O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo criará uma comissão para identificar os minerais críticos no Brasil. Empresas interessadas em explorar esses recursos deverão obter autorização do governo, em meio ao crescente interesse dos Estados Unidos por esses minerais estratégicos. Par afalar sobre o assunto, a Jovem Pan entrevista Flávio Roscoe, presidente da Fiemg. Reportagem: Marília Ribeiro Entrevistado: Flávio Roscoe
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00:00Vamos a Brasília, o presidente Lula comentou sobre o interesse dos Estados Unidos sobre as terras raras do Brasil
00:07e afirmou que pretende criar uma comissão para estudar esses minerais.
00:12A Marília Ribeiro está de volta e tem os detalhes para a gente, né Marília?
00:18É isso mesmo, Soraya. Além dessa comissão, o presidente Lula afirmou que os empresários que tiverem interesse em fazer a exploração desses materiais
00:26vão ter que pedir autorização do governo.
00:30O presidente explicou como é que deve funcionar essa comissão que deve ser anunciada já nos próximos dias
00:37e a gente vai ouvir a fala do presidente. Vamos ouvir o presidente agora.
00:41Nós estamos construindo uma parceria dentro do governo com a criação de uma comissão ultra especial
00:51primeiro para que a gente faça um levantamento de todo tipo de riqueza que o Brasil tem no seu solo e no seu subsolo.
01:00E o povo brasileiro tem que ter direito de usufruir dessa riqueza que essas coisas podem produzir.
01:06É simples assim. A gente não quer nada dos outros. A gente quer apenas garantir que aquilo que é nosso
01:14possa gerar riqueza para que esse país deixe de ser um país eternamente em via de desenvolvimento
01:21e seja um país altamente desenvolvido.
01:25Brasil, portanto, no radar dos Estados Unidos pelo motivo dos minerais críticos em meio a negociações travadas.
01:32Sobre este assunto, conversamos agora com Flávio Roscoi, que é presidente do Sistema FIANG.
01:38Muito bom dia para o senhor. Obrigada pela gentileza da entrevista.
01:42Bom dia, Soraya. Bom dia, Nonato. É um prazer estar aqui com vocês.
01:46Flávio, acho que o senhor consegue ajudar a gente a entender um pouco que tipo de exploração o Brasil faz hoje
01:52dessas terras raras e que, apesar do nome raras, estão em abundância na crosta terrestre.
02:00Mas há uma dificuldade ainda de extração? Como que funciona?
02:04As terras raras são um conjunto de elementos que são fundamentais para o desenvolvimento tecnológico mundial
02:11e são aplicadas em vários produtos, principalmente na cadeia eletrônica, armamentos.
02:18E boa parte do produto das terras raras também se transformam em ímãs permanentes
02:23que são utilizados nesses mesmos equipamentos, carros elétricos, corbinas eólicas.
02:29Então, são produtos fundamentais para o desenvolvimento tecnológico e também para a transição energética.
02:40No momento, boa parte da produção de terras raras é concentrada na China.
02:46E é por isso que elas têm uma relevância geopolítica.
02:50Agora, Flávio, o governo está pretendendo criar uma comissão para estudar essas terras raras.
02:57Por que só agora se volta a esse tema?
02:59É por causa do interesse americano?
03:01Porque, assim, se são raras e são tão importantes,
03:04por que nós já não estudamos isso há algum tempo, Flávio?
03:07Essa é uma ótima pergunta, Nonato.
03:11A gente pode...
03:12Eu, alguns meses atrás, dei uma declaração quando começou a guerra comercial.
03:17Falei que a guerra comercial tinha, de fato, começado
03:20quando a China baniu a exportação de ímãs permanentes de terras raras.
03:26Ou seja, todos os países do mundo não comprariam mais os ímãs permanentes chineses,
03:32apenas os componentes prontos.
03:34Que aquilo, na verdade, era o início dessa guerra comercial.
03:41E ficou de maneira clara que o primeiro acordo com a China
03:44tratou apenas dos ímãs permanentes de terras raras
03:47e da volta da exportação da China para os Estados Unidos,
03:51desses componentes que são essenciais para a indústria e para também a indústria bélica.
03:58Então, na verdade, outros países do mundo, ao longo dos anos,
04:02não somente o Brasil, deixaram a China concentrar 96%, 97% da produção mundial
04:10de ímãs permanentes de terras raras.
04:13O que colocou todos os outros países ali na dependência da China.
04:19E é esse cenário agora que todo mundo está correndo atrás para corrigir.
04:23E, na verdade, o fundamental não é a exploração das terras raras,
04:28não é o mineral terra raras.
04:30É a rota tecnológica para que você separe os elementos,
04:36refine os elementos e transforme eles em ímãs permanentes.
04:40Esse que é o X do assunto.
04:44Então, não é os produtos minerais em si,
04:47mas vale a pena ressaltar que o Brasil tem 22%, quase 22% dos depósitos mundiais de terras raras.
04:55E em impostos de caudas, especificamente, nós devemos ter os melhores depósitos do mundo
05:00em facilidades de exploração, em baixo custo e baixo impacto ambiental também.
05:07Então, esse é um grande ativo brasileiro, que eu acredito que pode, sim, fazer diferença na mesa de negociações.
05:16E a própria Fieng também fez o investimento no único laboratório de terras raras das Américas
05:22e na única planta que pode produzir, está agora, ímãs permanentes de terra rara.
05:29Inclusive, a China bananiu a exportação desses equipamentos para o resto do mundo.
05:33Então, nós temos uma joia única aqui, em Minas Gerais, em Lagoa Santa,
05:37que é o laboratório de terras raras, com uma planta de ímã permanente,
05:41que seria a única das Américas.
05:45Conversamos com Flávio Roscoi, presidente do sistema Fieng.
05:49Mais uma vez, Flávio, obrigada pela gentileza da entrevista.
05:52Um bom dia para o senhor.
05:54Muito obrigado, Soraya. Muito obrigado, Donato.
