citando outros grupos também, né, os terroristas, até colocando ali cartazes com alternativas, A, B, C, D, enfim, a gente mostrou isso aqui no Morning Show.
07:19Mas em relação também ao conflito entre Ucrânia e Rússia, a gente tem alguma expectativa em relação a isso, nas tratativas que ainda serão realizadas na ONU?
07:28Também ótimo ponto. Bom, primeiro Israel e palestinos. Israel e Hamas, né, bem lembrado por você.
07:35Esse é um conflito que a gente não tem perspectiva a curto prazo de qualquer tipo de encaminhamento, nem de amnistício para um cessar-fogo.
07:43Então, infelizmente, ali a situação não permite desenhar alguma probabilidade de pacificação a curto prazo.
07:51E o mesmo a gente tem que mencionar entre Ucrânia e Rússia.
07:56Havia uma grande expectativa internacional com a chegada de Donald Trump ao poder,
08:01porque a partir dali poderia haver uma pacificação, porque os Estados Unidos exerceram uma pressão muito forte,
08:09principalmente sobre a Ucrânia, para que houvesse esse processo.
08:13E se a gente lembrar bem, houve até aquele momento de desgaste na Casa Branca do Zelensky,
08:18que ele foi ali exposto. Ali o governo americano usou uma estratégia de enfraquecer a liderança ucraniana
08:25para tentar, a partir dali, fazer uma composição com os russos.
08:29Infelizmente, esse não foi um bom caminho.
08:32Eu digo infelizmente por conta de não ter dado resultado de pacificação.
08:36E não por ser aquilo que a gente acredita que deveria ser, ou seja, o enfraquecimento da Ucrânia.
08:41Mas essa proposta não resultou positiva.
08:45E depois o governo americano, acertadamente, voltou a pressionar os russos.
08:53Houve uma pressão muito efetiva sobre a Rússia,
08:56inclusive com promessa de sanções econômicas adicionais contra o governo russo,
09:03com esse objetivo de, a partir do momento que pressionaram,
09:06ali, houvesse a composição.
09:09O presidente Donald Trump, ele é próximo de Vladimir Putin.
09:14Isso também trazia alguma expectativa de que com essa proximidade fosse construída a pacificação.
09:20Mas essa agenda também não funcionou,
09:23mesmo naquela reunião que parecia muito promissora no Alasca,
09:27onde depois, na sequência, os Estados Unidos se reuniram com os chefes,
09:31os principais chefes de Estado da União Europeia.
09:33Então, ali, parecia que talvez saísse uma agenda, mas ela não se construiu.
09:39E ela não se construiu porque a Rússia, ela não abre mão das suas principais pretensões,
09:46que elas são territoriais.
09:48A Rússia ocupa cerca de 20, 22% do território ucraniano no momento,
09:53e tem que pleteia a incorporação ao seu território de quase todas essas áreas na Ucrânia,
10:02o que se torna inaceitável para o governo ucraniano fazer uma concessão deste tamanho com essa perda territorial.
10:09Em algum momento, o governo Zelensky sinalizou que aceitaria ceder uma parte desse território,
10:16mas o governo russo, ele entende que, na negociação, precisaria receber muito mais do que isso.
10:24Então, esse impasse, ele é de muito difícil resolução.
10:27E tem um fator que é pouco mencionado, que é o fiel da balança aqui,
10:32é a continuação do apoio chinês à Rússia.
10:36Já que com as sanções internacionais, o prejuízo econômico da Rússia é muito grande,
10:40mas ele sofre um alívio muito importante, muito representativo,
10:45porque a China continua comercializando com a Rússia,
10:50continua importando muito da Rússia, o que ainda alimenta a economia russa.
10:55No meu entendimento, enquanto a China não entrar nesse esquadro,
11:00participando ativamente do processo de negociação, mas com o objetivo de pacificação,
11:06dificilmente a gente vai conseguir chegar a um resultado pacifista nesse momento.
11:11Mesmo que haja um cessar por fogo ou um armistício, que é um pouquinho mais do que isso,
11:16a construção da paz é difícil, porque a Rússia não cede no que pleiteia
11:21e porque a China a mantém economicamente.
11:23Professor, bom dia. E essa química, hein, professor, entre Trump e Lula,
11:29esse encontro vai acontecer nos próximos dias, é um encontro que está todo mundo esperando,
11:34já há dias a gente espera por uma possível ligação.
11:38Essa ligação, inclusive, poderia acontecer antes desse encontro,
11:41seria mais importante, mais interessante que acontecesse uma chamada de vídeo,
11:46já, enfim, estratégias acontecendo em relação a esse encontro,
11:50se vai acontecer em um lugar onde Donald Trump descansa,
11:52se vai acontecer em um lugar onde Donald Trump, enfim,
11:56tem um lugar mais pacificador aí para acontecer esse encontro dos dois.
12:00O que esperar nos próximos dias, professor?
12:03Bom dia para você também.
12:05Bom, o que a gente tem aqui é interessante, né?
12:07Porque ainda há quem se surpreenda com o Donald Trump.
12:12O fato é que ele é um empresário que construiu toda a sua carreira
12:15com negociações em mesas de negociação,
12:19difíceis mesas de negociação de negócio.
12:22É aquele empresário investidor agressivo,
12:25que faz negócios ousados.
12:27Então, toda vez que ele toma uma decisão que é considerada polêmica,
12:30por exemplo, essa aproximação com o presidente atual do Brasil,
12:34a gente não pode ter dúvida que é por conta da forma como ele imagina
12:38que negocia os interesses norte-americanos, né?
12:41Então, as sobretaxas que o governo americano decidiu aplicar ao Brasil,
12:46elas eram de três ordens.
12:49Uma, porque mudou a regra internacional.
12:51O governo americano atual, ele está sobretaxando o mundo inteiro
12:55invariavelmente entre 10% e 15% de sobretaxa.
12:59Então, é outra régua, a gente também entra nessa.
13:02Então, o mundo todo está nisso.
13:04Outro ponto era por questão de sanções internacionais ao Brasil.
13:09A gente sabe que havia críticas em relação às decisões do Supremo Tribunal Federal
13:13em relação ao ex-presidente Bolsonaro.
13:16Também, então, por conta desse alinhamento político do governo americano
13:21com o presidente anterior brasileiro.
13:23E também, o outro fator também que não é muito mencionado
13:26e que é verdade é que o governo brasileiro atual
13:29também não construiu boas pontes com o governo americano.
13:33Isso é uma questão de pragmatismo, não de submissão.
13:37Os governos, eles têm que construir pontos.
13:39E, tradicionalmente, o Brasil faz isso.
13:42Ele se relaciona bem com qualquer país, independentemente do governo.
13:46Tanto é verdade que o governo Lula, durante a gestão de George Bush,
13:51filho que também era seu antagonista,
13:53construiu algo produtivo naquele momento.
13:55Então, o Brasil estava com esses três vieses.
13:58E aí, o governo americano decidiu pegar essa questão de sanções contra o Supremo
14:04e tirar um pouco dessas tarifas e colocar na lei Magnitsky,
14:09aplicando outro tipo de sanção.
14:11Então, tira um pouco essa questão da tarifa.
14:13Então, um dos pontos que eu falei, ele fica muito diminuído de importância.
14:17Fica meio sem sentido aplicar sanção a partir dali.
14:20Usa a lei Magnitsky e outros tipos de sanção que o governo americano pode aplicar.
14:24E aí vem essa questão de relacionamento entre os dois,
14:28que talvez dê para, a partir de agora, colocar no pragmatismo.
14:32A gente não pode acreditar que há um alinhamento entre os dois.
14:35Isso, Lula e Trump.
14:37Não há, nem vai haver.
14:40E é totalmente irrelevante,
14:43caso eles levem para o pragmatismo negócios entre os países.
14:46Os estados já perceberam que, mantendo as sobretaxas,
14:50que ainda persistem, já que eles já tiraram quase metade delas,
14:54traz prejuízo econômico aos interesses americanos.
14:58Então, você já tem uma questão de inflação de café, carne, laranja.
15:03Isso já existe nos Estados Unidos, por conta das sobretaxas ao Brasil.
15:08Então, isso é desinteressante aos Estados Unidos.
15:11Então, acho que a gente está agora num momento
15:13onde eles podem construir uma conversa pragmática
15:17e, a partir dela, não prejudicar aos olhos de Donald Trump
15:21os interesses americanos, os negócios dos Estados Unidos.
15:25Eles vão manter alguma sobretaxa.
15:27Não tenho nenhuma dúvida sobre o aço, por exemplo.
15:30Não há conversa que tire essa,
15:32mas há conversa que tire daqueles produtos
15:35que os Estados Unidos querem continuar importando do Brasil.
15:38Agora, está uma conversa que é puro business aos olhos americanos.
15:42Bom, nós conversamos com o professor especialista
15:46em relações internacionais, Manuel Furrela.
15:48Aqui, eu agradeço demais por todos os esclarecimentos
15:50e vamos aguardar as novas tratativas em relação à ONU.
15:54Muito obrigado pela participação aqui no Jornal da Manhã.
15:58Um ótimo final de semana a todos.
15:59Nós vamos aguardar os olhos americanos.
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