A tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros pode atingir setores estratégicos da economia paraense, como açaí, pescado, carnes, frutas e madeira. Estimativas preliminares apontam que milhares de postos de trabalho estão sob risco, somando desde empregos diretos em cadeias produtivas até atividades indiretas que dependem da exportação.
No vídeo, o técnico e pesquisador do Dieese Pará, Everson Costa, analisa os impactos da medida. Ele ressalta que a política tarifária já afeta indústrias no estado e pode provocar paralisação de investimentos e desligamentos imediatos em setores exportadores.
Reportagem George Miranda / Especial para O Liberal
00:00A política do governo americano de tarifar as exportações brasileiras impõe uma dinâmica de impactos muito severos para a economia como um todo.
00:11Não só quem exporta produtos, aí a gente está falando de uma relação inclusive de trocas entre aquilo que o Brasil compra e aquilo que nós exportamos, muito mais favorável aos americanos.
00:21Então, o tarifácio tem muito mais uma perspectiva política do que um lastro econômico para que se justifique tal medida.
00:31Ainda assim, o governo brasileiro tem buscado a negociação, os acordos, os setores organizados principalmente, e aqui várias frentes, não só junto ao governo americano, mas também de iniciativas de tentar proteger a indústria e com ela também os empregos.
00:46Recentemente, o governo federal lançou um pacote de ajuda com foco na geração, na permanência e na manutenção dos empregos e negócios da ordem de 30 bilhões de reais.
00:58Cabe lembrar que o impacto é muito variado e, claro, significativo para todas as unidades da federação.
01:04A depender do segmento, nós estamos falando de impactos maiores ou menores.
01:08Estimativas nacionais dão conta de que o impacto no emprego pode alcançar cerca de 700 mil postos de trabalho.
01:16Para além disso, estamos falando da possível paralisação de diversos investimentos que estão previstos ou estavam previstos antes do tarifácio.
01:26A gente está falando do agronegócio que exporta muito, a indústria brasileira que precisa de insumos.
01:31Estamos falando de um corredor de geração de emprego, renda, de projeção de investimentos e de negócios, como o açaí, por exemplo, aqui no estado do Pará,
01:42que não só geram emprego, geram renda, mas trazem uma expectativa de investimento para os próximos anos.
01:48A expectativa é que as negociações continuem.
01:52Há um pacote em marcha do governo federal para dar conta dessa movimentação.
01:56E mais do que isso, as iniciativas continuam pelo caminho do diálogo.
02:01Não há reprocidade do governo brasileiro, nesse momento, para fazer um enfrentamento em relação à guerra tarifária.
02:09Isso é muito sabido, até porque a gente sabe que, onde não há um lastro econômico para fazer um bom debate,
02:16não adianta você, então, buscar outras formas de fazer um enfrentamento que não um possível acordo de um diálogo.
02:23Aqui, ao estado do Pará, dependendo do segmento, e aí a gente está falando da capacidade desses segmentos, indústria, agronegócio,
02:32aqueles que têm o maior nível de exportação, de ampliar esses negócios, buscar linhas de crédito,
02:39tentar fazer com que essa relação impacto tarifácio possa ser amenizada o máximo possível.
02:45Mas não é o caso. Nós já temos indústrias, inclusive, na Grande Belém,
02:49anunciando o desligamento de quase mil trabalhadores.
02:53E isso, infelizmente, já é o começo e o impacto severo que essa política de tarifácio traz para o Brasil e o Pará como um todo.
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