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Roberto Motta recebe o Coronel Mello Araújo, vice-prefeito da cidade de São Paulo, para analisar a importância da gestão municipal no combate à criminalidade e comentar as ações da capital paulista para conter a expansão da cracolândia no centro da cidade.
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NotíciasTranscrição
00:00Conexão Mota
00:05Vivemos em um mundo complexo e em constante mudança.
00:12No Conexão Mota, eu recebo convidados especiais para falar de temas que afetam sua vida e seu futuro,
00:19sempre em linguagem clara e buscando a verdade.
00:23Hoje, nós vamos entender o papel dos municípios na gestão da segurança pública
00:28e quais são os desafios para conter a criminalidade nas grandes cidades.
00:34Para isso, eu tenho o prazer de receber no Conexão Mota o vice-prefeito de São Paulo,
00:40coronel da Polícia Militar e ex-presidente da CEA GESP, Melo Araújo.
00:46Vice-prefeito, seja muito bem-vindo.
00:49E para começar, eu queria lhe perguntar por que você decidiu se tornar policial?
00:53Mota, prazer poder estar aqui no seu programa, uma honra, agradeço de coração essa oportunidade.
01:01Eu venho de tradições na família, né?
01:05Então, o meu avô, ele entrou na Força Pública, a Polícia Militar no passado chamava Força Pública, né?
01:12Aqui em São Paulo, e ele entrou como soldado, participou da Revolução de 32,
01:18inclusive ele foi ferido em combate com um tiro de fuzil, perfurou os dois braços dele,
01:23estava olhando de binóculo e encerrou a carreira como coronel.
01:28Depois, o meu pai, Coronel Melo Araújo,
01:32comandou todo o policiamento de choque, todo o policiamento da capital de São Paulo,
01:37foi um grande comandante.
01:39E eu, pequenininho, em casa, eu vi o pai andando fardado,
01:44chegava fardado,
01:46e a gente, quando pequeno, brincava daquela polícia e ladrão, né?
01:51Acho que antigamente todo mundo tinha essas brincadeiras aí, né?
01:54Pega, pega, polícia e ladrão.
01:56E eu sempre queria ser o policial.
01:57E eu posso falar que, pra mim, é sonho de criança realizado.
02:02Muitos têm vários sonhos quando são pequenos, jovens, né?
02:06Sonham alguma coisa e, conforme vai crescendo, mudam.
02:11Às vezes, pela questão salarial, né?
02:13Se, pô, essa profissão eu gostaria, mas não ganha tanto, vou buscar uma outra.
02:18E eu posso falar que o meu é sonho de criança realizado.
02:21Eu até brinco, se eu morresse e nascesse de novo,
02:25eu queria ser policial novamente.
02:27Então, minha família está aí há pelo menos 100 anos cuidando da segurança pública de São Paulo.
02:33Minha quarta geração está no segundo ano da Academia do Barro Branco.
02:37Aluna oficial, é cadete da Polícia Militar.
02:40Seu filho.
02:41Meu filho.
02:42Então, eu sempre gostei de poder ajudar, servir as pessoas.
02:48E eu tinha também, uma outra profissão que eu gostaria, gostava muito,
02:51era a parte de medicina.
02:53Uma faculdade mais cara, né?
02:55Não tive a oportunidade.
02:57Mas, na polícia, você faz tudo.
03:00Você consegue ser um pouco médico, muitas vezes num parto.
03:04Você consegue, num acidente, ajudar, salvar uma pessoa.
03:09E no combate ao crime, que também é uma coisa que eu sempre gostei de fazer.
03:13Então, eu, com certeza, entrei na profissão certa aí.
03:16E era isso, essa era a minha próxima pergunta.
03:19Quais são os aspectos da atividade policial, né?
03:23De ser policial no Brasil?
03:26Quais são os aspectos que mais lhe agradam?
03:29E quais são aqueles aspectos que desanimam, às vezes, o policial no Brasil?
03:34Ô, Mota, eu peguei uma fase, eu entrei na polícia em 1987, antes da Constituição de 88, né?
03:43E eu peguei umas fases interessantes na polícia.
03:47E eu peguei uma fase muito boa.
03:49Quando você tá patrulhando, e você tá num bairro, e as pessoas, uma mulher, uma pessoa, fala assim,
03:57olha, eu tenho um traficante aqui, tem um cara que faz roubo aqui.
04:01Ela passava as informações, você ia lá e resolvia o problema.
04:06Você conseguia prender, aquele cara ficava preso.
04:09Muitos falam assim, ah, a gente precisa mexer no nosso código penal, as penas são muito brandas.
04:16Que isso aí era com o mesmo código penal que a gente tem hoje?
04:19O mesmo código penal.
04:20E eu falo pra você, podemos até pensar nisso, mas não é o mais importante.
04:25Não é o mais importante.
04:26Então eu peguei essa fase que você solucionava o problema de um bairro.
04:31Porque, como é que funciona, né?
04:33Tá tendo um roubo num bairro, geralmente é o mesmo criminoso, é a mesma quadrilha que age ali.
04:38E você prende, ou eu prendia naquela época, aquela quadrilha ficava presa e demorava muito pra voltar a ter problema ali.
04:49E eu peguei também uma fase, já no final, do meio pro final da carreira, mais pro final da carreira,
04:58com uma tal de audiência de custódia.
05:01E nessa tal de audiência de custódia, eu não resolvia mais os problemas de quando eu era tenente, eu resolvia.
05:10Quando eu era tenente, eu prendia e resolvia.
05:14Depois, quando eu era major, tenente, coronel, sempre fui operacional, viu, Mota?
05:18Sempre gostei de trabalhar na rua mesmo como comandante.
05:21Sabe que a carreira do oficial é um pouco diferente da praça,
05:24porque estava mais na gestão, estava mais no comandamento da tropa e muitas funções administrativas
05:32e pouco tempo operacional.
05:34Mas eu sempre me dividi na parte operacional e administrativa.
05:38Então, eu sempre estive nas ruas.
05:40E eu, depois, como coronel, eu prendi aquele mesmo traficante, aquele mesmo ladrão,
05:48porque a gente só prende as mesmas pessoas, tá?
05:52E eu via, no dia seguinte, esse cara ser solto na audiência de custódia.
05:58Então, o que eu vi?
06:01Que a gente, infelizmente, andou pra trás.
06:05A gente tinha uma polícia que era mais respeitada,
06:08que você conseguia dar solução pros problemas que tinham.
06:13E nós, eu vi a mudança de uma polícia desrespeitada,
06:18de uma polícia, muitas vezes, desvalorizada,
06:23e que não se soluciona mais o problema que aquela comunidade,
06:28aquele bairro, tem a expectativa que se solucione.
06:32Então, hoje, ele fala assim, olha, aquele cara tá traficando.
06:37A polícia sabe que ele tá traficando.
06:39Só que o tráfico é muito inteligente, eles estudam também.
06:45Ele começa a andar com 40 gramas de droga.
06:48E ele anda com 40 gramas de droga, ele é traficante.
06:51Só que ele sabe, se eu tiver com 40 gramas,
06:53eu vou vendendo pequenininho, de pouquinho em pouquinho,
06:56pois eu vou lá e pego mais e volto a vender.
07:00Aí não é mais tráfico.
07:01Eu não consigo mais resolver.
07:03E a população não sabe, não consegue entender isso.
07:06E ela acha que a gente é parceiro do crime, muitas vezes.
07:11Ela acha que a gente faz vistas grossas, mas não é isso.
07:15Eu posso falar pra você que, até trazendo pra problemas relacionados aí hoje que a gente tem,
07:22Cracolândia, moradores de rua.
07:25Eu peguei uma fase que existia a contravenção de vadiagem.
07:32Certo?
07:33O que que acontecia?
07:34Operações que a gente fazia, aquelas pessoas que ficavam lá,
07:38que hoje a população de bem tem medo,
07:42ficam andando pela rua, esperando uma oportunidade pra fazer, praticar algum delito.
07:47A polícia tinha poder de, a gente inclusive fazia operação com caminhão.
07:52Parava o caminhão, punha todo esse pessoal dentro do caminhão,
07:56levava pra delegacia, eles eram todos, eram todos, passavam pelo delegado.
08:04Fazia uma triagem.
08:05Fazia triagem por vadiagem.
08:07Uma contravenção penal.
08:09Contravenção penal.
08:10E isso desestimulava o crime.
08:13Hoje, se eu fizer isso, tô cometendo um crime.
08:15Em 2009, nós dormimos em berço esplêndido, né?
08:19A gente não enxergava o que o presidente Bolsonaro fez a enxergar hoje.
08:24E a gente, eles acabaram com essa contravenção.
08:29Então, hoje, eu não consigo, eu como policial, me sinto frustrado
08:33que a gente não consegue atender o anseio das pessoas.
08:37Antigamente, você atendia.
08:39Aquele cara ali, tava perturbando, você levava pra delegacia.
08:42Aquele cara, tava roubando, você prendia.
08:44A pena é pequena, mas ficava preso.
08:46Ah, roubo, dois a quatro.
08:48Ficava, ficava dois anos preso.
08:50Né?
08:51Hoje, não fica mais.
08:53Você tem audiência de custódia.
08:54Uma coisa que sempre teve, que também é um grande mal,
08:57são as progressões de pena.
09:00E hoje, com as progressões, né?
09:02Ninguém fica mais preso.
09:04Um homicídio, o mais simples de todo lá,
09:07seis anos, pena inicial.
09:09O cara com um terço da pena,
09:12ele já tem benefício, cai pro semiaberto,
09:15tem os benefícios.
09:17Então, ele cai no semiaberto,
09:18não tem onde a pessoa dormir à noite.
09:20O semiaberto, pra quem não sabe, né?
09:22E a maioria das pessoas não sabe como é que funciona.
09:25Sai de dia e volta.
09:26Deveria voltar pra cadeia à noite pra dormir na cadeia.
09:28Como não tem estabelecimento pra isso,
09:32ele dorme em casa.
09:33Quem que vai fiscalizar?
09:34Ninguém.
09:35Então, ele não fica em casa.
09:36Ele sai pra roubar.
09:37Então, eu vejo que a gente perdeu muito
09:41com essa evolução do tempo aí e com esses governos.
09:46Atualmente, a gente tá num governo aí que incentiva essas coisas.
09:50Eu sou obrigado a falar.
09:51Hoje, a gente tem aí um governo federal
09:53em que roubar um celular, como foi dito,
09:58não faz mal pra comprar uma cervejinha,
10:00só que o celular tira a vida de pessoas.
10:03Então, quando você tem um líder máximo de uma nação com um discurso desse,
10:09ele sabe o mal que ele faz pro país dele,
10:13porque gera um incentivo gigantesco perante a criminalidade.
10:17Então, quando você tem uma política que 40 gramas não é mais tráfico,
10:21a consequência é gigantesca, porque o traficante, ele simplesmente se adequa.
10:28Fala assim, ó, não posso andar, vou andar com menos.
10:31Vendo, vou lá, pego e volto a vender.
10:33E a gente também viu recentemente várias decisões judiciais
10:37dizendo que se a polícia não pode abordar uma pessoa que tá em atitude suspeita,
10:43se a pessoa vê a polícia e sai fugindo,
10:45isso não é motivo pra a polícia abordar.
10:48Tem uma série de decisões nesse sentido, né, de coibindo...
10:51Eu acho que você deve ter acompanhado,
10:53eu sei que você é uma pessoa que acompanha muito a segurança,
10:56o piloto de uma aeronave que foi pego com 400 quilos de pasta pura de cocaína
11:05em Penápolis, foi preso pela polícia, tá?
11:10E o juiz, e ele era um traficante procurado internacionalmente,
11:16ele foi solto agora recentemente.
11:19E por que ele foi solto?
11:20O juiz, na sua decisão, ele fala que a polícia revistou a aeronave pequena dele
11:29sem fundada suspeita.
11:31Então, a prisão foi ilegal, foi feita de modo ilegal.
11:36Ele tinha 400 quilos de pasta à base de cocaína.
11:41E a nossa prisão foi errada.
11:43E ele foi solto.
11:44Um narcotraficante procurado pela Interpol.
11:48De quem que é a culpa?
11:49A culpa é da polícia?
11:51Ou, como diz até um ministro recente aí,
11:54pegou e falou que a polícia aprende mal?
11:57Ou a polícia aprende mal?
11:58Ou é a justiça que sabe soltar muito bem?
12:01É as dúvidas que a gente tem que mostrar para a população para decidir.
12:04É, tem um pensador economista americano chamado Thomas Sowell,
12:08que ele fala muito sobre isso, né?
12:10Sobre magistrados.
12:13E ele fala isso sobre casos americanos.
12:16São magistrados que dentro do gabinete, fechado, no ar-condicionado,
12:21sem ter nenhuma experiência policial,
12:24querem ensinar ao policial como ele deve agir.
12:29O senhor não acha que está acontecendo uma confusão no Brasil entre direito e policiamento?
12:38Porque são duas coisas distintas.
12:39Uma coisa é o direito, outra coisa é a atividade policial.
12:43É investigar, é controlar um tumulto, é identificar uma pessoa em atitude suspeita.
12:50Eu concordo plenamente, Mota.
12:54A gente vai lembrando as coisas, né?
12:57Você pega antigamente, né?
12:59Eu pegava lá o cara com uma maconha e eu chegava no traficante.
13:05Eu chegava na casa cheio de droga e prendia o traficante.
13:11Você pegava o cara que tinha acabado de praticar um roubo,
13:15você olhava o celular dele, você chegava na quadrilha.
13:20Hoje a gente não pode fazer mais nada disso.
13:22Experimenta pegar o celular do ladrão que você acabou de prender
13:25e querer olhar a mensagem.
13:28Eu estou cometendo um crime.
13:30Eu não posso mais fazer isso aí.
13:32Então, as coisas foram se invertendo.
13:34O judiciário, a gente fala até pelo Supremo, né?
13:42Que tem o dever de, a função principal dele é preservar, né?
13:46Proteger a nossa Constituição.
13:49E a gente acompanha muitas vezes o Supremo aí,
13:53muitas vezes querendo legislar,
13:55o Supremo querer decidir o que faz com um muro na Cracolândia,
14:00que eu acho um absurdo.
14:01Eu estava, desde que eu assumi o mandato,
14:04eu todo dia indo na Cracolândia,
14:07tentando resgatar os dependentes químicos,
14:09montar uma política pública que foi montada,
14:13governo, prefeitura,
14:15para a gente resolver o problema na Cracolândia.
14:18E a preocupação nossa maior é com aquelas vidas que estavam lá.
14:21E aí, vendo o Supremo sobre o muro,
14:25eu falei, mas o que eles estão preocupados com esse muro?
14:28Para a gente responder sobre o muro que tinha lá.
14:31Um muro que já tinha mais de ano,
14:33eu falei assim, meu, eu acho que está em outra realidade.
14:37Está em outra realidade.
14:38O problema aqui não é o objeto físico.
14:41O problema são aquelas pessoas que estão ali.
14:45E você pega lá, veio para a prefeitura,
14:48por isso que eu estou colocando isso aí,
14:49para a gente responder sobre o muro.
14:52Eu poderia vir qualquer coisa.
14:54O que vocês estão fazendo com o dependente?
14:56Como vocês estão arrumando a solução desses dependentes?
14:59Por que está dando certo aí?
15:00Não.
15:01Veio para a gente explicar há quanto tempo o muro estava lá,
15:04por que construiu o muro.
15:06Não é função.
15:07É como se você tivesse um navio afundando
15:11e a pessoa está preocupada com o cardápio do restaurante.
15:13Com o cardápio.
15:15Agora, deixa eu lhe perguntar,
15:16já que a gente está falando da Cracolândia.
15:17Para o cidadão normal, é difícil entender como,
15:24num país que tem várias forças policiais,
15:28que sempre teve, prefeitura, governo do estado,
15:33entidades dedicadas à proteção do menor,
15:37nesse país não falta fiscal, não falta entidades de supervisão.
15:42Como é que se permite que uma Cracolândia surja e exista durante tanto tempo?
15:51Um ambiente que é um ambiente de degradação total,
15:55onde vários ilícitos são cometidos.
15:57Depois, vocês conseguiram descobrir uma série,
16:00um ecossistema praticamente ali.
16:02Mas como é possível que uma coisa dessas surja e exista durante tanto tempo?
16:08A gente precisa saber em quem votar.
16:11Políticas erradas, políticas equivocadas,
16:14geram exatamente isso aí.
16:16Eu trabalhei naquela região, na região aqui da Cracolândia,
16:20aqui em São Paulo, da antiga Cracolândia.
16:22Se Deus quiser, não vai retornar.
16:25Eu trabalhei quando eu era capitão.
16:28Comandava uma companhia na área central
16:30e pegava exatamente a região ali da Elvétia,
16:33onde eu andava lá e tinham milhares de dependentes químicos.
16:39Um formigueiro.
16:41Pareciam zumbis.
16:43E foi numa época que eu vi sair de um número pequeno e explodir,
16:48que foi na época da gestão do Haddad.
16:52Uma política errada gera consequências
16:54que podem se prolongar por anos.
16:58E eu vi isso aí acontecer.
17:00O Haddad, numa política equivocada,
17:03resolveu dar uma bolsa.
17:04O pessoal até apelidou de bolsa Crac,
17:07em que ele pegava esses dependentes.
17:08Ele, na cabeça dele, iria se resolver o problema
17:12dando um auxílio para essa pessoa.
17:15Esse auxílio, Motar,
17:17virava dinheiro de droga diretamente.
17:21Esse auxílio virava droga.
17:23Então, eu vi a gente sair de um número X de dependentes químicos
17:29e evoluir para um formigueiro de dependentes químicos.
17:33Uma política equivocada.
17:35E aí, ao longo dos anos,
17:38outras políticas também vão sendo tomadas de forma equivocada
17:43e gera isso aí.
17:44Por que a gente está conseguindo bons resultados aqui em São Paulo?
17:50Quando a gente tem um governo de São Paulo,
17:54no caso, o governo Tarcísio,
17:56alinhado com o governo Ricardo Nunes, prefeitura,
17:59você tem uma política muito forte.
18:02Quando um Estado se alinha ao município,
18:06muda a história.
18:06Eu peguei, nessa época aí,
18:09Haddad era prefeito
18:11e nós tínhamos o Alckmin,
18:13se eu não me engano, como governador.
18:15Partidos diferentes.
18:17Os operadores da segurança pública,
18:20a gente é que sofria mais.
18:23Porque o Estado punha a culpa na prefeitura,
18:25a prefeitura punha a culpa no Estado
18:27e a gente que está na linha de frente
18:29ficava empurrando para um lado e empurrando para o outro
18:32porque não tinha uma definição,
18:34um caminho único a ser seguido.
18:36Quando a gente consegue,
18:38e aí é um dos porquês
18:41que a gente está conseguindo bons resultados em São Paulo.
18:44Quando a gente alinhou o governo Tarcísio
18:47com o governo prefeito Ricardo Nunes,
18:50a política fica muito mais forte.
18:53A gente alinha
18:53e a gente consegue resultados muito melhores.
18:57E isso dá resultado.
18:59Eu posso falar,
19:00nós temos reuniões semanais,
19:02o vice-governador Felício representando o Estado,
19:05eu representando a prefeitura.
19:07Aí você tem membros da Secretaria de Saúde do Estado,
19:11membros da Secretaria de Saúde do Município,
19:14Segurança Estado, Segurança Município
19:16e várias secretarias participando.
19:18Quando você unifica, facilita.
19:22Eu vou dar um exemplo simples que pode parecer.
19:25Eu tenho um dependente químico e meu equipamento de saúde do município está,
19:31naquele momento, porque existe uma transição ali,
19:35está super carregado.
19:38Eu consigo facilmente mandar para o Estado.
19:40Eu crio uma política pública
19:43e a gente criou aqui
19:44de, poxa, esse aqui está nesse equipamento,
19:47mas tem um equipamento do Estado
19:49que se encaixa muito melhor
19:50ao perfil desse dependente químico.
19:53E você manda.
19:55Por exemplo, o Estado tem uma coisa
19:56que se chama Comunidades Terapêuticas.
19:59É uma linha que não tem médico,
20:02é uma linha que puxa mais para o lado religioso,
20:05em que a pessoa trabalha,
20:06ela acaba exercendo uma atividade
20:09junto com a comunidade ali
20:10e pega mais para esse lado religioso.
20:14A Prefeitura de São Paulo não tem e não pode,
20:17mas eu posso encaminhar para o Estado
20:20e o Estado encaminha para lá.
20:22Para você conseguir fazer isso,
20:24você precisa estar alinhado.
20:25Hoje a gente está alinhado
20:26para fazer políticas públicas
20:28que consigam dar solução aos problemas.
20:32Então, o problema todo
20:35é esse alinhamento.
20:37Você imagina,
20:38você imagina, já está bom, São Paulo.
20:40Se a gente tivesse um governo federal
20:42alinhado com o governo estadual
20:45e com a Prefeitura,
20:46não tinha para ninguém aqui em São Paulo.
20:49Não tinha.
20:49Primeiro pela força,
20:51é o carro-chefe,
20:53é o maior orçamento.
20:56Você pega São Paulo,
20:57quinta maior metrópole do mundo,
20:58terceiro maior orçamento,
21:00perde para Brasília,
21:02perde para o Estado de São Paulo,
21:04São Paulo é o terceiro maior orçamento.
21:07Então, com políticas alinhadas,
21:10o governo federal, infelizmente,
21:12não nos ajuda.
21:13Eu posso falar até que atrapalha.
21:15Nesse momento, atrapalha muito.
21:18Com essa política de drogas
21:20que eu acabei de falar,
21:21com...
21:22Na verdade, é a união.
21:23A união, a união.
21:24Mais do que o governo.
21:26Mais do que o governo.
21:26Quando a gente pega e fala
21:28numa política de inflação alta,
21:32como a gente vive agora,
21:33com muitas pessoas,
21:36microempresários,
21:37perdendo emprego,
21:38caindo para a rua.
21:40Essa pessoa que perde tudo,
21:41cai para a rua.
21:42Eu posso falar na minha rua,
21:44que eu moro,
21:44não tinha morador de rua,
21:45tem quatro.
21:46E vai aumentar.
21:47Que a política está errada.
21:49Isso que ele está falando de São Paulo,
21:51não estamos falando
21:51que é um Estado...
21:53Cidade, Estado rico.
21:54Então, essas políticas equivocadas
21:57vão gerar problema para a gente.
21:59A gente tem uma política,
21:59nesse momento,
22:00de desencarceramento em massa.
22:02Eles têm essa pretensão...
22:05Obsessão.
22:06Essa obsessão.
22:07Então, quando você tem
22:09essas políticas acontecendo,
22:11se o Estado não for forte o suficiente,
22:15está perdido.
22:16E está acontecendo isso no nosso país.
22:19Quando você tem uma política
22:20de assistencialismo,
22:22do jeito que está hoje,
22:24isso não está ajudando em nada.
22:26Eu falo porque eu estou nas ruas
22:28todos os dias.
22:30Ontem eu estava lá no Belém,
22:31um bairro aqui de São Paulo,
22:34que, inclusive,
22:36o padre faz um desserviço lá,
22:38a população começou a reclamar.
22:39Eu fui lá ver o que estava acontecendo
22:41no bairro.
22:42Ele leva as pessoas para lá
22:43e fica dando a comida.
22:45Mas não é só a comida
22:46que o pessoal precisa.
22:48O pessoal precisa de trabalho,
22:49precisa de tratamento.
22:50De dignidade.
22:51Dignidade.
22:52Então, essas políticas
22:54geram problemas para a gente.
22:56Hoje, nós temos um grande problema.
22:58Tem muito empregador
23:00precisando de empregado.
23:02E não tem empregado.
23:04Por que não tem empregado?
23:05Porque eu estou na Bolsa.
23:08Eu estou na Bolsa.
23:10E se eu sair da Bolsa,
23:11eu perco o meu benefício.
23:12Bolsa Família.
23:13Eu quero o benefício.
23:15Então, é uma política equivocada.
23:17A gente tem que ter uma política assim,
23:18olha, eu vou dar uma ajuda para você aqui.
23:21Só que assim,
23:22você vai ter que ir condicionado a trabalhar.
23:24Você não vai perder sua Bolsa.
23:26Você vai passar pelo período de experiência
23:29de uma empresa, né?
23:30De três meses.
23:31Você vai passar amparado.
23:34A Bolsa vai continuar ali.
23:35Quando você passou pelo período de experiência
23:38na empresa,
23:39você está firme na empresa,
23:40sai Bolsa
23:41e você vai ter sua vida própria.
23:44Eu tenho filho, Mota.
23:46O que você acha que eu quero dos meus filhos?
23:47Eu quero que eles cresçam,
23:50trabalhem
23:50e sejam independentes.
23:54E eu quero a mesma coisa dessa população.
23:56Eu não quero essa população dependente do Estado.
23:59Eu não quero que essa população seja dependente
24:02para a gente ficar...
24:04Você dá a Bolsa, né?
24:05Você dá o abrigo
24:07e você não ensina a pessoa a pescar.
24:08A gente tem que ensinar a pescar.
24:10Agora, Correio, deixa eu aproveitar
24:12e lhe perguntar isso.
24:14Por quê?
24:15Para a gente resolver um problema,
24:17primeiro, a gente tem que achar
24:19que aquilo é um problema
24:20e a gente tem que querer resolver.
24:23Em relação a essa questão das drogas,
24:27a gente vê muita gente no Brasil,
24:30inclusive autoridades,
24:31inclusive políticos,
24:32que acham que não é um problema a droga.
24:35Droga não tem nada de mais,
24:37é uma escolha na pessoa,
24:39é um estilo de vida.
24:40Então, tem ONGs que defendem, inclusive,
24:44a existência da Cracolândia, né?
24:46Que a Cracolândia tem que resistir.
24:48É uma ONG que se chama Craco Resiste.
24:50Olha o nome aqui em São Paulo.
24:52Tem gente que defende a política
24:54de redução de danos, né?
24:56Quer dizer, você dá droga para a pessoa.
24:58Não, eu vou dar uma droga limpinha
24:59na dose certa.
25:01Inclusive, eu tenho até um termo
25:03que outro dia eu vi as pessoas usando,
25:05cena aberta de uso.
25:07Eu fiquei pensando,
25:08para descrever ali o que é a Cracolândia,
25:11é uma cena aberta de uso.
25:12O que é uma cena aberta de uso?
25:14São coisas assim que não tem pé nem cabeça
25:17e que vão criando justificativa
25:22para que aquilo existe.
25:23Então, na sua opinião,
25:25você falou do alinhamento do município
25:29com o Estado e como isso facilita.
25:32Mas também não existiu um alinhamento
25:35de visão moral.
25:37São agora várias pessoas que acham
25:39que aquilo ali é realmente uma coisa errada,
25:41que droga destrói a vida da pessoa,
25:44que aquilo ali não é caminho para ninguém.
25:46Isso não faz diferença, não?
25:48Ô, Motas,
25:50olha só que interessante, né?
25:53Desde que eu assumi em janeiro,
25:55eu ia todos os dias
25:57lá na Rua Protestantes,
25:59onde estava essa Cracolândia,
26:02ou seja, um local em que se vende
26:05e consome droga a céu aberto,
26:09sem pudor nenhum.
26:11Eu ia lá todo santo dia.
26:13E aí a gente,
26:14eu fui entendendo como funcionava.
26:17E aí eu fui vendo ao longo dos meses
26:19caindo o número de dependentes.
26:23A gente começou a entender o sistema,
26:26melhorar onde precisava ser melhorado.
26:30Eu comecei a conversar com o dependente químico,
26:33comecei a conversar com a família
26:35do dependente químico,
26:36eu comecei a ir no equipamento de saúde
26:39onde ele tratava.
26:40E quando vai a figura
26:42de um vice-prefeito,
26:44os funcionários começam a enxergar diferente.
26:48O funcionário da assistência,
26:50da Secretaria de Assistência Social,
26:55que está lá na cena aberta,
26:56o vice está vindo aqui
26:58tentando convencer a gente a internar.
26:59Quando você vê o pessoal da saúde
27:02que está lá na cena aberta,
27:03na Cracolândia,
27:05vê lá a figura do político lá,
27:07ele faz assim,
27:08pô, esse cara está vestindo a camisa.
27:10Ele está entendendo o que está acontecendo.
27:13Quando a segurança,
27:14a força de segurança vê você lá,
27:17eles começam a vestir a camisa
27:19e querer fazer a gente entender
27:21o que precisa ser feito para resolver.
27:24E assim fomos fazendo.
27:25E eu vi o número e caindo.
27:27Caindo, caindo, caindo.
27:28Aí a gente chegou num número,
27:30eu lembro direitinho,
27:31foi numa sexta-feira,
27:33a gente estava com o número 57.
27:3557 pessoas que estavam virando 24 horas lá.
27:40E aí numa reunião de uma sexta,
27:42com toda a equipe do vice-governador,
27:44os membros do Estado,
27:46município, secretaria e tal,
27:48tomamos uma decisão
27:49e chegou numa...
27:51na sexta-noite,
27:53no sábado e no domingo,
27:55a gente não tinha ninguém lá.
27:59Na segunda-feira,
28:00a imprensa começou a cobrar.
28:02A imprensa fala que foi numa segunda,
28:04na verdade foi sexta-noite.
28:05Na segunda, ela falou assim,
28:06olha, algo de estranho aconteceu,
28:09cadê os dependentes químicos?
28:11E quando a coisa...
28:11Caracterizando isso como uma coisa negativa.
28:13Sim, sim, sempre.
28:15Isso é uma coisa ruim.
28:16Sempre, sempre negativa.
28:18E aí,
28:19esse pessoal da imprensa,
28:23junto com esses políticos
28:25que defendem o uso de droga,
28:28foram lá.
28:29Foram lá,
28:30fizeram vídeo,
28:32sem ninguém.
28:33Aí eles foram se preocupar,
28:35olha só como que é, né?
28:36Não tinha mais ninguém pra tratar.
28:38Eles foram lá falar com o muro.
28:41Foram fazer vídeo com o muro,
28:43preocupados,
28:45não sei com quem,
28:46porque não tinha gente.
28:46Estavam preocupados com o muro.
28:48Foram lá,
28:48cadê os nossos dependentes?
28:50Cadê os nossos dependentes?
28:51Eles queriam,
28:52eles queriam os dependentes de volta.
28:54E aí apareceu esse pessoal,
28:56porque até então,
28:58não apareciam.
28:59Por que não apareciam?
29:01Porque muita gente,
29:03aí eu falo de crime organizado,
29:04envolvido nisso.
29:06Muita ONG
29:07se beneficiando.
29:08A gente tem que analisar assim,
29:10quem se beneficia,
29:12quem se beneficiava
29:13com a Cracolândia?
29:13Quem ganha, né?
29:14Quem ganha.
29:15E aí a gente vai ver
29:16o que a gente começou a incomodar.
29:18A gente começou a fechar
29:19um monte de,
29:21de cortar relações
29:22com várias ONGs.
29:24Nós começamos a,
29:25a operações de segurança pública,
29:27fechando diversos estabelecimentos
29:30ligados a crime,
29:31desde bar,
29:33desde pensões,
29:34hotéis.
29:35hotéis.
29:35E isso são coisas
29:36que existiam,
29:37existiram durante muito tempo.
29:39Muito tempo.
29:39A vista de todo mundo.
29:41Muito tempo.
29:42Ferro velho.
29:44Então a gente começou a atacar
29:45e começou a incomodar
29:47financeiramente
29:49parte desse grupo.
29:51E aí,
29:52então eles não estavam
29:53preocupados com as pessoas.
29:55Eles estavam preocupados
29:56porque assim,
29:57olha,
29:57acabou minha fonte de renda.
30:00Na verdade,
30:01muitos ali,
30:02acabou minha fonte de renda.
30:03quando você começa
30:05a secar a fonte de renda,
30:06quando você começa
30:07a estrangular o tráfico,
30:09como a gente tem feito,
30:10muito bem feito
30:11na área central,
30:12com guarda municipal,
30:13com polícia civil,
30:15com polícia militar,
30:17com serviços
30:17entre secretarias,
30:20né?
30:20Quando você começa
30:21a estrangular,
30:23você começa a incomodar.
30:24Aí a gente começou
30:25a incomodar
30:26um monte de gente
30:26e aí vieram pra cima da gente
30:28com essas narrativas.
30:30Então, na verdade,
30:31isso aí se deve
30:34essa preocupação
30:35é porque
30:35pela primeira vez
30:37realmente
30:38a gente incomodou.
30:39Eu tenho certeza absoluta
30:40que a gente está
30:41no caminho certo.
30:42A gente não venceu
30:43porque a todo dia,
30:45Mota,
30:45a todo dia,
30:46a gente está conversando
30:47aqui agora,
30:48tem o filho
30:49que está começando
30:50a entrar na droga agora.
30:52O moleque está
30:53se iniciando na droga
30:55e daqui a pouco
30:56ele vai estar aqui
30:56nas ruas.
30:57Tem aquele cara
30:58que perdeu o emprego,
30:59entra em depressão,
31:00está na rua,
31:02ele vai ter contato
31:03com o álcool,
31:04ele vai ter contato
31:05com a droga
31:05e o cara depressivo
31:07ele vai abraçar.
31:08Chega o demôniozinho lá,
31:10você está aqui,
31:11estou aqui.
31:13Então, assim,
31:13vai entrando,
31:14a gente não fecha a torneira,
31:15mas a gente está
31:16no caminho certo
31:17porque esse pessoal
31:18que não berrava,
31:19berrou.
31:20A prefeitura de Los Angeles
31:21dizia que é dominada
31:23pelos democratas,
31:25o governo da Califórnia
31:26é democrata,
31:27o pessoal de esquerda,
31:28dizendo que era impossível
31:29de resolver o problema
31:30da Cacolândia,
31:31dos drogados.
31:32Aí o presidente chinês,
31:34o Xi Jinping,
31:35foi fazer uma visita
31:36à Los Angeles,
31:37eles resolveram
31:38da noite para o dia
31:39porque a cidade
31:40tinha que ficar limpinha
31:41para o Xi Jinping
31:42e não podia ver aquilo ali.
31:43Então, essa experiência
31:47que o município e o governo
31:50estão tendo com a Cacolândia,
31:52isso aí está mostrando
31:53que é possível realmente,
31:55isso está criando um modelo
31:57que pode ser adotado
31:58em outras Cacolândias do país?
32:00Ô, Motta,
32:00eu não tenho dúvida nenhuma,
32:02você até falou de Los Angeles,
32:04e aí eu volto,
32:05você vê o que uma política errada
32:07não faz com o Estado.
32:08Você pega lá Los Angeles,
32:12você lembra
32:12da política que foi adotada?
32:15Mil dólares,
32:16até mil dólares
32:17não é mais crime?
32:18É,
32:18a lei da Califórnia.
32:20Você viu
32:21uma política errada
32:23o resultado que traz?
32:25É exatamente isso aí.
32:27Respondendo a tua pergunta aqui,
32:29olha só que interessante,
32:31eu recebi já
32:32delegação de Maceió,
32:34vereadores de Maceió
32:36foram falar comigo
32:37na prefeitura,
32:38queriam saber
32:39o que nós estamos fazendo.
32:42Conversamos e rodamos a área,
32:44fui mostrar
32:45como que a gente trabalha,
32:47recebi políticos
32:48de Santa Catarina,
32:50e eu posso falar sim
32:51que a gente está criando
32:52um modelo
32:53que para dar certo
32:55você precisa ter
32:56esses alinhamentos,
32:58é muito importante,
32:59precisa estar todo mundo
33:00direcionado na mesma causa.
33:02Se você tiver um governo
33:03de Estado
33:04que tem uma política
33:06muito diferente
33:07da prefeitura,
33:10você vai ter dificuldade.
33:11Quando você tem
33:12um alinhamento,
33:14e não é uma coisa,
33:15ah,
33:15Cracolândia é questão
33:16de saúde,
33:18ah,
33:19é segurança.
33:20Olha,
33:20eu posso enumerar
33:21várias secretarias
33:22que estão com a gente,
33:24eu posso falar assim,
33:24ó,
33:24secretaria do trabalho,
33:26mas o que trabalho
33:27tem a ver com Cracolândia?
33:29Porque eu comecei
33:30rodando os equipos,
33:31conversando com o dependente,
33:33com a família,
33:34com o equipamento
33:35de saúde,
33:36eu percebi que chegava
33:37numa fase,
33:38Mota,
33:38que o dependente,
33:39que ele já estava tratando,
33:41estava num estado avançado,
33:42ele começa a sonhar
33:43de ter uma vida,
33:45de ter de volta
33:47a sua vida.
33:48E para ele ter
33:48a sua vida de volta,
33:50esse cara precisa trabalhar.
33:52Nós começamos a levar
33:53no equipamento de saúde
33:55a secretaria de trabalho.
33:57Olha só que bacana.
33:58Então,
33:58a Prefeitura de São Paulo
34:00tem bases comunitárias
34:01com sistema,
34:03com computador,
34:04tudo,
34:05e dali,
34:06levamos no equipamento
34:07de saúde,
34:07essas pessoas,
34:08esses dependentes
34:09em fase avançada
34:10de tratamento,
34:11já quase prontos
34:13para ir para a rua,
34:15eles saiam dali
34:16com carta de emprego.
34:18Entendeu?
34:18Com oportunidade
34:20de emprego.
34:21Então,
34:21a gente vai interligando
34:22secretarias,
34:23você vai vendo,
34:24porque não é uma coisa
34:25de uma secretaria só.
34:26É secretaria de zeladoria
34:28de subprefeituras,
34:30de limpeza,
34:32secretaria de habitação,
34:34não estamos fazendo,
34:35entrando também
34:36na favela do Moinho
34:37com habitação.
34:39Então,
34:39a gente envolve
34:40várias secretarias,
34:41interligando elas
34:43com boas políticas
34:44de segurança.
34:45Então,
34:45eu falo sim
34:46que São Paulo,
34:47Estado e Prefeitura,
34:49hoje a gente tem
34:50um modelo
34:50que está dando certo.
34:52E a gente está aprendendo
34:53com a gente mesmo.
34:55A gente está aprendendo
34:56com a gente mesmo.
34:57Hoje,
34:57as abordagens
34:58que a gente faz
34:59nas ruas,
34:59mudamos a fase nossa.
35:02Então,
35:02hoje,
35:02o que a gente faz?
35:04Nós temos grupos
35:05que,
35:07três,
35:07quatro pessoas
35:08que começam a agrupar,
35:09o que a gente faz?
35:10A gente não quer mais
35:11em São Paulo
35:11aquilo que a gente
35:13tinha no passado.
35:14Essa cena,
35:15essa cracolândia,
35:16ou seja,
35:16local em que o comércio
35:18é normal,
35:20todo mundo usando droga,
35:21vem nele,
35:22e isso o Estado
35:23começa a achar normal.
35:24A gente não quer mais isso.
35:25Então,
35:26hoje,
35:27nesse momento,
35:27a gente está
35:28numa outra fase
35:29de tudo isso aí.
35:30Não temos mais
35:31aquela cracolândia
35:32e nós temos aí
35:33três,
35:34quatro pessoas
35:35que se agrupam,
35:37chega lá,
35:38ou a segurança
35:40pública chega,
35:41ou assistência social
35:43chega.
35:43e elas se comunicam
35:45por telefone,
35:46tem telefone.
35:47Então,
35:47hoje,
35:48as equipes saem.
35:49Olha,
35:49tem um grupo de cinco
35:50aqui,
35:51a polícia acabou de abordar,
35:53não é traficante,
35:54é usuário,
35:56são usuários.
35:57Fizemos o que a gente
35:58podia fazer,
35:59encosta assistência social
36:00e saúde.
36:01Na sequência,
36:02e são móveis,
36:03não é coisa que vai sair
36:04de uma unidade.
36:06Estão rodando a área.
36:07Já encosta ali,
36:09filho,
36:09vamos tratar?
36:11Ó,
36:11droga não tem mais.
36:13Traficante,
36:13os caras estão prendendo.
36:15Só tem um caminho
36:15pra você.
36:16Vamos tratar.
36:17Então,
36:18a gente tem feito isso aí,
36:19essa nova fase
36:20que a gente tá.
36:21E o que antes
36:22era muito difícil,
36:23porque a gente ficava
36:24no convencimento
36:25da pessoa aceitar tratamento,
36:28eu posso falar pra você,
36:29eu fui,
36:29foi,
36:30semana passada,
36:31semana passada,
36:33eu fui num equipamento
36:34de saúde nosso
36:35ali no centro,
36:36tinham 14
36:37que chegaram
36:39voluntariamente
36:40pedindo internação.
36:41Isso é conversa,
36:42eu fiz vídeo,
36:43até se conversa com eles,
36:44eles falam assim,
36:45ó,
36:46tá difícil a droga aqui,
36:47eu vou é tratar.
36:49Então,
36:50na verdade,
36:50é um conjunto de coisas.
36:52Às vezes,
36:53é o convencimento,
36:55às vezes,
36:56é dificultando
36:57a disponibilidade
36:58da droga,
36:59tornando aquele ambiente
37:01ruim
37:01pro uso de drogas
37:02e de alguma forma,
37:04por algum motivo,
37:05o dependente vai dizer,
37:07agora não dá mais.
37:09São várias coisas,
37:10Mota,
37:10eu quero ver um exemplo simples,
37:11que eu,
37:12isso aí,
37:13quando eu cheguei,
37:14eu percebi que estava errado.
37:16A assistência social,
37:18direitos humanos,
37:19levava a comida
37:21na hora do almoço
37:22e da janta,
37:23café,
37:24almoço e janta,
37:25lá na Cracolândia,
37:26tá?
37:27Então,
37:27o ONG,
37:29que a prefeitura pagava,
37:30levava a comida lá
37:31pra eles.
37:32Pra que que o cara
37:33vai sair de lá?
37:34Aí,
37:35e eu ia lá
37:35e observei isso aí,
37:37daí eu falei assim,
37:37meu,
37:39comida ou droga?
37:42O que que o cara
37:43que tá na droga
37:44prefere?
37:45Eu prefiro droga.
37:45O que que ele faz
37:46com a comida?
37:47Vende a comida.
37:49E tava acontecendo isso.
37:50Aí,
37:50o que que eu fiz?
37:51O que que a gente fez?
37:53A partir de agora,
37:54vocês vão se deslocar
37:56a pé até
37:57o Bom Prato,
37:59até o local,
38:00vocês vão entrar lá dentro,
38:02vão comer lá
38:03e não pode sair com nada.
38:05Quer comer,
38:06a gente vai dar comida,
38:07mas vai sair sem nada.
38:09Isso foi uma,
38:10é uma ação simples
38:11que a gente fez,
38:11mas que trouxe resultado.
38:13Que é isso aí.
38:15Dificultamos.
38:16Não pode ser fácil.
38:18Concorda?
38:18Se a comida
38:19vem ali pra ele,
38:20por que que eu vou sair daqui?
38:22Você me traz a água,
38:24daqui a pouco vem a comida,
38:26daqui a pouco vem a janta,
38:27vamos ficar quietos amanhã.
38:29Não é?
38:30É lógico.
38:31Agora,
38:31se eu apagar a luz,
38:32se eu dificultar um pouco,
38:34você concorda
38:34que a gente está estimulando
38:35esse pessoal
38:36a algo de diferente?
38:38Lógico.
38:39Deixa eu lhe fazer
38:39uma pergunta prática,
38:40porque isso é uma coisa
38:41que a gente vivencia
38:43lá onde eu moro,
38:44há muito tempo atrás,
38:46não faz tanto tempo assim,
38:47mas há alguns anos.
38:48Eu saí num sábado de manhã
38:49pra passear com a minha filha,
38:51ela ainda era pequena.
38:52A gente dobrou a esquina,
38:53tinha um casal,
38:55um colchão sujo no chão,
38:56eles sentados,
38:57fumando um cachimbo de crack.
38:58E aí me deu uma revolta
39:00tão grande aquilo ali,
39:03mas a minha revolta
39:04não deu fruto
39:04porque eu não sabia
39:05o que fazer.
39:06Eu pensei,
39:07bom,
39:07eu vou ligar pro 90,
39:09eu sei que a polícia
39:10não pode fazer nada,
39:11a polícia não vai vir aqui,
39:13não vai prendê-los,
39:14porque...
39:15Não.
39:15É um porte de entorpecente,
39:17ele pode conduzir
39:18pra delegacia
39:19essa pessoa por porte,
39:21e...
39:21Vai ser atuado solto, né?
39:21É um termo circunstanciado
39:23e sai na hora.
39:23E aí você vai criar
39:24uma fila
39:25e você vai travar
39:27o sistema de segurança.
39:28E eles vão voltar pra cá.
39:29Vão voltar.
39:31Vão voltar.
39:32Então, hoje,
39:33aqui em São Paulo,
39:34se acontece um...
39:35Se um morador de São Paulo
39:37tá andando pela rua
39:39e vê lá
39:40pessoas usando droga
39:42no meio da rua
39:42perto da casa dele,
39:44isso hoje é tratado
39:45de uma forma
39:46diferente do que era?
39:48É,
39:48como a gente tá fazendo hoje,
39:49Motá.
39:50Você vai dizer,
39:50ah, não tem mais ninguém,
39:51mentira.
39:52Se eu falar pra você,
39:52olha, não tem mais ninguém fumando.
39:54Mentira.
39:54É porque, como você disse, né?
39:56É, as pessoas voltam a...
39:58É, e assim, Motá,
39:59isso que você falou
40:00que te incomoda
40:00me incomoda extremamente.
40:03Mas,
40:03hoje,
40:04quando as forças de segurança
40:05se deparam
40:06com uma cena dessa,
40:07ou uma pessoa como você
40:08foi ali,
40:09tá numa praça
40:10passeando com a família
40:11e tá o cara lá com a droga,
40:13né?
40:13Aqui em São Paulo,
40:14como a gente tem adotado?
40:15A gente tem trabalhado
40:16segurança e saúde
40:19simultaneamente, tá?
40:21Principalmente na...
40:22ali na área central.
40:24Então,
40:25encosta a viatura lá
40:27da polícia
40:27ou da guarda,
40:29vai abordar aquelas pessoas.
40:31Se tem droga,
40:31retira a droga da pessoa.
40:33Se tem cachimbo,
40:34retira o cachimbo dela, né?
40:36Se é traficante,
40:37você vai prender.
40:38Ou seja,
40:38então,
40:39a Força de Segurança
40:40identificou aquilo ali.
40:41Ali trata-se de um usuário.
40:43Vamos pensar assim,
40:43é um usuário só.
40:45Se tá com a droga,
40:46a gente vai retirar aquela droga.
40:48Na sequência,
40:49chega...
40:49E é na sequência rápida,
40:51não é demorado.
40:52Vai chegar
40:52uma equipe de saúde
40:54e assistência social.
40:56Filho,
40:56o que você precisa?
40:57Você quer tratamento?
40:59A gente tá aqui pra isso.
41:00Droga,
41:00não vai ter mais.
41:01Inclusive,
41:02o discurso,
41:02a fala,
41:03é exatamente essa
41:04que eu tô te falando.
41:05A gente treinou
41:06nossos homens pra isso.
41:07É importantíssimo.
41:08É importante.
41:09A gente tem que falar
41:09a mesma língua.
41:10Lógico.
41:10Ó,
41:10droga não tem mais.
41:12A gente não permite.
41:13Toda vez que tiver,
41:14a gente vai prender o traficante.
41:15Você quer tratamento?
41:17Você quer um lugar pra morar?
41:18Quer um abrigo?
41:19A gente arruma um abrigo.
41:20Só que isso aqui
41:21não vai ficar mais.
41:22Então,
41:22a gente foi criando
41:23esse sistema,
41:25tá?
41:26Na área central...
41:26Tem uma resposta,
41:28então,
41:28pra essa história?
41:28Na área central,
41:29a gente tem atuado
41:30bastante assim
41:31e a gente já está
41:32com a preocupação
41:33de divulgar,
41:35né?
41:35De passar esse know-how
41:37também
41:37pras áreas periféricas
41:39da cidade de São Paulo.
41:41Né?
41:41Vamos lá.
41:42A gente se preocupou
41:43a Cracolândia aqui
41:44na área central de São Paulo.
41:46Precisamos,
41:47precisamos.
41:48e está dando tudo certo.
41:49E a gente tem conversado
41:51com as forças de segurança
41:53da periferia,
41:54com o sistema de saúde
41:55pra fortalecer.
41:57Você concorda?
41:57Porque hoje,
41:58aqui em São Paulo,
42:00todas essas pessoas
42:01que estavam na Cracolândia,
42:03elas vieram dos bairros,
42:06vieram da periferia,
42:08vieram do Rio de Janeiro,
42:10vieram do Paraná,
42:11de Santa Catarina,
42:13eles vêm de...
42:14Você pergunta ali
42:15de onde você é.
42:16é de todo lugar.
42:18Não são do centro.
42:19E por que
42:20que eles se acumularam
42:20no centro?
42:21Porque a droga
42:22estava chegando
42:22muito fácil ali,
42:23principalmente o crack.
42:25O crack chegava
42:26muito forte.
42:27Então,
42:28o pessoal ia pra lá.
42:29Nós tínhamos ali,
42:30até pra você entender,
42:31na Cracolândia,
42:32a moto,
42:32olha que coisa interessante.
42:34Durante o dia,
42:34lembra que eu te falei
42:35aqui,
42:35número 57?
42:37Foi diminuindo,
42:37chegou nos 57.
42:3957 pessoas que viravam
42:4224 horas ali,
42:43moravam ali.
42:44Mas,
42:45em todo esse período,
42:46nós tínhamos também
42:47um público noturno,
42:49que aí,
42:50saía desses 57,
42:52ia pra 500,
42:52600,
42:54a noite,
42:55toda noite.
42:56E aí,
42:56a gente chegou à conclusão
42:57que foi nessa reunião
42:58que a gente fez,
42:59aí na véspera,
43:00que a imprensa cobrou.
43:01Eu levei esse questionamento
43:04pro grupo.
43:04Assim,
43:04gente,
43:05vocês perceberam?
43:06o tratamento tá dando certo.
43:08Veio caindo,
43:09veio caindo,
43:10tem 57 aqui.
43:12Mas por que que a noite
43:13continua chegando
43:14500,
43:15600 pessoas?
43:16E a gente sabia
43:17que esse público
43:18que frequentava a noite,
43:19Mota,
43:20por incrível que pareça,
43:22a gente identificou.
43:23É um pessoal
43:23que tem residência fixa.
43:25É um pessoal
43:26que trabalha.
43:27É um pessoal
43:27que vai lá
43:28pra happy hour.
43:29Happy hour da droga,
43:30é verdade.
43:31É exatamente isso aí.
43:33Sabe quando você sai
43:34do seu serviço,
43:35vamos tomar um choupinho?
43:37Pra muitos,
43:38você terminou o serviço?
43:40Vamos lá
43:40fumar uma pedra?
43:42Né?
43:43Era isso.
43:44E aí a gente fala assim,
43:45significa o quê?
43:47Que a droga
43:48tá entrando aqui.
43:50Porque se a droga
43:50não tivesse,
43:51se não tivesse entrando
43:52droga aqui,
43:53não tinha esse público.
43:55E aí a gente tomou
43:56uma decisão diferente
43:57do tudo
43:58que a gente tava fazendo.
44:00Né?
44:00Que deu esse,
44:02esse sumiço
44:03que a imprensa
44:04começou a cobrar.
44:05é um conjunto
44:06de ações,
44:07mas a gente,
44:08a gente jogou um tempero
44:09diferente
44:09numa sexta-feira
44:11que gerou
44:12esse sumiço,
44:15entre aspas,
44:15que a imprensa colocou.
44:16Porque já vinha diminuindo,
44:17vinha diminuindo.
44:18Mas esse pessoal da noite
44:20parou de frequentar.
44:21o que que a gente fez,
44:22Mota?
44:24Você conhece o canil
44:25da polícia militar?
44:27Aqui de São Paulo não,
44:28conheço do Rio.
44:29Os cãozinhos,
44:31quando vê droga,
44:31fica louco, né?
44:33Os cães farejadores.
44:35São cachorros preparados
44:36pra identificar,
44:37localizar,
44:38e são,
44:39isso eu falo
44:40por ser policial,
44:42o ladrão,
44:42o traficante
44:43morre de medo disso.
44:44Por que ele acha?
44:46Ele é incorrompível.
44:49Se por ventura
44:50o agente de segurança,
44:51e a gente sabe que existe,
44:53né?
44:53Infelizmente,
44:54a gente tem,
44:54às vezes,
44:54o agente lá que se corrompe.
44:55O cachorro não se corrompe.
44:57Ele apita.
44:58Ele late.
44:59Né?
45:00E aí a gente chegou
45:01nessa reunião,
45:03e falou assim,
45:04vamos jogar um tempero diferente,
45:06porque tá com um número
45:07muito baixo,
45:0757,
45:09e a noite tá entrando.
45:10Vamos botar cães,
45:13farejadores,
45:13da guarda
45:14e da polícia,
45:16não só
45:16na entrada
45:18da antiga Cracolândia,
45:20mas em todo o entorno.
45:22Por quê?
45:23Porque o traficante,
45:24quando ele vê
45:24um cachorro da polícia,
45:26ele atravessa a rua,
45:27mas não passa
45:28na mesma calçada.
45:29O usuário,
45:30quando vê um cão,
45:32né?
45:32Ele atravessa,
45:33ele não passa na frente.
45:35E nós fizemos isso.
45:37E quando a gente fez isso,
45:38começou na sexta noite,
45:40e no sábado
45:41e no domingo,
45:42segunda-feira,
45:43na segunda-feira,
45:44quando a imprensa
45:45descobriu que não tinha ninguém,
45:47quando ela descobriu
45:48que não tinha ninguém,
45:49me liga o pessoal da saúde
45:51e fala assim,
45:51coronel,
45:52vou falar uma coisa pra você,
45:53tem 60 dependentes químicos
45:56aqui na porta do equipamento
45:57pedindo internação.
45:58E eu fui lá.
46:00Falei com o vice-governador,
46:02falei assim,
46:02olha,
46:02vamos fazer um mutirão
46:03da saúde,
46:04vamos entrar numa nova fase.
46:05A gente precisa ter
46:06equipes da saúde
46:07do município
46:08e do estado
46:09e desburocratizar,
46:10facilitar a internação
46:11desse povo.
46:12E numa segunda-feira
46:13de manhã,
46:14tinha 60 pedindo internação,
46:16fechamos o dia e a noite
46:18com 90,
46:1994 pessoas
46:20se internando.
46:21E assim continuou
46:22durante a semana.
46:24Então,
46:24você vê,
46:25às vezes a gente joga
46:25um temperinho ali,
46:26né,
46:27e tem um resultado
46:28diferente.
46:30Então,
46:31é um trabalho
46:32que envolveu
46:33várias coisas
46:34e a gente sempre
46:35em reuniões
46:36modificando,
46:37ó,
46:37vamos fazer desse jeito,
46:38muda aqui,
46:39muda ali
46:39e foi criando
46:40soluções aí.
46:42O principal
46:42é a vontade
46:43de,
46:44é a convicção
46:46que aquilo
46:47é inaceitável
46:48e a vontade
46:49de resolver,
46:50né?
46:50Sem isso,
46:51o que eu sinto
46:53quando eu escuto
46:54você falar
46:55é a convicção
46:57de que é
46:58inaceitável
46:59aquilo.
46:59Eu tenho essa mesma
47:00dificuldade,
47:01coronel,
47:02porque eu vou
47:02muito à praia no Rio,
47:03eu adoro praia.
47:04Não tem uma vez
47:05que eu vá
47:05que não tenha
47:06uma pessoa usando droga
47:07uma única vez.
47:09Posso dar uma...
47:09Uma única vez.
47:10Posso falar um negócio
47:12que se fizer dá certo?
47:13Você sabe que dá certo.
47:14Põe um dia
47:15numa praia do Rio
47:16enche de cão farejador.
47:19Você quer apostar
47:19quanto que ninguém
47:20vai fumar maconha?
47:21Eu faço esse desafio.
47:23Me põe lá
47:24uns 50 cães
47:25ali na praia
47:26rodando lá,
47:28ó.
47:28Não vai ter um
47:29ninguém fumando maconha.
47:32Eu falo pra você.
47:34Tá?
47:34Então, assim,
47:35a gente precisa ir
47:36criando solução.
47:37Então, eu falo assim,
47:37ah, quem resolveu
47:38a Cracolândia
47:38foi os cachorros.
47:39Não é isso.
47:40Uma política grande
47:41que a gente tá comentando.
47:42Eu joguei um temperinho.
47:44Um temperinho.
47:45Eu posso falar pra você,
47:46ó, eu tava na Cea Gespe.
47:48Tá?
47:48Vamos lá.
47:49Cea Gespe,
47:5050 mil pessoas
47:51transitam todo dia lá.
47:53É uma cidade,
47:5350 mil pessoas,
47:54tem muito município
47:55que tem menos habitantes
47:56que isso aí.
47:5712 mil veículos.
47:59Tá?
48:00Giro financeiro lá,
48:02passa,
48:02passava na minha época,
48:03os 11 bi.
48:05Muito dinheiro lá dentro.
48:0711 bilhões.
48:08Muito dinheiro.
48:09Muito dinheiro lá dentro.
48:11Muito dinheiro lá dentro.
48:14E o pessoal,
48:15feirante,
48:16lá é,
48:17é,
48:17maior centro,
48:19terceiro maior do mundo,
48:20centro de distribuição
48:21de grãos,
48:22hortifruti,
48:22pescado e flores.
48:24Tá?
48:25E o pessoal trata
48:26com dinheiro lá.
48:27Dinheiro.
48:28Eu cheguei lá,
48:30né,
48:30por isso que o presidente
48:30me colocou pra lá,
48:32porque eu disse,
48:32pô,
48:33eu preciso de alguém aqui
48:34que me ajude aqui.
48:35É um caso de polícia.
48:37Corrupção,
48:38prostituição,
48:39tráfico de droga,
48:40roubo,
48:41tinha tudo lá.
48:43Tudo.
48:44Aí eu fui lá
48:44pra administrar essa cidade.
48:45Se eu falar pra você,
48:48Mota,
48:49que a gente conseguiu,
48:51sabe aquela utopia
48:52do cara deixar o dinheiro
48:54e ninguém pegar?
48:56De o cara deixar o celular
48:57e ninguém pegar?
48:58De não ter tráfico lá dentro?
48:59Como a gente quer que seja
49:00no dia a dia
49:01em todas as cidades.
49:02De não ter tráfico lá dentro?
49:04De não ter mais prostituição?
49:06De a gente moralizar a corrupção?
49:07A gente fez isso.
49:09O único lugar
49:10que nem jogo do bicho
49:11tinha.
49:13Porque eu cheguei lá,
49:14mas mandei
49:15todo dia
49:16era oito, dez
49:17jogo do bicho
49:18pra delegacia.
49:19Nenhum DP
49:20cuida de jogo de bicho mais.
49:22Vamos dizer,
49:22é uma contravenção
49:23que ninguém mais se preocupa.
49:25Lá eu me preocupei.
49:26Não aceitava.
49:28Veio gente importante
49:29que queria negociar comigo.
49:30Não tem acordo.
49:31Sobre o jogo do bicho.
49:31Jogo do bicho.
49:33Ô, Mota,
49:34rende tanto quanto o tráfico
49:35e causa mais morte
49:38que o tráfico.
49:40Posso falar pra você.
49:41O jogo do bicho
49:41causa mais morte
49:42do que o tráfico.
49:43Eu vou contar
49:44só uma historinha
49:44de jogo do bicho
49:46pra você entender.
49:46Eu fui comandar
49:47Mojiguassu,
49:48cidade de 140 mil habitantes.
49:50Era o comandante
49:50da área,
49:51oito cidades.
49:52Mojimirim,
49:52Itapira,
49:53Mojiguassu,
49:54Estiva Gerbe,
49:56Olambra,
49:57Jaguariuna,
49:57Pedreira,
49:58Santo Antônio da Aposta.
49:59Eu comandava
49:59todas essas cidades.
50:01Aí,
50:02Mojiguassu tinha um cara
50:04que mexia com o jogo do bicho,
50:05era o cara mais forte
50:05na cidade.
50:06E por trás do jogo do bicho
50:08tem homicídio,
50:09tem tráfico de droga,
50:10tem tudo.
50:12Bom,
50:13interior é muito mais fácil
50:14que capital.
50:15Interior,
50:16um precisa do outro.
50:17Aí vai uma política pública
50:18que funciona muito bem.
50:19Quando você está no interior,
50:21o comandante da cidade
50:22tem acesso ao prefeito
50:23com facilidade.
50:24Aqui em São Paulo,
50:25o comandante de área
50:25não tem acesso ao prefeito.
50:28Comandante de área
50:29no interior,
50:30você tem acesso
50:30ao promotor,
50:31ao juiz
50:32e ao prefeito,
50:34às mais altas autoridades
50:35da cidade.
50:36É fácil.
50:37Por isso que você consegue
50:38criar políticas públicas boas.
50:40Bom,
50:40cheguei lá para o juiz,
50:41olha,
50:42para o promotor,
50:43precisamos,
50:44esse cara aqui,
50:45cuida do jogo do bicho,
50:46precisou de um mandado
50:46de busca.
50:47Me deu um mandado.
50:48Entramos na casa dele
50:49com o mandado.
50:51A gente tirou lá
50:52quatro milhões de reais
50:53em dinheiro
50:53na casa do cara,
50:54quatro milhões em dinheiro
50:55acho que foi
50:56uma meia dúzia de arma.
50:58Tá?
51:00O cara foi preso.
51:02Essa história posso contar
51:03porque infelizmente
51:04o final não foi bom.
51:06O cara foi preso,
51:07coronel,
51:08o cara do jogo do bicho,
51:11olha esse vídeo aqui.
51:12Aí tinha um vídeo
51:13de corrupção,
51:15de forças de segurança.
51:17Tá?
51:17Passei para quem de direito?
51:19Para as providências.
51:20Bom,
51:22esse cara puxou uma cadeia,
51:23nossa justiça,
51:25infelizmente, né?
51:27Ficou muito pouco tempo preso,
51:30foi solto.
51:31No dia que foi solto,
51:32o que aconteceu?
51:33Mataram ele.
51:35No dia que ele foi solto.
51:36Se ele estivesse preso,
51:37estava vivo até hoje.
51:39Então,
51:40quem que matou ele?
51:41A gente sabe
51:41quem que matou ele.
51:43Então,
51:43isso aí mostra
51:44como,
51:45se você,
51:45ah,
51:46jogo do bicho não é nada.
51:47É sim.
51:48É sim.
51:48E na CEA GESP,
51:50uma das coisas
51:50que a gente conseguiu
51:51foi exatamente,
51:52a gente começou a atacar tudo.
51:54É jogo de bicho,
51:55é tráfico,
51:56tudo,
51:57tudo.
51:57E aí você tem
51:58uma cidade boa.
52:00Deixa eu ali
52:01perguntar.
52:02Outro dia,
52:03o presidente de El Salvador,
52:05Naíbe Bukele,
52:06ele disse o seguinte,
52:08todo governo
52:09consegue combater o crime.
52:11Apenas alguns governos
52:13não querem.
52:14O senhor concorda com isso?
52:16Eu concordo.
52:17Eu concordo.
52:18É lógico,
52:18por exemplo,
52:19o presidente Bolsonaro
52:20queria combater o crime.
52:22Só que você tem,
52:24você precisava ter
52:25um alinhamento
52:26de políticas,
52:27de deputados,
52:29de senadores,
52:30de justiça.
52:32Todo o sistema
52:32de justiça criminal.
52:33Todo o sistema
52:34funcionando.
52:35Por exemplo,
52:36o Bukele,
52:36ele conseguiu alinhar
52:38isso aí
52:38para ele implantar
52:40o que ele queria.
52:41El Salvador,
52:43me corrija se eu estou errado,
52:45está há mais de 900 dias
52:47sem nenhum homicídio.
52:50Tem mais de dois anos,
52:51dois anos e meio
52:52sem homicídio.
52:55Dá para arrumar?
52:56Dá.
52:57Então,
52:57o que ele falou é verdadeiro,
52:58mas você precisa alinhar
52:59essas peças.
53:02Porque hoje a nossa,
53:03hoje a nossa legislação,
53:05a nossa política,
53:06não permite se botar hoje
53:08um presidente
53:09para arrumar tudo isso aí.
53:10ele vai ter que mexer
53:11nas estruturas
53:12para aí sim
53:13ele conseguir fazer isso.
53:15O presidente lá,
53:16ele fez isso,
53:17ele conseguiu
53:17arrumar as estruturas
53:19para conseguir
53:21implantar uma política
53:23que funciona.
53:24Mas consegue sim.
53:26Em Mojiguaçu,
53:28eu fazia uma operação,
53:29se dá de menos crime,
53:30dá para você fazer.
53:31Eu fazia uma operação
53:32de levar,
53:34eu pedia,
53:35chamava todas as viaturas
53:36minhas,
53:36falava assim,
53:36olha,
53:36hoje,
53:38primeiro momento do serviço,
53:39cada um vai pegar
53:40um usuário de droga
53:41e vai levar para a delegacia.
53:43E a delegacia
53:44te levava 15,
53:4520 usuários de droga.
53:46E eu ia lá
53:47e conversava com eles,
53:49com eles os usuários.
53:51Vocês fumam na rua,
53:52mas vocês não têm coragem
53:54de fumar dentro da sua casa.
53:56Vocês fumam na frente
53:57dos outros,
53:57paga de valentão,
53:59a família está com criança lá,
54:01fica assustado,
54:02mas dentro da sua casa
54:03você não fuma.
54:05E aí,
54:05escrevi um artigo
54:06para a imprensa local,
54:08porque a imprensa local
54:09no interior
54:09é muito fácil,
54:10aqui a gente não consegue,
54:11falando,
54:13não está liberada a droga.
54:15Não está liberada a droga.
54:18E tem que ficar entendido,
54:20a pessoa tem que respeitar,
54:21você quer usar droga,
54:23usa na sua casa.
54:25Vai lá na frente
54:25da sua mãe,
54:26eu quero ver se sua mãe
54:27não vai te arrebentar.
54:29A gente precisa ter isso aí.
54:30Então,
54:31hoje,
54:31quando você vê um cara
54:32usando a droga,
54:33é um desrespeito
54:33à força de segurança,
54:35é um desrespeito à lei,
54:36é um desrespeito
54:36é um desrespeito
54:37ao cidadão
54:38que está com a família ali.
54:39Coronel,
54:39para a gente
54:40caminhar para o encerramento,
54:43como é que
54:44o prefeito
54:46e o senhor
54:46enxergam o papel
54:48da prefeitura
54:49na segurança pública?
54:51Hoje,
54:52é fundamental.
54:53A segurança pública,
54:54ela é dever do Estado,
54:56né?
54:56Está previsto
54:57na Constituição.
54:57Agora,
54:59tem essa PEC aí
55:01que está dando
55:02um poder
55:03mais forte
55:04para as nossas
55:04guardas municipais,
55:06tá?
55:06Mas,
55:07hoje,
55:08ela é fundamental
55:09e precisam.
55:10E eu nem falo
55:11nem aqui por São Paulo,
55:14tá?
55:14Você pega as cidades
55:15do interior aqui de São Paulo,
55:17as guardas
55:17têm um efetivo maior
55:19que as polícias militares
55:20no interior.
55:21Algumas cidades
55:22que eu trabalhei,
55:23cidades pequenas,
55:24você tem,
55:25às vezes,
55:25um efetivo da guarda maior.
55:26Então,
55:26é fundamental
55:27no sistema
55:29de segurança pública
55:31para nos ajudar
55:32a dar conta
55:33do que está acontecendo.
55:35Então,
55:35hoje,
55:36nós temos
55:36esse alinhamento
55:37que é fundamental.
55:38As guardas municipais
55:40são parceiras
55:40da Polícia Militar
55:41e precisam trabalhar
55:45juntas
55:46e organizadas.
55:48Porque,
55:48se não organizar também,
55:50vai acontecer
55:51muito problema também,
55:52tenho certeza.
55:52Então,
55:53eu vou dar um exemplo.
55:53Você pega um governo
55:54de Estado desalinhado
55:55com o município.
55:56aí,
55:57o comandante
55:57da guarda
55:58ou o secretário
55:59ou o político
56:00que ali está,
56:01ele vai querer fazer
56:02média,
56:03ele vai querer fazer
56:04palanque político
56:05para ele.
56:06E aí,
56:07muitas vezes,
56:07ele não vai estar usando
56:08a guarda
56:09onde tem que ser usada.
56:09ele vai usar
56:10onde interessa usar.
56:12Ele vai pegar um local
56:13de grande visibilidade
56:15que é importante
56:16para ele
56:17aparecer politicamente,
56:19mesmo sabendo
56:20que por ali
56:20pode ter já
56:21outras forças
56:23atuando
56:23e vai por
56:24junto.
56:26E aí,
56:26você não está sendo
56:27inteligente.
56:28Porque o inteligente
56:28é exatamente,
56:29olha,
56:30se eu tenho aqui,
56:31se nessa esquina
56:31eu tenho uma viatura
56:32da Polícia Militar,
56:34eu não preciso ter
56:34uma viatura
56:35da Polícia Militar
56:36e uma da Guarda.
56:38Você consegue
56:38enxergar essa lógica?
56:40Claro.
56:40Então,
56:41mas,
56:42se o município
56:43não estiver alinhado
56:43com o Estado
56:44e, infelizmente,
56:46a gente fala em política,
56:47eu entrei agora
56:48na política,
56:49você vai ter lá,
56:50muitas vezes,
56:50o secretário
56:51de Segurança
56:53da Prefeitura
56:54ou o prefeito,
56:55ele vai estar usando
56:56a guarda,
56:57muitas vezes,
56:58como palanque político.
56:59Não aonde precisava ter,
57:01mas aonde
57:02ele vai ter
57:03uma aparição,
57:05onde ele vai ter uma,
57:07ele vai conseguir
57:07se sobressair,
57:08aparecer mais,
57:10não necessariamente
57:10onde precisava.
57:12Então,
57:12é necessária
57:14a integração,
57:15a guarda
57:16é necessária
57:17para a Polícia Militar,
57:19nem para a Polícia,
57:20ela é necessária
57:21para a política
57:23de segurança pública
57:24de uma cidade,
57:25só que ela tem
57:25que estar alinhada,
57:27porque se não alinhar,
57:28aí cada um faz
57:29do jeito que quer,
57:29aí vira bagunça.
57:31Coronel,
57:32muito obrigado
57:33pela sua participação
57:35aqui hoje
57:35e o Conexão Mota
57:37fica por aqui.
57:39E para você
57:40que gosta
57:40do jeito
57:41Jovem Pan de Notícias,
57:42não deixe de fazer
57:43a sua assinatura
57:44no site
57:45jp.com.br.
57:47Lá você acompanha
57:48conteúdos exclusivos,
57:50análises,
57:50comentários
57:51e tem acesso
57:52ilimitado ao Panflix,
57:54o aplicativo
57:55da Jovem Pan.
57:56Obrigado
57:57pela sua companhia
57:58e até a próxima semana.
57:59Conexão Mota
58:07A opinião
58:10dos nossos comentaristas
58:11não reflete
58:12necessariamente
58:13a opinião
58:14do Grupo Jovem Pan
58:15de Comunicação.
58:20Realização
58:21Jovem Pan
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