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Em entrevista ao programa JP Ponto Final, o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) discute o novo cenário global de corrida armamentista e a estratégia brasileira. Ele contrapõe a prioridade histórica do Brasil em programas sociais, como o Bolsa Família, com a crescente necessidade de investimento em defesa. O debate aborda ainda a regulamentação dos trabalhadores de plataformas digitais, como Uber e iFood, e o impacto dessas dinâmicas no futuro do país.

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Transcrição
00:00É interessante que o mundo está passando por uma reorganização.
00:04Donald Trump colocou fogo no parquinho.
00:07Vai mudar as relações comerciais, as relações políticas e o fluxo migratório.
00:13Isso tudo mudou diante de decisões do Donald Trump.
00:16E o mundo está mais belicoso?
00:19A previsão que eu tenho é de uma corrida armamentista.
00:22Nenhum país mais pode se dar ao luxo e não se armar.
00:25Quer dizer, é um futuro nebuloso.
00:27É um futuro muito desafiador.
00:30O Brasil não tem um histórico recente de envolvimento com guerras.
00:34Tem a guerra do Paraguai.
00:35Tem a guerra do Paraguai e tem uma participação que o Brasil teve indiretamente na Segunda Guerra Mundial.
00:42Mas não foi uma guerra dentro do nosso território.
00:45Então, historicamente e pela posição do Brasil de maneira diplomática,
00:50é muito assertiva com a tradição que vem desde o Oswaldo Aranha,
00:55de vários outros diplomatas, do Roberto Campos.
00:57E tanta gente que posicionou ali o Brasil, do ponto de vista da agenda da diplomacia internacional,
01:04numa posição de, digamos assim, boas relações com todos os campos.
01:08É, estar na Constituição, lá nas relações internacionais,
01:11respeitar a autodeterminação dos povos e busca do diálogo.
01:15Exatamente. Então, acabou que isso fez, gerou, associado também com a questão do fim da ditadura militar no Brasil,
01:25gerou um subfinanciamento da defesa no Brasil.
01:28Então, isso não é, inclusive, nem associado a governo de esquerda.
01:31Se você pegar um governo como o de Fernando Henrique Cardoso ou o próprio governo Bolsonaro,
01:35você tem dificuldades no orçamento da defesa do Brasil, porque essa nunca foi a nossa estratégia.
01:40Então, é lógico que a gente vê de maneira com apreensão essa corrida armamentista do mundo
01:46e acredito que a estratégia do Brasil vai tentar continuar mantendo boas relações diplomáticas,
01:52porque pelo tamanho do território brasileiro e pelo déficit que existe de investimento
01:57nos equipamentos da defesa do Brasil, é impossível o Brasil acelerar no ritmo que o mundo vai acelerar.
02:03A própria União Europeia, o pacote de investimento que está sendo anunciado em defesa,
02:08é um pacote enorme, que o Brasil nem se quisesse conseguiria atingir esse mesmo nível de investimento
02:13e saindo de uma posição muito mais frágil do que a posição da União Europeia,
02:17que sim, vive e convive com guerras e tem exércitos como o exército francês,
02:22como o exército da Alemanha, que são exércitos que são muito mais bem equipados do que os nossos.
02:27Eu me lembro, deputado, do ex-presidente Sarney, na época presidente do Senado,
02:32alertando que a Venezuela estava se armando, comprou caças modernos, muito fuzil,
02:39e ele estava superior e poderia fazer a América do Sul aqui promover uma corrida armamentista.
02:48E o Brasil não poderia ficar longe disso, porque ficaria vulnerável.
02:53E deu no que deu, gastou demais em armas e ficou sem dinheiro.
02:56Exatamente, uma posição que é um país que tem muita dificuldade de cumprir suas obrigações com a sua população.
03:01A gente vê isso, inclusive, com o fluxo migratório que acontece da Venezuela para o Brasil,
03:07onde tem uma dificuldade enorme do governo venezuelano de manter uma situação econômica do país
03:13que viabilize a qualidade de vida das pessoas lá.
03:17E um país que tem muitas riquezas, tem a maior reserva de petróleo do mundo da Venezuela,
03:22e você não conseguir transformar isso em riqueza para a população.
03:25Agora, o Brasil adotou outra estratégia.
03:27O Brasil não investe tanto na sua defesa,
03:31mas o Brasil investiu muito mais nos últimos anos nas políticas sociais
03:35e uma série de coisas que garantiram um desenvolvimento econômico para o país
03:39e uma rede de proteção social muito mais forte do que, por exemplo, da Venezuela.
03:44Pois é, essa é a má notícia, que é uma tendência mundial.
03:46O dinheiro hoje aplicado na assistência social vai ser dividido com armamentos.
03:54Isso no mundo inteiro.
03:56E eu, deputado, aprendi no debate lá sobre a nova Bolsa Família,
04:01e eu acompanhei muito de perto,
04:03que no mundo inteiro política social é sinal de polêmica.
04:08E todos os países, mesmo os mais ricos, precisam de política social.
04:13Tem ali uma fração da sociedade que precisa da ajuda do Estado.
04:17E aqui, isso é traduzido através do Bolsa Família.
04:21Não é o único programa, mas é através.
04:24Como é que você analisa hoje o alcance e o custo do projeto Bolsa Família?
04:28O Bolsa Família é um dos principais programas da assistência social.
04:32Mas a gente nem pode dizer que ele é o maior.
04:34Por exemplo, o orçamento hoje do BPC, do Benefício de Prestação Continuada,
04:38que é devido, por exemplo, às pessoas com deficiência,
04:43às famílias que têm pessoas com deficiência de baixa renda,
04:46e também aos idosos de baixa renda,
04:48hoje ele tem um orçamento superior ao orçamento do Bolsa Família.
04:53Um orçamento que hoje o BPC, se não me engano,
04:55gira em torno de 120 bilhões de reais,
04:58onde o Bolsa Família está na faixa de 90 a 100 bilhões de reais.
05:03Mas o Bolsa Família virou um símbolo.
05:04Virou um símbolo porque é um símbolo do combate à fome e à pobreza.
05:10Foi o grande vetor do combate à fome no primeiro governo do presidente Lula,
05:15onde Lula se elegeu com a proposta do Fome Zero.
05:17Mas o que terminou consolidando o governo do presidente Lula
05:20como um governo que tirou o Brasil do mapa da fome,
05:23foi o programa Bolsa Família.
05:25Tanto foi bem sucedido,
05:28que até o governo que sucedeu,
05:31tanto do Temer como do Bolsonaro,
05:33acabaram mantendo a lógica do programa,
05:36aumentando o benefício.
05:38E tem alguns pontos do Bolsa Família
05:40que a gente tem que ter muito cuidado,
05:42porque às vezes fazem uma discussão que foge da realidade.
05:45Então hoje o Bolsa Família, por exemplo,
05:46tem uma regra de proteção,
05:48onde você pode ser contratado com carteira assinada
05:51e não ir recebendo uma parte do Bolsa Família
05:53por um período de tempo,
05:54que é um incentivo para que a pessoa saia do Bolsa Família
05:57e entre na carteira assinada.
05:58Outra coisa também,
05:59tem muita gente hoje, milhões de brasileiros,
06:02que têm MEI,
06:04que são microempreendedores individuais
06:06e que complementam a sua renda com o Bolsa Família.
06:09Então o Bolsa Família também não pode ser um sinônimo
06:12de pessoa que não trabalha ou nada disso.
06:16Em geral, as pessoas do Bolsa Família,
06:17elas inclusive têm uma segunda fonte de renda,
06:20quer seja uma fonte informal autônoma
06:22ou até fontes formais, como o salário
06:24ou uma fonte como microempreendedor individual.
06:27Nós, deputados, estamos passando neste momento aqui no Brasil
06:30por uma transição no mercado de trabalho.
06:33Há dificuldades.
06:34Eu converso com representantes empresariais,
06:37quem tem um funcionário,
06:38quem tem 10 mil funcionários,
06:40falam da mesma forma,
06:41está difícil contratar.
06:43Recentemente houve muita polêmica.
06:45Na verdade é o seguinte,
06:47os salários estão baixos demais
06:49e os empresários não podem pagar salário maior
06:52porque o consumidor final
06:53não vai aceitar o aumento.
06:56E aí eu tenho a impressão
06:59de que estamos ali no impasse.
07:02É culpa do Bolsa Família?
07:04Não, eu não vejo como culpa do Bolsa Família
07:06de maneira nenhuma.
07:07O Bolsa Família, na verdade,
07:08ele dá uma condição melhor para o trabalhador
07:11até de negociar a sua entrada no mercado de trabalho
07:14porque ele não vai aceitar qualquer tipo de salário
07:17ou qualquer tipo de condição de trabalho
07:19para poder fazer aquela função.
07:21Eu, por exemplo, no estado de Pernambuco,
07:23a gente tem muito trabalhador safrista
07:26no corte da cana de açúcar.
07:28Eu converso com os usineiros
07:29e eles dizem,
07:30não, tem muita dificuldade
07:31de contratar o trabalhador safrista.
07:34Lógico, o cara tem um período curto de trabalho,
07:37uma remuneração que hoje
07:38não é uma boa remuneração
07:40e uma condição de trabalho
07:41onde você trabalha muitas horas no sol quente
07:43e uma série de coisas
07:44que não é qualquer pessoa que aceita R$1.500
07:46para poder estar trabalhando nisso.
07:48Às vezes você prefere estar recebendo o Bolsa Família
07:51e complementando a sua renda como autônomo,
07:53vendendo um cachorro quente,
07:55trabalhando de outras formas
07:56do que estar nessa condição
07:57de você trabalhar de sol a sol
07:59no corte de cana.
08:00Então, não vejo o Bolsa Família
08:02como um instrumento
08:03que atrapalha a empregabilidade
08:05de maneira nenhuma,
08:06mas reposiciona.
08:07E, de outra forma,
08:08também é importante ver
08:09que a garantia mínima da renda
08:12ela também é boa
08:13para o outro lado do empresário,
08:15que é o seguinte,
08:16o empresário tem que ter
08:17quem trabalhe para ele,
08:19tem que ter quem consuma seus produtos.
08:21Quando você distribui dinheiro
08:22na base da pirâmide
08:25de rendas do país,
08:27você aumenta o consumo,
08:29você garante que você tenha
08:30mais comprador,
08:31que é importante também.
08:32Tem que ter gente para trabalhar,
08:33mas tem que ter quem consuma
08:34esse produto
08:35e o mercado interno
08:36do Brasil aquecido
08:37tem puxado a economia
08:38no crescimento
08:39que nos últimos anos
08:40foi na faixa de 3%
08:41e que o nível de desemprego
08:45caiu no mínimo histórico.
08:47Então, eu acho que
08:48estamos no caminho certo.
08:49Agora, esse problema do emprego
08:51passa por nível de qualificação
08:53adequado para algumas funções.
08:55Então, algumas profissões,
08:57algumas áreas
08:57precisam ter um reforço
08:59na qualificação profissional
09:01e você também precisa ter
09:02essa valorização salarial
09:03para conseguir reter esses talentos.
09:06É interessante, deputado,
09:07que eu vi que o senhor participou,
09:09está participando
09:09de um debate importante
09:12sobre a regulamentação
09:13das plataformas de...
09:17Depois a gente fala
09:19das plataformas digitais,
09:21isso é importante,
09:21mas é da regulamentação
09:23desses mecanismos
09:24de transporte,
09:26de alimento,
09:27de entrega, né?
09:28de entrega.
09:30Uber,
09:3199,
09:32iFood,
09:33enfim.
09:34E o senhor está encontrando ali
09:36dificuldades, né?
09:37Para definir
09:38de como a lei entra,
09:40porque os lados não...
09:42Aliás,
09:42nem os próprios
09:43trabalhadores se entendem.
09:45Alguns não querem
09:46nem a regulamentação.
09:48É, exatamente.
09:49Até porque
09:49essas categorias,
09:51elas nascem pulverizadas.
09:53Elas nascem
09:53num trabalhador
09:54que trabalha
09:55de maneira individualizada
09:57e que tem
09:57a dificuldade de perceber
09:59que ele faz parte
10:00de um coletivo,
10:01de um conjunto
10:01de pessoas
10:02que têm as mesmas demandas,
10:03que são aqueles
10:03trabalhadores que trabalham
10:04junto com eles.
10:06Então,
10:06o próprio surgimento
10:07da liderança,
10:09a formação
10:09de associações,
10:11de sindicatos,
10:12é difícil,
10:13porque o trabalhador
10:13tem que se entender
10:14enquanto parte
10:15de um conjunto
10:16para poder participar disso.
10:18Mas nós temos visto
10:19na discussão,
10:20principalmente dos entregadores
10:21de aplicativo,
10:22que é uma categoria
10:23mais fragilizada,
10:24a categoria dos Ubers
10:25tende a ter uma renda
10:26um pouco mais alta
10:28e tende a ter um histórico
10:29diferente
10:29dos entregadores
10:31de aplicativo.
10:31Hoje,
10:32os entregadores de aplicativo
10:33que já foram
10:34cerca de 50 mil
10:35brasileiros,
10:36hoje são mais
10:37de 360 mil brasileiros,
10:39cresceu de uma maneira
10:40muito acelerada,
10:41são muitas vezes
10:42jovens
10:42que acabaram de sair
10:44da escola,
10:45do ensino médio,
10:45que não têm
10:46outra opção de renda
10:47e que pegam
10:48uma bicicleta
10:48para fazer a entrega ali.
10:50Então,
10:50é uma situação
10:51de carência,
10:52pessoas que vêm
10:52das camadas mais pobres
10:53da sociedade
10:54e que têm
10:55dificuldade de garantir
10:56o mínimo
10:56para que eles possam
10:57ter a sobrevivência.
10:58Então,
10:58essa organização
10:59é importante
11:00e a Câmara
11:00vai ter um trabalho
11:01enorme,
11:02porque não vai ser fácil
11:03enfrentar esse debate,
11:04é algo novo
11:05para o mundo
11:06e existem divergências,
11:08tanto dentro
11:09da própria categoria,
11:10dentro dos entregadores
11:11de aplicativo,
11:12como também
11:13se você pegar
11:14a categoria dos Ubers
11:15e dos entregadores.
11:16E hoje,
11:16como esse trabalho
11:17por plataforma
11:18tem avançado
11:19no mundo inteiro,
11:20hoje já tem,
11:21por exemplo,
11:21pessoas que fazem
11:22trabalho doméstico
11:23por plataforma,
11:24eu ouvi até
11:25goleiro de pelada,
11:26o goleiro
11:26daquele futebol ali
11:28que depende do lugar,
11:29chama de pelada,
11:30de baba,
11:30de rachão,
11:32tem goleiro de pelada
11:33por aplicativo,
11:34então veja o desafio
11:35que vai ser.
11:36Agora,
11:36qual é a posição
11:37que nós estamos
11:37colocando nesse debate?
11:39Eu tenho defendido
11:40que a gente olhe
11:41para a situação
11:42de fragilidade
11:43dos trabalhadores,
11:44em especial
11:44dos entregadores
11:45de aplicativo,
11:46e busque
11:47a posição do Estado
11:48não para atrapalhar,
11:49não para querer
11:50dificultar
11:51o empreendedorismo
11:54das empresas
11:55ou qualquer coisa
11:56do tipo,
11:56mas para equilibrar
11:57essa relação
11:58que é muito injusta.
11:59São poucas plataformas
12:00que detêm muita força,
12:02que detêm muito recurso
12:03e muitos trabalhadores
12:04divididos
12:05e com poucos recursos
12:06e poucas condições.
12:07Então,
12:07o Estado tem que entrar
12:08para equilibrar esse jogo,
12:10para equilibrar essa balança
12:11e para promover justiça.
12:12Obrigado.
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