O podcast Degusta do Jornal Estado de Minas apresentou Ana Elisa Saldanha, fundadora do Elisa Café, que revela os segredos do café especial em Belo Horizonte. A mineira explica origem, preparo e como valorizar grãos de qualidade sem complicações.
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, eu sou a Celina Aquino e esse é o Degusta, o podcast de gastronomia do jornal Estado de Minas.
00:06Já estamos aqui preparados para mais um bate-papo de abrir o apetite e já vou começar com um spoiler.
00:13Vamos ter aqui uma mesa de café para nenhum mineiro botar defeito.
00:17Então chega mais, ocupe aqui o seu lugar que a gente já vai começar mais um episódio.
00:22E no cardápio de hoje nós temos uma profissional que faz de tudo para o momento do café ser muito especial.
00:30Ela é curiosa, desbravadora e viaja o Brasil à procura de grãos que proporcionam uma experiência muito legal na xícara.
00:40E ela ainda cria receitas diferentes de bebida gelada a sobremesas com a sua matéria-prima que é tão amada.
00:48Hoje nós temos aqui a Ana Elisa Saldanha, que é a fundadora do Elisa Café.
00:54Ei Elisa, muito obrigada. Olha eu já errando no seu nome, Elisa, logo no início.
00:59Na verdade é Ana Elisa. Nós vamos explicar essa confusão toda que as pessoas cometem aí, né?
01:05Obrigada pela sua presença, viu?
01:07Obrigada a vocês pelo convite. É o primeiro podcast que eu participo e para mim é sempre um prazer poder falar de café.
01:14Que bom. E já vamos esclarecer essa história? Elisa é o nome da sua avó, por isso você colocou o nome da cafeteria sim.
01:22O seu é Ana Elisa. Explica pra gente por que você trouxe esse nome, que é o seu, mas também é uma homenagem à sua avó.
01:28Isso. A Elisa é uma avó paterna. Ela foi uma mulher que faleceu muito nova, com 39 anos.
01:36E ela era referência na cidade dela. Hoje existe uma instituição de criança que carrega o nome dela, Dona Elisa.
01:43Qual que é a cidade? Martinho Campos.
01:46Tá. E a gente, eu quis trazer para o negócio a responsabilidade de um CPF dentro de um CNPJ,
01:53lembrar como pessoa esse trabalho fundamental social que a gente tem de ajudar a formar as pessoas no trabalho,
02:01não só profissionalmente, mas como pessoas para criar mais relações.
02:07Eu tive uma infância no interior, eu sou de Pitangui, e eu tive uma grande oportunidade de viver com muitos adultos, amigos de pais,
02:18então eu saía com eles, a gente tinha aquele laço de ter uma pessoa sempre orientando, dando algum conselho,
02:26mesmo sendo criança, ensinando algo. E eu quis trazer muito essa referência minha pessoal para dentro do negócio.
02:32Muito legal. E para a gente começar o nosso papo sobre café, eu acho que é importante a gente começar esclarecendo
02:39o que é um café especial, que eu acho que muita gente ainda não entende muito bem esse conceito, né?
02:45Como é que a gente explica isso para as pessoas?
02:47Ah, pois é. Isso é uma dúvida que até eu fico tentando melhorar como explicar, né?
02:55A gente vê esse nome antes de eu trabalhar com o café e também ficava sem entender.
03:01Por que que é especial? É a pessoa que prepara? De onde vem isso?
03:05Na verdade, vem de uma legislação que classifica os grãos verdes de café.
03:10Então, hoje a gente existe, em resumo, o café tradicional, o café gourmet e o café especial.
03:16O café tradicional é o que mais aceita defeitos, defeitos físicos de grãos e o especial é praticamente a ausência de defeito,
03:26que são os dois grandes polos que tem dentro da legislação.
03:29Então, o café especial não foi um nome inventado, foi um nome a partir de uma legislação, de uma classificação física de grãos.
03:36Tá. E realmente ele é especial por isso, porque ele não tem defeitos.
03:40É. Essa questão de não ter defeitos, ela consegue fazer... O café vem de uma fruta, né?
03:48E a gente utiliza a semente da fruta para torrar e preparar a bebida.
03:53Então, quando você tem uma fruta sadia, madura, no ponto certo de colheita,
03:58você tem o máximo do sensorial do sabor que você consegue carregar dela.
04:03Acontece o mesmo no café, principalmente dependendo do terroir em que ele estiver plantado.
04:09Então, quando a gente vai fazer, como torrefação, a torra daquele grão, ele tem qualidades sensoriais para trazer.
04:17Então, a gente faz uma torra no grão para poder trazer o sabor que o grão tem a oferecer.
04:24No caso do tradicional, como tem muitos defeitos, os defeitos não são tão agradáveis no paladar.
04:30Por isso que, culturalmente, a gente aprendeu que café tem que ser com água fervendo e açúcar, que são dois mascaradores de sabor.
04:41Olha só, gente.
04:42Então, no café especial, que é uma coisa nova, é um desafio para a gente na cafeteria.
04:49Eu acho que o café especial entrou no Brasil de uma forma errada, porque ele veio trazendo muitas regras, né?
04:56Você precisa ter um equipamento que, às vezes, é muito caro, você precisa ter uma temperatura específica para poder coar o café.
05:05Você não pode pôr açúcar, você não pode isso, não pode aquilo.
05:09Isso assusta as pessoas.
05:10O que eu mais ouço hoje de cliente é...
05:14Ah, eu não levo o seu café para casa porque eu não sei preparar o café especial.
05:18Olha, gente.
05:19Mas é café, né?
05:21E aí eu tento explicar para ele.
05:23O mais importante é uma qualidade de alimento que você está levando.
05:27Então, quando você pode comprar um café especial, você tem um alimento de alta qualidade.
05:32E é café, você precisa ter prazer.
05:35Se em casa você passa no coador de pano, se você passa numa melita, se você coloca açúcar,
05:41continue dessa forma com um grão de melhor qualidade.
05:44Que você vai ter um alimento de melhor qualidade para estar consumindo no dia a dia.
05:49Que é o que todo mundo quer, né?
05:51Exatamente.
05:52E vamos voltar um pouco na sua história.
05:54E eu quero que você me explique como que você chegou nesse mundo dos cafés.
06:00Porque você é do interior, né?
06:02Você cresceu ali, frequentando fazenda, tomando café, inclusive.
06:07Mas não era uma opção profissional até então, né?
06:10Não, não era uma opção profissional.
06:13E em 2013 eu resolvi tirar um ano sabático, sair do local onde eu trabalhava.
06:21E eu resolvi aprender gastronomia.
06:23Porque na minha casa sempre foi muito forte a cultura do mineiro de cozinhar, de receber.
06:30Todos cozinham na minha casa.
06:32Então, por que não aprender gastronomia?
06:34Sim.
06:35Mas nunca com o intuito de trabalhar num restaurante.
06:38Sempre com o intuito de aprender o ofício para talvez ter uma delicatessen, algo onde as pessoas conseguissem levar para consumir com o outro em casa.
06:49Tá.
06:50Então, eu resolvi ir para Paris, Ferrandi, onde eu fiz o curso técnico de gastronomia.
06:56E eu fui tomar um café com os colegas de cozinha, num coffee shop de café especial.
07:03Não sabia o que era a diferença disso para um café de esquina.
07:06Mas na hora que eu peguei a xícara e tomei o café, eu me surpreendi.
07:10Porque eu senti doçura, eu senti acidez, eu senti um gosto de fruta, né?
07:15Então, principalmente vivendo gastronomia, a gente parava muito para analisar a sensorial.
07:21E aí eu perguntei...
07:22E não tinha nada a ver com o que você conhecia de café daqui do Brasil, né?
07:26Nada.
07:26A vida inteira eu tomei café tradicional.
07:28A vida inteira.
07:30E perguntei, mas o que tem de diferente?
07:33Vocês adoçaram?
07:34Tem algum saborizante?
07:36Não, não tem.
07:37A gente é uma torrefação de café especial.
07:39É um café especial.
07:40Posso ver o grão?
07:41Pode.
07:42Quando eu peguei o pacote, eu me surpreendi.
07:44Porque além de ser brasileiro, o café era um café produzido em Minas Gerais.
07:49Olha, gente.
07:49E para mim foi um choque, né?
07:52Muito.
07:53Atravessar o mundo para poder aprender algo que tinha um pouquinho mais de técnica, de cultura, de refinado.
08:00E na hora do café, eu descobri que a gente tinha um ouro no Brasil e não explorava.
08:04Era do seu quintal, né?
08:06Era do nosso quintal e a gente não estava consumindo, né?
08:09Então, ficou aquela questão do café muito marcada para mim.
08:14Por que não trabalhar o café como alimento?
08:17E eu comecei a questionar um pouco até o meu pensamento sobre café.
08:23Falei, poxa, realmente, eu vou numa prateleira de supermercado, eu olho para café, eu não aprendi a olhar como alimento.
08:30Café e leite são dois produtos que eu aprendi a olhar com preço, né?
08:36Então, é desconstruir uma cultura, uma forma para aprender algo novo, né?
08:43E eu achei isso um desafio muito gostoso, porque me leva, me proporciona trabalhar com origem.
08:50Como eu venho do interior, minha família trabalha em fazenda, é um ambiente que eu gosto muito de conviver, me sinto muito à vontade.
08:57E é onde a gente consegue também trazer um pouco de social quando a gente ajuda a trabalhar as famílias do interior.
09:07Sim.
09:07Então, foi mais um plus que me fez ter essa vontade de entrar nesse mundo, na verdade, nesse Brasil do café especial.
09:16Sim. E você faz um trabalho de caçar mesmo café, de caçadora de café, uma garimpadora, né?
09:27Como que é isso? Como que é esse trabalho?
09:29E quais são os critérios que são importantes para você conseguir realmente identificar e trazer aqui para Belo Horizonte o que tem de mais, de melhor, de mais interessante, né?
09:40Para mim, no início, foi um desafio, porque em 2020 iniciou a pandemia e foi quando eu fiz o plano de negócio e foi quando eu aluguei um ponto para iniciar uma reforma sem saber quando a gente poderia abrir.
09:55Então, o meu primeiro contato com o produtor foi via telefone.
10:00Telefone mesmo, ligação.
10:01Telefone mesmo, ligação. E muito aquela coisa do mineiro.
10:05Ah, eu conheço fulano que tem fazenda de café, você quer conversar com ele?
10:10Então, nesse trabalho de indicações, a gente foi conversando.
10:16E foi assim que eu encontrei os produtores.
10:20E eu posso dizer que até hoje, 80% dos produtores que a gente entrou em contato em 2020 estão até hoje no Elisa.
10:29O que é o grande trabalho e é o que me faz também ter uma parte pessoal do prazer junto com o profissional?
10:37É poder construir relacionamentos, né?
10:40Saber que hoje o que a gente constrói no café especial, principalmente na cultura de Belo Horizonte, é muito educacional.
10:50A gente está com as cafeterias, né?
10:52Ajudando a ensinar as pessoas a valorizar esse produto que é o café especial.
10:58Então, pra mim, só tem valor eu comprar um café de quem eu conheço, de quem eu sei a origem, quais são os cuidados sustentáveis mesmo, né?
11:12De utilizar, se precisar usar um fertilizante, um IDA, que a gente fala, mas com as carências certas, caso necessário, porque a gente vai consumir o alimento, né?
11:24Então, pra mim, quando eu tomo uma xícara de café, que eu sei a origem do café dentro da xícara, pra mim é mais gostoso.
11:31Com certeza.
11:33E quero voltar um pouco nesse ponto em que você fala que enxerga o café como alimento, né?
11:39E eu já vi você falar que você compara com o trabalho na cozinha mesmo, profissional, e fala que o mise en place começa no campo.
11:51O mise en place que é aquele momento de preparar as coisas que vão ser, que vão pro prato, né?
11:58Como é que você enxerga isso? Se é dessa forma mesmo, né?
12:02É dessa forma. Quando eu voltei de Paris, eu trabalhei na cozinha no Rio de Janeiro, da Roberta Sudbrach, né?
12:11E isso é uma frase dela, que ela já fala há mais de 15 anos sobre o mise en place, começar no quintal, seja de casa, do produtor, né?
12:22E eu consegui perceber muita verdade nisso dentro da cozinha dela, e quando eu comecei a andar no café, não foi diferente, né?
12:30Um solo bem nutrido, né? Plantas fortes, elas conseguem sobreviver mais em momentos de desafio, e elas conseguem carregar, né? Um sensorial.
12:42É um ponto muito interessante, porque tem pessoas que ainda não valorizam o tema sustentabilidade no ponto ambiental.
12:52Ah, o que importa pra mim no final é a xícara ou o sensorial.
12:55Mas, na verdade, pra você ter um café de qualidade, você tem que ter uma terra de qualidade, né?
13:02Então, avaliar o ambiental a médio prazo faz você ter uma constância de lotes que você recebe, que a gente recebe de um produtor, né?
13:12Esses produtores que a gente tá desde 2020 recebendo os cafés dele, então esse é o quinto ano que eu estou recebendo,
13:19eu consigo ver as constâncias nos lotes, não só de perfil sensorial dos lotes específicos de uma parte da fazenda,
13:29assim como são com os vinhos, né? As glebas da fazenda, mas também a constância de vida do grão verde,
13:36porque o grão verde, ele cai muito rápido, o sensorial do café.
13:42Então, a gente fala que um grão verde, o ideal é consumir dentro de um ano, mas ele bem armazenado,
13:49dois anos, dois anos e meio, ele segura muito bem o sensorial.
13:53Mas isso depende de como ele foi feito lá no campo.
13:56E o seu trabalho é mais focado em Minas mesmo?
13:59Hoje eu priorizo Minas, por ser o nosso estado, é onde eu consigo estar mais presente nas fazendas.
14:08Então, anualmente, eu vou nos produtores, alguns produtores eu não consigo ir todo ano, mas a cada dois anos eu vou.
14:16Então, isso significa que você conhece todos os produtores?
14:20100%.
14:21100%?
14:21100%
14:22Que legal.
14:23Então, um café pra entrar no Elisa, como diz o bom mineiro, você é feed cake.
14:29A gente precisa ir lá, né? Conhecer, porque o que a gente faz é relacionamento.
14:35Sim.
14:35O café é consequência. Então, se eu não conhecer o produtor e se a gente não tiver os mesmos valores, a gente não vai conseguir construir isso.
14:45Sim.
14:45O café, ele vem falando de parte comercial, de origem de um produto que é commodity, negociado em bolsa, né? O café tradicional.
14:54Então, o que se aprendeu a fazer base de preço de café foi especulação de bolsa.
15:00Então, pra você começar a tentar criar um comércio que seja mais ganha-ganha pro produtor e pra quem compra o grão verde,
15:10você precisa começar a estabelecer parceria, porque a gente vai começar a conversar de temas que não eram ditos antes, né?
15:18Sim.
15:19Em relação a preço, em relação a ambiental.
15:24Então, a gente precisa criar parceria, senão a gente não tem essa constância e não constrói algo de longo prazo.
15:30Sim. E é natural que o trabalho se concentre aqui, porque, pra quem não sabe, Minas é o estado que mais produz café no Brasil, né?
15:40Então, temos essa particularidade aí do volume mesmo. E, em consequência, também temos muita qualidade, né?
15:46Temos muita qualidade, Minas, se fosse um país, era o maior produtor do mundo de café.
15:54Então, a gente precisa aprender a valorizar o que a gente tem na nossa terra.
16:00É até interessante, vou fazer um comentário saindo um pouco do café, nessas minhas andanças,
16:07eu acabo descobrindo pequenas joias gastronômicas dentro do Brasil.
16:13E, hoje, a gente tenta trazer um pouco disso pra dentro da cafeteria.
16:18É muito mais com o intuito de mostrar pros clientes que existem algo a mais dentro do Brasil.
16:25Sim.
16:25Então, hoje, a gente tem meles de abelhas nativas sem ferrão, que a gente conheceu em Mucugê, na Bahia.
16:32Fiquei encantada com o trabalho do Adriano, eu trouxe o mel dele pra cá.
16:36É uma coisa muito insignificante, mas é uma forma da gente falar de terroir e conseguir ajudar a divulgar isso.
16:43Hoje, tem o chocolate, que a gente também tem trago de Ilhéus, fez uma parceria com os produtores que já estão na quarta geração produzindo cacau.
16:53Cacau tem muita semelhança com o café em processos.
16:58Então, a gente tem grandes joias dentro do Brasil, que a gente desconhece.
17:03Essas minhas viagens e andanças no Brasil são, de fato, pra conhecer um pouco mais, adquirir mais bagagem.
17:11Infelizmente, nem todos os produtores que eu conheço hoje, a gente consegue fazer negócio, né?
17:18O Ilhéus ainda é uma empresa pequena, então o nosso volume não é alto ainda de compra.
17:23E a gente sempre prioriza comprar dos produtores que estão com a gente desde o início.
17:28Mas eu acho importante andar pra poder conhecer, estabelecer relacionamento e, de fato, entender como funciona essa produção.
17:38E cada vez que eu ando, eu fico mais impressionada o quanto a gente desconhece, o quanto eu desconheço de realidade de café e de outras produções.
17:48Porque o Brasil é muito diverso.
17:50Muito. E falando nas joias do Brasil, temos também o pão de queijo, né?
17:56Eu quero aproveitar e mostrar aqui pra vocês o nosso conteúdo.
17:59A gente publicou recentemente essa matéria mostrando lugares na Europa que vendem pão de queijo.
18:06Brasileiros e mineiros que levam o pão de queijo pra outros lugares. Muito legal.
18:11E temos também aqui essa matéria, aproveitar e mostrar pra vocês, mostrando quais são as possibilidades de uso do micro-ondas na cozinha.
18:21Que ele não é só pra esquentar, não, viu?
18:24Leiam aqui a matéria que vocês vão descobrir que tem várias outras possibilidades de uso com esse equipamento que, certamente, todo mundo tem na cozinha.
18:32E no nosso site, em.com.br, barra degusta, você encontra matérias, novas matérias, todos os dias com o que temos de notícias de gastronomia.
18:43E, voltando aqui, Ana, eu quero que você me conte em que momento que você entendeu que era a hora de abrir, de fato, uma cafeteria e se mostrar pro público, né?
18:54E servir as pessoas com esses cafés que você foi descobrindo ao longo dessa trajetória.
18:59Pô, pergunta.
19:01Até eu me faço pergunta dessa loucura até hoje.
19:07Empreender é uma loucura, né?
19:09Empreender é uma loucura.
19:11Mas a gente não desiste, é muito bom.
19:15Eu queria trabalhar com gastronomia e eu queria trabalhar com origem, com campo.
19:20E o café, a gente tem ainda um espaço muito grande pra poder ajudar a desenvolver, contribuir com a cadeia e fazer parte do negócio, né?
19:32Mas tem que ter uma coisa que chama paciência.
19:36Porque a gente não muda uma cultura dentro de um ano, de dois, de cinco.
19:42E esse trabalho do café especial é um trabalho de cultura.
19:47Nem sempre quem tem o maior poder aquisitivo, falando em cafeteria, é quem mais consome o café em cafeteria.
19:56Hoje a gente vê muitos jovens, né?
19:58Que às vezes estão iniciando a vida, estão numa faculdade.
20:03E eles, às vezes, já conhecem mais o produto e valorizam mais o produto.
20:07Então, a cafeteria proporciona pra essas pessoas a possibilidade de beber a bebida líquida.
20:13Às vezes, nem todos conseguem levar o grão pra consumir em casa, né?
20:18Quando a gente fala de café especial, hoje é, de fato, um mercado de luxo.
20:24Não é qualquer um que tem acesso pra poder comprar esse tipo de grão.
20:28A grande população, hoje, infelizmente, com essas altas, é quem mais sofre com a qualidade, com o produto que tem.
20:36Mas me encanta esse trabalho de poder ter origem, de contribuir de alguma forma pra comunidade, aonde eu vivo, né?
20:45E ver isso crescer e desenvolver.
20:48Então, é um trabalho que ele não tem um viés só comercial e financeiro.
20:56Lógico, isso é muito importante.
20:58Sim, claro.
20:58Até falando em sustentabilidade, um dos pilares é econômico, então a gente precisa dele.
21:04Mas ele é de muita paciência, porque ele vem muito devagar junto com o negócio.
21:10Mas é uma cadeia que a gente constrói junto muito forte também.
21:14É de relacionamento, de qualidade, de pessoas.
21:18E isso tem um...
21:19Hoje, pra mim, isso tem um grande valor.
21:20E além da variedade de grãos, você também tem na cafeteria uma variedade de métodos de preparo do café, né?
21:29Eu queria que você falasse um pouco dessas opções, como é que você apresenta essa variedade que envolve um único produto, que é o café, mas mostrá-lo de várias formas.
21:40E, inclusive, já quero que você aproveite e fale sobre esses outros produtos, que não são necessariamente o café, a bebida ali, como a gente conhece do formas tradicional, né?
21:53Outros produtos que tem o café, que você acaba agregando ali no seu cardápio e mostrando que tem outras possibilidades, além da bebida na xícara.
22:02A gente quis descomplicar um pouco, tá?
22:06Pro consumidor conseguir se sentir mais confortável no momento de pedir o café.
22:12Então, a gente reduziu muito a questão de métodos, porque a gente percebe que as pessoas olham, olham, olham pro menu e não conseguem...
22:21É escolha na sorte, unido, unite, vou nesse.
22:24Então, a gente prefere muito mais tentar conversar com o cliente e orientar ele.
22:33O que você gosta? O que você toma em casa?
22:35Legal.
22:36E aí, com essa percepção, a gente traz de forma leve como a gente acha que pode ser melhor pra ele consumir o café.
22:45Em relação a coados, cafés coados, que é o que o mineiro tanto ama, que a gente tanto ama, a gente tem só dois métodos de preparo.
22:54Um que traz um pouquinho mais de intensidade, de corpo e um mais delicado.
22:59Então, a gente vai nessas duas vertentes.
23:02Fora isso, a gente tem uma máquina automática profissional que coa o café, que é o que a gente chama Bat Brew.
23:08E é muito legal fazer isso, porque é muito universal.
23:12Hoje, América, Europa, quando você anda nessas cafeterias de qualidade, todas tem no menu Bat Brew.
23:20Então, turistas, todo mundo consegue identificar.
23:23Ele é um café de excelente qualidade, porque é o mesmo grão, mas ele é coado automático e fica numa garrafa.
23:30Então, ele é um café que tem um custo melhor, porque ele não tem uma hora homem passando coando o café e preparando.
23:37Então, é só apertar um botão?
23:39É só apertar o botão, coa na garrafa térmica, a gente fecha a garrafa e tira da própria garrafa o café na xícara direto.
23:47Igual a gente faz em casa, quando coa e deixa na garrafa.
23:50Fora isso, a gente tem a máquina de expresso, que é onde extrai o café expresso.
23:56E dessa máquina, a gente pode fazer um leque de bebidas com café expresso.
24:01Bebidas geladas, bebidas quentes, com adição de leite, ou bebida vegetal, ou água tônica.
24:09Então, ela dá essa diversidade.
24:12E um outro tipo de café que a gente tem é o Cold Brew.
24:16Cold Brew é um café extraído a frio.
24:19O que é isso?
24:20É um grão que ele é moído um pouco mais grosso, porque ele vai ficar em contato com a água.
24:24É água fria, entre 12 e 16 horas.
24:29Depois desse tempo de contato, que a gente vai coar o café.
24:33A cafeína, ela é solúvel em água.
24:36Então, ele é um café que tem um teor muito alto de cafeína.
24:40É uma bebida, pode-se dizer, energética.
24:43Então, ao invés de você tomar um energético artificial, se você quer algo que te dê energia, você pode tomar um Cold Brew.
24:49Você pode tomar com leite, enfim, com o que você gostar de fazer o mix junto com o café.
24:56Então, é muito interessante essa bebida.
24:59A gente tem falado muito de saúde.
25:01A gente tem um público de cliente que é muito preocupado com saúde, com fazer esporte.
25:08Então, a gente tem tentado trazer essas opções, ao invés de tomar algo artificial para dar energia também na hora de fazer um esporte.
25:16Tá. E você lançou um cardápio de matcha, que fez o maior sucesso, inclusive, né?
25:24E que eu vi que você parece que você manteve alguns.
25:27Ele não está todo, mas manteve.
25:29E me fala um pouco desse produto.
25:32Vamos explicar para quem não conhece o que é o matcha.
25:35E de que forma que ele agrega essa experiência na cafeteria, né?
25:40O que ele traz para essa experiência?
25:42O matcha, ele é muito importante para a gente, porque ele traz um público muito jovem.
25:48Legal.
25:49Adolescente.
25:50Adolescente, então?
25:51Adolescente.
25:51Olha.
25:52É.
25:53Então...
25:53Porque é uma coisa que está na moda, então isso chama atenção pelo...
25:57Está na moda.
25:58Hoje, quando você entra em mídias digitais, você vê muito no mundo as pessoas consumindo, tirando foto, com a bebida na mão.
26:07Então, isso cria uma curiosidade dos jovens que acompanham.
26:12E foi um dos motivos que a gente trouxe.
26:14Como que a gente traz o jovem para dentro da cafeteria que não é acostumado a tomar o café?
26:21Bom, se a gente está falando em inclusão e fazer parte de comunidade, a gente precisa abrir a cabeça e trazer algo que agrade eles de consumir ou de vir junto com o familiar e poder tomar algo que goste, né?
26:34Não ser monótono.
26:35Ah, eu estou indo numa cafeteria.
26:36Sim.
26:37Foi daí que veio uma chá.
26:39Tem a Paula, que é uma mineira, que é a única mulher que tem o título da cerimônia do chá no Japão.
26:47Olha que legal.
26:47Ela é daqui de Belo Horizonte.
26:49E a gente encontra muito para conversar sobre bebida.
26:53Ela me apresentou uma chá de qualidade, que ele é... ele chega no Brasil direto de um produtor japonês.
27:00E eu encantei com essa história também, esse produtor que queria colocar o produto aqui dentro.
27:06Mas por que não? Vamos tentar então.
27:08Sim.
27:08O machá, ele é o chá verde macerado em pó e normalmente existe uma cerimônia do machá no Japão, existe até escola para estudar sobre isso.
27:20É algo muito forte na cultura e ele tem graus de qualidade.
27:24A gente consegue perceber muito grau de qualidade quando a gente tem a oportunidade de provar diferentes graus e um indicador de qualidade é a cor, o visual.
27:36Porque ele é verde mesmo, né?
27:38Então, quanto mais for um verde vivo, mais forte, melhor é a qualidade do machá.
27:45Quanto mais amarronzado ele for, menos qualidade ele tem.
27:50Olha a dica boa aí.
27:51É uma ótima dica.
27:53E o que você sugere, por exemplo, então, para quem for na cafeteria beber?
27:57O machá?
27:58É.
27:58Ai, quem gosta de bebidas que tem doçura, doce, a gente tem um machá com morango.
28:05Olha que isso.
28:06A gente faz um sírupe de morango da fruta fresca mesmo, não é lisa?
28:10A gente não usa sírupes artificiais lá e ele é muito gostoso, porque você toma o machá que ele tem um gosto verde mesmo.
28:19Sim.
28:19E você pega um pedacinho da fruta fresca, do morango fresco, morde o morango, um pouquinho da acidez do morango.
28:27Então, ficou muito gostoso.
28:28Uma combinação boa, legal.
28:30E falando das comidas, você seguiu uma linha das quitandas mineiras, né?
28:37Então, tem broa de fubá, tem o biscoito de queijo, que inclusive é a receita da sua mãe, né?
28:42E me conta por que você decidiu seguir esse caminho, né?
28:47Para poder fazer a combinação com o cardápio de bebidas.
28:52Eu quis trazer também origem Minas, né?
28:57E o que me agrada no dia a dia de comer?
29:01Eu sou mineira.
29:03Então, por que a gente vai tentar inventar a roda de trazer algo tão diferente
29:10se o que a gente mais gosta de consumir no dia a dia é o que a gente consome normalmente em casa.
29:17O do dia a dia.
29:18E foi daí que veio essa história.
29:21A gente até, na Rua Sergipe, tinha uma loja maior da cafeteria.
29:26Eu fechei essa loja, tem dois meses no máximo.
29:30E eu voltei para outra loja nessa mesma rua, que é uma loja muito pequena.
29:34Porque eu fiquei muito incomodada de começar a ser avaliada como casa de brunch.
29:40E essa pressão de desenvolver cozinha, pratos elaborados.
29:45E esse não é o nosso foco.
29:46O nosso foco é falar de café, servir café e trazer um complemento junto para quem está consumindo café.
29:54Então, o café é o protagonista.
29:56O café é o nosso protagonista.
29:58A gente é, de fato, uma cafeteria.
30:01A gente serve café e tem algumas comidinhas para poder acompanhar.
30:05E a gente recebe muito turista.
30:07Tá.
30:08Então, o turista, quando ele chega, ele também quer comer algo local.
30:12Sim.
30:13E aí, eu vou servir um avocado toast?
30:16Para mim, não faz sentido.
30:18Ontem, eu até tive uma relação muito gostosa com a cafeteria.
30:22A gente estava fazendo um treinamento de integração com a colaboradora nova.
30:26E aí, eu sentei com ela para tomar café.
30:29E na hora que eu entrei na cafeteria, estava aquele cheiro de casa.
30:32Que estava o cheiro do bolo de fubá, com o cheiro do biscoito de queijo assando.
30:36E o cheiro do café coando.
30:38Falei, é isso.
30:39É isso que a gente quer trazer.
30:41A nossa experiência é essa.
30:43Sentiu que assim, era missão cumprida.
30:46É isso que eu queria fazer e estou fazendo, né?
30:49Exatamente.
30:50E o biscoito de queijo que você falou, hoje ainda é minha mãe quem produz.
30:54Hoje, a gente não produz ele na cafeteria.
30:56Ah, gente.
30:58Olha só que coisa exclusiva.
31:00Então, ela cata os ovos lá, a caipira.
31:03Por isso que a gente não consegue fazer igual aqui, né?
31:07O ingrediente dela lá é melhor.
31:09Semanalmente, a gente recebe as rodas de queijo.
31:12Fica curando o queijo.
31:14No mínimo, 20 dias.
31:16Para poder ralar o queijo.
31:17Então, ela faz esse processo todo na fazenda.
31:20Para poder produzir o biscoito.
31:22Tem épocas que acaba.
31:24Tem épocas que eu falo, ó, minha fornecedora tirou férias esse mês.
31:28Não tem biscoito.
31:30É a fornecedora, no caso, a sua mãe.
31:32Minha mãe.
31:34Vamos fazer uma pausa aqui para chamar o Lucas Castro.
31:38Ele é o chefe do restaurante Dalgrano.
31:41É o restaurante italiano na Pampulha.
31:43E ele vai contar para a gente quais são os lugares onde ele gosta de ir para comer e beber quando ele está de folga.
31:48Lucas, conta para a gente quais são os seus lugares preferidos.
31:53Fala, turma.
31:54Aqui é o Lucas Castro, chefe executivo do restaurante Dalgrano, que fica na Pampulha.
31:58E hoje eu vou contar para vocês um pouquinho de onde eu gosto de ir quando estou de folga.
32:02Eu tenho um grupo com a minha esposa e amigos de restaurantes e bares.
32:06Mas alguns ficam sempre na memória.
32:08Comida afetiva mineira, raiz caipira.
32:11É o caipira chique que fica em Venda Nova.
32:14Um ambiente bem aconchegante.
32:15E pratos para compartilhar entre famílias.
32:18Muito gostoso.
32:19Um ambiente mais descontraído.
32:21Quando a gente gosta de ficar mais à vontade.
32:22A gente vai para o Mercado Novo na Cozinha Tupis.
32:25Também gosto bastante da comida afetiva.
32:27Aquele esquema de sentar no balcão.
32:30Muito legal também.
32:31Tem o Bar do Padrim que fica no Carmo.
32:33Esses dias, mesmo eu estive lá com a minha esposa.
32:37Tem uma batata frita que a gente até hoje vai lembrando.
32:40Com mel fermentado.
32:40Muito gostoso.
32:41Um coração de pato de tirar gosto.
32:44Excepcional.
32:44E também, ali no Lourdes, o Ninita, do Léo Paixão.
32:48Uma cozinha italiana afetiva.
32:51Também é um nicho que eu trabalho e gosto bastante.
32:54Sempre que fui lá, fui muito bem aprendido.
32:56E super feliz.
32:57É isso aí.
32:58Obrigada, Lucas, pelas suas dicas.
33:02E não vou perder a oportunidade de perguntar para a Ana.
33:04Então, conta para a gente.
33:06Dá algumas dicas de lugares que você gosta de ir.
33:09Que não seja cafeteria.
33:10Claro, nas suas horas de folga.
33:13Eu sou uma amadora do Mercado Central.
33:16Olha!
33:17Eu acho aquele lugar sensacional.
33:20Que legal.
33:21E é um mercado que, de fato, não é só para turista.
33:24A gente que mora convive muito.
33:26Sim.
33:27Inclusive, tem um lugar que eu costumo almoçar no Mercado Central.
33:31Que eu adoro.
33:32Que é o Jorge Americano.
33:34Ah, conheço.
33:35Ele é fora do tumulto.
33:38E terça-feira tem frango ao molho pardo.
33:40Eu sempre vou lá comer um frango ao molho pardo.
33:44O café também sabiá.
33:46O pão de queijo dele é excepcional.
33:48E o bolo dele, de broa de fubá.
33:51Eu gosto muito dessa referência mineira mesmo.
33:54Então, para mim, o Mercado Central é excepcional.
33:58Ah, ótimas dicas, hein?
33:59O mercado é o mundo, né?
34:00Já é uma dica batida, né?
34:02Porque todo mundo vai, mas...
34:04É maravilhosa.
34:05É maravilhosa.
34:06E você andando ali por aqueles corredores,
34:09você vai encontrando outras coisas que você não estava nem esperando, né?
34:12E, de repente, você acha uma coisa legal, né?
34:15Ah, e o docinho de minifigo, o doce de leite, né?
34:20A própria queijaria hoje que tem lá dentro.
34:24Então, são produtos muito bons.
34:27E acabou que a gente não falou dos outros produtos que você tem,
34:31que não são a bebida em si, com o café, né?
34:34Para onde que você leva o café, que não seja só na xícara, né?
34:39Para a pessoa ter oportunidade de ter esse sabor em outros produtos.
34:43A gente costuma lançar algumas comidinhas temporárias, sazonais.
34:48A gente já lançou bolo de chocolate com uma calda de chocolate
34:52que tinha um toque de café para trazer uma intensidade.
34:56A gente já fez uma bebida de tiramisu.
35:00E, recentemente, a parceria com o chocolate da Ju Arleu,
35:06que foi uma menina que é filha de produtor de cacau.
35:10Ela é uma criança, né?
35:11Ela é uma criança.
35:13Hoje, ela não tem mais sete anos.
35:15Mas, quando ela iniciou, ela tinha sete anos.
35:19Eu imagino que hoje ela deve ter uns doze anos.
35:22Tá.
35:23Mas, ela pediu o pai para poder dar o equipamento que mói, né?
35:28O cacau, depois de seco, para produzir o chocolate.
35:32Então, é maravilhoso.
35:34Uma menina de sete anos, querer empreender, produzir algo.
35:38E entender que tinha valor o produto, né?
35:40Hoje, a gente vende o chocolate da Ju Arleu.
35:43Os tradicionais, alguns, que ela já vende no mercado.
35:48Mas, eles toparam produzir para a gente barrinhas de chocolate.
35:5455%, que é mais intensa, com o nosso café.
35:58Então, a gente manda o café para eles e eles produzem a barrinha.
36:02E ao leite, que a gente chama de café ao leite.
36:04Que é o cafezinho mineiro em barra de chocolate.
36:07Muito legal.
36:08E, fazendo de novo essa transposição da gastronomia para o café, essa relação.
36:14Dá para a gente falar em harmonização quando se trata de café, bebida, né?
36:20A gente pode fazer junções aí para que a experiência seja mais interessante?
36:24Pode, pode fazer muita experiência.
36:29Infelizmente, hoje, no espaço da cafeteria, às vezes, eu não consigo fazer o que eu gostaria de fazer.
36:36Mas, eu já fiz em eventos para cliente, que é a harmonização de queijos, por exemplo.
36:42Ah, maravilhoso.
36:44Porque o café, o processo de secagem dele, também ajuda a trazer identidades de sabor, né?
36:50Então, a gente fala hoje, um café lavado, um café natural, um café fermentado, um cereja descascado.
36:58São as formas em que a semente é colocada para secar.
37:01Tá.
37:01Então, alguns trazem mais intensidades.
37:04Agulçam algumas notas, né?
37:06Então, com essas intensidades do café e com o tipo de nota, a gente consegue fazer a harmonização dele, sim.
37:14Olha, a gente já está sentindo um cheirinho de café delicioso.
37:19Então, a gente vai montar aqui a mesa para ter essa experiência do café da Elisa.
37:25Café.
37:26E a gente já volta com essa mesa montada.
37:28Espera só um minutinho.
37:29Já estamos aqui com a mesa montada.
37:32Ana, olha só, eu queria muito que você estivesse sentindo todos esses cheiros maravilhosos do café, principalmente, né, Ana?
37:39Então, vamos para a degustação?
37:42Vamos.
37:43Vou te contar as origens que a gente tem aqui na mesa.
37:46Quero saber tudo.
37:47A gente vai começar com o café.
37:49Vamos no cafezinho.
37:50Ele é um café da Chapada de Minas.
37:54A Chapada de Minas hoje fica no Vale do Jequitinhonha, que é norte de Minas.
37:59É um local que muitas pessoas desconhecem como produção de café, mas tem cafés de excelente qualidade.
38:08Esse é um café natural, que tem um pouquinho de toque de fermentação.
38:13Então, essa intensidade, um pouquinho mais de sabor, talvez alguma fruta que você sinta,
38:18vem desse processo de secagem que traz um pouquinho de fermentação.
38:22E foi, ele é do Sérgio Meirelles, da Fazenda Alvorada, que foi a primeira pessoa que me deu crédito por telefone de vender café.
38:32Então, esse merecia estar até o...
38:34Merece.
38:34Serginho merece qualquer coisa na Elisa.
38:38Gente, além da bebida que está aqui dentro, a gente tem que falar dessa belezura que é essa xícara.
38:43Olha que coisa linda.
38:44Inclusive, a Ana estava me contando aqui que essas folhas são de café, né?
38:49Me conta um pouco de como é que foi o desenvolvimento dessa estampa linda.
38:54Ah, pois é.
38:56Eu gosto sempre de trazer pessoas para junto dos projetos que eu faço.
39:01Esse desenho foi feito pela Luma.
39:04Ela, inclusive, participou desses programas de gastronomia, Masterchef.
39:09Mas ela é uma artista.
39:11Ela faz tatuagem e ela faz desenhos.
39:13Ela é daqui.
39:14Ela é de...
39:15Hoje ela mora em Belo Horizonte, mas ela é de Pará de Minas, que é do lado da minha cidade.
39:19Ah, que legal.
39:20É, então, a gente gosta muito disso, né?
39:23O mineiro tem essa questão de sempre privilegiar.
39:28Ah, conhece seu pai, conhece sua mãe, vamos fazer algo junto.
39:31E daí surgiu a ideia de fazer com a Luma.
39:34A gente pegou algumas fotos.
39:36Essas folhas de café, a gente pegou de inspiração de fotos de fazenda mesmo, que a gente visita.
39:42E aqui na parte da frente da caneca, ela trouxe como referência até o biscoito de queijo, que é um símbolo hoje, que é um dos produtos que mais vende na cafeteria.
39:54Fica sempre brigando no primeiro e segundo lugar.
39:56O biscoito e o bolo.
39:57Olha, eu já peguei o meu aqui.
40:00E a gente até comentou sobre ele antes, que é uma receita da sua mãe e feita pela sua mãe, inclusive, lá no interior.
40:09Então, conta um pouco mais da história dessa receita.
40:12A gente, falando em quitandas de Minas, que é muito diversa, e cada região de Minas tem uma quitanda específica, a gente sempre descobre isso.
40:24Essa é uma quitanda da minha região, que mesmo dentro da própria cidade, Pitangui, tem receitas diferentes.
40:32Mas a receita da minha casa a vida inteira foi essa.
40:34Eu como esse biscoito desde que eu me entendo por gente, então tem o mesmo sabor.
40:41E é muito interessante, porque Minas é muito conhecido pelo pão de queijo.
40:46E o biscoito de queijo que a gente vê hoje no mercado, nada mais é do que uma massa de pão de queijo enrolada em outro formato.
40:55Porque o que é a grande diferença na quitanda do biscoito de queijo para o pão de queijo?
40:59É como você lida com o polvilho.
41:03Isso não é uma massa de polvilho escaldado.
41:06Então, é um biscoito que ele esfarela um pouco, ele é um pouquinho mais seco.
41:10Ele não tem aquela textura que tem o pão de queijo mais esponjosa.
41:15Sim, mas todo mundo ama, né?
41:17Você está falando aí que é um dos produtos mais vendidos, né?
41:20Todo mundo ama.
41:22É o que eu brinquei, às vezes minha mãe sai de férias ou não vai poder produzir.
41:27Os clientes do dia a dia que comem todo dia ficam loucos.
41:31Cadê o biscoito?
41:32Ah, espera, daqui a um mês chega de novo.
41:34E imagina o orgulho de sua mãe, né?
41:36De ver tudo isso com uma receita dela, né?
41:39Muito, muito.
41:40Ela fica muito feliz com isso, porque ela é uma legítima mineira que gosta de servir o outro, né?
41:47Esse nosso trabalho é muito de servir o outro.
41:49Então, quando ela chega na cafeteria e alguém fala, e ela ouve as pessoas falarem,
41:56o biscoito daqui é maravilhoso, pede o biscoito, ela fica muito feliz, porque cada um é feito manual,
42:04enrolado manual, então as mãos delas estão presentes em todos os biscoitos que a gente pega e come dentro da cafeteria.
42:11Que lindo.
42:12E aproveitando para levantar um tema polêmico que a gente está tomando, vocês devem estar vendo aí,
42:18sem açúcar, sem adoçante, sem nada.
42:20O café puro.
42:22É o jeito melhor mesmo se a gente quer sentir o sabor, né?
42:26Do café.
42:26Mas, aqui não tem ninguém que vai deixar, se alguém quiser açúcar, tudo bem na cafeteria.
42:31Como é que é isso lá?
42:33Tudo bem.
42:34A gente tem que ter prazer com a bebida, né?
42:37E eu costumo dizer que a gente toma café por vários motivos diferentes ao longo do dia.
42:45A gente toma um café de manhã em casa, rápido ou longo, porque a gente precisa da cafeína.
42:52Tem pessoas que tomam por prazer em coar o café.
42:57Tem pessoas que tomam pós-almoço para também ter uma energia de cafeína.
43:02É um momento, o café, ele tem muito cenário de unir pessoas.
43:07Então, você utiliza do café para poder fazer uma reunião, começa com o assunto, ah, vou te servir um café.
43:14Então, ele tem vários cenários ao longo do dia para a gente.
43:18Tem um momento que é a cafeína, o momento do prazer, o momento do alimento que você toma com leite para ser uma refeição.
43:26Então, ele tem essa diversidade, a gente não pode tirar.
43:28E isso aí é um bolo ou uma broa?
43:33Isso é um bolo.
43:35A gente chama de bolo em casa, bolo de fubá.
43:39Então, ele é um bolo de fubá de moinho, com bastante queijo, queijo da canastra, ralado nele.
43:47A gente rala o queijo muito fininho, então, às vezes, vê umas partes um pouquinho mais brancas na fatia.
43:54Isso é o queijo, mas a gente não vê lascas de queijo nesse bolo.
43:57Quero um pedaço, claro, vamos lá.
44:03Olha só que lindo, olha a cor.
44:07E a gente estava comentando aqui das fatias perfeitas, olha o corte, isso vem da gastronomia, né?
44:13Isso vem de muita transpiração, para acertar tudo na mesma medida.
44:19E essa receita também é de família?
44:22Também, também é de família, é o bolo que faz na minha casa.
44:26Que a sua mãe faz?
44:27Que a minha mãe faz em casa, exatamente.
44:31E o que mais que você pode contar para a gente, então, das quitandas que você tem lá no seu cardápio?
44:38Você tem pão de queijo também, né?
44:40A gente tem pão de queijo, também é feito na cafeteria.
44:44A gente tem alguns bolos que são feitos com farinha de amêndoa, porque tem um público hoje que não quer consumir farinha de trigo.
44:55Esse bolo de fubá, ele tem um pouquinho, para dar essa textura fofa nele, de farinha de trigo.
45:01Mas é muito pequeno o nosso menu hoje.
45:05A gente faz alguns brigadeiros também, nem acho que o nome deveria ser brigadeiro, porque não é o tradicional de chocolate.
45:11A gente faz um de queijo, onde a gente põe queijo do cerro e da canastra e recheia com goiabada.
45:18E um de caramelo salgado, para trazer hoje essa história do docinho um pouco pequeno pós-almoço.
45:26Foi uma demanda que a gente foi descobrindo, ao longo da cafeteria aberta, dos clientes que passavam de pegar algo pequenininho mesmo.
45:36A gente tem esse costume, na verdade, o mineiro, de comer um docinho pós-almoço.
45:41E a gente sabe que esse mercado do café já evoluiu bastante aqui no Brasil.
45:47Eu acho que muita gente entende hoje que o que a gente tem no supermercado, dessas marcas de grande escala,
45:57são cafés de baixíssima qualidade, são torrados, que a gente nem sente realmente o sabor e tal.
46:05Mas, ao mesmo tempo, a gente ainda tem um caminho para percorrer de educação desse público, de conhecimento, de apresentar.
46:12Eu queria que você me falasse um pouco o que você tem feito para poder levar mais conhecimento para as pessoas,
46:19para elas entenderem mais sobre o café e como que a gente consegue chegar nesse ponto mesmo,
46:25em que as pessoas vão conseguir identificar um café bom e vão ter acesso, claro, que isso também é importante.
46:31A gente começou esse trabalho muito no físico, na cafeteria, de fato, conversando com o cliente,
46:41com muito carinho e cuidado, né, para não impor nada para ele do que ele deveria beber, como consumir,
46:49mas muito mais do que você consome, prova isso, vê se te agrada, não agrada.
46:54Agora, a gente está começando a produzir alguns materiais de vídeos nas fazendas com os produtores.
47:02Então, a gente criou o canal do YouTube do Elisa.
47:05Já tem alguns vídeos lá em que a gente traz o bate-papo com o produtor na fazenda, mostra imagens na fazenda.
47:13Como é que as pessoas acessam esse conteúdo?
47:16No nosso canal Elisa Café no YouTube, ela consegue ter o acesso.
47:22Na nossa página no Instagram também tem o link do canal.
47:25E no próprio Instagram, a gente tem tentado trazer vídeos curtos para despertar essa curiosidade.
47:32Quando a gente serve um café coado, que o cliente escolhe o café, o grão, a origem, e a gente vai servir,
47:40a gente serve também com um card.
47:42Esse card sempre tem uma foto da fazenda e atrás do card tem informações do café.
47:50Que legal!
47:50Informações sensoriais, quem é o produtor, de onde ele é.
47:55Então, a gente começa a inserir mais esse caminho, né?
47:59Que é o caminho de não só a torrefação, mas a origem.
48:03Origem, torrefação e você, consumidor.
48:05A gente começa a construir essa cadeia a três mãos.
48:09E a gente ainda tem um caminho longo pela frente?
48:13Muito, muito longo.
48:14Muito longo.
48:15Mas você está firme aí nesse propósito, né?
48:19De levar esse conhecimento, de apresentar para as pessoas, né?
48:22É um trabalho que me deixa muito feliz.
48:27Porque eu tenho a oportunidade de conhecer pessoas extremamente interessantes.
48:32Tenho a oportunidade de trabalhar a origem.
48:35E trazer isso, contribuir com isso para quem está consumindo na ponta.
48:40Então, não é só a questão da qualidade do grão em si, na hora que a pessoa está comprando café.
48:47Por exemplo, no Elisa, mas em outras torrefações de café especial.
48:52Mas a valorização de um produtor que está na origem e precisa sustentar a família.
48:59É muito interessante porque o café vem de origem de escravidão, da época de colonialismo, né?
49:05Então, o custo para quem comprava grão verde era muito baixo.
49:10A gente teve aí na década de 70 uma fase em que gerações do neto e do avô recebiam o mesmo preço na saca desse café.
49:19Mas para a gente falar de sustentabilidade, precisa de tecnologia e precisa de investimento e dinheiro.
49:24Como que a gente vai cobrar a qualidade de um produto se a gente não paga por essa qualidade.
49:30Sim.
49:31Então, temos aí muito trabalho pela frente, né?
49:33Muito.
49:34São discussões muito profundas.
49:37Ótimo.
49:38Ana, eu quero te agradecer muito pela sua presença.
49:41Foi ótimo o papo.
49:42Esse cafezinho está maravilhoso.
49:44E que teremos muitas oportunidades para poder conversar ainda.
49:48Obrigada.
49:48Foi um prazer.
49:49Espero receber vocês na cafeteria e quem estiver assistindo a gente.
49:53e poder falar um pouco mais de café.
49:55Com certeza.
49:56Vamos lá, gente.
49:56Para vocês se conheceram.
49:57Para quem não conhece, é imperdível, viu?
50:00E obrigada pela sua presença também, que ficou com a gente aqui até o fim.
50:04E em breve a gente tem um novo episódio.
50:07Tchau.
50:07Tchau.
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