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TVTranscrição
00:00Olha, eu fiquei felicíssima com a notícia, é verdade.
00:03Agora, essa história de colocar no pobre coitado bebê o mesmo nome do pai,
00:06ó, tem dó, Eduarda, é muita caretice.
00:08Eu acho lindo.
00:10Marcelo Mota Jr., uma beleza.
00:13Nome de ministro de Estado.
00:14Concordo plenamente, nome de gente importante.
00:17Não é o nome que faz a pessoa, meu bem.
00:19Ah, mas um bom nome ajuda muito.
00:22Um nome de sonoridade, um nome de encher a boca, como se diz.
00:26John Fitzgerald Kennedy, ó.
00:28Ah, esse homem já nasceu com o nome de presidente.
00:32Não, não, é verdade.
00:33Você quer ver?
00:34Meu caso, por exemplo.
00:37Arnaldo Mota.
00:38O que vocês acham?
00:41Nome de quê?
00:42Ai, é nome, olha.
00:44Nome de um engenheiro que levou bomba três anos seguidos na polícia.
00:48Ah, pô, se os querem me derrubar, né?
00:50É, Arnaldo.
00:51Pelo amor de Deus.
00:52Por que você me surpreendeu, vai saber?
00:55Por quê?
00:55Porque eu pensei que fosse chegar na casa e encontrar aqui um festão.
00:59Ah, não.
01:00A gente é que não quis.
01:01Deixa pra quando o bebê nascer, né?
01:02Não me deixaram, Arnaldo.
01:04Me proibiram.
01:05É, quiseram uma festa íntima só com a família e com a Isabel, que é praticamente da família.
01:12A família, Isabel...
01:15Ah, e a Laura!
01:17Bom, mas essa não perde uma, né?
01:18Olha, eu tava na minha casa, em Plácido Repouso, quando o Léo me ligou e me pediu pra vir.
01:25Bom, eu só liguei também.
01:26Ele só ligou porque eu pedi.
01:28Eu resolvi acabar com esse clima péssimo entre nós duas.
01:33Que bom, Eduarda.
01:35Eu já tava ficando constrangida de aparecer por aqui.
01:38Vamos esquecer o que houve?
01:41Vida nova entre nós duas daqui pra frente.
01:43Oh, meu Deus, maravilha!
01:47Que bom!
01:48Olha, gostei disso, viu?
01:49Uma festa assim, mais íntima, com menos gente.
01:52Tá provado.
01:54Não é especialidade da mamãe.
01:56É verdade.
01:57A minha mãe gosta mesmo de grandes plateias.
01:59Gente, eu tô bem quietinha aqui no meu canto.
02:03Pode se esquecer de mim, viu?
02:04Me deixa em paz.
02:06Minha mãe ficou griladíssima de não estar aqui hoje.
02:08Ah, tadinha.
02:09Mas olha só, esses dois anjinhos me proibiram de abrir os salões pra uma grande festa.
02:14Né não?
02:15Claro que se tivesse uma festa aqui, o seu pai e sua mãe estariam aqui conosco.
02:19É porque eu achei que não tinha razão pra festa.
02:22Eduarda, como não tinha razão, você vai nos dar o tão esperado herdeiro.
02:27Mamãe, isso daí tá parecendo conversa de família real.
02:30Herdeiro do trono, o rei.
02:32É isso, pai.
02:33Você é o rei, eu sou o príncipe e o Marcelinho é o herdeiro do trono.
02:36Ah, você se esqueceu, ele também vai ser herdeiro, com certeza, da rainha da cocada preta.
02:44Isso é comigo, Milena? Sou eu que sou a rainha da cocada preta?
02:47De maneira alguma, mamãe, imagina.
02:49Se for menina, que nome vai ter?
02:51Menina?
02:52Se for menina, não interessa.
02:54Aí a Eduarda resolve.
02:56Puxa, Marcelo, mas que desprezo pelas mulheres.
02:59Tá bom, vai.
03:00Se vier menina, eu aceito, eu vou me conformar.
03:03Preconceituoso como seu pai.
03:04Eu?
03:04Ele não é cheio de preconceitos, Branca.
03:07Todos os preconceitos do mundo, inclusive o racial.
03:10Ah, mas que injustiça, Branca.
03:12Ah, Arnaldo, você não gosta de negros.
03:14Que isso, eu acho que tem muito negro e bom caráter.
03:17Eu, por exemplo, lá na minha empresa, eu emprego um monte de negro.
03:21Agora, não vem com esse papo de todos nós somos iguais, não.
03:23Porque se Deus quisesse que nós fôssemos todos iguais,
03:26seria feito todo mundo da mesma cor.
03:28O Rafael é virgínia, por que eles não vieram?
03:30Meu amor, porque a Eduarda queria que fôssemos só nós aqui da família, não é, querida?
03:34É, e ficou faltando o Atilho, que nunca deixou de vir numa hora dessas.
03:38Ele foi convidado, pelo menos?
03:39Bom, ele me falou que ia jantar com a minha mãe, lá no apartamento dela.
03:43Eu ia dizer isso, tava faltando tua mãe.
03:45Mas eu não tô entendendo essa história, Isabel.
03:53Como é que está em nome do Atilho, uma iniciativa da empresa da qual ele é empregado?
03:57O projeto é dele.
03:59Mais ainda, a ideia é dele.
04:01Quando apresentamos a proposta ao Ministério e procuramos os interessados,
04:05fizemos constar como sendo do Atilho a paternidade de tudo.
04:09Mas que burrice.
04:14Quer dizer que a empresa está trabalhando com uma ideia e um projeto
04:17praticamente emprestado de um empregado.
04:20Não se trata de um empréstimo.
04:22Ele tem credibilidade junto aos financiadores.
04:25E estes fizeram constar nos contratos que só permanecem no negócio
04:29se o Atilho permaneceu.
04:31Ah, quer dizer que ele tem mais credibilidade que a empresa.
04:35Um estranho.
04:36O Atilho nunca foi um estranho, Branca.
04:38Mas passou a ser, Isabel. Passou, pronto.
04:41E isso, mais cedo ou mais tarde, podia acontecer como aconteceu.
04:45E se ele resolver fazer jogo duro e sair da empresa, hein?
04:49Bom, aí nós vamos ter que comprar, que negociar com ele,
04:54que tentar convencê-lo a ficar como testa de ferro, por uma boa quantia, é claro.
05:00Nós vamos ter que comprar o que é nosso. Por quê?
05:03Porque somos nós que estamos investindo.
05:05Porque só de infraestrutura o Marcelo me disse que vão se gastar de 8 a 10 milhões.
05:11É verdade.
05:11Como é que vocês dirigem essa empresa, hein?
05:16Meu Deus do céu, é inacreditável.
05:18Que bando de incompetentes.
05:21Me admirem.
05:22É o Marcelo não ter visto isso antes, eu não ter feito nada
05:25pra impedir que isso acontecesse.
05:28É, mas isso tudo foi feito com o Marcelo envolvido naquele desastre,
05:31que ele quase morreu.
05:31Depois, com os preparativos pro casamento,
05:34depois com a viagem da lua de mel.
05:35Enfim, o Marcelo esteve praticamente ausente, viu, Branca?
05:38Logo, Vi, o único incompetente é o Arnaldo.
05:45E você?
05:48Eu?
05:49Claro.
05:51Você não é a principal executiva da empresa.
05:55Como é que você deixou eu investir tanto dinheiro e tanto trabalho
05:57num projeto que está nas mãos de um estranho?
06:00E que pode, de repente, sair da empresa e nos arruinar?
06:03Ou que pode, então, começar a fazer exigências descabidas?
06:07Ou que pode levar esse projeto pras mãos de uma empresa concorrente?
06:10Ele não faria uma coisa dessas.
06:12Eu conheço o Atílio como a palma da minha mão.
06:14Conhece muito mal a palma da sua mão.
06:17Como conhece muito mal o Atílio.
06:20Porque se conhecesse,
06:22ele agora,
06:23ele estaria aqui do seu lado.
06:26E não do lado daquela mulher que ele conheceu há poucos dias
06:28e que demonstra ser muito mais capaz do que você.
06:30Olha, eu pensei que você fosse incapaz apenas como amante.
06:37E que essa sua incapacidade se devesse
06:40a seu extremo talento e dedicação ao trabalho e aos negócios.
06:45Mas eu agora estou vendo que nem para isso você serve.
06:51Meu Deus, eu queria demitir esse homem.
06:53Eu queria...
06:54Eu queria botar esse homem na rua.
06:57O homem que tem nas mãos o destino da nossa empresa.
06:59Mas por que vocês não me falaram nada antes?
07:01O Arnaldo ficou de falar com você.
07:03O Arnaldo!
07:05Bom, visto ele não poder sair da empresa,
07:07quem sai é você.
07:08Eu não posso ser responsabilizada pela confiança
07:10que vocês depositaram no Atílio,
07:11que você é principalmente.
07:13Mas o que você quer dizer com isso aí?
07:16Branca, abandonou a gente.
07:18Vem, querida.
07:19Claro que eu não abandonei.
07:20Eu estou indo.
07:22A gente ainda vai falar sobre esse assunto.
07:25Minha fofa, está passando bem, tá?
07:27Pois está.
07:28Por que você está fazendo uma tragédia grega
07:34de um probleminha que a gente resolve já, já, já?
07:37Só quero ver.
07:38Só quero ver, Arnaldo!
07:40Ué, quando entrar o dinheiro,
07:42a gente pega o atiro, bota ele no escanteio.
07:46Fica lá de rainha da Inglaterra.
07:48Deixa comigo.
07:49Negócio mal remendado, hein, Arnaldo?
07:51O pior não é você,
07:53que sempre foi meio avoado nos negócios.
07:54Nem o Marcelo, que eu já soube que ficou fora da negociação
07:58por causa do casamento.
07:59O pior é a Isabel,
08:01em quem eu confiava tanto.
08:03Não, a Isabel é mulher,
08:05ela é dedicada,
08:08ela, no trabalho, ela age como um homem.
08:11Agora, no fundo, ela tem coração de mulher, né?
08:13Mas eu também sou mulher
08:15e eu duvido que alguém me passe a perna, Arnaldo.
08:17Senhora, você é uma mulher fantástica.
08:22Você é mais do que isso,
08:24você é uma excepcional mulher.
08:26Não faz essa cara feia para mim, não.
08:28O que é que há?
08:30Vem aqui.
08:31Eu juro a você que eu resolvo o problema do ativo.
08:34Parada de honra.
08:35Vem, vem, vem.
08:36Pilar, Arnaldo, não encosta em mim.
08:38Não encosta em mim
08:40até você arrumar esse embrólio que você meteu a firma.
08:45Quero ver só se você me ama de verdade.
08:47Quero ver só se você me deseja de verdade.
08:52Bom dia.
08:55Bom dia.
08:55Ai, acho que eu comi alguma coisa
08:57ontem que não caiu bem, sabe?
08:59Acho que foi aquele camarão.
09:00Também com esse calor que anda a fazenda,
09:02ela é péssima ideia, como é aquele camarão.
09:04Acho que eu vou até fugir para ter exóteles.
09:06Eu não estou aguentando não.
09:07O verão esse ano vai ser insuportável.
09:09Todo ano você diz a mesma coisa.
09:12É verdade, Larissa, tem toda a razão.
09:16E...
09:16O que foi, mãe?
09:18Está toda aí silenciosa?
09:21Está estranhando por quê?
09:24Você fala pelos cotovelos?
09:27Isso é uma crítica ou uma observação pura e simples?
09:32É uma observação.
09:34Simples.
09:34Mas não é muito pura, não.
09:40Quando eu estou em silêncio externo,
09:43é porque internamente eu estou muito falante.
09:46Até penso pelos cotovelos.
09:48É.
09:48Eu não tenho a cabeça vazia, como pode parecer à primeira vista.
09:53Eu já sei.
09:55Já sei o que é.
09:56Foi a reunião familiar de ontem que deixou você assim, né?
10:01Faltou audiência.
10:03O Zilaquinha ainda está em casa e quem já saiu?
10:06O doutor Arnaldo já saiu.
10:08Esse eu sei.
10:09Eu durmo com ele.
10:11Os outros todos ainda estão aqui.
10:13Ótimo.
10:14Vou telefonar.
10:15Tchau, tchau.
10:22Tchau.
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