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“São as escolhas que nós fazemos que vão acionar as nossas dores emocionais”, afirma o psicólogo, terapeuta de relacionamentos e professor Bruno Cardoso, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), convidado do podcast “Não é invenção” para falar sobre a química do corpo apaixonado e os aspectos psicológicos que moldam nossas relações.

O “Não É Invenção” é um podcast do Estado de Minas e Portal Uai para quem busca um ombro pra chorar ou tentar entender aquela situação que você não para de pensar e até te faz sentir culpa.

As jornalistas Larissa Kümpel, Layane Costa e Mannu Meg estão dispostas a te ouvir e te convencer que você não está sozinha. Afinal, nenhuma experiência é individual.

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Leia as reportagens de cada episódio
https://www.em.com.br/tags/naoeinvencao/

#saude #podcast #amor

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Transcrição
00:00O amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é contentamento descontente, é dor que desatina sem doer, é um não querer mais do que bem querer, é um andar solitário entre a gente, é nunca contentar-se de contente, é um cuidar que ganha em se perder, é querer estar preso por vontade, é servir a quem vence o vencedor, é ter com quem nos mata lealdade.
00:26Mas como causar pode ser o favor, nos corações humanos a amizade, se tão contrário a si, é o mesmo amor.
00:42Este é o Não é Invenção, o podcast sobre relações e comportamentos. Eu sou Larissa Kimpel.
00:49Eu sou Mano Mag. E eu sou Laiane Costa. E hoje nós estamos aqui com Bruno Cardoso, que é professor da UFMG, psicólogo e terapeuta de relacionamentos, para falar sobre a química do corpo apaixonado.
01:02Seja bem-vindo, Bruno. Muito obrigado, pessoal, pelo convite. É um prazer estar com você indo aqui novamente.
01:07Então, assim, conte para nós o que preparou, o que trouxe, sobre esta tal química que deixa a barriga gelada, né? Aquele negócio do frio na barriga e o coração batendo mais forte.
01:23Sim. Eu já ouvi falar que, quando a gente está apaixonado, o intestino prende. É verdade?
01:30O intestino prende.
01:31Já ouvi falar disso.
01:33O nosso corpo, ele responde, né? Fisiologicamente, quando a gente tem interesse em algumas pessoas, né?
01:38Quando a gente tem um interesse específico em alguém, aquilo vai realmente ter respostas emocionais.
01:42Por isso que o povo fala, né? Deu frio na barriga, deu borboletas no estômago, né?
01:47De alguma forma, porque o nosso corpo vai reagir, né? De forma geral.
01:51Tanto fisiologicamente, que eu digo, no próprio estômago, como as pessoas falam, quanto no intestino, né?
01:56Ou então, em outras áreas, quanto mesmo a nível cerebral, que aquilo vai também afetar o nosso funcionamento.
02:02Mas essa química que a gente percebe, ela também tem aspectos que são fisiológicos, mas também aspectos muito psicológicos,
02:08que é o que a gente vai conversar também aqui no nosso podcast.
02:11E você falou que quando está apaixonado, são mais intensos.
02:15Qual é a diferença, então, da paixão para o amor? Por que a paixão deixa mais...
02:20Essa é uma questão interessante, né? Que as pessoas vão falando na literatura de relacionamentos.
02:25É que, às vezes, as pessoas falam que o amor, ele é algo que você vai construindo e tem toda uma perspectiva relacionada ao amor.
02:32Já a paixão parece ser aquele contato mais abrupto, imediato e rápido que você tem com uma pessoa
02:38e que, muitas vezes, você perde os sentidos.
02:41Já o amor, ele parece ser mais duradouro e envolve outros componentes que vão fazer parte dele.
02:47Como, por exemplo, existe a teoria triangular do amor, por exemplo, que indica que o compromisso está dentro do amor e outros elementos.
02:54Agora, a paixão, não. Já é esse contato mais imediato que a pessoa tem e que ela não tem muito juízo crítico, digamos assim,
03:01quando ela está apaixonada por alguém.
03:03Às vezes, ela não consegue, inclusive, se discriminar na pessoa o que realmente está fazendo ela se apaixonar e querer alguma coisa por ela, de fato.
03:13Às vezes, a pessoa não é nada disso que você imagina, mas é toda a idealização.
03:17Quase todas as vezes.
03:19A gente pode dizer que o amor é consciente e a paixão é inconsciente?
03:22É complexo, porque os dois podem ter variáveis, conscientes e inconscientes, inclusive, o amor.
03:29Mas só que o amor, ele envolve um compromisso maior, digamos assim, né?
03:34Mas o amor também, ele é algo cultivado constantemente.
03:38E o amor não é suficiente.
03:40A gente pode pensar.
03:41Ai, meu Deus.
03:42Isso é importante.
03:44Ai, ai, ai.
03:44Tem um teórico da psicologia, que é o Aaron Beck, que escreveu um livro que ele fala justamente isso.
03:49Amar não é suficiente.
03:50Porque, às vezes, as pessoas pensam que manter um relacionamento só pelo amor é suficiente.
03:55E não é.
03:56Existem outros componentes que vão ser importantes para que aquela relação faça sentido, né?
04:01De forma geral.
04:03Incluindo habilidades que são importantes na relação.
04:06Comunicação, reciprocidade, valores como, por exemplo, respeito, perdão e outras coisas que transcendem o amor por a mente.
04:14E aí, eu acho que até mesmo a paixão, né?
04:16Que tem aquelas pessoas que falam que, quando estão num relacionamento, que, ai, tem que, a pessoa tem que me agradar e me conquistar a cada dia, todo dia.
04:24Isso é o sentimento, paixão.
04:26Você ter aquela, aquele quentinho.
04:29Manter vivo, né?
04:29É, manter viva a chama, exato.
04:31Então, eu acho que, para o amor se manter, tem que também, a paixão está incluída, né?
04:38Existe um componentezinho ali da paixão, é importante, né?
04:41De você ter isso, assim.
04:42Mas o se manter, que você fala, é dele ser duradouro.
04:45Isso, é.
04:46Que ele falou que ele já é duradouro, né?
04:48Então, outra questão interessante.
04:49O que que faz o amor durar?
04:51Sim.
04:51Eu respondi, acho que foi, um dia desses, no meu Instagram, essa pergunta.
04:55Perguntaram.
04:56O que que faz o amor durar?
04:57E as pesquisas em terapia de casais em relacionamentos têm dito que o que faz o amor durar são várias questões, principalmente quando os casais, eles conseguem tornar conflitos, oportunidades de conexão.
05:10Sabe quando aqueles casais, eles estão entrando em problemas, em discussão?
05:13Os autores dizem que os problemas, eles são inevitáveis.
05:15Você vai ter problemas de relacionamento.
05:18Não tem como não ter.
05:19Você vai ter.
05:20Mas os mestres dos relacionamentos, como eles falam, são aquelas pessoas que conseguem, quando tem um conflito, tornar aquele conflito uma oportunidade de se conectar com a parceria.
05:31E isso é muito desafiante pra muitas pessoas, porque elas não aprenderam isso.
05:36E é complicado até pra você pensar, assim, na história pessoal de cada um, né?
05:41Porque, sei lá, se minha cabeça tá funcionando de uma maneira, se eu penso pra um lado esquerdo, você pensa pro outro lado, é muito difícil, e eu não tô falando sobre política, tá?
05:52É muito difícil você tentar se juntar num meio, né, do caminho, pra tentar fazer algo que funcione pros dois.
05:59Porque eu acho que a gente é ensinado a saber, assim, se doar pro outro, mas também a manter a sua individualidade.
06:07E onde que fica essa linha tênue, né?
06:09Tipo, tudo se embola na nossa cabeça.
06:11Eu acho que quando ainda tem a paixão, é muito fácil.
06:16Você, né, lidar com esses problemas que são essas dualidades, essas coisas que não batem.
06:24Agora, quando a paixão acaba...
06:26Esse é um desafio tão interessante, você tá falando, por exemplo, da paixão.
06:29Porque quando a gente fala da paixão, ela tá dentro ali da química esquemática, que a gente vai continuar também,
06:34mas, às vezes, quando a pessoa tá muito apaixonada nesse sentido, ela não consegue ser ela mesma.
06:40E ela quer agradar aquela outra pessoa...
06:43Sim, acontece muito.
06:45Ela quer fazer tudo o que ela puder pra que aquela pessoa consiga validar.
06:49É como se ela criasse uma outra pessoa que não é ela, pra que agrade aquela outra pessoa.
06:55Até vi um vídeo um dia desse de um carinha muito legal que ele falou.
06:58Até repostei depois, que eu achei muito bom.
07:00Eles falaram sobre isso.
07:00Que você cria, tipo, uma segunda pessoa pra que vá agradar a outra.
07:06E que a única coisa que vocês têm em comum nisso é que nem você gosta de você mesmo, nem a outra pessoa gosta de você mesmo.
07:13Caramba!
07:13E isso é muito interessante, porque, às vezes, quando a gente fala da questão da paixão,
07:20Deus tá avassaladamente, né, avassaladoramente apaixonado,
07:23e eu tento agradar muito aquela outra pessoa, eu posso esquecer quem eu sou.
07:29E isso é um problema.
07:30Porque as pessoas estão escolhendo relacionamentos baseados nisso,
07:34em agradar o outro, em conseguir ser validado e aceito,
07:38e não estão conseguindo ser elas mesmas.
07:40Lembrei de uma música da Selena Gomes,
07:42que ela fala que teve que perder o outro, que odiar o outro pra começar a se amar.
07:47Então, é mais ou menos uma coisa assim, né?
07:50Canta aí.
07:51Canta aí.
07:52Canta aí.
07:54Canta aí.
07:54Não, não.
07:56Hoje não.
07:57E é forte, né?
08:00Sim.
08:01Sim.
08:01E quais são esses aspectos, assim, psicológicos que uma pessoa pode perceber,
08:05é, justamente, de que ela tá se perdendo dela mesma num relacionamento,
08:10ao que tá entregue pra uma paixão, assim, tem algo?
08:13Tem, com certeza.
08:15Vamos falar então de química esquemática.
08:16Vamos.
08:17Química esquemática, que fala um pouco sobre isso.
08:19Química esquemática, o que é química esquemática?
08:21São as escolhas que nós fazemos,
08:24que vão acionar as nossas dores emocionais, né?
08:28E são os nossos esquemas que a gente pode falar também.
08:30Essas dores emocionais, elas vão fazer a gente reviver uma dor
08:34que já foi conhecida pra gente na nossa história de vida em algum momento.
08:38Certo.
08:39Se lá no período da minha história de vida, os meus cuidadores,
08:42eles foram frios, eles foram distantes, eles me puniam muito,
08:46ou eu tinha que me esforçar muito pra conseguir a atenção deles,
08:50eu tive aquilo como um padrão de vida,
08:53aí eu formulo na minha cabeça.
08:55Se as pessoas que dizem que me amam, elas fazem isso,
08:57então isso é o quê?
08:58O que vocês acham?
08:59Amo.
09:00Sim.
09:00É amor?
09:01É amor.
09:01Então isso é amor.
09:02Então como é que eu vou buscar o amor,
09:04se eu nem aprendi o que é o amor, de verdade?
09:08É.
09:11O que eu acho que às vezes a gente faz isso virar um fetiche também, né?
09:15E aí coloca na gaveta do fetiche,
09:18de ser maltratado e tal.
09:20É, e nem chega a ser o fetiche,
09:22porque às vezes o fetiche a pessoa realmente tem uma coisa consciente.
09:25É, tá consciente.
09:26É.
09:27Mas é aquela questão de buscar por coerência.
09:29E é muito louco quando a gente fala de busca de coerência na psicológica,
09:34porque se a gente percebe o que é coerente,
09:37imagina a seguinte situação.
09:39Situação A.
09:40Eu fui cuidado durante toda a minha vida com pais frios, distantes,
09:44que não me traziam, cuidadores frios, distantes,
09:45que não me traziam o que eu precisava emocionalmente
09:48para me consolidar enquanto uma pessoa psicologicamente saudável.
09:51Não tive isso.
09:53Quando eu encontro uma pessoa que ela me dá segurança,
09:57afeto, cuidado, reciprocidade, amor,
10:02isso é incoerente com o que eu recebi durante toda a minha história de vida.
10:07O que é isso?
10:08Uma ONG?
10:09É, não tem como, né, gente?
10:11É difícil demais, né?
10:12Não encaixa.
10:13Porque essa pessoa pode aparecer e falar,
10:14nossa, eu te amo.
10:15Então fala assim, não, é mentira, é mentira.
10:17Não, não.
10:17E às vezes a pessoa for responder,
10:20como ela foi ensinada dessa outra maneira,
10:21meio deturpada assim,
10:23ela não consegue corresponder.
10:24Meio não, querida, é totalmente.
10:27Totalmente.
10:27Eu acho que a gente que teve a infância assim nos anos 90,
10:30a gente, eu não sei vocês, né?
10:32Vocês não, vocês nasceram em 2000.
10:35Eu tive a infância nos anos 90, gente.
10:37Então assim, o chicote era amor.
10:40Aí quando você fica adulto, entende o chicote,
10:42opa, isso aqui é amor.
10:43Chicote, a palma, a chinela era amor.
10:46Aí a gente já tinha aquilo,
10:47eu tô te batendo porque eu te amo.
10:49Olha como os relacionamentos abusivos.
10:51Sim.
10:52Exatamente isso, é exatamente isso.
10:54Então tudo isso que a gente vai aprendendo,
10:56a gente vai buscar.
10:57A gente é criança.
10:59Naquele momento de criança,
11:00por isso que o povo fala assim, né?
11:01Que na infância é como se a gente fosse esponjas.
11:04Porque a gente realmente vai absorvendo
11:05as informações que estão no nosso ambiente.
11:08Então se eu tenho esse ambiente que me ensina,
11:10que eu te bato porque é amor,
11:12bater é o quê?
11:14É amor.
11:14É amor, é.
11:15Se as pessoas que mais dizem que me amam,
11:18elas estão me batendo,
11:19dizendo que isso é amor,
11:20se alguém me bate,
11:23eu vou entender isso como amor também,
11:24porque isso é coerente.
11:26Não significa dizer que isso é saudável,
11:28mas é coerente com a história de vida que eu tive.
11:31Por isso que é difícil você mudar.
11:32Porque você vai ter que começar a aprender a amar
11:35e a ser amado.
11:36Isso.
11:37E quando a pessoa está terapeutizada,
11:40vamos dizer assim,
11:41ela pode até encaixar isso num fetiche,
11:43igual eu tinha dito, né?
11:44Tipo, colocar naquela gaveta ali,
11:46para pelo menos ela acessar quando quer,
11:49mas também ela não traz isso para a vida pessoal,
11:51relacionamento e no trabalho.
11:54E a minha questão é,
11:56então, como a gente identificar,
11:59tem algum método,
12:00alguma coisa,
12:01identificar,
12:02conseguir,
12:03sei lá,
12:04sentar e estar
12:05e analisar essa química esquemática
12:07que a gente,
12:08e aí,
12:09como é que eu vou descobrir,
12:09então,
12:10onde está o meu probleminha?
12:12Boa, né?
12:13Você vai conseguir perceber isso aí,
12:15é muito legal, né?
12:16Porque, tipo assim,
12:17quando a gente fala disso,
12:17a gente fala assim,
12:19conscientemente,
12:20eu falaria assim,
12:21a dica é essa,
12:22mas quando a pessoa está escolhendo,
12:24ela é tão envolvida por aquilo,
12:26que às vezes ela não percebe o que está acontecendo,
12:29mas um dos primeiros passos
12:30é você estar consciente
12:32daquilo que você precisa emocionalmente,
12:34né?
12:35Quantas pessoas param para pensar sobre isso?
12:37O que é que você precisa emocionalmente
12:39em uma relação, né?
12:42Então, as pessoas, às vezes,
12:43vão reproduzindo,
12:44elas esperam que as outras pessoas
12:45vão suprir essa necessidade,
12:47sendo que nem elas mesmas sabem
12:49quais são as suas próprias necessidades.
12:50Estou ficando mal.
12:52Então, você conhecer
12:55essas próprias necessidades
12:56é um ponto muito importante, né?
12:58Eu preciso disso.
13:01Olha a curiosidade, né?
13:04Muita gente se eu perguntasse,
13:05você precisa de afeto?
13:07Você diria sim ou não?
13:08Sim, sim.
13:10Você procura pessoas que te dão afeto?
13:13Sim.
13:14Não.
13:14É diferente, né?
13:17O precisar do que é ir...
13:19O precisar do que é ir você buscar.
13:20Porque, por exemplo,
13:21às vezes, as pessoas que aparecem,
13:23elas te dão ghosting, por exemplo.
13:25As pessoas que aparecem
13:26e elas não te correspondem
13:28naquilo que você está fazendo,
13:29você tem um componente da química
13:32que você tenta encaixar ela
13:34no seu molde interno.
13:35A gente fala que tem atração e ilusão
13:36dentro da química, né?
13:38A atração é você buscar relações
13:41justamente que vão repetir
13:42o padrão conhecido.
13:44Por isso que você está relacionando
13:45com várias pessoas que parecem
13:46que a mesma coisa não muda nada.
13:47Às vezes nem a roupa, né?
13:48Mas que é tudo igual.
13:50Nossa, idêntica.
13:50Então a atração é a mesma coisa, né?
13:52Você busca aquilo
13:53que vai te trazer a familiaridade.
13:55Já a ilusão é um mecanismo
13:57de interno, né?
13:59Cognitivo,
13:59de você tentar encaixar essa pessoa
14:02na sua expectativa.
14:03Então ela pode ser a pessoa
14:05mais mal educada do mundo.
14:06Tu vai dizer assim,
14:07não, a pessoa só está garantindo
14:08os seus direitos.
14:09Sim.
14:10Né?
14:10Você vai tentar fantasiar
14:12essa pessoa como se ela fosse
14:13perfeita na tua cabeça.
14:15Então isso é muito complexo, né?
14:18Porque embora tu saiba
14:19das tuas necessidades,
14:20tu espera que aquela pessoa
14:21não vá agir assim contigo.
14:23É interessante isso,
14:25porque o que a gente vê
14:25geralmente nos relacionamentos
14:27é você tipo assim,
14:29ah, eu tenho um interesse,
14:31uma atração por você,
14:32eu escolhi você
14:33e isso daqui vai funcionar.
14:35Aí você espera que
14:37forçar a pessoa
14:39a corresponder
14:40ao que você quer também, né?
14:41E isso geralmente não acontece.
14:43Isso só dá ruim.
14:45E olha que oportunidade
14:46que a gente tem, né?
14:46Quando as pessoas
14:47elas estão sendo
14:48quem elas são no começo.
14:49E a gente poderia observar
14:50as coisas no avicelar.
14:52Se a pessoa está...
14:53Tu está pedindo
14:53para ela te dar amor.
14:55Tu está migalhando, né?
14:56Pedindo migalha de atenção
14:58para outra pessoa.
14:59Nossa, eu acho que tu tem
15:00que responder as minhas mensagens.
15:01Nossa, eu acho que tu
15:03não me fala...
15:04Tem uma amiga minha
15:04que eu já pensou isso
15:05quando eu era adolescente.
15:07Que amiga, Laiane?
15:09Qual que é o nome dela?
15:11Você poderia me mandar
15:13mais mensagem,
15:13você poderia falar
15:14mais comigo.
15:15Nossa, a pessoa
15:16não está te dando isso,
15:17ela está te comunicando.
15:20Claramente.
15:22Claramente.
15:22E a pessoa está querendo
15:23encaixar na cabeça dela
15:25de qualquer forma
15:26de que tem que dar certo.
15:28Às vezes você tem
15:29a sua resposta ali
15:30na sua cara.
15:30não quer.
15:32Silêncio também
15:33é uma resposta, né?
15:34Também.
15:34A pessoa também pode ter...
15:35Uma coisa é,
15:36a pessoa tem os seus compromissos
15:38de vida, né?
15:38Que obviamente...
15:39Imagina, a gente dá aqui...
15:40São os adultos.
15:41Adultos, né?
15:42Aí do nada,
15:42começa a mandar mensagem aí
15:44e depois a pessoa
15:44nossa, não me respondeu.
15:45Está trabalhando, obviamente, né?
15:46Uma coisa é isso.
15:47Agora, a diferença é um padrão
15:49em que você dedica atenção,
15:52você dedica afeto
15:54e isso não é algo
15:55que vem pra você.
15:56Você tem que ficar cobrando
15:57essa atenção da outra pessoa.
15:59A outra pessoa está te comunicando
16:01desde o começo.
16:02Por isso que uma das coisas importantes
16:04é que quando a pessoa
16:04tem essa autoconsciência,
16:06ela consegue logo no começo
16:08dizer não
16:08pra relações que não vão suprir
16:10o que elas precisam emocionalmente.
16:11Entendi.
16:12Nossa, mas é tipo assim,
16:13um nível de maturidade
16:15e além, né?
16:16Tem que ser uma evolução.
16:17E tem hora que dá pra...
16:19que a gente fala não
16:20e depois volta atrás.
16:23Porque...
16:23Porque realmente isso é tipo assim,
16:28você diz não
16:29porque você tem certeza
16:30que aquilo não vai te fazer bem.
16:32Mas aquilo te faz bem
16:34naquela...
16:35Te toca naquela dor
16:36que a dor também dá prazer, né?
16:38Te toca naquela dor ali
16:39que você vai sentir prazer
16:41e você fala assim,
16:42é confortável sentir essa dor, né?
16:44É.
16:44E ela bate na ilusão.
16:46É.
16:46Porque na tua cabeça,
16:48de alguma forma,
16:49tu ainda acredita
16:50que aquilo vai mudar.
16:52É como se você acreditasse
16:53que você vai conseguir
16:54mudar aquela pessoa.
16:56Você fosse especial.
16:57Sabe aquela pessoa assim,
16:58nossa,
16:58traiu todas as ex-parcerias.
17:00Mais comigo.
17:01Todas.
17:02Mas comigo,
17:03eu tenho certeza
17:04que vai ser diferente.
17:06Claro, vai sim.
17:07Vai, obrigada.
17:08Até te falar com você,
17:09não vai.
17:10Mas eu tenho esse mecanismo
17:13de ilusão na sua cabeça.
17:14Então, a ilusão,
17:15ela tem aquela expectativa.
17:16Bom, a outra pessoa,
17:18ela vai conseguir mudar por mim.
17:20Ela vai conseguir agir assim comigo.
17:22Então,
17:23embora ela não esteja agindo,
17:24em algum momento
17:25isso vai acontecer.
17:27E você fica lá,
17:28esperando essa mudança.
17:30Só que,
17:31quanto mais tu espera,
17:32parece que não tá vindo.
17:33E quando chega,
17:34realmente,
17:34já é um desgaste emocional
17:36tão grande
17:36que tu vai mais sofrer,
17:38de fato,
17:39do que se sentir conectado
17:40emocionalmente
17:41com aquela pessoa.
17:42E é muito desafiante
17:43essa questão,
17:43a gente fala de escolhas amorosas,
17:45né?
17:45Porque as pessoas
17:46vão reproduzindo padrões,
17:47realmente,
17:48sem pensar.
17:50Automaticamente.
17:51E isso é a química esquemática.
17:53Você reproduzir esses padrões,
17:55você ir atrás de coisas
17:56que não te fazem bem.
17:57Perfeito.
17:58É isso.
17:59São esses padrões de escolhas
18:00que vão fazer você sofrer.
18:01Com essas duas dimensões,
18:02a atração e a ilusão.
18:04E a ilusão.
18:04E quando você fala química,
18:06eu fiquei pensando mais
18:07em relação a, tipo,
18:09hormônios, fluidos.
18:12Tem a ver com isso também?
18:14A gente tem duas químicas
18:15quando a gente fala
18:15relacionadas às escolhas amorosas, né?
18:17Essa química mais neurológica,
18:20digamos assim,
18:21mais fisiológica.
18:22E essa química mais esquemática
18:24que é psicológica.
18:25Que é dessa que a gente tá falando.
18:27Dessa química esquemática
18:28que é mais psicológica.
18:29Eu falo disso nesses livros, né?
18:31Aproveitando pra fazer propaganda.
18:32Esse aqui, né?
18:33Esse aqui.
18:34Esse aqui também é armadilha da química.
18:36E esse aqui é sua história de amor.
18:38E nesses livros
18:39a gente fala sobre isso.
18:41E essa química esquemática,
18:43ela tem mais relação
18:44com aquilo que a gente vivenciou
18:45na nossa história de vida.
18:46Não ignora,
18:47eu falo que é psicológico, obviamente.
18:49Mas que leva em consideração
18:50aquilo que a gente não recebeu
18:52na nossa história de vida.
18:53A gente fala que a gente tem
18:54cinco necessidades emocionais
18:56básicas universais.
18:58Todos nós
18:59temos essas necessidades.
19:01A gente precisa
19:03de vínculos seguros.
19:04A gente precisa se sentir seguro
19:05com as outras pessoas.
19:07Essa é a nossa primeira necessidade
19:08emocional básica.
19:09Porque imagina,
19:10o bebê acabou de nascer.
19:12Não tem ninguém com ele.
19:13O que vai acontecer?
19:14Sim.
19:15Vai com Deus.
19:16Ele precisa morrer.
19:17Ele precisa, né?
19:19Eu sentia que tem ali
19:20um vínculo seguro, né?
19:21A gente pode falar também
19:22de vínculo seguro.
19:23A gente pode falar de
19:25espontaneidade, né?
19:28De lazer.
19:29De que eu vou conseguir ter
19:30momentos que não sejam
19:32só de trabalho,
19:33mas que eu consiga descansar,
19:34que eu consiga relaxar.
19:36Eu preciso de validação emocional.
19:39Saber que as minhas emoções,
19:40elas são válidas,
19:41elas não são frescuras,
19:42não são besteira.
19:44Se eu tô chorando, não é porque
19:45engole o choro,
19:47mas é porque, nossa,
19:47eu entendo que tá sendo difícil
19:48pra ti.
19:49Eu preciso de validação emocional.
19:51Eu preciso de autonomia
19:53e competência.
19:55Eu preciso saber que eu sou
19:56competente naquilo que eu faço
19:58e que eu consigo me desenvolver
20:00de forma competente,
20:01autônoma.
20:02E eu preciso de limites.
20:04Realistas.
20:04Eu preciso?
20:05Né?
20:06Eu preciso de limites.
20:08Todos nós precisamos de limites
20:09afetivos e realistas.
20:12Quando essas necessidades
20:13não são atendidas na gente...
20:16Você fala na infância?
20:17Desde a infância.
20:18Quando elas não são atendidas
20:19pelos nossos cuidadores,
20:20por pessoas tão próximas,
20:22a gente desenvolve esses esquemas,
20:24que seriam padrões emocionais,
20:26né?
20:26De emoção e de pensamento
20:28que nos trazem muito sofrimento.
20:30Por exemplo,
20:32o esquema de abandono.
20:34Que a pessoa acredita
20:35que vai ser abandonada
20:36nas relações.
20:38Né?
20:38Independente do que aconteça,
20:39as pessoas vão me abandonar.
20:41E aí, frente a esse esquema de abandono,
20:43ela pode ter algumas reações
20:44frente a isso.
20:45Por exemplo,
20:46tem o esquema de abandono,
20:47eu acredito que as pessoas
20:48vão me abandonar,
20:49e uma reação que ela pode ter
20:50é encher de mensagens
20:52a outra pessoa.
20:54Né?
20:54Não vai me responder?
20:54Tá desesperada, né?
20:55Tô sozinha,
20:56tô desesperada,
20:56porque aquilo,
20:57aquilo pra aquela pessoa,
20:59ela remete a uma dor pra ela
21:00muito lá atrás.
21:02Que tem um fundamento.
21:03Então, remete pra ela
21:04uma dor muito antiga.
21:06É como se fosse...
21:06Eu vou morrer.
21:07Imagina uma criança sozinha
21:10sem um cuidador,
21:11sem alguém pra cuidar dela.
21:12O desespero.
21:14É morte.
21:15Uma criança que se perde
21:16de um cuidador
21:17num supermercado gigante.
21:19Já viu o desespero
21:20dessa criança?
21:21Então, pra pessoa que é adulta,
21:22a gente é como se fosse
21:23crianças adultas, né?
21:24É isso,
21:25só tem mais essa pra você.
21:26Até que idade?
21:28A gente é como se fosse
21:29crianças adultas.
21:30Porque se você pensar,
21:31por exemplo,
21:32mesmo essa criança
21:32que tá lá no supermercado
21:34sozinha em desespero,
21:35é a mesma dor
21:36que um adulto,
21:38mesmo um adulto funcional, né?
21:40Ele vai ter
21:41quando ele percebe
21:42que ele tá perdendo
21:43o contato
21:44de um vínculo afetivo.
21:45Mesmo não tendo sofrido
21:47algo na infância?
21:49Não.
21:49Relacionada a essa falta?
21:53Se não sofreu,
21:54então ela não desenvolveu
21:55o esquema de abandono.
21:56Ah, então ela não sente.
21:57Pode ser que ela não tenha
21:58esse esquema de abandono.
22:00Então, o esquema de abandono
22:01ele vai ter uma origem
22:02na infância
22:03que é justamente
22:03quando esses cuidadores,
22:05as pessoas que eram
22:05pra cuidar dela,
22:06dessa pessoa,
22:07abandonaram de alguma forma,
22:09proposital ou não proposital.
22:11Pode ser que a pessoa,
22:12os cuidadores faleceram.
22:13E a criança ficou sozinha.
22:15Ela sente a dor do abandono.
22:17Talvez até em alguma brincadeirinha,
22:19tipo, esconde-esconde,
22:20e aí a família
22:21deu um susto muito grande,
22:22se ausentou por muito tempo,
22:24e a criança...
22:25Não, gente, é...
22:26quando isso acontece sistematicamente,
22:27principalmente,
22:28aí gera esse esquema.
22:30A realidade, né?
22:31O pai abandona com facilidade,
22:33porque ele aborta
22:34com facilidade,
22:35e já a mãe tem que trabalhar.
22:37Então, já é um abandono, né?
22:38Já é um certo abandono.
22:39Quando a criança vai processar,
22:41pode ser, por exemplo.
22:42De tipo, sim.
22:42Porque, às vezes,
22:43eles estão juntos,
22:44mas eles sabem como lidar
22:45com o cuidado com essa criança,
22:46e ela vai se sentir
22:47que ela está segura.
22:48Agora, se ela entende,
22:50naquele momento,
22:51que aquele vínculo é instável,
22:53por isso que a gente fala,
22:54abandono e instabilidade.
22:56Ele tem essa sensação.
22:57Então, a pessoa,
22:58se ela percebe
22:59aquele vínculo com os cuidadores,
23:00ele é instável,
23:02a pessoa não está lá pra mim,
23:03eu vou fazer justamente isso.
23:06Buscar, nas relações,
23:08lá no futuro,
23:09essa instabilidade
23:10com a expectativa
23:11de reeditar
23:13essa experiência.
23:14Agora vai ser diferente.
23:15Agora vai ser diferente.
23:17Agora eu vou passar por isso
23:19de novo.
23:19E eu vou vencer dessa vez.
23:21E eu vou vencer dessa vez.
23:23Ai, que tristeza.
23:25E falando um pouco
23:26sobre o outro livro
23:28que você até falou,
23:29sobre as armadilhas
23:30da química morosa.
23:31Isso.
23:32Qual que é o assunto
23:35chave disso daí?
23:37Quais são essas armadilhas?
23:39Como você tenta
23:39desvendar elas?
23:41Isso é interessante.
23:42Porque essas armadilhas
23:43da química amorosa
23:44são justamente
23:45aquelas escolhas
23:47que a gente faz
23:48com relações
23:48que acionam
23:49as nossas dores,
23:50como a gente falou.
23:50Essas armadilhas
23:52são algumas comuns
23:54que vão acontecendo.
23:55Por exemplo,
23:56pessoas que super focam
23:57nas características físicas
23:59da outra pessoa
24:01e esquecem
24:03todos os valores
24:04compartilhados
24:05que existem.
24:06Ou então
24:06aquelas pessoas assim,
24:07nossa, nossa,
24:08a noite ontem
24:09foi, ó,
24:09incrível.
24:10A gente subiu na parede,
24:11a gente chamou de largadinha,
24:12aconteceu tudo lá
24:13naquele momento,
24:14foi maravilhosa
24:15a nossa conexão sexual,
24:17mas não tem valor.
24:20Tipo assim,
24:21não tem valor compartilhado,
24:22não tem uma comunicação
24:23que encaixa.
24:24E a pessoa super foca.
24:26Não, mas eu quero.
24:27Ou então essa pessoa
24:28é muito bonita,
24:29nossa,
24:30parece que vai ser
24:30a minha reparação,
24:32que vou salvar
24:32a minha existência
24:33quando eu encontro
24:34e encontrar essa pessoa.
24:36Ou então
24:36uma outra armadilha,
24:37aquela que você quer
24:38cuidar da outra pessoa,
24:40você assume o papel
24:40de cuidador
24:41daquela pessoa.
24:42Sabe aquele meme?
24:43Mamãe ama mamãe,
24:44cuida a mamãe.
24:44Ah, eu amo esse meme.
24:47Então, tem tudo isso.
24:49Então, são várias armadilhas.
24:50Eu acho que a gente
24:50colocou umas oito ali
24:51no sumário.
24:52A primeira armadilha
24:53que você falou aí
24:54foi minha segunda-feira passada.
24:55Você é tão linda.
24:58Foi exatamente.
24:59Conte pra nós, Larissa.
25:01Não, ele descreveu tudo.
25:03Não precisa falar mais nada.
25:04Foi o da lagartixa
25:05e depois foi pra conversar.
25:06Hum, e aí?
25:08É, né?
25:09Nada, nada.
25:10Acho que não rola nada, né?
25:11Então, essa aqui é pra gente.
25:13A escala tem um quiz,
25:17vamos dizer assim.
25:18Escala da Química Esquemática
25:19em Relacionamento de Amor
25:20às Versões para Solteiras.
25:22E aí você completa, né?
25:24Só pra nós, né?
25:25É, a Laiane...
25:26Depois a gente vai achar
25:27aqui o seu.
25:28Tem, tem as relações.
25:29Só vou fazer algumas aqui
25:30com a Lari.
25:32Tem as numerações
25:34de zero a quatro.
25:36E aí, zero é completamente falso.
25:38Um é em grande parte.
25:39Vai pela intensidade.
25:40É, dois é moderado.
25:42Três é em grande parte positivo.
25:46E quatro é perfeitamente, né?
25:48Ok, ok.
25:48Vamos lá.
25:49Primeira, minhas escolhas.
25:51Geralmente são, primeiro,
25:54pessoas que não estão disponíveis
25:56pra mim.
25:58Ah, não.
26:00De zero a quatro.
26:01É, zero.
26:02Zero?
26:03Então, é isso.
26:04Começou bem.
26:05Isso aí, geralmente,
26:06são escolhas que tu faz
26:08ou que você espera que seja.
26:10Não, é o que eu faço.
26:11Eu não gosto de ninguém
26:12que não goste de mim.
26:13Boa.
26:13Que não, que não.
26:14Não, eu vou.
26:14Incrível.
26:15Tem que gostar de mim.
26:16É, ok.
26:18Tem que ser, tem que,
26:19eu sempre falo isso.
26:21Não tem que gostar.
26:22Tem que ser meu fã.
26:23É.
26:23Ai, namorado.
26:24Não quero um namorado.
26:25Eu quero um fã.
26:26Entendeu?
26:26Eu quero um negativo.
26:27E se não estiver demonstrando,
26:28aí eu começo a parar de gostar também.
26:29Pelo amor de Deus.
26:30Quem quer?
26:31Pelo menos isso,
26:32eu acho que eu consigo.
26:34Relações em que espero
26:35ter conexão emocional,
26:38mas nas quais me sinto bloqueada
26:40emocionalmente
26:41da vida da pessoa.
26:44Ah, isso aí acontece, viu?
26:45Tipo, uns três.
26:48Acontece bem.
26:49Acontece bem.
26:49É, ok.
26:50Vamos lá.
26:51Minhas escolhas geralmente
26:52são pessoas que me diminuem
26:54enormes.
26:55Quatro.
26:55Quatro.
26:58Quatro, a gente inserta.
27:00Enfim, é isso.
27:01É isso.
27:03Então, é daí pra lá.
27:04E é meio assim, né?
27:06Porque se a pessoa,
27:07ela tem que mostrar que tá ali,
27:09porque é o que eu disse, né?
27:10No início ali,
27:11que tipo, não,
27:11eu preciso saber que a pessoa gosta de mim.
27:13Mas, ao mesmo tempo,
27:14ela me diminui.
27:15Ela tá ali presente,
27:17me diminuindo,
27:18mas ela está ali.
27:19Mas ela está ali.
27:20É verdade.
27:21É muito essa dinâmica aqui, né?
27:22Tem uma cartinha que parece
27:23com essa daqui.
27:24Tipo essa daqui, né?
27:25Que tu falou, por exemplo.
27:26Imagina,
27:26a pessoa que tem uma,
27:28a gente fala de um esquema, né?
27:29Que seja de defectividade.
27:30Que a pessoa sente que não tem um valor,
27:32ou então que ela não é atraente.
27:34Que ela não tem valor,
27:35que ela não é atraente.
27:37Ou então que,
27:38que ela realmente falta.
27:40Tipo assim,
27:40sabe aquela pessoa?
27:41Eu sou um lixo,
27:42não sei como alguém vai conseguir gostar de mim.
27:44Eu sou rejeitado.
27:47Mas só que realmente é uma dor de verdade.
27:49Aí ela encontra uma pessoa assim,
27:51ó,
27:51que é grandiosa.
27:52Que ela já se acha assim,
27:54nossa,
27:54eu sou maravilhoso,
27:55eu sou muito bom.
27:57E aí,
27:57quando essa pessoa consegue encontrar essa,
27:59parece que ela vai,
28:00nossa,
28:00eu vou ressignificar todas as jornadas.
28:02Eu vou mudar tudo agora,
28:05porque se essa pessoa maravilhosa
28:07conseguir olhar pra mim,
28:08que sou apenas um saquinho de lixo,
28:10né?
28:11Como que não vai dar certo?
28:13Vai dar super certo,
28:14porque vai provar meu valor pros outros.
28:15Agora vai ficar só o chorume.
28:17Só que ela vai continuar se sentindo desse jeito.
28:20Exato.
28:20Ela continua assim.
28:21E talvez até mais diminuir a lâmpada.
28:23Querendo ou não,
28:24ela tá se colocando no papel do saquinho de lixo.
28:25Ela se coloca no papel do saquinho.
28:28E vai engrandecer ainda mais a outra pessoa.
28:30Talvez a outra pessoa nem seja.
28:31Perfeito.
28:33E com isso a gente encerra.
28:36Entrega.
28:36Então é,
28:37a gente tá...
28:38Tá entreiando.
28:39Nossa,
28:39toda vez que a gente vai fazer um episódio do Não é Invenção,
28:43eu falo assim,
28:43gente,
28:44vocês estão falando a minha terapia,
28:45que foi agora.
28:46Porque é exatamente isso.
28:48É o tempo inteiro.
28:48Tem que, tipo assim,
28:49entender que eu não preciso do outro pra validar meu sentimento.
28:52Nem sua existência.
28:53E nem minha existência.
28:55E, tipo assim,
28:55quando eu valido,
28:56eu falo,
28:57cara,
28:57eu faço grandes coisas comigo mesmo,
28:59eu não preciso de ninguém.
29:00É muito doido isso.
29:01Eu acho que é muito complicado também,
29:03até falando de mim,
29:04assim,
29:04num aspecto de relacionamentos no geral, né?
29:07Seja de família,
29:08tudo mais.
29:09Quando você sente alguma coisa
29:11e a outra pessoa não consegue sentir,
29:13tipo,
29:13não consegue entender,
29:14na verdade.
29:15Ah,
29:15eu tô chateada com você.
29:16Ah,
29:17mas por que você tá chateada comigo?
29:18Nossa,
29:18nem acho que eu fiz nada demais,
29:20ou algo desse tipo.
29:20aí,
29:22pra mim,
29:22pelo menos,
29:23é uma corrida pra tentar fazer a pessoa me entender.
29:25Sim.
29:26Que, assim,
29:26eu quero que você entenda por quê.
29:27Tipo,
29:27eu não tô...
29:29Eu preciso que você valide esse meu sentimento,
29:32sabe?
29:32Isso é muito difícil.
29:33Nossa,
29:34parece que fica um peso pior ainda.
29:35É uma unidade.
29:37É.
29:37As pessoas não sabem,
29:38inclusive,
29:39é pedir que as suas necessidades sejam atendidas.
29:41Sim.
29:42Por isso que muitas vezes as pessoas usam o famoso tratamento de gelo.
29:46Nossa,
29:46pra mim...
29:46Vou ignorar.
29:47Aham.
29:48Vamos ver se a pessoa percebe.
29:50E você não comunica o que você precisa.
29:52E, às vezes,
29:52as pessoas,
29:53quando vão comunicar o que precisam,
29:54elas protestam de uma forma muito agressiva.
29:57Aham.
29:57Porque, ao invés de conectar,
29:59afasta.
30:00Lembra que eu falei lá no começo, né?
30:01Os mestres relacionamentos nas pesquisas que disseram
30:04são aqueles que conseguem transformar conflitos,
30:07oportunidades de conexão.
30:09E o que que faz com que essas pessoas se conectem
30:11é quando elas conseguem mostrar vulnerabilidade.
30:15Sim.
30:16A vulnerabilidade conecta.
30:18Por outro lado,
30:19quando você mostra pra outra pessoa
30:21crítica,
30:22desdém,
30:23raiva,
30:24tu não me atende,
30:25tu não fala comigo.
30:27Mas olha só.
30:27A pessoa se desconecta de você.
30:28O receio é...
30:30O receio da cabeça da pessoa é ansiosa,
30:32que sou eu,
30:33no caso.
30:33Não, sou eu não.
30:35É uma amiga.
30:35É uma amiga.
30:36Não vou me supor assim.
30:38Que,
30:39se você demonstra vulnerabilidade
30:42na cabeça da minha amiga,
30:45na cabeça da minha amiga,
30:46É perigo, né?
30:47O outro,
30:47o outro,
30:48pode achar que você tá carente,
30:50você tá,
30:50tipo assim,
30:51querendo muito aquilo.
30:52Então,
30:53muitas vezes...
30:54Emocionada.
30:54É,
30:55muitas vezes a minha amiga faz o quê?
30:58Vou deixar meu celular aqui de lado,
31:00não vou responder agora.
31:01faz...
31:03Acaba caindo naquele jogo de...
31:05Né?
31:06Da paquera,
31:07de vai e não vai.
31:08Mas vou deixar que...
31:09Eu vou responder depois,
31:11pra pessoa não achar que eu tô desesperada por ela.
31:13Mesmo que eu não esteja desesperada por ela,
31:15e queira responder ali naquele momento.
31:17Mas na minha cabeça,
31:18o outro vai pensar isso.
31:19Mas se tu tá...
31:20Eu vou ser amiga,
31:21é ver pra mim.
31:22Mas nesse momento,
31:23a tua amiga tá pensando mais no outro do que nela.
31:26A amiga precisa pensar nela.
31:30O que é que ela precisa,
31:32de fato?
31:33O que é que essa amiga precisa,
31:34né?
31:34É importante entender.
31:35Porque às vezes,
31:36ela tá vivendo justamente,
31:37lembra dos fantasminhos, né?
31:38Ela tá vivendo outra pessoa que não é ela,
31:40pra agradar um outro,
31:41que acaba ninguém se agradando ali na história.
31:43Vou mandar uma mensagem pra ela,
31:45dizendo que ela pode responder.
31:46Que acaba entrando num personagem, né?
31:49Entrando num personagem pra agradar o outro.
31:51Porque aí quando conquista,
31:52porque aí, tipo assim,
31:53a pessoa que gosta de uma pessoa que ignora,
31:55ela não gosta que você dê carinho.
31:57Aí quando você vai,
31:58se transforma em você mesmo,
32:00aí a pessoa que quer.
32:00Aí já não vai querer.
32:02Agora a vulnerabilidade é uma coisa interessante,
32:04porque a vulnerabilidade já conecta.
32:05Mas só que ser vulnerável dá medo hoje.
32:08As pessoas têm medo de demonstrar vulnerabilidade.
32:11Porque muitas pessoas pensam
32:12que vulnerabilidade é fraqueza.
32:13E não.
32:15Vulnerabilidade é uma força maravilhosa.
32:16Quando você consegue demonstrar isso,
32:18você consegue conectar muito bem
32:20nas suas relações.
32:22Agora, pra que você consiga
32:24demonstrar a vulnerabilidade,
32:26uma coisa muito importante é
32:27a outra pessoa também,
32:30ela precisa estar pronta
32:31pra receber tua vulnerabilidade.
32:32E às vezes a gente não sabe
32:33se aquela pessoa tá pronta.
32:35Mas pra gente saber se ela tá pronta ou não,
32:36a gente precisa falar.
32:38É, entendi.
32:38E aí se descobrir que não tá pronta também,
32:40eu acho.
32:42Novamente, uma comunicação pra vocês
32:44que talvez não é uma escolha pra você fazer.
32:47Sim.
32:47Eu sinto assim,
32:48quando a pessoa me apresenta
32:49a vulnerabilidade dela
32:51e eu mostro a mim,
32:52e tipo assim,
32:53os dois abrem o coração,
32:55aí eu acho que aí
32:56ela tá pronta pra, assim,
32:57pra gente conseguir entender.
32:59Porque quando a gente demonstra
33:01vulnerabilidade a pessoa ou não,
33:03o sentimento é de que aquela pessoa
33:06pode usar a vulnerabilidade,
33:07a sua vulnerabilidade dela.
33:08Contra você.
33:09Aí é um problema.
33:10Aí eu teria um problema.
33:12Mas, se isso acontecer,
33:14é uma outra comunicação que você tá fazendo.
33:17A gente tem outra...
33:18É outra armadilha.
33:20Sabe qual que é o problema?
33:21A gente fica com medo de perceber
33:22que não é pra ser, né?
33:23É, a gente fica...
33:24Olha que interessante essa frase.
33:26A gente fica com medo de perceber
33:27que não é pra ser.
33:28Não é.
33:30A gente tá escolhendo
33:31lá no processo de escolha amorosa.
33:33Que é justamente o momento
33:34em que a gente tem que permitir
33:35conhecer aquela pessoa.
33:37Saber.
33:37Só que a gente já posta
33:39todas as fichas no começo.
33:41A gente chega lá no começo
33:42e a gente já vê a construção da casa
33:44dos filhos correndo na raia.
33:46E a gente esquece de entender
33:47o que que tá acontecendo aqui.
33:50Que tá trazendo ou não
33:51o atendimento daquilo que eu preciso
33:53emocionalmente.
33:54Igual aqueles memes, né?
33:55Que a pessoa conhece alguém
33:56e aí já começa a testar o nome.
33:58ver como é que soa, né?
34:03Como é que soa aquela pessoa.
34:05Fazer um chic e juntar.
34:07Mas assim, é muita loucura.
34:09E eu acho que assim,
34:11isso aí realmente sou eu.
34:12Eu mesma.
34:13Ah, sei lá, mano.
34:15Não, é.
34:15Que eu sempre tive muito receio
34:17de até mesmo me apaixonar.
34:21Sei lá, em algum momento já aconteceu
34:23ou o amor em si.
34:24mas de me colocar nesse lugar
34:27de eu estou gostando, estou apaixonada.
34:29Assumir, admitir pra mim
34:30exatamente pelo ponto da vulnerabilidade.
34:33Porque se eu admitir
34:34que eu estou gostando daquela pessoa,
34:35pra mim, eu estou...
34:38Você tá...
34:38Eu tô sendo focada.
34:40Tem três.
34:41Eu tô completamente vulnerável.
34:43E eu fico tipo,
34:43não, ei, você é malvadona.
34:46Você não se apaixona.
34:47Olha que legal.
34:48Aí tu criou, por exemplo,
34:49uma forma de se proteger.
34:52Tu criou uma parte de se proteger.
34:54Tu tenta se proteger dessa forma.
34:55É legal na terapia,
34:56a gente fala terapia do esquema,
34:57é um modelo muito bonito, assim,
34:58de psicoterapia.
35:00Porque ele faz a gente se conectar
35:01com as nossas necessidades,
35:02com a nossa criança, né,
35:03de alguma forma.
35:04Agora imagina,
35:05tu falou bem assim,
35:06se eu demonstrar isso,
35:07eu vou estar sendo bocorna,
35:10eu vou estar sendo boba e tudo.
35:12Isso tudo mostra lá dentro
35:14a Manuzinha.
35:15de como essa Manuzinha
35:17já passou uma história
35:18que foi muito difícil pra ela
35:19e que às vezes
35:20ela tenta se proteger dessa forma.
35:22Eu sou braba.
35:24Eu sou assim, assim.
35:25Eu sou braba,
35:25mas eu choro.
35:27Porque é isso,
35:28essa é a Manuzinha.
35:29A Manuzinha precisa ser acolhida
35:30quando ela tá assim.
35:32E ela precisa encontrar alguém
35:33que consiga acolher ela
35:34quando ela estiver assim.
35:35É aquilo que você falou
35:36daquele assunto
35:38que você falou
35:39das minorias?
35:41Os grupos sociais minorizados
35:43também envolvem
35:44toda uma questão, né,
35:45mulheres,
35:45pessoas pretas,
35:46população LGBT,
35:47que é a PN+,
35:48ela tem toda
35:49uma vivência, né,
35:51sociocultural
35:51que vão também influenciar
35:53o quanto que as pessoas
35:54fazem escolhas
35:55que alimentam talvez
35:55um tipo de sofrimento
35:56ou o estresse
35:57que elas vivem mesmo,
35:59né,
35:59no dia a dia,
36:00de serem,
36:01é,
36:01sofrer preconceitos,
36:03né,
36:03tudo isso influencia
36:04na dinâmica da vida
36:05como um todo
36:06e também
36:07nas escolhas amorosas.
36:08E aí cria uma armadura, né?
36:10Também.
36:10que é o caso
36:12que, tipo assim,
36:13ela não querendo mostrar
36:14a vulnerabilidade dela
36:16pra, tipo assim,
36:17ninguém percebeu
36:18quanto ela pode ser bobinha,
36:21quanto que ela pode ser delicada, né?
36:22E pode ser,
36:23tá tudo bem.
36:24E é importante que conexões
36:25saudáveis e reais,
36:26elas vão conseguir
36:27te acolher nesse momento.
36:28Ah, tá.
36:29Isso é importante.
36:30Pessoas que vão te trazer
36:31conexão real
36:32e verdadeira
36:33não são pessoas
36:34que vão invalidar
36:35a sua existência.
36:36São pessoas que vão
36:37estar ali pra você.
36:38Tanto que uma pergunta
36:39interessante e bonita
36:40que a gente tem
36:40na terapia de esquema
36:41é quando a pessoa
36:42fala em terapia de casal
36:43é,
36:43você vai estar lá pra mim
36:45quando eu precisar?
36:46Se você trazer isso,
36:48né,
36:49a nível de conexão emocional,
36:51aquela pessoa
36:52tá perguntando
36:52pra parceria dela,
36:53assim, tipo assim,
36:54você tá lá pra mim
36:55quando eu precisar?
36:56Isso mostra uma vulnerabilidade
36:57tão grande
36:58que é diferente
36:59de falar pra outra pessoa
37:00tu nunca tá lá pra mim
37:02tu é um inútil
37:03que,
37:04entende?
37:04Você estará lá pra mim
37:05quando eu precisar?
37:07E trata até uma reflexão
37:09pra outra parte também, né?
37:10De se ela quer
37:11estar envolvida
37:12até esse ponto.
37:14Então, né?
37:15Tem uma amiga minha
37:15também que é psicóloga
37:16e terapêutica
37:16também que ela fala
37:17bem assim,
37:18tipo,
37:18as relações
37:19elas são eternas,
37:20um eterno pagamento
37:20de boletos.
37:21que não são nossos.
37:23Porque,
37:24o que acontece?
37:25Quando você está
37:25em um relacionamento
37:27com uma outra pessoa,
37:28aquela outra pessoa
37:29vai pagar todos os boletos
37:30que nem foram ela
37:31que gerou na tua vida.
37:32Todas as faltas emocionais
37:34que você teve,
37:35que não foi a pessoa
37:36que gerou em você,
37:37ela vai ter que lidar.
37:38É,
37:39por isso que eu tô
37:39tanto tempo solteira,
37:41tô juntando dinheiro.
37:42Você tá juntando dinheiro,
37:43você pagar os boletos
37:44da outra?
37:45Os boletos de alguém, né?
37:46Ah,
37:47eu achei que você
37:47tava juntando
37:48era boleto,
37:49porque eu tô juntando
37:50não é boleto.
37:52E as outras pessoas
37:53pagaram.
37:53E as outras pessoas
37:54pagaram.
37:54Já chega
37:54no passado.
37:55Tá sentido, é.
37:56Dito isso,
37:57vou gastar o meu dinheiro
37:58e vou comprar boleto agora.
38:00Isso é interessante.
38:01Quando as pessoas
38:02se permitem,
38:03por exemplo,
38:03e na relação,
38:04elas se permitem
38:05se conectar juntas,
38:08esses boletos,
38:09eles vão sendo pagos,
38:10digamos assim,
38:11de uma forma
38:11muito conectada,
38:13onde as pessoas
38:14entendem,
38:15conseguem se vulnerabilizar,
38:16elas conseguem trazer
38:18aquilo que elas precisam
38:19uma pra outra
38:20e elas se conectam
38:21de uma forma
38:21muito bonita, né?
38:23Mas quando as outras
38:24pessoas não se permitem
38:25também,
38:25aí só ladeira abaixo.
38:27Agora vamos começar
38:28o Não é Invenção Mesmo,
38:29que é um quadro
38:30em que o nosso convidado
38:31traz uma história
38:33que ilustra um pouco
38:34do que a gente
38:34já falou aqui.
38:39Então, Bruno,
38:39qual o caso
38:40que você trouxe pra gente?
38:40Vamos lá, gente,
38:41o caso real, né?
38:42Vamos imaginar lá
38:43esse caso aqui pra vocês.
38:44Obviamente eu vou falar
38:45coisas assim
38:45pra não identificar ninguém,
38:47né?
38:47Uma coisa bem alta
38:49pra vocês entenderem o caso.
38:50Bom, vamos falar
38:51do caso do João,
38:52nome fictício.
38:54Bom, o João,
38:55ele nasceu
38:55em uma família
38:56em que os cuidadores
38:57deles, né?
38:58A mãe e o pai,
39:00eles se separaram
39:01desde que o João
39:02tinha três anos de idade.
39:04O João, ele lidou
39:05com essa situação
39:05desde três anos de idade
39:08com essa ausência
39:09onde ele tinha
39:10a mãe e o pai
39:11até três anos de idade,
39:12mas quando ele faz
39:13três anos de idade
39:14os pais se separam
39:15e o pai some
39:16da vida do João
39:17de alguma forma, né?
39:19Quando passa o tempo,
39:21o João vai tendo
39:23esse modelo
39:23de ausência, né?
39:25Lá ao longo
39:26da história de vida
39:27dele como um todo.
39:28Ele vai pra escola,
39:29não consegue encontrar
39:29os pais,
39:30o pai, né?
39:31No dia dos pais,
39:32ele vai passando
39:33por experiências assim
39:33que ele não tem
39:34aquela figura ali pra ele.
39:36E a mãe dele também
39:37é uma pessoa que,
39:38embora tentasse lidar
39:38com as situações,
39:40ela também era
39:41muito ocupada,
39:42o que não fazia,
39:43porque ela também
39:43conseguisse dar pra João
39:45a atenção que ele
39:46precisava ali
39:48a nível de segurança.
39:49Lembra das necessidades lá, né?
39:51Vínculos seguros.
39:52Não conseguia formar
39:53naquele momento.
39:55Em algum momento,
39:56essa mãe até
39:56chega a comparar ele, né?
39:59Com outras coisas, né?
40:01Que ele tava vivendo,
40:03daí, na medida
40:04que ele vai crescendo, né?
40:05E fazendo com que ele
40:06se sentisse ainda
40:07como não importante.
40:08quando o João vai
40:10chegando na adolescência,
40:13ele vai se percebendo
40:14como uma pessoa
40:15que tem interesse
40:15bissexual.
40:17Ele gosta de homens,
40:18gosta de mulheres, né?
40:19Ele tem esse tipo
40:20de interesse
40:21e ele começa
40:22a lidar
40:23com o contexto social
40:24que invalida
40:25diretamente
40:26a experiência dele
40:27enquanto um homem
40:28bissexual, né?
40:30Nisso que ele vai vivendo,
40:31as escolhas
40:32que ele vai procurando
40:33a nível de relacionamento
40:34são pessoas
40:36que mostram
40:37pra ele
40:38a instabilidade.
40:39Então, ele entra
40:40num relacionamento
40:41com o Carlos
40:42e ele se sente
40:43totalmente
40:44como se fosse
40:44essa cartinha aqui, né?
40:46Que eu mostrei lá
40:46pra vocês.
40:47Como se o Carlos
40:48fosse aquela pessoa
40:49totalmente grandiosa,
40:51aquela pessoa,
40:51nossa, maravilhosa,
40:52vai validar
40:53a minha existência,
40:54mas o Carlos,
40:55ele só faz alimentar
40:56a sensação dele
40:57de defeito,
40:58de que ele não tem
40:59algo valioso, né?
41:01De outra forma.
41:02Quando ele entra
41:03numa relação,
41:04eu tô falando
41:04nomes fictícios, né, gente?
41:06Pra não caracterizar ninguém.
41:07Mas quando ele entra
41:08numa outra relação
41:08depois com Maria,
41:10ele tem essa outra sensação,
41:12que é essa sensação
41:13de que falta,
41:15parece que a qualquer momento
41:16esse vínculo
41:17vai ser quebrado
41:18e eu não vou conseguir
41:20me conectar
41:21com ela, né?
41:22É tipo assim,
41:23eu tô aqui
41:23no meio de uma ponte
41:24e vai quebrar
41:25a qualquer momento
41:26porque os meus vínculos
41:27não são consistentes.
41:30Fortíssima essa carta.
41:31Né?
41:32E aí,
41:33esse é o padrão
41:34de escolhas
41:35que o João faz
41:36de relacionamentos
41:37que acionam
41:38novamente
41:39aquele esquema
41:40de abandono
41:43e de defectividade
41:44e vergonha.
41:46Quando o João,
41:47ele entrou
41:47em um relacionamento,
41:49entrou não,
41:50ele tentou no começo,
41:51tava no começo
41:52tentando entrar, né,
41:52em um relacionamento,
41:53apareceu uma pessoa
41:55que tava trazendo
41:56atenção pra ele.
41:58e aí ele leva
41:59pra terapia
41:59a questão, tipo,
42:00é...
42:01não sei se eu quero.
42:03Né?
42:04Tem alguma coisa errada,
42:06não me...
42:06eu me sinto invalidado,
42:08parece que...
42:09invalidado não porque
42:10tava sendo invalidado
42:12pela outra pessoa,
42:12mas porque ele sentia
42:14que tava faltando
42:14alguma coisa
42:15e como se ele estivesse
42:15se forçando
42:16a querer algo
42:18que ele não tava pronto
42:19pra receber.
42:20E isso é a curiosidade, né?
42:22Porque, tipo assim,
42:22na história de vida
42:23ele só recebeu isso
42:24o que ele tava recebendo
42:25agora era uma coisa
42:26muito nova
42:27pro que ele tava
42:28experienciando, né?
42:30Então ele traz
42:31essa questão.
42:32Só que depois
42:33de um tempo
42:33de um processo terapêutico
42:35ele começa a perceber
42:36tá, eu vou me permitir.
42:39E ele se permitiu, então,
42:40entrar em relacionamento
42:41com uma pessoa
42:42que tava trazendo
42:43essa atenção,
42:44que era uma pessoa
42:45que era diferente
42:46do padrão
42:47que ele tava
42:48acostumado
42:50e começou depois
42:51a se sentir bem
42:53com essa pessoa.
42:54Mas, passou um bom tempo
42:56até que ele conseguisse
42:58se sentir plenamente bem
42:59porque passou um bom tempo
43:01também ele se sentindo
43:02que tinha alguma coisa
43:03errada
43:03naquela relação
43:04porque era algo
43:05que ele não tava
43:06acostumado a receber.
43:08Então, eu entendi.
43:10É aí que tá a complexidade.
43:12E o João...
43:13Entendi.
43:14E o João...
43:15É...
43:15Muito complexo.
43:18É aí que tá a complexidade, né?
43:20De você tentar...
43:21Mas ele, querendo ou não,
43:22parabéns pro João, né?
43:24Porque ele se permitiu.
43:25Ele se mantou.
43:26Isso.
43:26Ele se mantém.
43:27Parabéns demais.
43:29Vamos todos ser Joãos.
43:31Fazer terapia, né?
43:32Fazer terapia.
43:33Sim, essa terapia
43:34ajuda muito, sério.
43:35Porque, nesse caso,
43:36estar no começo da relação,
43:39tipo, até pra escolher antes,
43:40ele já tava recebendo isso.
43:42Afeto, carinho.
43:43Era algo muito novo
43:44baseado no que ele tinha recebido.
43:47Ele já tava acostumado
43:47com esses padrões
43:48que eu mostrei pra vocês.
43:49Tinha até outros
43:50que eu não botei
43:50por causa do tempo.
43:51Mas, quando ele chega
43:53nessa outra padrão
43:54que é muito novo,
43:55ele já achou muito estranho.
43:56Muito...
43:57Não sei.
43:59E aí, da terapia,
44:00tipo assim,
44:00vamos tentar.
44:02Vamos perceber
44:02se realmente é algo
44:03que você quer e tudo.
44:06Então, vamos permitir
44:06é um novo.
44:07E foi tentando, né?
44:08Algum tempo,
44:10alguns meses.
44:10Não foi, tipo assim,
44:11ah, me acostumei
44:12aqui na primeira semana.
44:13Não.
44:14Foram alguns meses
44:15pra ele entender
44:15tanto a si mesmo
44:17o que aconteceu
44:17na história de vida dele
44:18até ele entender
44:20o que tava acontecendo
44:20naquela relação agora
44:22que tava trazendo,
44:23de fato,
44:23o que fazia bem pra ele.
44:24É um processo
44:26que ele
44:26teve que se permitir.
44:28Eu imagino
44:29que o outro também
44:30teve que entender
44:31e respeitar.
44:32Porque, obviamente,
44:34né,
44:35a gente tá num ambiente
44:36que não é novidade.
44:38Que a gente não se sente
44:39100%.
44:41Que sente que tá
44:42alguma coisa errada.
44:43Vai ter alguma falha
44:44em algum momento.
44:45É, não entrega.
44:45Não entrega.
44:45Não vai ser 100% feliz
44:47o tempo todo ali.
44:49E a outra pessoa
44:50aguentou, né?
44:51Segurar o boleto.
44:51Exato, não só.
44:53Pagou o boleto.
44:53Pagou o boleto.
44:54A conta tá paga, João.
44:56Parabéns.
44:57Pagou o boleto.
44:58Mas, no caso
44:58desse casal,
44:59que eu escutava, né?
45:01Tipo assim,
45:02é que tinha a compreensão
45:03da outra pessoa também
45:05sem validar
45:06a necessidade dela,
45:07mas ambos tentando
45:08construir isso.
45:09Então, isso é interessante, né?
45:10Muito.
45:11E mostrou a vulnerabilidade dele.
45:13Mostrar a vulnerabilidade.
45:14Isso é importante,
45:15porque senão
45:16não dá muito certo.
45:18Perfeito.
45:19Sim, profundo.
45:20Pra saber
45:22se a pessoa paga o boleto,
45:24tem que primeiro saber
45:25se ela tem o dinheiro pra ir.
45:26Não tem o dinheiro.
45:27É.
45:27Se ela tem dinheiro, né?
45:29Recursos emocionais.
45:31Exato.
45:32É porque não vai dar...
45:34Dois endividados
45:35não vai dar certo.
45:36Não vai dar certo.
45:37Não vai dar.
45:38É só o nome no Serasa.
45:39Então, Bruno,
45:41você pode falar pra gente
45:42assim, algum...
45:44Dá algum recado final
45:45só pra gente
45:46acalmar o coraçãozinho
45:47de quem tá assistindo.
45:48Ah, é.
45:49Só pra gente
45:50encerrar mesmo.
45:51Falar suas redes.
45:51Falar suas redes também.
45:52E explicar direitinho
45:54sobre seus livros, né?
45:55Claro.
45:55Pra todo mundo procurar
45:56porque vale a pena.
45:57Sim.
45:58Gente,
45:59então tem esses livros aqui, né?
46:00Que é o
46:01Sua História de Amor.
46:03Que ele é um livro
46:03que vai fazer a gente
46:04se conectar mais
46:05com a nossa história,
46:06com as nossas necessidades emocionais.
46:08Ele tem vários exercícios
46:09ao longo do livro, né?
46:10Pra você refletir mesmo
46:12sobre as suas escolhas,
46:13sobre como você construiu
46:15a sua visão
46:16do que é o amor.
46:18Então, ele tem tudo isso, né?
46:20É particularidade
46:21que a gente pode usar
46:22esse livro aí.
46:23Ah, eu acho que até
46:24adolescência, assim, né?
46:25Adolescência?
46:25Sei lá, uns 15 pra cima.
46:27Ah, legal.
46:27Esse é um livro
46:28que muitas pessoas indicam, assim.
46:29Acho que ele já vendeu
46:30mais de 10 mil copias.
46:31Tipo assim,
46:32pra eu dar pra uma sobrinha,
46:34pra uma prima
46:34que tá começando a...
46:35Acho que é legal.
46:36Acho que é legal.
46:37Ele é um livro
46:38bem interessante.
46:39O pessoal gosta muito.
46:40As revisões dele na Amazon
46:41também ficaram bem legais.
46:42Esse aqui também.
46:43E vale a pena você ter
46:45esse contato, né?
46:46Com aquilo que você precisa.
46:49E esse aqui,
46:49ele vai falar sobre
46:50armadilhas que são comuns
46:52nas escolhas amorosas
46:53que as pessoas fazem, né?
46:55Então, tem algumas armadilhas comuns
46:56do que a gente chama
46:57de dedo podre, né?
46:59E no final vai ter,
47:00como a Manu falou,
47:01um quiz, né?
47:02Que na verdade
47:02são questionários
47:04pra você conseguir avaliar, né?
47:06O nível de química esquemática
47:08que você tem
47:08nas suas escolhas amorosas.
47:10Ele é bem legal.
47:11E esse aqui,
47:11ele é um baralho.
47:12Ele já é mais pra terapeutas.
47:14Que é um recurso
47:15que a gente tem
47:15pra trabalhar
47:16junto com os nossos pacientes
47:17as escolhas amorosas
47:19que eles fazem.
47:20E aí tem tanto
47:21as figuras, né?
47:23Que a gente vai ter
47:24quanto algumas cartas
47:26de explicação, né?
47:27Sobre quais são os esquemas.
47:29São 18 esquemas, né?
47:30Por exemplo,
47:30aqui tem postura punitiva.
47:32Sabe aquele esquema
47:33do tentar apanhando
47:35pra aprender?
47:36Então é tipo isso, né?
47:38Então postura punitiva,
47:39padrões flexíveis.
47:40A gente tem 18 esquemas
47:41e ajudam lá
47:43as pessoas
47:43a se conectarem lá
47:45com as suas necessidades
47:46dos terapeutas.
47:47Então o aviso, né?
47:49A reflexão final
47:49que eu diria pra você
47:50que está nos assistindo
47:52é que você merece
47:53ser amado, né?
47:55Você merece ser amado.
47:57As suas necessidades
47:58são totalmente válidas.
48:00Aquilo que você precisa
48:02emocionalmente
48:03é muito importante.
48:05Então se você percebe
48:06que alguém não está
48:07te trazendo isso
48:09você tem o direito
48:10de dizer não, né?
48:12Você tem o direito
48:13de dizer não.
48:14Você tem o direito
48:14de ser feliz.
48:16Então isso é muito importante.
48:18Queria agradecer
48:19vocês pelo convite
48:20maravilhoso
48:21de estar aqui novamente.
48:23Se alguém está assistindo
48:24depois quiser conversar
48:24pelo Instagram
48:25no Instagram
48:26é Bruno R.A. Cardoso.
48:28Vai ser à disposição também.
48:29Lembrando que a gente
48:30já entrevistou o Bruno, né, gente?
48:32No primeiro ou no segundo episódio?
48:34No primeiro.
48:34Foi no primeiro episódio.
48:35A gente também trouxe
48:36volta lá, assiste
48:38que também foram
48:39várias reflexões
48:40muito legais.
48:41Eu acho que a gente
48:41pode finalizar
48:42com aquela música
48:43do Beatles, né?
48:44I need this love.
48:47I need this love.
48:50Muito obrigada, Bruno.
48:52Foi muito bacana
48:52de ter de novo, gente.
48:54Muito obrigada.
48:54E também deixar aqui
48:55as nossas redes sociais
48:56que é no Instagram
48:58arroba não é invenção
48:59sem o Cedilha
49:01e o Tio
49:01e o e-mail também
49:03pra quem quiser
49:04compartilhar com a gente
49:05a sua história, né?
49:07Pra gente comentar
49:08obviamente mantendo
49:09todo o sigilo, né?
49:12É não é invenção
49:13sem o Cedilha
49:13e o Tio
49:14é
49:15arroba gmail.com
49:22A Cedilha
49:24e o Tio
49:24A Cedilha
49:25A Cedilha
49:25A Cedilha
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