Chef Henrique Gilberto fala sobre gastronomia e projetos internacionais no podcast Degusta
O chef Henrique Gilberto, à frente do Grupo Viela, decidiu enraizar sua carreira em Belo Horizonte após uma trajetória internacional que inclui uma passagem pela Itália, onde trabalhou com o renomado chef Massimo Bottura. O Grupo Viela reúne restaurantes como Cozinha Tupis e Juramento 202, estabelecendo-se como referência na cena gastronômica local. Esse relato foi compartilhado em um bate-papo no podcast Degusta, do Jornal Estado de Minas.
Henrique é um defensor da autenticidade na cozinha brasileira. Seus cardápios são frutos de pesquisa histórica e valorização dos ingredientes locais. Pratos como a tulipa com paçoquinha se tornaram fenômenos, refletindo sua proposta de resgatar e reinterpretar a cultura popular brasileira. Ele critica a busca por status na gastronomia e enfatiza a importância de emocionar através da comida: "A gente precisa se emocionar para emocionar o outro".
Após uma experiência nas Olimpíadas de Paris, Henrique retornou com o objetivo de levar um boteco brasileiro para o exterior, destacando a simplicidade e elegância da culinária brasileira. Ele convida todos a celebrarem a mesa mineira, reconhecendo a riqueza cultural e gastronômica de Minas Gerais.
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#HenriqueDeHumberto #GastronomiaMineira #CozinhaTupis
O chef Henrique Gilberto, à frente do Grupo Viela, decidiu enraizar sua carreira em Belo Horizonte após uma trajetória internacional que inclui uma passagem pela Itália, onde trabalhou com o renomado chef Massimo Bottura. O Grupo Viela reúne restaurantes como Cozinha Tupis e Juramento 202, estabelecendo-se como referência na cena gastronômica local. Esse relato foi compartilhado em um bate-papo no podcast Degusta, do Jornal Estado de Minas.
Henrique é um defensor da autenticidade na cozinha brasileira. Seus cardápios são frutos de pesquisa histórica e valorização dos ingredientes locais. Pratos como a tulipa com paçoquinha se tornaram fenômenos, refletindo sua proposta de resgatar e reinterpretar a cultura popular brasileira. Ele critica a busca por status na gastronomia e enfatiza a importância de emocionar através da comida: "A gente precisa se emocionar para emocionar o outro".
Após uma experiência nas Olimpíadas de Paris, Henrique retornou com o objetivo de levar um boteco brasileiro para o exterior, destacando a simplicidade e elegância da culinária brasileira. Ele convida todos a celebrarem a mesa mineira, reconhecendo a riqueza cultural e gastronômica de Minas Gerais.
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NotíciasTranscrição
00:00:00Olá, eu sou Celina Aquino e esse é o Degusta, o podcast de gastronomia do estado de Minas.
00:00:06Aqui você já sabe, nessa mesa a gente se recebe convidados que tem histórias interessantes ligadas à gastronomia
00:00:13e no final a gente termina sempre com comida, claro, então já fica aqui o convite para você ficar até o final
00:00:20e participar dessa degustação com a gente.
00:00:23E no cardápio de hoje, nós temos a valorização da nossa gastronomia de forma criativa e com muito estudo.
00:00:33O nosso convidado, ele teve a chance de fazer carreira fora, ele trabalhou na Itália com ninguém menos que Máximo Bottura,
00:00:41mas ele decidiu ficar, que sorte a nossa.
00:00:45Ele faz parte de um grupo que chegou com todo o gás para mostrar caminhos não convencionais de impulsionar a nossa gastronomia.
00:00:54E ele defende que a nossa riqueza, dos ingredientes, as pessoas, e vocês vão entender bem ao longo da conversa,
00:01:02é o que está no nosso entorno.
00:01:04Basta a gente olhar, observar e enxergar as coisas.
00:01:08O nosso convidado é o Henrique Gilberto, ele é chefe do grupo Viela, que reúne o restaurante Cozinha Tupis,
00:01:16o bar Juramento 202 e a pizzaria Forno da Saudade.
00:01:22Henrique, muito obrigada pela sua presença, que bom que você tirou um tempinho aí na sua agenda para estar aqui com a gente,
00:01:27que a gente sabe que está com a agenda atribulada, né?
00:01:30A gente está sempre correndo, mas é uma honra estar aqui e um prazer sempre bater um papo com você.
00:01:34Ótimo, então vamos lá. Eu sei que a sua história com a gastronomia tem um dedo do seu pai aí, né?
00:01:42Como é que começa tudo isso? Conta pra gente.
00:01:45Bom, é uma família de apaixonados por cozinha, né?
00:01:48Meu avô, filho de italiano, como uma mineira,
00:01:53cozinhar da região de Barbacena, numa cidadezinha chamada Mercês.
00:01:58E era um cara muito estudioso, veio pra Belo Horizonte, estudou medicina e foi diretor de escola.
00:02:10Esse talvez tenha sido o momento determinante dele se tornar cozinheiro, por incrível que pareça.
00:02:15Por quê?
00:02:16Ele precisava falar sobre civilizações e comportamento humano na escola
00:02:20e ele estudava livros de culinária pra poder entender sobre os povos.
00:02:24Que legal!
00:02:25E isso abriu um portal pra ele que começou a cozinhar pratos do mundo inteiro em casa.
00:02:32E meu pai com os irmãos vendo tudo aquilo ali se encantaram e a mesa na casa do meu avô era muito celebrada, né?
00:02:39E poderiam ter 10 ou 200 pessoas, ia sair comida pra todo mundo.
00:02:43E a festividade na casa do meu pai, enfim, é toda uma família só, todo mundo se misturou.
00:02:52Meu pai, minha mãe com os irmãos, todos são grandes amigos ali.
00:02:56E somos uma grande família que vive muito isso.
00:02:58E eu, quando novo, já queria cozinhar, já cozinhava com ele, já fazia as feijadas de domingo e coisas assim.
00:03:10Você lembra da primeira coisa que você fez?
00:03:12Ah, não sei. Deve ter sido uma massa putanesca que ele adorava fazer, alguma coisa nesse sentido.
00:03:19Lembro do aniversário de 15 anos do meu irmão, eu devia ter 13, que a gente fez um jantar japonês, sushi e tudo mais,
00:03:26ajudando meu pai ali a montar isso pra, sei lá, umas 70 pessoas, aquela loucura.
00:03:33Mas a gente, enfim, meu pai me impulsionou, eu gostava muito de fazer isso.
00:03:39Na época, a gente tinha aquele People and Arts, o início do Jamie Oliver na cozinha, o início desse fenômeno que a gastronomia virou.
00:03:49Antônio Carlucci, aqueles chefes ali, baseado em Londres, que viralizavam pela TV a cabo na época,
00:03:58numa época sem Instagram, sem nada, outros centros.
00:04:01E eu, com 15 anos, surgiu uma tia, trouxe uma oportunidade de fazer o CIA, que era um curso de culinária nos Estados Unidos,
00:04:11e era caríssimo.
00:04:12E aí eu falei, pô, pai, quero ir, quero ir, quero ir.
00:04:15Ele falou, vamos ver se você quiser ser cozinheiro mesmo.
00:04:17E aí que ele falou com a dona Nelsa, mãe do Flavinho.
00:04:20Do Chapuri, né?
00:04:21É que meus pais moram muito lá perto, né?
00:04:24Falaram, não, vamos lá na dona Nelsa, ver se ela te dá uma oportunidade lá,
00:04:27pra você lavar a cozinha, lavar prato, pra você ver o que é cozinhar mesmo.
00:04:32E aconteceu.
00:04:33Que começo.
00:04:34Fiquei ali, tipo, uns seis meses no fim de semana, pra ajudar ali, né?
00:04:39Lavar prato mesmo, cortar salsinha, essas coisas.
00:04:43E foi mágico, assim, né?
00:04:44O Flavinho nem tava lá ainda, a gente conta essa história com muita saudade.
00:04:49Mas isso era uma coisa fabulosa pra mim, assim.
00:04:53Eu achava o máximo, né?
00:04:54Meu pai me dava um trocado pra isso.
00:04:56Não recebia do restaurante, né?
00:04:58Ficava lá umas duas, três horas ali, pra meio que entender o que que era.
00:05:03Mas achava sensacional.
00:05:05Então eu gastava meu fim de semana pra isso, né?
00:05:07E você já gostou de cara da cozinha, né?
00:05:09Eu gostei muito, mas assim, jovem é frágil, né?
00:05:12Assim, a mente do jovem é uma coisa fluida ali.
00:05:16E o tempo passou, fui fazer vestibular pra arquitetura.
00:05:19E aí passei pro segundo semestre, né?
00:05:21Tinha aquela opção de ser a forçada do segundo semestre.
00:05:24E eu fui pra Varvacena, com 17 anos.
00:05:27Falei, ah, vou fazer um curso de cozinheiro aqui e tal.
00:05:30Avisei pro meu pai de lá e ficou felizasso.
00:05:32Falou, pô, quero também, quero fazer o curso também.
00:05:35Ele fez junto, então?
00:05:36Não, foi só lá, me deu uma mão, me deu uma força com o apartamento e tal.
00:05:39E aí fui morar em Varvacena e me encantei pelo curso.
00:05:45Quando voltei, meu pai já tinha cancelado o curso de arquitetura.
00:05:52E, enfim, fui pro Rio já depois, né?
00:05:57Fui o primeiro pra Tiradentes.
00:05:58Esse ano fizeram 20 anos.
00:06:01Muito legal.
00:06:01É, desse primeiro trabalho, né?
00:06:04Em Tiradentes.
00:06:05Inclusive, você já postou fotos, né?
00:06:07Postei lá no bicho, né?
00:06:09Exatamente, aquele chapelão, né?
00:06:10Que eu sou o super bom lá.
00:06:12Como é que era naquele momento, assim, que você viveu a cozinheira dessa forma?
00:06:16O que aquele Henrique queria da vida?
00:06:20Nossa, eu só queria trabalhar.
00:06:22Era, assim, um momento de um despertar muito fenomenal.
00:06:26Eu lembro muito dessa energia, que, obviamente, ela se esvai um pouco, mas é que era muito legal, assim.
00:06:32Eu lembro que eu pensava que, nossa, eu quero só ficar imerso aqui na cozinha e aprender, aprender, aprender.
00:06:41E, enfim, trabalhei com chefes fabulosos.
00:06:43Eu lembro que eu recebi quatro chefes, né?
00:06:47Que foi o Christian Lesquer, que até hoje eu tenho memórias desse jantar, assim, lúcidas desse jantar.
00:06:54Teve um português chamado Paulo Pinho, teve a Flavinha Quaresma, nós vamos entrar nesse assunto já, já.
00:07:01E depois teve a Andréa Etinoco com a Mônica Rangel, que foi uma comida brasileira, foi muito legal.
00:07:07Mas, e eu recebi convite de todos pra trabalhar.
00:07:10Então, isso eram sinais legais, assim, tipo, tô fazendo alguma coisa certa e tal.
00:07:14O que você acha que você se destacou, assim?
00:07:16Eu fui contratado porque eu falava línguas, eu sempre tive facilidade em falar.
00:07:20Já, ali na época, eu falava inglês muito bem, espanhol muito bem.
00:07:25E eu acho que esse é um dos maiores, um dos maiores furafilas que eu tive.
00:07:29Tá.
00:07:30É, foi falar língua bem cedo.
00:07:33Hoje em dia eu falo cinco línguas e isso também me ajudou muito.
00:07:36É, mas eu acho que o que foi mais interessante foi, assim, a energia, a solicitude ali, né?
00:07:44É, estar proativo a tudo.
00:07:47É, eu acho que foi o legal, assim.
00:07:49Eu era muito sério, chegava muito cedo pra trabalhar.
00:07:53É, era muito leal a, né, o que o chefe falava.
00:07:57E eu acho que isso foi, foi muito legal.
00:07:59Acho que a educação que meus pais me deram também, assim, de ser cordial, de ser humilde.
00:08:06Eu acho que isso sempre me ajudou.
00:08:08Acho que essa base de casa sempre me ajudou muito a me relacionar.
00:08:11Né, eu faço relações muito fortes, muito profundas, assim, com todo mundo que eu trabalho.
00:08:16Acho, é, eu honro muito o templo da cozinha.
00:08:20É, trato com muito respeito, todo mundo que trabalha comigo.
00:08:23Obviamente já tive meus momentos difíceis, mas, é, acho que, é, eu acho que isso me ajuda muito a, a ter respeito.
00:08:33Tanto com quem trabalha abaixo de mim hoje em dia, mas também com quem eu trabalhei na minha carreira.
00:08:39Isso sempre me ajudou.
00:08:41E com a Flávia foi isso, com a Flávia foi muito legal, porque eu tenho uma química muito massa, assim, ela me acolheu muito bem.
00:08:48E, assim, desde então ela só conseguiu, só me trouxe coisas boas, né.
00:08:53Depois disso, ela só, enfim, me ajudou muito, me recebeu no restaurante dela logo depois.
00:08:59Então, eu mudei para o Rio com os oito.
00:09:01É, e fui trabalhar no restaurante dela, já de cozinheiro, né, já de um cozinha de praça, na praça de carnes, coordenei a praça de carnes.
00:09:09Então, isso já era um fura-fila.
00:09:11Aí eu comecei a faculdade de gastronomia lá, é, no Rio.
00:09:15E já era uma coisa assim, ó, esse cara trabalha na Flávia Quareira.
00:09:19Então, assim, eu já chegava na faculdade e a galera já entenderam que eu estava numa prateleira ali, né, diferente dos outros aprendizes ali.
00:09:29Então, isso me dava, assim, pô, eu não posso desistir, não posso largar.
00:09:33Então, acho que isso foram as ferramentas, né, seriedade, lealdade ali e nunca chegar atrasado, sabe.
00:09:41Acho que essas coisas são fundamentais, assim.
00:09:44A gente tem um apego, eu vejo um apego muito menor hoje em dia ao emprego em si, né, a estar na CLT.
00:09:53Eu acho que, assim, a classe trabalhadora na área de gastronomia não enxerga tanto isso como cada restaurante ser uma etapa da vida
00:10:06e a lealdade que a gente precisa ter com o restaurante pra que ele ocorra.
00:10:12Eu não vejo tanto isso mais, porque era um status que hoje em dia não é tanto.
00:10:17Tem tanto restaurante hoje em dia, tem tanto cara de dolma se chamando de chefe que não é, enfim.
00:10:22Acho que sempre teve, mas acho que a proporção da gastronomia no nosso cotidiano aumentou muito, né.
00:10:30Mas é isso, a gente vê muita gente oportunista, a gente vê muita gente legal, muita gente bacana.
00:10:36Obviamente que a aderência também depende do chefe, da entrega do chefe para os seus cozinheiros também.
00:10:42Mas eu vejo gerações muito diferentes, né.
00:10:46Eu acho que é a vida antes da tela, a vida depois da tela.
00:10:50É impressionante, né.
00:10:51Antes eu lembro que quando eu fui trabalhar lá, a gente estava falando em 2005.
00:10:57A gente não tinha iPhone ainda, né.
00:10:59Eu acho que tinha iPhone talvez em algum lugar do mundo, mas eu lembro que fiquei um ano sem celular no Rio.
00:11:07Eu ligava a orelhão.
00:11:08Como você imagina isso hoje.
00:11:10É, não existe.
00:11:11Então, isso foi, era muito diferente.
00:11:14Eu lembro de ir nos domingos, que era onde folga, ir para a livraria da Travessa lá no Rio.
00:11:20E a gente copiava à mão as receitas, porque você podia folhear qualquer livro.
00:11:25E eu tenho até hoje anotado vários livros que eu anotava nos fins de semana, assim.
00:11:32Ficava abrindo os livros.
00:11:33E a Flávia tinha uma biblioteca incrível.
00:11:36E ninguém mais tem, ninguém mais recorre a livro, né.
00:11:40Não.
00:11:40São só receitas de TikTok com barulhinho.
00:11:42Sim.
00:11:43Velocidade 3.
00:11:44Conteúdo muito raso, rápido.
00:11:47Ninguém respeita receita mais.
00:11:50E a coisa mais fácil que tem é seguir uma receita.
00:11:54É igual você fazer uma prova com as respostas já adiantadas.
00:12:01Mas as pessoas são muito ligadas à imagem, né, a vídeos e tudo mais.
00:12:07Enfim, acho que essa relação é diferente de quando eu comecei e agora, assim.
00:12:12A relação com a comida é um pouco diferente.
00:12:14E aí você teve uma experiência também com o Alex Atala, né?
00:12:17Então, foi muito nessa sequência, né.
00:12:22Logo que eu saí da Flávia, então, eu saí da Flávia em 2008.
00:12:26Porque eu queria exatamente ir pra Europa.
00:12:29Queria morar fora, queria ter uma experiência fora.
00:12:34Então, voltei pra BH pra juntar dinheiro.
00:12:36Morando na casa dos meus pais.
00:12:38Tinha uma oportunidade boa de grana na época aqui, né.
00:12:41Porque o currículo já tava bom ali pra conseguir uma vaga aqui em BH.
00:12:45E aí, quem me deu a chance foi o Máximo Batalhini.
00:12:48Sim.
00:12:49Que, né, ele tinha o Bela Vita.
00:12:51É...
00:12:52E com Stanley Frazão, que é um grande amigo também.
00:12:55É...
00:12:56E eu absorvi, peguei essa cozinha e comecei a chefiar essa cozinha.
00:13:02É...
00:13:03E aí, ganhei chefe revelação do ano, aqui em BH.
00:13:06E recebi uma ligação da Globo, pedindo pra eu fazer...
00:13:11É...
00:13:11Um teste pro primeiro reality show que ia ter de cozinha no Brasil.
00:13:15Que era o superchefe.
00:13:16Olha, que incrível.
00:13:17É...
00:13:18E aí, esse programa que era também na Maria Braga, né.
00:13:21Que esse mestre do sabor também é do mesmo núcleo.
00:13:23Né, era o primeiro reality show que tinha.
00:13:28Sim, antes de mais BGF, antes de tudo, né.
00:13:30Antes de tudo.
00:13:30Era um reality nos moldes do Big Brother, que você ficava confinado.
00:13:3472 dias eu fiquei confinado pra esse programa.
00:13:38Então, assim, foi...
00:13:39Foi uma coisa, assim, muito maluca.
00:13:41Eu não tava afim de ir, mas minha mãe pressionou, minha irmã.
00:13:45A galera botou pilha.
00:13:47Falei, beleza, vamos lá.
00:13:48E aí, fui participar, ganhei, né, o programa.
00:13:52E ganhei um dinheiro.
00:13:55Né, na época um ótimo dinheiro, um carro.
00:13:57Então, coisas que eu não imaginava, né.
00:14:00Então, eu falei, pô, minha passagem, então, pra Europa, eu garanti.
00:14:04Consegui.
00:14:05Como é que eu vou fazer agora, né.
00:14:07E aí, enfim, tive um episódio muito difícil na minha vida.
00:14:10Que foi a perda do meu irmão mais velho.
00:14:12E aí, foi uma coisa que me afastou muito da cozinha nessa época.
00:14:15Né, então, no final de 2009 isso ocorre.
00:14:18É...
00:14:19E eu, muito, assim, isolado.
00:14:22Sem querer me envolver em qualquer coisa.
00:14:25E aí, num evento do Mais Você, a Flávia me encontrou.
00:14:31Eles me chamaram pra poder ir pra São Paulo.
00:14:35Pra um evento de 5 mil programas do Mais Você.
00:14:38E aí, a Flávia foi também, propositalmente.
00:14:41E me chamou pra almoçar no Dom.
00:14:44No Dalva, na verdade.
00:14:44E aí, o Alex tava lá e a Gabi que trabalhava com ele.
00:14:49E eles...
00:14:51Sentaram na mesa e falaram, pô, a gente sabe o que aconteceu com você e tal.
00:14:55É... Vem pra cá.
00:14:56Vem pro Dom.
00:14:57Vem trabalhar com a gente um tempo e tal.
00:14:59E aí, fiquei um ótimo tempo lá.
00:15:00Nossa, que rede legal essa, hein?
00:15:02Foi muito legal.
00:15:03Não, e aí é isso.
00:15:03A Flávia, mais uma vez, sendo madrinha, assim, demais.
00:15:07Né.
00:15:07É...
00:15:08Enfim.
00:15:09Não tenho nem o que falar, assim.
00:15:11A Flávia conseguiu realmente puxerar do fundo do poço ali.
00:15:14E aí, fiquei um tempo com o Alex, que me recebeu super bem também.
00:15:17Diversas vezes, né?
00:15:18O Alex abriu muito as portas pra mim também.
00:15:22É...
00:15:22E aí...
00:15:24No final do meu período lá,
00:15:27eu falei, cara, tô querendo ir pra Europa.
00:15:31Me dá uma força.
00:15:31Ele falou, cara, vai pra Itália.
00:15:33O Máximo é um amigo e tal, não sei o que.
00:15:36Eu mando um e-mail pra ele.
00:15:38Falei, beleza.
00:15:39Fui pra lá.
00:15:41Até hoje eu brinco com ele, com o Alex, disso.
00:15:43Não tinha e-mail.
00:15:45Cheguei lá, bati na porta.
00:15:48Oi, tudo bem?
00:15:49Vim...
00:15:50Vim trabalhar aqui.
00:15:52Vim do Dom e tal.
00:15:54O Yodi Tokoyoshi, um japonês bravíssimo que era o chefe.
00:15:58Que é um grande amigo hoje em dia, mas...
00:16:01A gente não tá esperando ninguém, não.
00:16:03Não, mas é porque falou.
00:16:04Aí é a hora que a língua ajuda também.
00:16:07A gente tinha estudado italiano pra poder ir um pouco.
00:16:10Desenrolei o italiano lá com o japonês.
00:16:12E convenceu.
00:16:13E falei, não, eu tô aqui, minha mala tá aqui, vamos lá.
00:16:16E trabalhei lá e...
00:16:18O Alex ligou pro Máximo e o Máximo tava no restaurante.
00:16:21Falei, então vem.
00:16:21E aí, me esculacharam lá, me trataram igual cachorro mesmo no início.
00:16:30Como estagiário ou já?
00:16:31Como estagiário, estagiário.
00:16:33E trabalhei como estagiário lá uns três meses antes de me efetivarem ali.
00:16:39Mas eu ainda não tinha...
00:16:41Eu não tinha cidadania, então eu tinha que ficar meio que saindo e voltando.
00:16:47Mas foi um período maravilhoso que ele me recebeu como família também, assim.
00:16:51Depois eu fiquei muito da família, né.
00:16:53Até ontem tava vendo uma foto.
00:16:56Até postei uma foto que era o time todo da Francescana.
00:16:58Da época que hoje em dia todo mundo tá chefiando um restaurante...
00:17:02Todo mundo da foto tá chefiando um restaurante ou do Máximo ou que tá estrelado, né.
00:17:08Então o David de Fábio tá indo muito bem na hosteria dela de Opunda.
00:17:12O Ricardo Furapani tá na mesma foto que tá no restaurante de Cavalino, que é do Máximo, dentro da Ferrari.
00:17:19O Takahiko Kondo, que é um outro japonês que tá na Gucci Hosteria, que também é do Máximo.
00:17:25E o Yogi Tokoyoshi, que era o mestre, né, de nós todos ali, que tem três restaurantes aí em Milão, que tá super bem.
00:17:34Então, assim, foi uma geração, foi um time muito legal.
00:17:37A hosteria ainda tinha duas estrelas, eu cheguei lá.
00:17:40Nós ganhamos a terceira estrela lá.
00:17:43Numa atmosfera muito intensa e caótica, que era muito trabalho, assim.
00:17:47Eram 15 horas por dia.
00:17:49Às vezes a gente fazia 15 horas, pegava o carro, ia pra uma cidade próxima pra fazer um evento.
00:17:54voltava.
00:17:55Então, assim, foi uma época que eu lembro que eu emagreci uns 12 quilos, assim, um ano ali, que foi muito, mas foi muito intenso.
00:18:03Foi muito interessante, assim, porque eu consegui bloquear problemas na vida aí, né, que estavam correndo.
00:18:08Mas que o restaurante te dá essa família também, né, te suporta ali, te agrega.
00:18:19A ideia de que você é um time, né, assim, então tá todo mundo junto, né?
00:18:23Então, e foi isso.
00:18:25No ano de 2010 eu passei quase todo ali e foi fantástico.
00:18:29Assim, foi uma experiência muito visceral, né, muito...
00:18:34Aprendizados incríveis e um conceito totalmente, né, um novo conceito aberto na minha cabeça.
00:18:46E por que você escolheu voltar pra BH?
00:18:48Muito pela família, assim, nós somos uma família unida, eu vi que vou fazer falta também estar aqui, né, meus pais e...
00:18:58Eu já tava com a Bá também, e...
00:19:00Que é a sua esposa hoje, né?
00:19:01Que é a minha esposa hoje, né, que foi minha companheira, ela também estudando medicina, não conseguia me visitar.
00:19:06Então, foi muito apertado.
00:19:10E aí eu decidi voltar, mas com o intuito de ir pra fora de novo.
00:19:14Tá.
00:19:14Eu tinha vontade de voltar, tava bom já, assim, o restaurante tava crescendo, já tinha absorvido muita coisa ali.
00:19:23É...
00:19:25E aí voltei.
00:19:28Entre voltar e ir de novo pra Europa, apareceu um projeto, é...
00:19:34Que é, por volta de 2011, ali no começo de 2011, uma pessoa que me conhecia da infância ali, tinha um imóvel na Savas.
00:19:44E me convida pra abrir a Belo Comidaria.
00:19:47Na verdade, me convida pra fazer uma consultoria.
00:19:50E aí eu montei o projeto da Belo.
00:19:51Conceito eu e o projeto da Belo, muito baseado no Italy, né, que tinha acabado...
00:19:57O Italy tava no momento auge, né, em 2010, lá na Itália.
00:20:02Ainda, né, tinha acabado de abrir em Nova York.
00:20:06É...
00:20:06E aí eu falei, pô, vamos fazer uma Italy mineira, né, uma Italy de cozinha mineira e tal.
00:20:12Montei pra eles o projeto e eles falaram, ó, o projeto é muito legal, mas ele não funciona sem você.
00:20:16E aí fiquei na dúvida, mas, enfim, tava com 25 anos.
00:20:23Falei, ah, quem sabe, né, não abra o restaurante já.
00:20:28É, Bárbara formando e...
00:20:31Beleza, vamos lá.
00:20:34E é isso.
00:20:34Eu, hoje em dia, recomendo muito fortemente a um jovem cozinheiro que, assim como a gente tem que ter 18 anos pra tirar carteira, que faça 30 anos, depois abra um restaurante.
00:20:48Foi traumático?
00:20:50Ah, foi difícil, foi difícil.
00:20:51Porque, assim, era um negócio muito grande, com poucos parceiros especialistas, né, eu tinha dois sócios que não eram especialistas, que não viviam daquilo, e não estavam prontos pra viver de restaurante.
00:21:05Não, não, não se envolveram no projeto, então isso me causou uma angústia muito grande.
00:21:12E a gente, 25 anos, é uma criança ainda, tipo assim, era uma angústia não saber se expressar totalmente.
00:21:22Eu sei que depois de um ano e meio eu tava muito infeliz.
00:21:24O restaurante até tava muito em evidência.
00:21:27Muito.
00:21:28Foi um marco mesmo pra cidade, né?
00:21:30Foi um marco pra cidade, foi um lugar que, pô, trouxe, reverberou muita coisa a partir da Bela, foi um projeto bastante ípone.
00:21:36Só que eu tava muito infeliz, eram, eu não dividia as mesmas responsabilidades, né, eu tinha que carregar uma responsabilidade muito grande e não fazia um bem.
00:21:48A relação com os caras não tava legal, tava desgastada mesmo, né?
00:21:57Tá.
00:21:58E eu decidi sair.
00:22:02Eu decidi sair e eles não sabiam nem onde ligava a luz.
00:22:06Nossa.
00:22:06Pra poder continuar.
00:22:09E aí a Bela fechou, a gente até tentou vender e tal, mas preciso te confidenciar uma coisa.
00:22:15No último 29 de setembro, a Bela acabou.
00:22:19Depois de...
00:22:2011 anos pra poder chegar.
00:22:22Caramba.
00:22:23Esse é o grande drama de abrir um restaurante quando joga.
00:22:26Nossa.
00:22:27Foi um passivo gigante que eu tive que assumir ele, 80% dele, eu tive que assumir sozinho.
00:22:32Então, assim, muita coisa nas minhas costas e eu não podia, qualquer evidência que eu tinha, qualquer coisa que eu me projetava em mídia e tudo mais, via uma cartinha e falava, opa, tem um passivo ali esperando.
00:22:48Nossa.
00:22:49Então, eu acho que é um pouco esse aprendizado, assim.
00:22:51É que eu acho que todo cozinheiro tem que saber construir seu próprio caminho porque um investidor de restaurante, ele é muito difícil dele ver retorno financeiro de um restaurante.
00:23:05É duro falar isso, mas o restaurante em si, ele não tem um payback muito rápido.
00:23:12Ele, como negócio, ele não é um negócio que tem um retorno financeiro rápido.
00:23:17É muito importante pensar e maturar esse projeto pra que ele tenha outros ganhos em comum, que tem valorizações imobiliárias, tem...
00:23:27Então, assim, normalmente, um investidor que é dono do imóvel, talvez a perspectiva de valorização do imóvel seja uma coisa boa,
00:23:35um projeto que já vislumbre, talvez, franquias e alguma coisa assim.
00:23:42Mas é muito importante pensar o caminho do dinheiro e com responsabilidade o investimento.
00:23:50Porque é um público volátil, né?
00:23:54A gente tá muito fragilizado por qualquer situação, seja final de campeonato brasileiro, final de novela, chuva, alagamento, qualquer coisa interfere num faturamento de um mês, de dois meses, de três meses.
00:24:07E aí, você começa a perder fôlego. Então, assim, é muito importante ter um negócio muito justinho, que você sabe muito bem o que tá fazendo, tem controle desse negócio.
00:24:16E mesmo assim, é complicado. Então, eu acho que a Bel trouxe esse aprendizado e quando eu fechei, eu quis...
00:24:25Eu não quis abrir nada depois. Muita coisa apareceu. Muita coisa veio bater na porta, muita gente me chamou para fazer sócio e eu não quis nada.
00:24:33Você quis respirar.
00:24:33Eu quis me concentrar no que eu queria e que eu acreditava de cozinha e de trabalho.
00:24:42Achar a minha identidade própria.
00:24:44Pensando por esse lado, o lado positivo dessa história, é que eu entendo que o que você faz hoje...
00:24:51Você plantou essa semente lá, né?
00:24:53Lá, com certeza.
00:24:54Aquilo foi o que te trouxe ao que você é hoje, né?
00:24:57Com certeza. E eu precisei me distanciar daquilo para enxergar o impacto daquilo.
00:25:03Tá.
00:25:03Então, eu fui para um lugar que não tinha nada a ver com nada disso.
00:25:07Eu fui para o Rullos Buffet e coordenei durante seis anos o que a gente fez.
00:25:15Em seis anos, a gente tornou o Rullos um dos maiores, se não me engano, um dos três maiores buffets do Brasil.
00:25:20Em número de clientes, em número de faturamento.
00:25:25Foi um marco, assim, o tempo que eu estive no Rullos.
00:25:28E muito pela sorte da arte do encontro ali, né?
00:25:33Que a vida é...
00:25:34Que é o Túlio, que é uma das pessoas que eu mais admiro, assim, da minha carreira.
00:25:39Não é um chefe estrelado, não tem nada disso, mas ele é um profissional muito sério.
00:25:46Uma pessoa muito coerente, uma pessoa muito honesta e muito trabalhadora, né?
00:25:51Então, assim, eu vi a força do trabalho ali e o impacto que ela causa.
00:25:55Então, eu saí de investidores que não trabalhavam para um cara que vai em dez festas numa noite.
00:26:04Roda dez festas numa noite até hoje.
00:26:06É impressionante o olhar crítico dele, que é um olhar de um chefe de três estrelas, na minha visão.
00:26:11Sim.
00:26:11Ele é um cara que é detalhista no passar do...
00:26:17Da toalha.
00:26:18Do lençol da toalha.
00:26:20Na dobradura de um guardanapo, numa festa de trezentas pessoas, de quatrocentas pessoas, de quinhentas pessoas.
00:26:26Então, assim, eu aprendi muito ali a ter o olhar crítico e não aceitar o médio, né?
00:26:34Só servir o que é incrível, o que é bem feito.
00:26:38Ainda tenho muito para caminhar para poder chegar nesse nível, porque é um nível de profissionalismo muito ímpar, assim.
00:26:46Muito único.
00:26:48E era uma coordenação...
00:26:50Eu já cheguei a coordenar numa noite quase trezentos cozinheiros.
00:26:53Caramba!
00:26:54Já rodei em Belo Horizonte 120 quilômetros rodando festa num mesmo dia, durante o período que eu estive lá.
00:27:03Foi incrível, e era um centro de treinamento.
00:27:06Tudo que eu queria testar, tudo que eu queria fazer de prato novo, eu fazia e convenci a noiva,
00:27:12ou o produtor de eventos, ou o comercial de algum lugar, para colocar esse prato.
00:27:22Foi um laboratório para você?
00:27:23Foi um grande laboratório.
00:27:24Foi um grande laboratório, um centro de treinamento ali com muitos equipamentos de ponta.
00:27:30O Túlio nunca economizou em infraestrutura, ele só tem equipamento de ponta.
00:27:35O lugar é muito bem estruturado.
00:27:36Agora ele está com um buffet novo, ele mudou o centro de cozinha de produção, ficou mais incrível ainda.
00:27:45E eu tinha na minha cabeça que eu, a partir do Rulos, ia conquistar o meu próximo investidor.
00:27:55Que era, ah, vou cozinhar para um público que não me frequentou na Belo.
00:27:59Que é um público que tem bastante dinheiro, né, que faz eventos de alta sociedade e tal.
00:28:06E realmente conheci muita gente nisso.
00:28:08Sim.
00:28:09Mas aí tive a provocação, porque nesse meio do caminho, né, eu já tinha ido para o Epice, trabalhar com o Alberto Ladgrafe.
00:28:19Aí fui para a Espanha com o Alberto e com o Alex.
00:28:22Depois eu fui para Paris, no Le Chateaubriand.
00:28:26Então, assim, nesse meio tempo, entre Belo, fechamento de Belo e tudo mais.
00:28:31E o Túlio sempre, não, vai lá, faz esse estágio e tal.
00:28:36E nesse tempo de São Paulo, eu morei com o Rafa Quick, que é meu sócio hoje em dia.
00:28:43E que a gente é amigo de infância, mas que eu liguei para ele e falei, cara, posso ficar aí no seu apartamento uns dias e tal.
00:28:47E a gente teve uma conexão muito legal ali, ele casou, foi para Céa Norte, eu, né, fui para o Rulos e tudo mais aconteceu.
00:28:57E aí ele volta para BH para fazer o Jura.
00:29:01Num momento que eu estava assim, eu preciso abrir um restaurante.
00:29:05Já faziam quatro, cinco anos que eu tinha fechado a Belo.
00:29:09E eu já estava flertando em abrir um restaurante com o Túlio.
00:29:12O Túlio estava resistente em abrir um restaurante, fechando bem, a gente operando o Trancoso, a gente operando São Paulo, operando o Rio, viajando muito.
00:29:21E ele acabou abrindo até, né, depois do bistrô.
00:29:24Abriu, mas numa outra proposta, acho que assim, até tem a ver com o fato de eu ter aberto, de eu ter vivido isso.
00:29:32Mas a gente nunca falou sobre isso até.
00:29:35Mas, nessa época eu estava flertando com alguns lugares.
00:29:40E aí, veio o Rafa com o Samuel e com o Marcelo e abriu o Jura.
00:29:47Aí eu falei, caramba, olha o bom gosto desse lugar.
00:29:51Olha essa casa, a simplicidade dessa casa.
00:29:53E os caras venderem em ficha, a gente em pé na rua, todo mundo encantado, com coisas que são boas.
00:30:01E tinha uma chacutaria, né, bem feita, queijos bem maturados.
00:30:06Simples.
00:30:07O simples, por uma camada muito maior da sociedade do que a alta sociedade, como eu estava prevendo.
00:30:13E aquilo me deu um impacto de...
00:30:17Estou tudo errado.
00:30:19Acho que tem que repensar.
00:30:20Eu lembro que eu cheguei a olhar uma sala, num prédio super atrasado, no Santa Lúcia,
00:30:27para poder fazer um estúdio de gastronomia para pouca gente.
00:30:32E pensando, pensando, pensando.
00:30:35Aí o Rafa me provocou e falou assim, cara, vamos pegar o mercado novo.
00:30:42Estão com as lojas lá e tal.
00:30:47Conheci o cara lá.
00:30:49Vamos fazer um negócio lá.
00:30:50Você tinha memória do mercado novo?
00:30:52Eu fui muito no mercado novo, quando era da Belo.
00:30:56Porque tinham muitos produtos que só tinham lá.
00:31:00E eu lembro que ninguém ia lá.
00:31:02E eu tinha essa memória.
00:31:04Eu falava assim, cara, o mercado novo é demais e tal.
00:31:07Isso lá na parte de baixo do Ferrantes.
00:31:08É, lá embaixo, do Ferrantes.
00:31:09E eu ficava muito pensando ali, já que conheci o Zé Luiz.
00:31:13E eu ficava pensando, cara, que lugar louco, que massa.
00:31:18Aí depois teve festas ali, que eu frequentei, lógico.
00:31:22Mas aí quando o Rafa falou, eu falei, cara, vamos lá ver.
00:31:25E aí fui lá e fiquei muito empolgado.
00:31:28Eu lembro que eu abri a loja com o Pedrão, que agora abriu o Fuga.
00:31:32O Pedrão que me acompanhou há muito tempo.
00:31:34Ele era de Isabelo, companheiraço, meu subchefe.
00:31:37E ele falou, velho, isso é doido.
00:31:41Isso aqui vai ser louco.
00:31:43Meu pai falou a mesma coisa.
00:31:44Eu falei, não, vamos lá.
00:31:46E aí surgiu.
00:31:48O que que te fez acreditar que aquele lugar que estava praticamente abandonado, né?
00:31:52Nos andares de cima, né?
00:31:55Ia virar um lugar gastronômico da cidade?
00:31:59Eu acho que muito do olhar que o Rafa tem das coisas.
00:32:05E como que a gente...
00:32:10A química que a gente teve de pensar as mesmas coisas.
00:32:14Do bom gosto, né?
00:32:16Que a gente tem ali de cultura popular brasileira.
00:32:20E eu acho que o que eu estava no encantamento disso, assim.
00:32:22De entender que a cultura popular brasileira é o que a gente tem de mais rico, assim.
00:32:26Tá.
00:32:28E que...
00:32:30Era muito fácil fazer um restaurante em Lourdes.
00:32:32Infelizmente, eu nunca gostei do fácil.
00:32:36Eu sempre fui pelos caminhos mais rochosos, assim.
00:32:41Muito pra poder criar profundidade nas coisas que eu faço.
00:32:45Isso é, né?
00:32:47A dor e também...
00:32:49É a beleza, mas é a dor também.
00:32:50Do jeito que eu construí, é meu jeito de falar de cozinha, né?
00:32:58Eu acho que o que a gente faz é uma expressão, né?
00:33:02Então, a partir do momento que eu entendi como que eu queria me expressar,
00:33:08veio a tupiça.
00:33:10Veio o Mercado Novo e tal.
00:33:12E um fogão velho que a gente viu, que o Rafa achou.
00:33:17Eu falei, não, vamos comprar esse fogão, vamos fazer...
00:33:20É o fogão vermelho?
00:33:21Não, é o fogão branco, que fica lá no fundo.
00:33:24Ah.
00:33:24Eu acabei de achar outro, pra poder trocar.
00:33:28É um fogão de 1947, eu achei o seguro.
00:33:32Na mesma marca, uma marca brasileira chamava Alig, que não existe mais uma marca aqui.
00:33:36E eu comprei um fogão de 1937, dessa mesma marca, do Colégio Santa Marcelina.
00:33:42Recentemente, um fogão que tá desmontado, mas é isso.
00:33:44A gente vai comprando fogão velho pra ir abrindo casa.
00:33:48Mas aí, falei, não, vambora.
00:33:50E tem muito também da coragem do Pedrão, assim.
00:33:53O Pedrão foi um cara muito importante pra que eu abrisse, porque ele me ajudou a fechar a Bela.
00:33:58Tá.
00:33:58Eu lembro de um dia de muito sofrimento na Bela, eu deprei pra caramba,
00:34:01tinha dormido no estoque pra poder...
00:34:05Enfim, aquelas coisas, né?
00:34:06E tudo desorganizado na área administrativa e tal.
00:34:11E o Pedrão puto, assim.
00:34:13O Pedrão bolado, assim, de...
00:34:16De tá trabalhando ali, me ver sofrendo, e como funcionário também, maltratado pela parte administrativa.
00:34:26E aí ele falou, cara, se a gente arrumar um boteco pequeno,
00:34:31nós dois a gente toca a cozinha melhor que essa aqui, porque não precisamos ter um restaurante.
00:34:35Então, aí, na hora que pintou o mercado, eu liguei pra ele e falei, vamos.
00:34:39Falei, vamos, então.
00:34:42E aí, foi com muita energia.
00:34:45E aí eu continuei durante um tempo ainda rulos e tupis, trabalhando muito.
00:34:51Só que aí, vai engravidou, veio a Duda.
00:34:54E aí, enfim, fizemos tupis.
00:34:57Tupis e goitacazes.
00:34:57Parece que agora tá se tornando só tupis, mas que é um marco, acho que assim, a tupis.
00:35:03Com certeza.
00:35:03A gente conseguiu trazer, enfim, uma diversidade de cozinha e um...
00:35:10E eu acho que assim, a gente conseguiu trazer nas pessoas uma autoconfiança de tipo...
00:35:14Opa, a minha cultura é legal.
00:35:17Minha cultura gastronômica é legal.
00:35:19Ela tá sendo bem evidenciada aqui.
00:35:21Olha que lugar, sabe?
00:35:23Eu acho que não é só cozinhar também, não é a maneira da gente vernacular ali, toda a estética,
00:35:28mas também é o jeito como a gente atende, diretamente no balcão.
00:35:31Acho que é a interpretação contemporânea dos nossos mercados, né?
00:35:38Eu não me coloco na mesma prateleira do rei do torresmo, nem de nada disso, assim.
00:35:43Mas a minha fonte é aqueles caras, né?
00:35:47Sim.
00:35:48São aqueles caras também, assim como é o Máximo Botura.
00:35:51Então, acho que a mistura, né?
00:35:55Eu acho que vem daí.
00:35:56A gente precisa ter fontes que são nossas pra ser autêntico.
00:35:59Ninguém cria nada.
00:36:02Ninguém é...
00:36:03Ah, são humidas aqui e vou criar um prato.
00:36:07Não.
00:36:07A gente precisa ter referência e repertório pra fazer algo autêntico e único que tem a ver com você mesmo, né?
00:36:17E...
00:36:17Lá em...
00:36:19Pode falar.
00:36:20Tu me fala muito...
00:36:21Ah, gastronomia é arte.
00:36:24Eu não concordo totalmente.
00:36:26Por quê?
00:36:26É...
00:36:28Porque a arte, ela não tem função.
00:36:31Ela causa...
00:36:32Ela só serve pra causar uma demência nas pessoas, a causar um incômodo, pra causar uma distopia ali.
00:36:40A arte é isso.
00:36:41Ela não tem que ter função.
00:36:43É...
00:36:44A gastronomia tem função.
00:36:46Mas também, às vezes a gente causa emoção também.
00:36:50E aí é quando eu acho que não só gastronomia, como arquitetura, como design, são funções...
00:37:04São atos funcionais que beijam a arte, eventualmente, por trazerem emoção, mas que elas não são por si só arte.
00:37:13Não são puramente arte.
00:37:15É...
00:37:16E sim, a gente precisa muito olhar pra arte pra poder causar emoção.
00:37:21Então, eu acho que assim, minha análise é que a gente precisa se emocionar pra emocionar o outro.
00:37:28E a gente precisa alimentar nossas emoções, criar repertório, viver muito, viver intensamente, pra causar essa emoção.
00:37:35Então, eu acho que depois de um tempo que você já criou sua casca de cozinha, já tem repertório técnico, é a hora de ir buscar repertório sensorial.
00:37:48Então, é comer muito fora, viver intensamente a vida, se emocionar bastante.
00:37:54E acho que isso é o que ajuda a gente a aflorar momentos autênticos também no restaurante.
00:37:59Então, eu acho que a expressão das coisas que a gente faz, ela vem muito do nosso cotidiano também, do nosso viver simples.
00:38:07E como que a gente tenta atingir as pessoas na mesa ali no balcão.
00:38:11Vamos fazer uma pausa rapidinha aqui pra mostrar o nosso conteúdo de gastronomia, que a gente publica toda semana.
00:38:17E aqui, a gente tem nesse caderno, no degusta que saiu na quinta-feira, olha que fofura, gente.
00:38:22Os restaurantes que tem menu infantil, aí a gente mostra aqui algumas opções pras crianças.
00:38:30E, nesse outro caderno aqui no gastronomia, a gente mostra, a gente fala de um projeto que registrou, em foto e áudio,
00:38:38a história de seis mulheres que têm relação com a cozinha, que vivem a cozinha de uma forma muito intensa.
00:38:44Inclusive, aqui, olha, pra você saber, se você já não percebeu, na segunda-feira, quando a gente lança o podcast,
00:38:52a gente tem sempre uma matéria contando um pouco mais sobre esse papo que a gente teve aqui.
00:38:56E, Henrique, eu quero aproveitar que a gente mostrou essas fofuras aqui.
00:39:00Você é pai de duas meninas, né?
00:39:03Me fala de que forma que a paternidade transformou a sua relação com a cozinha.
00:39:09Mudou completamente a minha relação com o trabalho.
00:39:12Porque, até elas nascerem, existe o amor romântico que a gente tem com os nossos companheiros, né?
00:39:23Eu tenho pela barra e por aí vai.
00:39:26Que ele não se mistura tanto com a paixão que a gente tem na cozinha e tudo mais.
00:39:31Que é um sacerdócio onde a gente entrega nossa alma ali pra servir o outro.
00:39:41E quando a Duda nasceu, e depois a Cátia, existiu pra mim um isolamento do ego completo
00:39:51que nada mais tinha tanta importância quanto elas.
00:39:55Então, assim, as aflições que eu lembro de ter na Belo ainda,
00:39:59com um cara de 25 anos ali que só queria saber do resultado final e do status.
00:40:06Que povo tem que falar de mim, que eu sou um chefe, que legal.
00:40:11Nada disso mais tinha importância depois que ela nasceu.
00:40:13Porque a importância, eu comecei a ver, de que o restaurante tem que estar cheio,
00:40:19o prato tem que estar vazio e as pessoas tem que estar felizes.
00:40:23Porque aquele contentamento estável, ele vai me permitir mais momentos em casa.
00:40:28Mais momentos em família.
00:40:30E eu comecei a entender que isso é mais importante.
00:40:32Que a gente não pode, né?
00:40:34A sanidade, ela precisa existir pra ter restaurante.
00:40:38E a gente não pode se entregar totalmente a esse mercado, a esse modelo de trabalho,
00:40:44que é trabalhar na hora que todo mundo está se divertindo.
00:40:48Então, eu comecei a entender que, a partir daquele momento,
00:40:52eu precisava construir um lugar pra mim de muito trabalho ainda,
00:40:56mas que também eu precisava ser um vetor de talento.
00:40:59Eu precisava também mentorar mais,
00:41:03fazer com que outros chefes ali no meu time começassem a ter protagonismo.
00:41:10E cada vez mais eu estou conseguindo prosperar nisso,
00:41:13conseguindo delegar mais coisas e pensar mais na comida.
00:41:17Então, assim, isso me ajudou um pouco a organizar a mente.
00:41:20Foi muito difícil, óbvio, quando elas nasceram, né?
00:41:23Quando eu nascer, eu vou poder equilibrar tudo.
00:41:27E não ser um pai que não dá 100% de si também,
00:41:31assim como toda mãe dá.
00:41:34Então, acho que foi um momento de afastamento,
00:41:39um pouco dessa obsessão que nós cozinheiros normalmente temos
00:41:43de querer tudo perfeito o tempo todo.
00:41:47E entender que vai ser o que o meu momento permitir.
00:41:52E com muito menos sofrimento, né?
00:41:54Eu acho que, assim, eu entendi que a gente é pequeno demais, né?
00:42:02Perto dessa grandiosidade de ser pai, o chefe ficou pequeno.
00:42:06Sim.
00:42:07É um trabalho, cara.
00:42:09Sai dessa, entendeu?
00:42:10Sai dessa de ficar obcecado.
00:42:12Então, pra mim foi muito... fez muito bem.
00:42:15Não acho que minha comida piorou nem nada.
00:42:20Mas eu também fiquei um pouco menos ambicioso
00:42:23em relação a conquistar o mundo, né?
00:42:27Aquela coisa inflada, tipo...
00:42:30Ah, quero viver tudo o tempo todo.
00:42:32Não, calma.
00:42:33Tudo tem sua hora de acontecer e tudo acontece.
00:42:36É só trabalhar consistentemente,
00:42:38entendendo que a vida precisa de prazeres.
00:42:40Que a gente precisa...
00:42:43Voltando nesse assunto,
00:42:45que a gente precisa viver prazeres
00:42:47pra poder entregar prazeres, né?
00:42:49Sim.
00:42:49Então, é isso.
00:42:51Eu entendi que viver é mais importante
00:42:53do que se entregar a toda essa competitividade que a gente tem.
00:42:58Legal.
00:42:59E falando agora mais dos cardápios,
00:43:02vocês estudam muito, pesquisam muito
00:43:06pra chegar num prato, né?
00:43:08Não é uma ideia, simplesmente, que surge, né?
00:43:11Isso tá fundamentado.
00:43:12Vocês buscam a história,
00:43:14a história de Belo Horizonte,
00:43:16a história da região onde vocês estão, né?
00:43:19Cozinha Tupis tem uma ligação forte com o centro da cidade.
00:43:23Sim.
00:43:23Forno da Saudade traz a história da ex-colônia
00:43:26que tinham os italianos.
00:43:29O juramento traz a história da referência.
00:43:33O juramento, que era o dono do juramento,
00:43:36era o turco, como eles chamavam ali,
00:43:38mas era um sírio-libanês
00:43:39e que a gente respeita a história dele,
00:43:42como também representando um pouco da colônia,
00:43:45de uma colônia tão importante para o comércio belo-horizontino,
00:43:49que são os sírios-libanês que vieram,
00:43:53sírios e libaneses que vieram pra Belo Horizonte
00:43:57em determinado tempo,
00:43:59que ajudaram muito ao desenvolvimento do comércio da cidade, né?
00:44:02E a gente tenta replicar um pouco dessa história
00:44:06ali no Jura, onde era o armazém dele.
00:44:10Acho que parte daí.
00:44:12Acho que a gente passou por um momento,
00:44:16no começo desse ano,
00:44:17onde eu tava
00:44:18querendo entender o futuro, né?
00:44:24da viela e como que a gente ia crescer
00:44:28sem perder o que a gente é.
00:44:32Que é um desafio e tanto, né?
00:44:33Porque é o que move, né?
00:44:35Se fosse pra, sei lá,
00:44:39fazer coisas híbridas e sem valor,
00:44:42aquilo não ia me mover.
00:44:43Eu sabia que aquilo não ia me mover.
00:44:45Por mais dinheiro que isso desse,
00:44:47não ia me mover totalmente.
00:44:48E não era certo também.
00:44:50Não é certo que você vai expandir e ficar rico.
00:44:55E comecei a entender também,
00:44:56pensando no futuro, assim,
00:44:58de que o nosso crescimento precisa acontecer
00:45:01com a valorização que a gente causa nas coisas, né?
00:45:04E, basicamente, a gente
00:45:06escutou muitos investidores.
00:45:10Conversei com muitos investidores
00:45:11e começaram a
00:45:12querer fazer franquias da Tupis.
00:45:15E aí eu tentava explicar que
00:45:17a Cozinha Tupis está na Rua dos Tupis.
00:45:20E que o Juramento está na Rua Juramento 202
00:45:23e que o grupo chama Viela.
00:45:26Tentando, né?
00:45:27Sim.
00:45:29Educar sobre a nossa empresa,
00:45:32a história que a gente construiu
00:45:33e a importância que a gente tem
00:45:36no que a gente faz
00:45:37e o impacto que isso causa na cidade.
00:45:41E nas cidades,
00:45:42porque hoje em dia a gente pensa que
00:45:43se é para expandir e pensar cidades,
00:45:46quero pensar em todas as joias
00:45:48escondidas pelo Brasil.
00:45:50Adoraria fazer projetos em outras cidades.
00:45:52E eu comecei a entender que o melhor objeto de estudo
00:46:04ele é o comportamento humano.
00:46:07Ele é a história do lugar.
00:46:10E aí, por quê?
00:46:12A gente, hoje em dia, está inundado de referências.
00:46:17Não é como eu, lá no Rio ainda,
00:46:21que a gente tinha que entrar em site dos restaurantes
00:46:24para poder saber.
00:46:25Eu lembro que eu cantava de cor
00:46:28a música que tocava no site do Mani.
00:46:31De tanto que eu entrava no Mani,
00:46:33que o Mani era o restaurante perfeito,
00:46:36ainda é um restaurante que eu mais admiro no Brasil.
00:46:40A Helena é incrível demais.
00:46:42E eu lembro que eu entrava para ver
00:46:44montagem disso e aquilo.
00:46:46Só que a gente está inundado.
00:46:48Você sabe o Instagram?
00:46:48Tem um cara...
00:46:49Tem alguém comendo em algum restaurante,
00:46:53mostrando e falando.
00:46:54Hum, isso aqui é bom demais.
00:46:56Né, Sérgio?
00:46:57Enfim, a gente está inundado de...
00:47:01De...
00:47:02De...
00:47:02De...
00:47:03De...
00:47:04De...
00:47:05De...
00:47:06De...
00:47:06De...
00:47:06De...
00:47:07De conteúdo.
00:47:07Isso.
00:47:08E...
00:47:09Isso a gente tem.
00:47:11Eu tenho catalogado tudo o que me interessa.
00:47:14Acompanho de perto chefes,
00:47:16alguns jornalistas do mundo inteiro
00:47:17que escrevem matérias ainda,
00:47:20né, como a minha querida Selina Aquino,
00:47:23querida amiga Selina Aquino,
00:47:25que vão ao restaurante e relatam isso em textos,
00:47:27que falam, de fato,
00:47:29chefes que se comunicam de maneira, né,
00:47:33como que eles pensam comida também.
00:47:35E isso são fontes.
00:47:36E isso a gente vai absorvendo.
00:47:37Mas não dá pra soltar isso na tupice.
00:47:40Não.
00:47:40Eu não vou defumar um caviar e servir na...
00:47:42Né, no mercado novo.
00:47:44Não é isso.
00:47:46É...
00:47:46Mas eu vou aprender técnicas.
00:47:48O tempo todo.
00:47:49E aí eu...
00:47:50O tempo todo eu estou testando.
00:47:51O tempo todo eu me retroalimento
00:47:53de comer e de testar.
00:47:56E de testar receitas que não vão pra tupice.
00:47:58Que não vão pro...
00:48:00Pro jura nem pro forno.
00:48:02Por alimentar palato,
00:48:05Alimentar apertório e tudo mais.
00:48:07É...
00:48:08Pensando no próximo.
00:48:10Pensando sempre onde que a gente pode abrir.
00:48:13Então, eu tenho vontade de fazer um projeto em Ouro Preto.
00:48:16Eu tenho vontade de fazer um projeto no Rio de Janeiro.
00:48:18Eu tenho vontade de fazer um projeto na Bahia, com certeza.
00:48:22É...
00:48:23E tudo vai ter seu tempo.
00:48:24Mas a gente precisa estar sempre se alimentando disso.
00:48:27E de história.
00:48:28Né, então...
00:48:30Eu estou lendo sobre a história do Rio.
00:48:34Né, os marcos ali, né.
00:48:36E cada...
00:48:37E cada século que aquela cidade passou.
00:48:40E, né, foi o...
00:48:42É a nossa capital cultural.
00:48:46Ouro Preto foi a maior metrópole do mundo durante um período da vida.
00:48:50O que você comeu ali?
00:48:52Então, assim, eu acho que é isso que alimenta ali.
00:48:56A Tupis, ela está dada.
00:48:59A gente já tem um norte mais fácil de trabalhar ali.
00:49:02Né, nós vamos inaugurar o cardápio terça-feira agora.
00:49:05Bom...
00:49:06É, em breve.
00:49:08É...
00:49:08A gente vai inaugurar alguns pratos ali.
00:49:12E hoje em dia, eu estou com um cara incrível.
00:49:15Um chefe de cozinha que está trabalhando com a gente, que é o Rodolfo Quiacchio.
00:49:18Que é um GPT humano, que ele consegue traduzir.
00:49:23Ele é de...
00:49:25É...
00:49:26Como é que chama a cidade dele?
00:49:28Medelhos, não é?
00:49:29É Minas.
00:49:30É Minas.
00:49:31Interior de Minas.
00:49:32Cidade do Orfeu.
00:49:33É...
00:49:35Bom...
00:49:36Botelhos.
00:49:37Tá.
00:49:38Mas é um arquiteto de formação.
00:49:40Olha...
00:49:41E é genial.
00:49:42E é um cara que começou a organizar a minha insanidade.
00:49:46Ele fala...
00:49:47Cara, eu adoro o jeito de você cozinha, mas vamos organizar como você pensa.
00:49:50E isso está me ajudando muito a catalogar essas receitas.
00:49:53E isso...
00:49:54Toda a equipe agradeceu.
00:49:56Né, então hoje o meu núcleo de cozinha está conseguindo trabalhar com produtividade.
00:50:01É...
00:50:01Na terça-feira também nós vamos fazer um seminário de hospitalidade e gastronomia dentro do time.
00:50:08Para que a gente se alimente de fontes e informações também.
00:50:12Porque eu já vejo que eu não consigo, é...
00:50:16Só através de estudo, conceber um prato.
00:50:20O prato, quem vai servir, vai ser o meu cozinheiro.
00:50:23Quem vai estar ali no dia a dia.
00:50:24Então eu preciso entender qual que é a capacidade dele de servir.
00:50:28E cada vez ela está aumentando.
00:50:30Por causa dessas ferramentas que o Rodolfo conseguiu trazer, que mudaram o meu jeito de cozinhar, inclusive.
00:50:34Estou conseguindo traduzir todas as técnicas que eu pesquiso o tempo todo.
00:50:39Mas que não dá para falar o tempo todo com um rapaz que está com dois anos de cozinha só.
00:50:44Sim.
00:50:45E que eu não posso acelerar também.
00:50:47Senão eu tiro o brilho dele também de se desenvolver.
00:50:51Então eu acho que eu estou nesse momento onde é muito importante me abastecer de referências.
00:50:59Mas é muito importante poder estar mentorando e trabalhando com o time.
00:51:03Para poder criar essas receitas e cada função de cada receita.
00:51:09Então a gente está lançando um prato que é super lúdico.
00:51:14Eu até servi lá na Casa do Porco recentemente.
00:51:17Que voltou ao cardápio.
00:51:18Que é uma costelinha envolvida no algodão doce.
00:51:22Que ela é para criar ilusão.
00:51:26É um prato realmente para se divertir o comercial.
00:51:30E tem pratos que são substanciosos e super deliciosos.
00:51:33Como o nosso arroz de papada.
00:51:37Que é um prato com forte food.
00:51:39Então cada prato tem sua função.
00:51:41A gente precisa entender a raiz disso.
00:51:43E a gente precisa muito interpretar o nosso próprio restaurante.
00:51:47Para poder criar o prato.
00:51:49Tem coisas que não cabem umas nas outras.
00:51:52Tem pratos que não cabem em determinado restaurante.
00:51:55Que vão funcionar para outro.
00:51:57Eu já dei prato para amigo.
00:51:59Falei assim.
00:51:59Esse prato não funciona no meu restaurante.
00:52:02Eu acho que tem a cara do seu.
00:52:03Então assim, isso acontece.
00:52:06Mas a gente precisa botar para fora.
00:52:08Cozinhar muito.
00:52:08Eu cozinho muito.
00:52:09Dia a dia.
00:52:10Não só nas cozinhas.
00:52:12Nas cozinhas infelizmente.
00:52:14Eu tenho cozinhado pouco.
00:52:15Tenho adorado fazer serviços lá com o time.
00:52:17O time adora também.
00:52:19Infelizmente não dá tanto tempo.
00:52:21Com tantas resoluções que a gente tem no dia.
00:52:24Mas eu acho que é.
00:52:25É botar para fora.
00:52:26A gente precisa cozinhar.
00:52:27Precisa fazer muito.
00:52:28E é o que mais me alimenta de pesquisa.
00:52:32Pesquisa é realmente pesquisar, entender, ler, viver coisas legais e botar para fora.
00:52:39Testar, testar, testar, testar.
00:52:41Ajuda muito.
00:52:42E esse olhar para o local, que é um ponto importante do negócio de vocês.
00:52:48Isso que você falou da localização que está no nome.
00:52:51Mas também que está no cardápio.
00:52:53De olhar para o que a gente tem em volta.
00:52:56Não querer ir tão longe.
00:52:59É nisso que vocês acreditam mesmo?
00:53:01Total.
00:53:02De comportamento também.
00:53:04De comer ali perto do mercado.
00:53:06Comer no Mané Doido, no Mercado Central.
00:53:09Comer lá embaixo no Bom Dia.
00:53:10Que é um restaurante.
00:53:11O Bom Dia, o Trega.
00:53:12Que são restaurantes do térreo do mercado.
00:53:15Comer no Zé Luiz, obviamente.
00:53:21Mas eu acho que eu já binguei o cardápio do Zé Luiz.
00:53:22Já comi tudo que eu tinha ali.
00:53:24Na madrugada.
00:53:25Não dá mais para botar o prato do Zé no cardápio.
00:53:29Mas enfim, os meninos são ótimos.
00:53:31Os Gil são adios.
00:53:35Comer nos botecos clássicos da cidade.
00:53:38Ir no No Noor.
00:53:39Então, estou indo cozinhar no cais.
00:53:42Agora, amanhã.
00:53:43Depois de amanhã.
00:53:44E a gente vai fazer um tchauamushi.
00:53:49Que é um prato que tinha no nosso menu.
00:53:51É um tchauamushi.
00:53:52Que é uma técnica japonesa.
00:53:54Só que feita com tutano.
00:53:55E é toda a interpretação do caldo do Nonô.
00:53:58Então, é um prato que se chama Caldo do Rei.
00:54:00Então, a gente usa todo o Mokotó num prato.
00:54:02Que é um tchauamushi de tutano.
00:54:05Que eu jogo o caldo de Mokotó por cima.
00:54:07Com um pouquinho de feijão verde.
00:54:09Coloco o garrão.
00:54:11Que é o músculo ali da panturrilha do boi.
00:54:16Uma lâmina fina, bem macia.
00:54:19E com o tendão.
00:54:21Que é o trupico ali do caldo de Mokotó.
00:54:23Eu desidrato ele.
00:54:24Faço um torresmo de boi.
00:54:25Um torresmo de Mokotó.
00:54:27E a gente serve tudo isso junto.
00:54:28É um prato com bastante mamãe.
00:54:29Mas que ele é totalmente uma interpretação do caldo do Nonô.
00:54:33Só que ele faz aquilo que eu te falei da arte.
00:54:37Quem sou eu para falar que isso é arte?
00:54:39Mas que causa uma demência.
00:54:41Olha só.
00:54:42A gente pensou em todas as texturas que o Mokotó pode trazer para um prato.
00:54:48Então, isso é muito a diversão em encantar o comensal que está ali.
00:54:56Para se entreter com comida.
00:54:58Que é diferente do que ir se alimentar.
00:55:00Então, tem essa função para alguns pratos também.
00:55:02Eu acho que isso é...
00:55:04Eu acho que essa é a brincadeira legal de cozinhar.
00:55:07E ao mesmo tempo que você fala que vocês pesquisam muito, testam muito, estão sempre criando coisas que não necessariamente vão para o cardápio.
00:55:17Vocês acreditam no clássico, né?
00:55:20De que os negócios têm que durar.
00:55:22Têm que permanecer no tempo, né?
00:55:24Não é fácil, né?
00:55:25Pois é.
00:55:26Vocês acreditam que depois de alguns anos, vocês estão nesse caminho?
00:55:31Vocês estão conseguindo caminhar nessa direção?
00:55:34Ah, a gente torce para que sim.
00:55:37Mas hoje em dia, assim...
00:55:39Tem que falar que sim, né?
00:55:41Quero que o restaurante dure o quanto ele puder.
00:55:43Mas também, assim...
00:55:45Não poder...
00:55:46A gente tem...
00:55:48É muito importante ser pragmático.
00:55:50É...
00:55:50Nesse nosso setor.
00:55:51Se um restaurante não vai virar, ter algum problema, é importante fazer a curva.
00:55:56Saber fazer a curva.
00:55:57Falar, opa...
00:55:58Não vai dar.
00:55:59Então, fazer daquilo ali um marco.
00:56:01É...
00:56:01Ah, vamos fazer durar até tal data e vamos nos despedir desse restaurante.
00:56:06Então, nós não fechamos nenhum, graças a Deus, até hoje.
00:56:08Estamos trabalhando firme.
00:56:09É...
00:56:10Mas, basicamente, porque a gente entende que os restaurantes com história, né?
00:56:15Os bares com alma, como foi o projeto que a gente ajudou a conceber.
00:56:19É...
00:56:20Isso é muito importante para a identidade da cidade, assim.
00:56:23A gente poder fazer parte da identidade da cidade é uma honra gigantesca.
00:56:27Então, quem somos nós perto do Zé Luiz?
00:56:29Perto de um Bola?
00:56:31Perto de um, né?
00:56:32De um Palhares?
00:56:33Pensa só.
00:56:34Olha a importância do Café Palhares na cidade, né?
00:56:36Super.
00:56:37A gente agora ajudou a conceber também a renovação do Nice, do Café Nice.
00:56:42Então, acho que, assim, os clássicos são as nossas referências.
00:56:49São as fontes que nos alimentam a acreditar nesse setor, né?
00:56:55Então, assim, a gente ainda está longe de ser clássico, né?
00:56:58A gente tem...
00:56:59O Jura vai fazer nove anos de existência, que é a nossa casa mais antiga.
00:57:04Aqui a gente chama de clássico, mas ainda tem muito feijão para comer, para poder se tornar um clássico.
00:57:10A gente acredita no clássico porque eles definem muito da história dessa cidade.
00:57:17É uma das coisas que a gente se orgulha muito aqui.
00:57:18Muito bom.
00:57:20E já aproveitando que a gente está falando alguns nomes, eu vou chamar agora a Maria Luísa Alves, a Malu, que é a confeiteira, dona do café e confeitaria, afeto.
00:57:31E a Kumadi.
00:57:32Pois é, ela está grávida, né?
00:57:34Do Marcelo, que vai nascer em breve.
00:57:36E a gente convidou a Malu para dar dicas de lugares onde ela gosta de ir para comer e beber aqui em BH.
00:57:43Malu, conta para a gente quais são as suas dicas.
00:57:46Gente, eu sou a Malu, responsável aqui pela afeto.
00:57:49E hoje eu vim contar para vocês alguns lugares que fazem a diferença para mim quando eu penso em comer e beber aqui em BH.
00:57:58A Albertina Pães é a minha padaria preferida da cidade.
00:58:02Tem um tronquinho de doce de leite, que não tem todos os dias, mas quando tiver, vai lá e experimenta, que é incrível.
00:58:10Em seguida, couve-flor, o melhor servo de sérgio da cidade.
00:58:14E um dos meus itens preferidos de ir lá, por incrível que pareça, é um vinagrete.
00:58:19Incrível.
00:58:20Bar Padrim, batata frita.
00:58:24Não sei nem explicar.
00:58:26A porca voadora, o gilosinho.
00:58:27Temos o fuga, que acabou de inaugurar.
00:58:33E o meu prato preferido de lá é uma fugaceta de cebola.
00:58:39Só experimenta, tá?
00:58:41Um pecado.
00:58:42Para finalizar o dia, a gente tem boca livre, que são meus vizinhos do Santo Antônio.
00:58:49Sanduíche perfeito e maravilhoso.
00:58:51E o que eu sempre peço é o bacon livre.
00:58:53Então, assim, não vai errar.
00:58:56Vai lá.
00:58:57Saúde.
00:58:58E eu tô aqui no meu cafezinho.
00:59:00Malu, obrigada pelas suas dicas, viu?
00:59:02E aproveitando, Henrique, agora é a sua vez.
00:59:05Fala onde você gosta de ir pra comer e beber.
00:59:08Não vale em suas casas, tá?
00:59:09Tá bom.
00:59:11Uma, duas, três.
00:59:12Quantas você quiser?
00:59:14Olha, meu...
00:59:16O lugar que eu mais frequento, é um dos botecos mais perto de casa,
00:59:19que é o Baltazar.
00:59:23Taberno Baltazar, lá de casa, comer sardinha, uma cerveja geladíssima.
00:59:28Enfim, um atendimento maravilhoso.
00:59:30Muito bom.
00:59:30Um salve pro Chacal, um grande ação que a gente tem lá.
00:59:32Eu adoro, lá pertinho também, né?
00:59:37O bar da Bruna, da Bruna Toddy, que é a porta favoradora, tá muito legal.
00:59:43O Fuga tá muito legal.
00:59:46Ah, pois ainda não fui.
00:59:47O Fuga tá muito legal.
00:59:50Muito orgulho de ver o Pedroca e o Nico lá.
00:59:53Estão brilhando.
00:59:54Que são os dois ex-cozinha tupis, pra quem não sabe, né?
00:59:57É, nos ajudaram a conceber.
00:59:58Família, família Viela total.
01:00:00É, eu adorei o Casa Ryuga.
01:00:04Tá.
01:00:05Adorei jantar lá.
01:00:06Ó, muita gente fala desse lugar também.
01:00:08É, eu adorei comer lá.
01:00:10Recentemente quero voltar.
01:00:13É, eu amo a Nela, por memória gustativa.
01:00:16É, fui criado ali naquele passeio.
01:00:20E o Chapu, né?
01:00:22É o melhor restaurante do mundo, pra mim.
01:00:24Pra mim é um dos melhores restaurantes do mundo mesmo.
01:00:27É um que, né, representa a nossa região tão lindamente.
01:00:33E eu tenho muito orgulho daquele lugar.
01:00:35Conto pra todo mundo daquele lugar.
01:00:37Acho demais.
01:00:40É, eu até tenho saído legal, assim.
01:00:42Mas é isso.
01:00:43Baltazar, sempre, sempre é o primeiro lugar.
01:00:47E, deixa eu ver se tem alguma coisa recentemente que eu adorei.
01:00:51Ah, adorei o Paralel.
01:00:53Do Guia Gabi.
01:00:55Adorei.
01:00:55Adorei a experiência.
01:00:56Já adoro o Oknac também.
01:00:58É, adorei lá.
01:01:03Acho que é isso.
01:01:04Acho que são os principais lugares.
01:01:06Ótimas dicas.
01:01:07Obrigado.
01:01:08E, é, nas Olimpíadas do ano passado,
01:01:12vocês participaram de um projeto incrível,
01:01:14que foi levar Minas, um bar de Minas, para Paris, né?
01:01:18Isso.
01:01:18E servindo as nossas comidas típicas,
01:01:21pão de queijo, linguiça e etc.
01:01:24E, pelo que deu pra perceber,
01:01:27essa experiência foi muito transformadora pra você, né, Henrique?
01:01:30Foi.
01:01:30Como é que foi viver tudo isso,
01:01:33que foi um sucesso absoluto, né?
01:01:35Foi, foi muito legal.
01:01:36E o que que você trouxe de volta na bagagem,
01:01:39pra sua vida, pra sua cozinha?
01:01:42Foi muito legal.
01:01:43Foi, foi, é,
01:01:45um motivo de, né,
01:01:47de muita experiência,
01:01:49muitas experiências legais.
01:01:51Acho que poder ter ido, né,
01:01:53com o meu time,
01:01:54e, né,
01:01:55poder ter mostrado
01:01:57nossa cultura,
01:01:59e poder ter comido
01:02:01em tantos lugares, né,
01:02:02uma oportunidade pra gente fazer um intercâmbio também,
01:02:04conhecer tantos restaurantes,
01:02:06é,
01:02:07tantos bares de vinho,
01:02:09essas coisas todas,
01:02:09entender um pouco o comportamento deles,
01:02:11pra poder aprender também,
01:02:13né,
01:02:13como enxergar o cliente aqui,
01:02:16mas eu voltei com muito orgulho na bagagem.
01:02:19Que legal.
01:02:19Porque, nossa,
01:02:20eu voltei com a certeza
01:02:23de que nós somos o melhor povo do mundo.
01:02:25Acho que o brasileiro
01:02:26é o melhor povo
01:02:28que tem no mundo,
01:02:30desculpem os outros,
01:02:31mas a gente se adapta,
01:02:32a gente é feliz o tempo todo,
01:02:34a gente,
01:02:35é,
01:02:35traz felicidade pra todo mundo.
01:02:37Então, onde passava brasileiro,
01:02:39tava todo mundo animado,
01:02:40era samba mesmo,
01:02:42e pagode mesmo,
01:02:43pode ser clichê,
01:02:43mas a gente precisa se orgulhar demais,
01:02:46né,
01:02:47Fernanda Torres falou ano passado,
01:02:48com o sucesso do Anderson aqui,
01:02:50como que a gente é uma ilha
01:02:52isolada pelo idioma,
01:02:53e realmente,
01:02:54o fato da gente falar português
01:02:56nos isola,
01:02:57e as pessoas consomem muito pouco
01:02:59a nossa cultura,
01:03:00nossa cultura alimentar,
01:03:01nossa cultura musical,
01:03:03nossas artes plásticas,
01:03:04tudo isso,
01:03:05nossas artes visuais,
01:03:07é,
01:03:08tudo isso é muito pouco consumido pelo mundo.
01:03:10Então,
01:03:10nossa propaganda mundial,
01:03:11ela é muito rasa,
01:03:14ela é muito rasa,
01:03:15eu amo futebol,
01:03:16eu amo samba,
01:03:17mas ela é só isso em muitos lugares do mundo,
01:03:19e a gente é mais que isso.
01:03:20Muito mais.
01:03:21Não que isso seja ruim,
01:03:22eu amo futebol,
01:03:23eu amo samba,
01:03:24faz parte da gente,
01:03:25mas a gente é um tanto de coisa,
01:03:27né,
01:03:27e eu ainda quero ter a oportunidade
01:03:29de mostrar isso pro mundo,
01:03:30assim,
01:03:30eu acho que,
01:03:31eu ainda quero ter um boteco em Paris,
01:03:33nem que seja itinerante,
01:03:34eu quero ter um boteco em Barcelona,
01:03:36não quero,
01:03:37porque,
01:03:38não se,
01:03:38não tem boteco,
01:03:40ninguém senta pra tomar uma cerveja de 600,
01:03:42em lugar nenhum do mundo,
01:03:43com o meu torresmo,
01:03:44com tranquilidade,
01:03:45sempre é,
01:03:46sabe,
01:03:47com muito mais formalidade,
01:03:48eu acho que o brasileiro,
01:03:49ele traduz simplicidade,
01:03:51com elegância,
01:03:51muito bem,
01:03:52e tenho muita vontade mesmo,
01:03:55voltei com muita vontade,
01:03:57de fazer alguma coisa lá fora,
01:03:59temporário,
01:04:00não vou morar fora,
01:04:02nem nada,
01:04:02pra poder tocar,
01:04:03mas eu ainda quero fazer,
01:04:05algum pop-up,
01:04:06alguma coisa lá fora,
01:04:07porque,
01:04:08nós somos motivos de orgulho demais,
01:04:10eu acho que o Brasil,
01:04:11precisa se orgulhar de quem é,
01:04:12o povo brasileiro,
01:04:13precisa se orgulhar demais,
01:04:14de quem é,
01:04:15porque nós somos demais,
01:04:17nós sabemos as coisas,
01:04:19nós sabemos viver,
01:04:21sabe,
01:04:21muita gente não sabe viver,
01:04:23como o brasileiro vive,
01:04:24brasileiro vive em muito,
01:04:25mais dificuldade,
01:04:27do que a maioria,
01:04:29dos povos da Europa,
01:04:30por exemplo,
01:04:30sim,
01:04:31com certeza,
01:04:32lógico que hoje em dia,
01:04:32a gente tem uma situação,
01:04:34de migração lá,
01:04:35da pesada,
01:04:36que também é,
01:04:38né,
01:04:39vou usar uma expressão difícil aqui,
01:04:41mas,
01:04:42é basicamente,
01:04:44a devolutiva,
01:04:45né,
01:04:45de tudo que a Europa fez,
01:04:46né,
01:04:47colonizou todo mundo,
01:04:48e agora está todo mundo,
01:04:48indo para lá,
01:04:50mas,
01:04:50o povo brasileiro,
01:04:53ele dá um jeito,
01:04:54de estar inserido,
01:04:56né,
01:04:56ele não fica isolado,
01:04:57em lugar nenhum,
01:04:58né,
01:04:58todo mundo acolhe o brasileiro,
01:05:00muito bem,
01:05:00e a gente precisa,
01:05:02usar disso,
01:05:03para poder,
01:05:04promover o que a gente tem,
01:05:05olha,
01:05:05que fato interessante,
01:05:06a gente tem a maior empresa de bebidas do mundo,
01:05:11não tem nenhuma cerveja brasileira,
01:05:13sendo servida,
01:05:14em lugar nenhum,
01:05:16você tem,
01:05:17Forona,
01:05:18você tem,
01:05:19Dosec,
01:05:20você tem,
01:05:20enfim,
01:05:21tanto de,
01:05:22marca de cerveja,
01:05:23do mundo inteiro,
01:05:24que é,
01:05:25praticamente,
01:05:25a mesma cerveja,
01:05:26que a gente tem aqui,
01:05:27mas não tem,
01:05:29não sei se pode falar,
01:05:29não tem uma brama gelada,
01:05:31não tem um,
01:05:32entendeu,
01:05:32uma antástica,
01:05:33azulzinha ali,
01:05:34em lugar nenhum,
01:05:37não tem distribuição,
01:05:39isso é,
01:05:40um pouco dessa síndrome,
01:05:41de a gente achar,
01:05:41que isso não é bom,
01:05:42sim,
01:05:42que a nossa cerveja,
01:05:44não é boa,
01:05:44do que nada é bom,
01:05:45o nosso,
01:05:46tem tanta coisa nossa,
01:05:47que é fantástica,
01:05:48que pode estar lá,
01:05:49e que não está,
01:05:50muito,
01:05:51porque a gente não,
01:05:52é,
01:05:53aposta,
01:05:54na,
01:05:54na propaganda disso,
01:05:55olha,
01:05:57outro número,
01:05:57muito bizarro,
01:05:59a Espanha,
01:06:00tem mais ou menos,
01:06:00o tamanho do Brasil,
01:06:01do,
01:06:01de Minas Gerais,
01:06:02tá,
01:06:03a Espanha recebe por ano,
01:06:0484 milhões de turistas,
01:06:06o Brasil,
01:06:08passa dos 6 milhões,
01:06:09no máximo,
01:06:116 milhões,
01:06:12a República Dominicana,
01:06:13recebe 13 milhões,
01:06:15nossa,
01:06:16muito mais que a gente,
01:06:17muito mais que a gente,
01:06:18a gente não recebe turista,
01:06:20é,
01:06:21entendeu,
01:06:22para ir no interior do,
01:06:24de Fortaleza,
01:06:24que é lindo,
01:06:25para ir no interior de Minas,
01:06:26que é fantástico,
01:06:27para ir no Rio de Janeiro,
01:06:28que é maravilhoso,
01:06:29para ir,
01:06:29tanto lugar,
01:06:31entendeu,
01:06:32é,
01:06:32não sei se em São Paulo não,
01:06:33mas tem um tanto lugar legal,
01:06:35brincadeira,
01:06:36mas tem tanto lugar legal no Brasil,
01:06:37sim,
01:06:38é,
01:06:39as cataratas do Iguaçu,
01:06:40são,
01:06:40é o ponto turístico,
01:06:41principal do Brasil,
01:06:43sabe,
01:06:43é como se a gente fosse um paisico,
01:06:45desse tamanho,
01:06:46a gente é gigante,
01:06:47então assim,
01:06:47eu voltei com muito orgulho,
01:06:49com muita vontade,
01:06:50de tentar,
01:06:51caminhar por esse caminho,
01:06:53caminhar por esse,
01:06:54por essa estrada,
01:06:56de falar de Brasil,
01:06:57para o mundo,
01:06:58eu acho que assim,
01:06:58ainda quero,
01:07:00é,
01:07:00ter mais,
01:07:01construir mais oportunidades,
01:07:02para que isso aconteça,
01:07:03acho que,
01:07:04a gente tem,
01:07:05governo para isso,
01:07:06a gente tem,
01:07:07a gente pode ter iniciativa,
01:07:08para isso,
01:07:09não é difícil,
01:07:10inclusive privada,
01:07:11porque nós temos indústrias,
01:07:13que podem proporcionar isso,
01:07:14então assim,
01:07:16e temos talentos aqui,
01:07:18muitos,
01:07:18cabeças pensantes,
01:07:20muitos,
01:07:20de todas as áreas,
01:07:22sim,
01:07:22então acho que,
01:07:23isso,
01:07:25isso foi a principal sensação,
01:07:27que eu voltei,
01:07:27foi o principal sentimento,
01:07:29que eu voltei na bagagem,
01:07:30além de,
01:07:31uns flagrões escondidos,
01:07:33foi mais ou menos isso,
01:07:34bom,
01:07:36e,
01:07:36pensando desse lado,
01:07:38que a gente está falando,
01:07:39de levar a nossa comida,
01:07:40para fora,
01:07:41mas ao mesmo tempo,
01:07:43voltando aqui para dentro,
01:07:46vocês,
01:07:47no Cozinha Tupis,
01:07:48vocês são hoje,
01:07:49um ponto de referência,
01:07:50turística,
01:07:51né,
01:07:52por estar no mercado novo,
01:07:53que virou realmente,
01:07:55um ponto,
01:07:56que todo mundo tem que visitar,
01:07:57quando vem de fora,
01:07:59né,
01:07:59assim,
01:07:59como que é estar nesse lugar,
01:08:02que é ser um ponto de referência,
01:08:03para o turista,
01:08:04mostrar a nossa cultura,
01:08:06a nossa comida,
01:08:07para quem está de fora,
01:08:08como é que vocês lidam com isso?
01:08:10É,
01:08:10eu acho que,
01:08:12é,
01:08:14a gente não pode,
01:08:14a gente não pode fazer,
01:08:17é,
01:08:17alegoria para ninguém,
01:08:19a gente tem que estar sempre,
01:08:21eu acho assim,
01:08:21a mensagem que eu tento passar,
01:08:23e hoje em dia,
01:08:24é,
01:08:25eu tenho uma gestora de hospitalidade fantástica,
01:08:28que é a Estela,
01:08:30Estela Simões,
01:08:31ela está transformando muito,
01:08:33o meu atendimento,
01:08:35em algo que é nosso,
01:08:36que é próprio,
01:08:37a gente sempre teve uma aura,
01:08:40entre altos e baixos,
01:08:41a gente já teve gente,
01:08:42que foi maltratada,
01:08:44a gente trabalha com seres humanos,
01:08:45tem,
01:08:46tem,
01:08:46tem situações,
01:08:47situações,
01:08:48mas a gente conseguiu um lugar,
01:08:50interessante,
01:08:51na hospitalidade,
01:08:52e isso tem a ver com a hospitalidade,
01:08:55porque a gente,
01:08:56a gente investiu muito em hospitalidade,
01:08:59invisível,
01:09:01que não está nas pessoas,
01:09:03que é a estética,
01:09:05é,
01:09:05o garfim enrolado num pano,
01:09:08que é,
01:09:09o nosso guardanapo,
01:09:11é,
01:09:11o avental,
01:09:12que é assim,
01:09:12o assado,
01:09:13a jaca azul,
01:09:15é,
01:09:15sentar no balcão,
01:09:16com simplicidade,
01:09:17servir no prato,
01:09:18do Ralex,
01:09:19que a gente inflacionou,
01:09:20esse mercado pelo visto,
01:09:21porque fiquei sabendo,
01:09:22que está caro agora,
01:09:23caramba,
01:09:24é,
01:09:25mas,
01:09:26é,
01:09:27tudo,
01:09:28todas as escolhas,
01:09:29que a gente fez,
01:09:30para servir num lugar,
01:09:32simples,
01:09:33isso é a tradução,
01:09:34do nosso sentimento,
01:09:35para aquele lugar,
01:09:36e isso é a hospitalidade,
01:09:37então,
01:09:38essa,
01:09:39estética,
01:09:40que a gente buscou,
01:09:41infelizmente,
01:09:42mercados,
01:09:43vem e vão,
01:09:43e a gente sabe,
01:09:44que tem muita coisa acontecendo,
01:09:46no mercado novo agora,
01:09:47que saiu muito da nossa tela,
01:09:49mas,
01:09:49que ainda é um lugar,
01:09:50muito visitado,
01:09:52é,
01:09:53mas,
01:09:53que é um lugar,
01:09:54que a gente conseguiu,
01:09:56um,
01:09:57um,
01:09:57impacto tão grande,
01:09:59por ser verdadeiramente,
01:10:02brasileiro,
01:10:03no vernacular,
01:10:04né,
01:10:04no vernacular,
01:10:06é,
01:10:06popular,
01:10:07né,
01:10:07da cultura popular brasileira,
01:10:09então,
01:10:10acho que é onde o Rafa,
01:10:10foi muito feliz,
01:10:11então,
01:10:12assim,
01:10:12é muito impactante,
01:10:13entrar lá,
01:10:13porque você não tem,
01:10:15é,
01:10:16um choque,
01:10:16é uma estética,
01:10:18que,
01:10:18pelo menos,
01:10:19combinava,
01:10:20é,
01:10:21e combina,
01:10:21em certa forma,
01:10:23com o andar de baixo,
01:10:24com aquela região do centro,
01:10:26né,
01:10:26não é uma,
01:10:27um lugar que destoa,
01:10:28do restante do centro,
01:10:30sim,
01:10:30então,
01:10:31é a gente olhar para o centro,
01:10:32com orgulho,
01:10:33e não olhar com vergonha,
01:10:35basicamente,
01:10:35a gente olhar para,
01:10:37para a nossa população,
01:10:39simples,
01:10:40população do dia a dia,
01:10:41população,
01:10:42né,
01:10:42da,
01:10:42da,
01:10:43classe média,
01:10:45média e baixa brasileira,
01:10:46entendendo que nós somos esse povo,
01:10:49nós somos os 99%,
01:10:50como dizem por aí,
01:10:51nós somos esse povo,
01:10:53um povo simples,
01:10:54um povo que é feliz por nada,
01:10:57e a gente tentou,
01:10:58meio que traduzir isso com,
01:11:00é,
01:11:01placas que são feitas lá no próprio mercado,
01:11:04os talheres,
01:11:05os,
01:11:06é,
01:11:06cardápios,
01:11:07são impressos lá no próprio mercado,
01:11:09então,
01:11:09acho que essa,
01:11:10esse mutualismo que a gente buscou ali,
01:11:14é,
01:11:14é o que fez a gente ser evidenciado,
01:11:17né,
01:11:17a gente não tentou copiar o mercado,
01:11:20sim,
01:11:20da Ribeira,
01:11:21a gente não tentou copiar o mercado,
01:11:23nem o mercado central,
01:11:25entendeu,
01:11:25a gente tentou fazer um mercado que é único,
01:11:28né,
01:11:28quando a gente concebeu,
01:11:29e eu acho que é esse olhar que a gente quer mostrar,
01:11:32em novos projetos,
01:11:33em outras coisas que a gente está,
01:11:35fazer,
01:11:35mas eu estou falando demais do que,
01:11:36seria naquilo,
01:11:37tem esse momento de,
01:11:38roubar informações da gente,
01:11:40e vocês estão sendo já copiados,
01:11:42inclusive,
01:11:43né,
01:11:43isso está acontecendo ao contrário também,
01:11:45né,
01:11:45então,
01:11:46faz parte,
01:11:47né,
01:11:47faz parte,
01:11:47quando você,
01:11:48você faz uma coisa,
01:11:50você vai fazer coisa nova,
01:11:51sim,
01:11:52para o povo copiar de novo,
01:11:52para o povo aumentar,
01:11:55e,
01:11:56o que você acha que falta,
01:11:57para a gente de fato,
01:11:59se assumir,
01:12:00como uma cidade,
01:12:02um destino gastronômico,
01:12:04no mundo,
01:12:05porque,
01:12:06a gente ainda não chegou nesse lugar,
01:12:07né,
01:12:07vai doer,
01:12:08pode falar,
01:12:09pode,
01:12:09pessoal,
01:12:10saiam de casa,
01:12:11para ir comer e beber,
01:12:12gastem,
01:12:13dinheiro,
01:12:14porque,
01:12:15a cidade não entrega mais,
01:12:17o público,
01:12:17de antes,
01:12:19as pessoas não têm saído mais,
01:12:20eu sei que o mercado não está fácil,
01:12:21o economia não está fácil,
01:12:22mas,
01:12:24a gente celebra pouco a nossa mesa,
01:12:26nós mesmos,
01:12:27o turismo está vindo,
01:12:28a gente tem muito turismo,
01:12:30tem muita gente visitando Belo Horizonte,
01:12:32mas o Belo Horizonte não está se visitando,
01:12:35tá,
01:12:35triste isso,
01:12:36eu sinto muito isso,
01:12:38eu sinto que o Belo Horizonte não tem saído pouco de casa,
01:12:41para celebrar a sua própria mesa,
01:12:43é,
01:12:45sabe,
01:12:47enfim,
01:12:48não,
01:12:48não só eu sinto isso,
01:12:50tá,
01:12:51eu acho que,
01:12:53é,
01:12:55tem gente,
01:12:55sabe,
01:12:56às vezes para Nova Lima,
01:12:57para franquias de São Paulo,
01:12:59que abrem BH,
01:12:59pô,
01:13:01calma aí,
01:13:01né,
01:13:02a gente tem tanta coisa legal aqui,
01:13:04muita,
01:13:05sabe,
01:13:05tem gente indo ver,
01:13:07é,
01:13:07lançamento em shopping,
01:13:08de loja,
01:13:09de franquia,
01:13:10sabe,
01:13:11eu acho que,
01:13:12a gente precisa se celebrar,
01:13:15a gente precisa ter orgulho do nosso,
01:13:16da nossa gastronomia,
01:13:17indo,
01:13:18frequentando,
01:13:19conhecendo o cardápio novo,
01:13:20falando desse assunto,
01:13:22sem ser para detonar,
01:13:24tem gente que nunca foi nos restaurantes,
01:13:26e fala mal dos restaurantes,
01:13:27gente,
01:13:28como um hobby,
01:13:29eu acho que,
01:13:30a gente precisa defender os nossos restaurantes,
01:13:33proteger,
01:13:34falar deles,
01:13:35celebrar eles,
01:13:36ir nos aniversários de restaurantes,
01:13:37sabe,
01:13:38encher as ruas,
01:13:38eu fiquei tão feliz,
01:13:40com a despedida da Birosca,
01:13:41tanta gente foi na rua,
01:13:43sabe,
01:13:44é,
01:13:44eu acho que,
01:13:45isso é,
01:13:45isso é o legal,
01:13:46sabe,
01:13:47a gente precisa se celebrar,
01:13:49ir nos restaurantes mesmo,
01:13:51falar,
01:13:51pô,
01:13:51fui lá,
01:13:52almocei lá,
01:13:53estava bom demais,
01:13:54contar para todo mundo,
01:13:55acho que é só assim,
01:13:57só assim,
01:13:57o paulistano,
01:13:59ele sai de casa,
01:14:00para almoçar e para jantar,
01:14:01bem,
01:14:02é um mercado que gira,
01:14:03mais dinheiro,
01:14:04está tudo certo,
01:14:05mas tem gente que,
01:14:06que pode ir comer fora,
01:14:08vá comer fora,
01:14:10sei que a gente gosta de receber em casa,
01:14:11aqui em BH,
01:14:12mas acho que é importante ir para mover,
01:14:15ir para comer,
01:14:16ir para experimentar coisas novas,
01:14:18e, sabe,
01:14:19sair para falar disso,
01:14:21ter mais,
01:14:22inclusive,
01:14:22canais para falar,
01:14:23para a população falar disso,
01:14:25para o povo falar disso,
01:14:26falar bem,
01:14:27falar de boas experiências,
01:14:29né,
01:14:29acho que isso valida muito,
01:14:32é,
01:14:33valida muito quem vem de fora,
01:14:35a gente tem muita indicação,
01:14:36eu tenho pouco a reclamar,
01:14:38né,
01:14:38a gente é muito recomendado por muita gente,
01:14:40é,
01:14:41acho que logicamente é fruto de trabalho,
01:14:43sim,
01:14:44mas tem muita gente nova,
01:14:46é,
01:14:46abrindo coisa nova,
01:14:47super legal,
01:14:48né,
01:14:49Bar Padrim,
01:14:50Casa Rigue,
01:14:51Casa Hilga,
01:14:53é,
01:14:53Ana Gabriela,
01:14:54maravilhosa,
01:14:55contra T1,
01:14:56está incrível,
01:14:58é,
01:14:58sabe,
01:14:59Fuga,
01:15:00tanta coisa linda,
01:15:01sendo aberta,
01:15:02e eu acho que todo mundo tem que ir visitar,
01:15:04tem que sair,
01:15:04tem que falar disso,
01:15:06tem que se provocar a fazer mais isso,
01:15:08né,
01:15:08eu acho que,
01:15:09isso é que faz,
01:15:10a cultura de Belo Horizonte se disseminar,
01:15:14se espalhar,
01:15:15eu acho que passa por isso.
01:15:16Muito bom,
01:15:17tá aí o recado,
01:15:18gente,
01:15:18bem direto,
01:15:19hein,
01:15:20e chegou a hora da gente celebrar a nossa mesa juntos,
01:15:24vamos montar uma mesa aqui,
01:15:25pra gente continuar o papo,
01:15:27fazendo o que a gente mais gosta,
01:15:28que é comer,
01:15:29né,
01:15:29vamos lá,
01:15:30a gente já volta.
01:15:31Estamos de volta aqui já,
01:15:32com a mesa montada,
01:15:34e vamos celebrar,
01:15:35né,
01:15:35a nossa cozinha,
01:15:36com esse prato,
01:15:38que é do Cozinha Tupis,
01:15:39não é isso?
01:15:40Conta a história dele pra gente.
01:15:42Esse é um prato que a gente foi chantageado,
01:15:43inclusive,
01:15:44quando a gente tirou ele do cardápio,
01:15:45porque,
01:15:47o pessoal gostava muito,
01:15:48isso é um fenômeno esse prato,
01:15:49que é uma tulipinha desossada,
01:15:52que a gente deixa só com o mocinho,
01:15:53pra pessoa comer com mais facilidade,
01:15:55que a gente besunta no molho levemente apiantado,
01:15:58e serve com paçoquinha,
01:16:00e aí isso causa um estranhamento inicial,
01:16:02mas depois...
01:16:03É uma loucura.
01:16:04É meio bruxoante,
01:16:05assim,
01:16:05é gostoso,
01:16:06e aí,
01:16:07enfim,
01:16:07é uma das reverências ali da Cozinha Tupis,
01:16:10desses pratos que caem no gosto do público,
01:16:13e vira febre,
01:16:15né?
01:16:15E essa ideia de colocar a paçoquinha,
01:16:18de onde que você tirou ele?
01:16:19É uma combinação que não é tão atípica,
01:16:21que é a pimenta com o amendoim,
01:16:25ela já é,
01:16:26ela vem de várias linhas asiáticas de cozinha,
01:16:30e a gente tem uma maneira de comer amendoim,
01:16:32que é muito legal,
01:16:33que é a paçoquinha,
01:16:33que é a paçoca,
01:16:34na verdade,
01:16:35e,
01:16:36enfim,
01:16:38foi quase acidental.
01:16:40A gente foi testando esses elementos,
01:16:43a gente faz um diagrama de elementos
01:16:45que a gente quer no prato,
01:16:46e acabou resultando nisso.
01:16:48Vamos lá,
01:16:49então vamos comer,
01:16:50né?
01:16:51É com a mão mesmo,
01:16:52né, Henrique?
01:16:53Vamos lá.
01:16:53Como dizem por aí,
01:16:54tudo que é bom,
01:16:55a gente come com a mão ou põe no pão.
01:16:58Olha só,
01:16:59vou juntando bastante,
01:17:01e molho aqui,
01:17:02olha.
01:17:02É bom, né?
01:17:09Nossa,
01:17:09é muito bom.
01:17:13O que é oriental,
01:17:15o que é mineiro,
01:17:17o adocicado,
01:17:19tudo junto,
01:17:20muito bom.
01:17:24Essa é a brincadeira.
01:17:25E você serviu lá em Paris,
01:17:28não foi?
01:17:29Nossa,
01:17:30suspendeu,
01:17:30viu?
01:17:31Tinha até que suspender a venda,
01:17:33só não vender lá que o torresmo.
01:17:35Também competir com o torresmo.
01:17:37Não é fácil,
01:17:38não.
01:17:38Não é fácil,
01:17:39não.
01:17:40E fala de outros pratos
01:17:42que têm essa conexão
01:17:45com o lugar onde vocês estão,
01:17:49com Minas,
01:17:50que vocês fazem de uma forma
01:17:51criativa,
01:17:52diferente?
01:17:54Olha,
01:17:54tem o frango do Zé,
01:17:56um prato que a gente faz lá,
01:17:57que a gente serve
01:17:58a moda antiga,
01:18:03tem o alface forrando o prato.
01:18:06A gente fez uma seleçãozinha
01:18:07de alface mini,
01:18:09assim,
01:18:09bem crocantinho,
01:18:11e serve
01:18:12duas sobrecochas prensadas,
01:18:14como a musseline farcí
01:18:15de frango com cogumelos e tal,
01:18:18no meio,
01:18:19dourada,
01:18:19com alguns temperinhos.
01:18:21E serve em cima do alface.
01:18:23Só que a ideia é que você faça
01:18:25um bimbap,
01:18:26né?
01:18:27Que é um prato coreano,
01:18:28só que com um prato com o Zé.
01:18:30Então,
01:18:31é esse tipo de
01:18:32explicácia que a gente gosta
01:18:35de colocar ali
01:18:36nos pratos, né?
01:18:38Então,
01:18:40o exemplo da língua
01:18:41na brasa com tomate verde,
01:18:44né?
01:18:44Tomate verde é a verdura
01:18:46mais barata,
01:18:47normalmente,
01:18:47porque ela fica...
01:18:51Normalmente,
01:18:51ela estraga
01:18:52antes de amadurecer,
01:18:54então,
01:18:54o tomate que vem verde,
01:18:55o verdureiro gosta
01:18:57de vender rápido,
01:18:58pra não correr o risco
01:18:59de perder,
01:19:01porque amassa
01:19:01e tudo mais.
01:19:03E a gente compra sempre
01:19:04e serve
01:19:04com uma salsa verde,
01:19:05né?
01:19:06Então,
01:19:06é uma língua que
01:19:06ela é
01:19:08no molho carregado,
01:19:10mas ela,
01:19:10ao mesmo tempo,
01:19:11tem
01:19:11um frescor,
01:19:13né?
01:19:13do tomate verde
01:19:14e tudo mais.
01:19:15Delícia.
01:19:16Ah, isso aí tem o pé
01:19:17de porco recheado,
01:19:18que a gente adora,
01:19:19tem muita coisa.
01:19:21Vocês continuam
01:19:21com o menu degustação?
01:19:23No momento não,
01:19:24a gente tem
01:19:24uma reforma acontecendo
01:19:26e o dia 26
01:19:27está aí
01:19:27pra gente retomar.
01:19:29Nossa,
01:19:29então tem que voltar,
01:19:30porque é uma experiência
01:19:31incrível, né?
01:19:32Naquele balcão,
01:19:34com toda uma história,
01:19:35né?
01:19:35Que tem por trás
01:19:36os pratos, né?
01:19:38Vai voltar,
01:19:39vai voltar,
01:19:39só porque,
01:19:40como a gente teve
01:19:41que fazer uma adequação
01:19:42de obra lá,
01:19:43precisou suspender
01:19:44ele durante um tempo,
01:19:45mas agora,
01:19:46estamos de volta já já.
01:19:47E vocês acabaram
01:19:49mostrando uma vocação
01:19:51muito forte
01:19:52para resgatar lugares
01:19:55da cidade esquecidos,
01:19:57abandonados, né?
01:19:58É o caso do Mercado Novo,
01:20:00a praça lá onde fica,
01:20:02a casa da forno, né?
01:20:04A praça do Zig-Zag.
01:20:05Isso.
01:20:07Qual que é o próximo?
01:20:08O que a gente pode esperar aí?
01:20:09Que lugar de BH
01:20:10que precisa
01:20:11da intervenção
01:20:12de vocês?
01:20:13A gente tem olhado
01:20:14muito para o BH,
01:20:15nós temos
01:20:16dois pontos
01:20:17em andamento,
01:20:20que estamos estudando,
01:20:23basicamente,
01:20:25um ponto que a gente tem,
01:20:27né?
01:20:28Muita cultura atrelada,
01:20:30e um outro ponto
01:20:31que a gente tem
01:20:32muito design atrelado.
01:20:33Então,
01:20:34enfim,
01:20:36a gente vai andando
01:20:36pelas ruas,
01:20:37vai descobrindo,
01:20:38mas, né?
01:20:38A jornalista Selina Aquino
01:20:40querendo a cura aqui
01:20:41no podcast,
01:20:43mas,
01:20:44em 2026 vai vir
01:20:45muita coisa legal
01:20:46aqui em BH
01:20:47e talvez fora de BH também.
01:20:49Olha,
01:20:49então temos
01:20:50muitas novidades aí
01:20:51por vir.
01:20:52É isso,
01:20:52ano que vem nós vamos
01:20:53ter que fazer outro programa.
01:20:54É, vamos.
01:20:54Já está convidado de volta.
01:20:56Tá bom.
01:20:58Ó,
01:20:59muito obrigada,
01:21:00Henrique,
01:21:00pela sua presença.
01:21:01Foi muito bom
01:21:02ter você aqui,
01:21:03o papo.
01:21:03Muito obrigado,
01:21:04eu que agradeço.
01:21:05Foi muito legal
01:21:06e sempre bom
01:21:07o papo com você.
01:21:07Valeu demais.
01:21:08Ótimo.
01:21:09E obrigada a você
01:21:09que ficou aqui
01:21:10até o final
01:21:11nessa degustação
01:21:12maravilhosa.
01:21:13Eu vou comer mais,
01:21:14né,
01:21:14claro,
01:21:15e você fica o convite
01:21:16para ir lá
01:21:17no restaurante,
01:21:18no bar,
01:21:18na pizzaria,
01:21:20se você não conhece
01:21:21para conhecer
01:21:21ou para voltar,
01:21:22né,
01:21:22vamos ocupar a cidade,
01:21:25vamos frequentar
01:21:25os nossos restaurantes,
01:21:27não é isso?
01:21:28É isso.
01:21:28Acho que foi muito legal
01:21:29isso que o Henrique falou
01:21:30e fica esse recado,
01:21:31né,
01:21:31para todo mundo.
01:21:32Vamos sair de casa,
01:21:32vamos encher os botecos,
01:21:34que essa cidade
01:21:34é feita disso.
01:21:35Isso.
01:21:36E lá no nosso site,
01:21:38em.com.br
01:21:39barra degusta,
01:21:40a gente tem atualização
01:21:41diária de notícias,
01:21:43novidades da cidade,
01:21:45então se quiser ficar atualizado,
01:21:46descobre um lugar
01:21:47que você quer ir conhecer,
01:21:48vai lá que você vai descobrir,
01:21:50tá bom?
01:21:50Tchau,
01:21:51até a próxima,
01:21:51gente.
01:21:52Obrigada.
01:21:52Obrigada.
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