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Ele está aqui! O professor da cabeça mais brilhante do país deu uma aula sobre como ser ponderado pode te levar a entrar em Pânico nesta quinta (17). Só cuidado com os agentes provocadores, eles podem te provocar a pensar diferente… Afinal de contas, a gente nunca está sozinho, nem nesse hospício que virou a vida online. E nem nessa democracia "bagunçada" que virou o Brasil! É melhor acompanhar a entrevista na íntegra ou vai ter que discutir o sentido da vida com o filósofo depois dele assistir Monty Python.

Assista ao Pânico na íntegra:
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Diversão
Transcrição
00:00No programa de hoje, a pergunta que não quer calar. Onde esse mundão vai parar?
00:10Ódio, guerra, indiferença e muito mais. Tudo muito bem explicado por ele.
00:18Oh, filósofo que divide opiniões e une orientações.
00:23De repente dá pra funcionar um país desse jeito.
00:25Será? Professor Luiz Felipe Pondé.
00:33Ó aqui, ó, o Pondé com o seu livro lançando agora. Já saiu, né?
00:38Já, já. Não é pré-venda, já tá à venda.
00:41Ó, já tá, ó aqui, ó, um livro show de bola.
00:45Aqui, ó, estamos falando que eu mostro aqui.
00:47É o Agente Provocador, já tá à venda, já tem na Amazon, é só você colocar lá.
00:52O Agente Provocador, que eu achei muito interessante porque é como se fosse uma entrevista.
00:58É, uma entrevista.
00:59É uma entrevista, né? Você com o Taquari, que é, que escreveu um livro também, né?
01:04Já.
01:04Ele também é escritor, ele é jornalista.
01:05Ele é colega da TV Cultura.
01:07Boa.
01:08A gente se conheceu lá.
01:09Pô, que bacana. E muito interessante.
01:11Foi, a gente ficou um ano conversando pra fazer esse livro.
01:14Eu acho muito legal, porque é baseado em tudo, é muito atual, né?
01:19É tudo atual em cima das discussões que a gente tem hoje em dia, aquelas brigas de família,
01:24brigas de não sei o que, de esquerda, de esquerda, direita, você é melancia, você é da esquerda,
01:31você é de direita e tal, e é muito bacana.
01:35Muito legal mesmo.
01:36É uma linguagem oral, né?
01:37Depois ele transcreveu, eu li também, fiz revisão, mas é um livro de fácil leitura.
01:44E ele escreve fácil e gostoso.
01:46É.
01:47E amanhã, até amanhã...
01:48Eu queria até parar de fazer o programa, só pra ficar lendo, mas...
01:51Lê a página 37.
01:53Muito legal.
01:54Qual que é?
01:55Que pergunta, pois não.
01:56Eu quero saber o que é o agente provocador, que a gente não deu uma folhada, e quem você
02:00mexe com qual tipo de hipocrisia, porque hoje a gente tem várias, né?
02:04O cara que quer ter razão na era da pós-verdade.
02:06Você toca nesse assunto?
02:08Então, a gente toca nesse tipo de assunto, sim.
02:12Assim, o título, o agente provocador, é porque o Taquari, ele sempre me chamou de
02:17agente provocador.
02:19Essa é uma expressão que tem uma origem, digamos assim, um berço, né?
02:24É uma expressão que vem da França e era usado lá nos anos 60, 70, pro sujeito que
02:32era agente soviético, né?
02:35O que não significa que eu seja agente soviético.
02:37Tá bom.
02:38Vai saber.
02:39Hoje em dia...
02:40Hoje em dia...
02:40Hoje em dia a gente tem que deixar tudo claro.
02:42Deixar muito claro.
02:43Que é o agente soviético que estava lá na Europa Ocidental, difundindo as ideias soviéticas,
02:51provocando discussão, criando problema, causando, como se fala hoje.
02:57E aí ele sempre me chamou de agente provocador, então ele deu o título do livro.
03:01É, o livro a gente passa por questões de comportamento, de consumo.
03:07A gente passa por questões sobre, por exemplo, como é difícil, no ambiente do pensamento
03:13público, incluindo jornalismo, você não ser de esquerda, certo?
03:18Que há uma patrulha ideológica muito grande e que isso faz com que, muitas vezes, a discussão
03:25seja pobre, a informação seja pobre, excessivamente enviesada.
03:31Como isso já vem da própria faculdade, que é um ambiente que eu conheço bem, porque
03:35vem mesmo, né?
03:37Esse viés já vem dos próprios cursos de comunicação.
03:40Professores.
03:41Professores, é, né?
03:42E uma situação em que se você não, digamos assim, não dança conforme essa música, você
03:49é aluno ou você é professor, você fica mal, né?
03:52Sim.
03:52Você fala de...
03:53Fetecimento também, né?
03:54Você não faz parte da turma.
03:55Fora da turma.
03:55É, você não...
03:56É, sim.
03:57Inclusive, quando você fala de estrito senso, né?
03:59Mestrado, doutorado, você pode não conseguir fazer o projeto que você quer.
04:04Se você não dançar conforme a música, né?
04:09Sim, sim.
04:10Mas a gente também fala de literatura, né?
04:14A gente fala de literatura russa.
04:16Tem Dostoiévski aqui, né?
04:17Onde eu tô, tem Dostoiévski.
04:18Que fala de religião, de Deus, né?
04:20É, isso mesmo.
04:21Falamos de religião, falamos de Deus.
04:23Falamos do Brasil, né?
04:25Falamos da...
04:26Daquela ideia de que se a imprensa não é de oposição, ela é um armazém de secos
04:32e molhados, né?
04:34É uma ideia...
04:34Na verdade, pelo que eu vi aqui, pelo que eu folhei, né?
04:40Ele fala sobre tudo isso que a gente tá discutindo hoje em dia.
04:44Hoje, é.
04:44Essa é a intenção.
04:45É tudo...
04:46Toda a discussão.
04:47Essa foi a intenção.
04:49O Taquari conversou comigo no final de 23, começo de 24, fez uma proposta.
04:55Olha, queria te entrevistar, porque uma série de tópicos que a gente discute, inclusive
05:00no Jornal da Cultura, na Coluna da Folha, em todos os lugares que eu vou, e fazer uma
05:06entrevista longa, isso durou um ano, foi um ano de conversa, basicamente mensal, e depois
05:12vamos transformar no livro, eu topei o projeto.
05:15Então, ele fez as perguntas e eu fiz as respostas.
05:18Entendi.
05:19E, pô, você é um cara que manda muito bem, mas ele escreve muito bem também, né?
05:24Ele escreve.
05:25Claro, escreve gostoso.
05:27Esse jornalista...
05:28Ó, tá aqui, ó.
05:28Pode comprar pra você.
05:29De boa formação.
05:30Pra depois você poder discutir aí.
05:32Porque a turma gosta de discutir, né?
05:34Isso faz parte do ser humano, né?
05:36Essa...
05:37Tentar ser o melhor da...
05:39É, a gente teve descoberto isso na pré-história, né?
05:42Ficava lá ao redor do fogo, batendo boca, fazendo bullying, né?
05:48Contando mentira.
05:50E até hoje, assim.
05:51Tá no nosso DNA.
05:53Tá, a vida fica mais divertida, assim, né?
05:55Exatamente.
05:56Que é o que a gente estava...
05:57Que eu estava discutindo hoje, né?
05:59Porque todo mundo quer uma...
06:00O Bauman que falava isso, né?
06:02Que fala que a única certeza, hoje em dia, que a gente tem que ter é a incerteza das coisas.
06:07Sim.
06:08Então, as pessoas agora estão com o Trump.
06:10Ah, o Trump fez isso.
06:12E agora, o que que vai acontecer aqui?
06:14É a incerteza das coisas que a gente tem no...
06:17O mundo está vivendo assim, né?
06:18É, então, quando você...
06:20Se você vai para a filosofia antiga, né?
06:22Bom, a filosofia já nasceu na Grécia, como todo mundo sabe.
06:26Mas tinha uma escola específica que foi batizada de ceticismo, né?
06:32Uma expressão que todo mundo conhece.
06:34Que significa, na origem, você examinar o mundo, as teorias.
06:40E essa escola, o resultado que ela traz é a ideia de que, quando você aumenta o repertório
06:47e compara versões e teorias, você sempre encontra a incerteza.
06:55Então, se você transfere para hoje, quando você tem um monte de informação boa, ruim,
07:01um monte de comentário, alguns absurdos, às vezes outros tem tanto,
07:05pode produzir incerteza mesmo, insegurança, dúvida constante.
07:12Daí chega na pós-verdade, que se falava alguns anos atrás, né?
07:16Como expressão, quer dizer...
07:17E aí, mas o que acontece também nesse universo é que a incerteza, o Bauman bem sabia disso,
07:24a incerteza é meio insuportável, né?
07:26É, ninguém consegue conviver, né?
07:28O cérebro...
07:28O tempo todo não rola.
07:29O tempo todo você quer descobrir.
07:30E o líder político, ele usa muito essa ferramenta, né?
07:34Da incerteza, do medo, porque daí você vai confiar nele, né?
07:38Que vai, supostamente, resolver o problema.
07:40Você precisa delegar o seu boleto, né?
07:43Quem vai te salvar numa guerra.
07:45É.
07:45É isso mesmo.
07:47E nisso daí, no mundo de redes sociais como o nosso, a tendência é o populismo aumentar, né?
07:53Você ficar...
07:54Sim.
07:55Aumenta, porque vira tudo lacração.
07:57Então, o cara começa a lacrar, e aí, ao mesmo tempo, ele está observando a opinião,
08:05não, as pesquisas.
08:06Certo.
08:07Se a aceitação dele está baixando, se está subindo, e se ela está subindo e está identificado
08:13com uma efeméride específica, algo que está acontecendo, como a história do Trump,
08:17da tarifa, ah, se está subindo, então eu vou aumentar nesse caminho, que exploda tudo,
08:24porque no final do dia você quer ganhar a eleição.
08:26Então, é isso aí.
08:27O objetivo é isso.
08:28O objetivo é se manter no poder.
08:30É, se manter no poder.
08:31O poder, por que que, você falou em lacração, por que que as pessoas, hoje em dia, elas
08:35estão acostumadas, e talvez seja por isso, só pelo fato de lacrar por lacrar, a se
08:42doer pelo outro?
08:42Eu vi um amigo comediante esses dias aí, ele fez uma piada com um cara preto na plateia,
08:48o cara ficou de boa, e a moça branca foi lá se doer pelo cara.
08:53A gente vê o Léo Lins, a mesma coisa, né, que foi condenado aí, ele faz piada com pessoas
09:00com deficiência, e muitas dessas pessoas estão no show, porque encontram nas piadas
09:05dele um alívio para aquela dor.
09:07Isso ele fala, e as próprias pessoas falam.
09:10E às vezes a pessoa que não tem uma deficiência, ou a pessoa não é preta, ela acaba se doendo
09:14pelo outro, e isso por conta de piada.
09:17Por que que as pessoas tomam essa postura, até no momento que dizem, ah, você não
09:22tem lugar de fala, e elas não tem, mas pra proteger, elas tem.
09:26Por que que é lacração pela lacração, ou tem alguma questão filosófica pra proteger?
09:32Nesse caso específico, inclusive de uma menina branca se condoer com a piada que é feito
09:39com um rapaz negro que tá na plateia, a gente já sabe, por exemplo, que o próprio
09:46vocabulário desse assunto, hoje, ele já é perigoso, né?
09:51Tanto que é muito comum a gente simplesmente evitar usar determinadas palavras.
09:55Mas eu acho, eu acho não, é bastante claro que quando alguém faz isso, é uma prova
10:03de pureza ideológica.
10:05Eu sou puro, eu me contou.
10:06Sinaliza a virtude.
10:08Exatamente isso.
10:10E nesse caso, que tem a ver com raça, muitas pessoas que são brancas saltam na frente
10:18pra querer provar, olha, eu não sou racista, tá?
10:21Eu tenho consciência, eu sou legal.
10:23Então, o que acontece é que, digamos assim, a moral pública sempre foi muito alimentada
10:30por formas de hipocrisia, farisaísmo, como falava Cristo no Evangelho.
10:34Quer dizer, essa tendência de você ficar, como se fala, em relação ao período de Cristo,
10:41que eu lembrei por acaso, parece que eu tô pregando, né?
10:43Mas não tô pregando.
10:44Bonito.
10:44Daqui a pouco vamos falar que o pão nem é pastor, né?
10:47Então, assim, o tipo de gente que ficava na esquina em Jerusalém rezando, pra que todo
10:55mundo visse que ele estava rezando e que, portanto, ele tava em dia com a lei, portanto,
11:00ele tava em dia com os sacerdotes.
11:04E quando você devia rezar, então, em casa.
11:08Não precisa ficar mostrando.
11:09É o que você chamou de sinalizar a virtude.
11:12Então, em várias áreas isso acontece hoje.
11:14Sim, sim, tudo.
11:15E pra você, de repente, inclusive, mostrar que você tá em dia com todas as teorias progressistas,
11:22que não há o que desconfiar de você.
11:24Quando, na verdade, no mundo do politicamente correto, e o politicamente correto que é esse
11:29assunto, o politicamente correto é uma espécie de farisaísmo.
11:33É uma espécie de hipocrisia organizada.
11:35Mas no mundo do politicamente correto, a paranoia corre solta.
11:39Porque qualquer pessoa, de repente, pode acusar você de alguma coisa que você falou há
11:4350 anos atrás, uma frase.
11:46Isso é meio criar uma cobra, né?
11:47Porque a partir do momento que você faz isso, uma hora que você foge uma vírgula daquela
11:52cartilha, todos os dedos vão contra você.
11:54Claro, porque o politicamente correto é uma forma de totalitarismo em relação ao pensamento,
11:59a linguagem, e se transforma, na realidade, numa arma de mercado, numa arma de destruir
12:07carreira, de ocupar espaço, de dificultar a circulação de certas pessoas, né?
12:13E claro que falta de educação tá em todo lugar, né?
12:16Sim.
12:16Então, mas o totalitarismo tá nas duas vertentes, né?
12:19O totalitarismo tá dos dois lados.
12:21À esquerda e direita?
12:22Ah, com certeza.
12:23É que a gente tá acostumado a pensar, por exemplo, quando a gente fala em totalitarismo,
12:28a gente pensa no fascismo, no Mussolini, tudo para o Estado, tudo dentro do Estado, nada
12:33tudo com o Estado, da onde vem a ideia de totalitarismo mesmo.
12:36O que eu tava dizendo é que, assim, o politicamente correto, enquanto tal, é uma teoria que tende
12:43a produzir cerceamento do pensamento.
12:48Sim.
12:48Seja na imprensa, na mídia, seja na sala de aula, porque, inclusive, as pessoas ficam
12:54com medo.
12:55Isso.
12:55Por exemplo, você, um aluno, você tá discutindo uma coisa, não fala nem o professor.
13:00É uma censura.
13:01É uma censura.
13:01É uma censura sutil.
13:03E que hoje já virou juridicamente correto.
13:05Sim.
13:06Você pode ser processado.
13:07Sim.
13:08Então, mas aí, que você fala no livro, que é o cala a boca jurídico.
13:11Sim.
13:12Tem essa censura, que é sutil, você fala, opa, eu não vou falar isso porque eu não
13:17sei se eu vou...
13:17E vira auto-censura.
13:19Tem essa censura que a gente tá vivendo e tem também o cala a boca jurídico, que
13:24o cara vem lá e fala, ó, eu quero o X, porque esse nicho falou isso.
13:27E processa.
13:28E processa.
13:28No Brasil, isso é um mercado.
13:30É uma indústria.
13:30É uma indústria maior.
13:31E é muito sério, porque muitas vezes esse cala a boca jurídico, ele funciona, não
13:38é nem no sentido de chegar ao processo final, mas no sentido, funciona muito com jornalista,
13:44inclusive, isso funciona no sentido do cara ter que contratar um advogado, que será
13:50caro.
13:51Então, ele já toma porrada.
13:54Sim.
13:55Ou seja, a intenção é ferir o sujeito no bolso.
13:59Sim.
13:59Como você falava há pouco dos carros.
14:00Assédio jurídico, né?
14:02Como que bate no bolso.
14:03Então, é bater no bolso pra figura pensar, olha, se fizer de novo, vai gastar essa grana
14:11de novo.
14:11Isso funciona maravilhosamente bem, porque quem é que tem dinheiro sobrando?
14:17E dá o recado.
14:18E dá o recado pra quem também se comunica daquela forma.
14:21É pensar e repetir o mesmo tipo de pesadão.
14:23É pendurar a cabeça em plaza pública.
14:25Então, mas aí, eu acho que a primeira atitude da ditadura é censurar a imprensa.
14:32Ah, sim.
14:33É a primeira, né?
14:36Sempre.
14:36A primeira é censurar os veículos, né?
14:39Você tem que censurar a imprensa, censurar quem trabalha com a palavra pública.
14:45Isso.
14:46Que é o que está sofrendo hoje em dia.
14:48Você sofre isso?
14:49Se eu sofro esse tipo de censura?
14:51Não, se você sofre.
14:52Porque você é um cara que, pô, que você fala.
14:55Chuta o balde.
14:56Aqui, aqui ele chuta o balde, que é a tua opinião, né?
14:59Isso aqui é esse livro inteiro.
15:01É uma entrevista.
15:02É a sua opinião.
15:03Eu sempre escrevo o que eu penso, né?
15:06E é claro que eu já corri todo tipo de risco.
15:08Até hoje eu sobrevivi, né?
15:10Mas, assim, por exemplo, eu muito dificilmente, seja no programa Linhas Cruzadas de Agricultura,
15:20seja na Coluna da Folha, ou quando eu venho a eventos como esse de vocês, o programa aqui,
15:25eu sempre tomo cuidado no uso de palavras.
15:28Eu aprendi.
15:29A gente sabe que tem determinados termos que você simplesmente não deve falar.
15:36Porque mesmo que você fale no contexto X, facilmente com os cortes,
15:42aquilo pode virar menos X.
15:45Então, sofro, como muitos colegas, no sentido de ter que tomar cuidado com a forma como você escreve.
15:54E eu percebi, ao longo desses, sei lá, 17, 16 anos de quando eu comecei na Folha,
16:03sistematicamente na Ilustrada, eu percebi a piora do ambiente.
16:08A piora nesse sentido aí.
16:12Há 15 anos atrás, a circulação da ideia era mais solta.
16:17Sim.
16:18No ambiente pessoal.
16:19Você não estava falando...
16:20Não, não, não.
16:21Estou falando no mundo do trabalho.
16:22Trabalho.
16:23É, no mundo da imprensa, da mídia.
16:24Então, mas você não há...
16:25A redação...
16:26Piorou muito.
16:27Então, mas você não há...
16:28Eu acho que teve um momento que a gente teve liberdade ampla, foi quando caiu o muro.
16:33O muro de Berlim, ele representou aquele momento, todo mundo discutia qualquer coisa.
16:38Sim.
16:38Você podia discutir qualquer negócio, não tinha censura, não tinha nada.
16:42Era o mundo que a gente falou, nossa, vai ser muito bom esse mundo.
16:46Na virada do 80 para o 90.
16:46Era o Steve Wonder tocando Black and Ivory, que eram as teclas do piano, e falou, acabou racismo.
16:52Agora vai.
16:52Nossa, o mundo vai ser bom.
16:54A gente...
16:55A evolução do ser humano, nós estamos evoluindo.
16:59O que a gente descobriu agora que está pior do que era.
17:02Vamos meter o muro na nossa cabeça.
17:03Mas será que está pior?
17:05Não é.
17:05O ser humano não evolui, cara.
17:07Nesse sentido aí.
17:08Quando eu digo, é claro que o que eu estou falando não é um enunciado científico.
17:13Porque não dá para testar nem sim, nem que não.
17:16Mas quando você olha ao longo da história, a gente resolve uns problemas aqui, estoura outros lá.
17:22A gente repete determinados erros.
17:26E a prova de que isso continua assim, é porque a gente continua precisando de advogado.
17:31Não, mas então, mas você não acha...
17:34Um bom advogado.
17:34Cada vez mais, né?
17:36O Pondé, mas você não acha que também a perspectiva que a gente tinha era do mundo ser muito melhor?
17:43Sim.
17:43Quem viveu aquilo naquela época achou isso?
17:46Sim.
17:46Hoje em dia, a gente vê que está voltando guerra fria, está voltando guerra a guerra.
17:53Está voltando guerra a guerra mesmo.
17:55Voltando guerra a guerra.
17:56Gastando mais dinheiro com armamento na Europa, investindo em armamento.
18:00É claro que assim, você teve depois da segunda guerra os chamados 30 anos gloriosos, né?
18:05Que é o período em que a Europa Ocidental enriqueceu, inclusive com dinheiro americano, porque os americanos tinham um impasse.
18:14O impasse era como impedir que a Europa Ocidental bascule do lado soviético.
18:20Porque a maior parte dos intelectuais, jornalistas, na França, por exemplo, a gente conta nos dedos quem não, era de esquerda.
18:32Era de esquerda, entendia.
18:35Inclusive a população sofreu muito.
18:38Então tinha aquele discurso que o socialismo soviético cuida das pessoas.
18:41Então a Europa Ocidental, com dinheiro americano, teve que produzir riqueza e bem-estar social para barrar o risco soviético.
18:52E isso deu numa Europa rica, com garantias sociais importantes.
18:55Que é mais ou menos o que o Trump está fazendo, não é?
18:58Eu vou fazer um break agora.
18:59O papo está muito bom.
19:00Eu indico para vocês uma leitura bacana, gostosa.
19:05O cara escreve muito bem, viu?
19:07O cara escreve muito bem.
19:08Está aqui, ó, o Pondé e o Taquari é uma entrevista, uma entrevista aqui, que você pode...
19:14E um livrinho sempre é bom.
19:17A política é um bordel.
19:18Sempre foi e sempre será.
19:20Na verdade, é pior.
19:21O bordel é mais honesto.
19:23O sujeito paga e tem um serviço.
19:26Tem prazer.
19:26É isso aí.
19:27Tenho falando.
19:28É isso aí.
19:28Vou fazer o break rapidinho e a gente volta já já nas redes.
19:32Bordel é...
19:32Perguntas.
19:33Professor, já que a gente está falando do politicamente e...
19:37O politicamente correto...
19:38Está no ar.
19:38Está no ar.
19:39Está no ar.
19:39É que só sai para a rádio...
19:41É sem tirar.
19:42É.
19:42É que não para.
19:44Não para.
19:44É uma exploração.
19:45É.
19:46É uma exploração de bordel, né?
19:48Vai bordel.
19:49Está falando de bordel.
19:50A gente está falando de plataformas.
19:51Está falando do politicamente correto e da forma da pessoa.
19:56E tem também...
19:57Eu queria a tua perspectiva.
19:59Se talvez é a pior forma de totalitarismo.
20:01Porque, por exemplo, se o Zuckerman escreve alguma coisa, eu falo...
20:04Você quis dizer isso aqui.
20:07Eu tenho a certeza do que ele pensou.
20:10E eu já encorro ele no crime.
20:12Aí ele fala...
20:13Não, mas eu não falei isso.
20:14E eu chego e falo...
20:15Você quis falar.
20:16Você quis dizer.
20:16Você quis dizer isso aqui.
20:18Então, eu passo por cima do que ele falou.
20:21Eu vejo a intenção dele.
20:24A motivação.
20:26E isso eu já junto para poder condená-lo.
20:29Isso já teve em algum momento na história?
20:32Olha, teve...
20:34Enquanto você falava, eu lembrava que teve uma experiência na Europa parecida com isso e antiga,
20:43que foi a Inquisição.
20:45Por que eu digo que a Inquisição é parecida com isso?
20:48Porque a Inquisição, quando se tratava de autores como uma autora chamada Marguerite Porrette,
20:55que foi queimada na fogueira em 1º de junho de 1310, em Paris.
20:59Quando você fala do dominicano mestre Eckhart, que foi condenado, mas morreu antes.
21:05Em 1328, a condenação saiu em 1329.
21:10E outros exemplos, mas eu estou lembrando desses exemplos aqui.
21:14A Inquisição, com seus especialistas, eles analisavam frases de livros.
21:22Para dizer que aquela frase era herética.
21:27Entende? Então é parecido com isso.
21:29Tirava do contexto, muitas vezes, e analisava aqueles enunciados, aquelas proposições,
21:36como se falava, proposições.
21:38E daí se constituía, então, um conjunto de proposições
21:43que foram escritas por essas pessoas e que não deviam ser repetidas.
21:49No caso do mestre Eckhart, por exemplo, que pregou durante muito tempo
21:54na Catedral de Strasbourg, que hoje é França, já foi Alemanha, já foi França,
21:59ou Alemanha, França, né?
22:01Alsace e Lorena, a Catedral está lá até hoje.
22:05Ele foi, uma das condenações que foi feita a ele,
22:08é que ele pregava temas complexos para pessoas que não entendiam.
22:13E que não se podia fazer isso.
22:16Ele falava língua vernácula e não só latim para o público na igreja.
22:20Entende?
22:21Então, isso foi uma acusação feita a ele.
22:23Você não pode discutir coisas complexas para pessoas comuns porque elas não entendem.
22:30E aí elas vão entender errado.
22:32Você só deve discutir isso entre especialistas.
22:35Essa é uma discussão, por exemplo, que você tem no debate na universidade.
22:38Se você está na universidade e vai para a imprensa, você é acusado de estar fazendo isso.
22:45De que você está discutindo temas que são muito complexos
22:47num ambiente em que a recepção não é especializada.
22:52Agora, é claro que toda forma de violência política do Estado é sempre violenta.
22:58Você pode matar e tal.
23:00Agora, esse tipo, é claro que hoje existe numa gama muito maior do que havia lá.
23:05E muito mais gente pode ser pega, sem dúvida nenhuma.
23:08E é muito mais precisa.
23:09Mas quando você tem, por exemplo, um juiz, né?
23:14Por exemplo, analisando frases que você gravou ou que você escreveu,
23:20a gente está vivendo censura mesmo.
23:22É que a censura, ela está sempre a serviço de um bem que a justifica.
23:29Então, mas é uma censura moderna.
23:32Totalmente.
23:33Porque as pessoas...
23:34Não, não é que não é clara.
23:35As pessoas que não têm voz pública, nem estão...
23:39Não estão nem sentindo nada de censura.
23:40Não sabem, acho que não existe.
23:42É.
23:42Não estão sentindo.
23:43Fala, mas a vida está boa, a vida está normal, não tem nada...
23:46Mas a pessoa que tem opinião, tem lá, ele tem um pé...
23:51Quem trabalha com opinião tem que ficar com cuidado.
23:52Agora, por exemplo, outra coisa que eu não consigo entender, que é esse antissemitismo que a gente tem agora,
23:59que é meio político...
24:00Meio não, né?
24:01Ele virou totalmente político.
24:03Esse atual.
24:04Sim.
24:05Estou falando do...
24:06Do histórico.
24:06Do histórico.
24:07Atávico.
24:08Isso, do histórico.
24:09Porque hoje em dia você não consegue entender.
24:12Eu, por exemplo, quando eu estudava, eu era canhoteiro, como todo bom estudante do Grêmio.
24:18Exato.
24:19Estudantil.
24:20Saia na rua, tal, nisso aqui.
24:21E você tem o livrinho.
24:22A canhota, ela tem o livrinho.
24:24Uma cartilha.
24:24Ela tem a cartilha que você tem que concordar...
24:27Seguir.
24:27Com aquela do primeiro ao...
24:29Exatamente.
24:29Ao fim, você tem que provar que...
24:31Isso, você tem que provar.
24:33E a gente vê isso hoje, que isso hoje está muito mais ligado às escolas, às universidades, do que ao próprio povão.
24:42Sim.
24:42Porque como é que isso entrou na universidade e está meio que está indo também para a sociedade?
24:48O antissemitismo, você está falando?
24:49O antissemitismo.
24:51Então, isso...
24:52O antissemitismo de hoje, ele está muito ligado à pauta de esquerda.
24:56Isso.
24:56Isso que você estava descrevendo.
24:58Que é o progressista que eles chamam agora.
24:59É, o progressista.
25:00É, agora está na moda falar progressista.
25:01Porque eles mudaram já de comunista para socialista, agora é progressista.
25:05Agora é progressista.
25:05É mais chique, progressista.
25:07É, parece intelectual.
25:08É, você está evidentemente em favor do bem.
25:10Em progresso.
25:11Em ordem e progresso.
25:12É uma espécie de esquerda positivista, a ordem e progresso.
25:16É o homem que evolui.
25:17É o homem que evolui.
25:18Progrede, é.
25:19Agora, esse caso antissemitismo com a esquerda tem aí uma justificativa, inclusive uma justificativa teórica acadêmica,
25:27que é a seguinte.
25:28Primeiro, Israel é aliado dos Estados Unidos.
25:32Na origem não foi, mas logo depois na origem não era.
25:35Imperialista.
25:36É, então imperialista.
25:37Aliado dos Estados Unidos é imperialista, o que faz com que pessoas, por exemplo,
25:42fiquem defendendo regimes como o iraniano atual, né?
25:46Sim.
25:46O regime teocrático, né?
25:47O regime enquanto tal, não o país como o todo.
25:50E aí, como Israel está do lado dos Estados Unidos, isso já é uma variável que faz com que ele seja inimigo da esquerda.
25:58A outra variável é a acusação de ser colonialista.
26:02Tá.
26:03Fruto do Império Britânico.
26:05Aliás, como o Oriente Médio, tudo é, na verdade, que existe hoje, porque era tudo do Império Otomano,
26:11a Turquia perdeu a guerra pra Inglaterra e pra França, então a Inglaterra e a França foram lá e dividiram o bolo.
26:17Boa.
26:17Mas assim, então, a acusação de ser imperialista, fruto do Império Britânico no Oriente Médio,
26:25e você junta essas duas ideias, então você tem a esquerda anti-imperialista, a esquerda anti-colonialista,
26:34e aí ela cola plenamente nessa ideia, né?
26:38Além do fato antigo sempre que se associa judeu a rico.
26:41Sim.
26:41E aí todo mundo...
26:42E o capitalismo dos Estados Unidos.
26:44É, junto com isso daí.
26:45Nós contra eles.
26:46Não, mas então...
26:47No caso do Brasil, tem uma variável, não só do Brasil, mas no nosso caso, no Brasil, tem uma variável bem significativa,
26:55que é o fato de grande parte do movimento evangélico e do bolsonarismo usar a bandeira de Israel.
27:01Interessante isso também.
27:02E na hora que eles usam a bandeira de Israel, seja evangélicos em cultos, ou em manifestações, ou mesmo bolsonaristas,
27:11se abraçam na bandeira de Israel, acabou.
27:14Isso aí já tem um nome.
27:14Entendeu?
27:15Então, em Israel, todo mundo é bolsonarista, o que é uma enorme de notícia.
27:19Israel é um país muito diferente do que os bolsonaristas imaginam que seja, numa série de coisas, né?
27:25E, ao mesmo tempo, a ideia de que Israel é um país que é simplesmente um país de rico e que não dá espaço para ninguém, também é contrário ao que se imagina aqui.
27:36Mas essa é a trajetória, sabe, Emilio?
27:39É engraçado isso acontecer nos Estados Unidos.
27:42Eles queimam a própria bandeira da América, eles desejam a morte da América baseado nessa...
27:48Mas eu acho que...
27:49É o que fez a cabeça...
27:50É professor fazendo a cabeça?
27:51Doutrinação.
27:51Você foi professor.
27:52O Sami também.
27:53Vocês fazem a cabeça...
27:54Doutrinação.
27:55Já está dormindo.
27:56Fazem.
27:57Doutrinadores.
27:57O Sami está dormindo aqui.
27:59Doutrinadores.
28:00Virou contra nós, Sami.
28:02Eles tinham outros objetivos.
28:03Eu não, porque eu sou de exato.
28:04Então...
28:05Ah, essa é uma bela desculpa.
28:08Eu sou de exato.
28:09A matemática já foi acusada.
28:11A matemática é fascista em si, né?
28:13A matemática já foi acusada.
28:13Então, mas eles falam que isso aí entrou pela universidade, né?
28:17Não, mas sim.
28:18Claro.
28:18Com certeza.
28:19Nos Estados Unidos.
28:19Nos Estados Unidos também.
28:21Claramente.
28:22Claramente.
28:23E aí é universidade de rico, principalmente, né?
28:25Nos Estados Unidos.
28:26Isso é por quê?
28:27Porque o cara, ele atinge uma...
28:29A sociedade americana, ela atingiu, sei lá, uma tranquilidade.
28:33Você precisa de alguma coisa para lutar.
28:36Você precisa de algum...
28:36Você precisa de um inimigo.
28:37O conforto deles, o conforto material.
28:39O capitalismo deu certo.
28:41Eles têm muito dinheiro.
28:42Aí precisam defender.
28:43É chato ser rico.
28:43Defender.
28:44Precisa defender.
28:45Entediante.
28:46Você acha que é isso?
28:47Olha, o Nelson Rodrigues, um grande autor nosso aqui, ele...
28:52Nas colunas dele, em que ele comentava o Maio de 68, o movimento lá de Paris, na França,
28:59Maio de 68, que os estudantes foram para a rua, ele sempre repetiu uma ideia que
29:03era o seguinte, aqueles estudantes, na verdade, eles estavam entediados.
29:08Trinta gloriosos, certo?
29:10A vida.
29:11A vida boa.
29:12A vida estava boa.
29:13Então, a meninada, inclusive o Nelson, chegava a dizer que a história de é proibido proibir,
29:19ou desejo livre, era porque, na verdade, muitos estudantes queriam o direito de ir ao dormitório
29:24das meninas da universidade.
29:26Sim.
29:26Então, portanto, o Nelson estava fazendo um raciocínio semelhante ao que você fez
29:32agora, de que, na medida em que você tem uma condição material bastante razoável,
29:37e no caso dos americanos, bem acima de razoável, você tem jovens que tendem a ficar entediados
29:43mesmo.
29:44Segundo lugar, é que os anos 60, eles criaram uma espécie de marketing de comportamento
29:50e criaram a figura do jovem como revolucionário.
29:53É claro que, se a gente for para trás, a gente vai encontrar, no mínimo até o século
29:56XIX, já indicativos da ideia do jovem como revolucionário.
30:00Mas, os anos 60, transformou isso em objeto de consumo, para chegar até o ponto de que
30:07todo mundo, todo mundo não, mas um monte de gente considera que, se você é jovem,
30:11você tem que ser revolucionário.
30:12Claro, você precisa mudar.
30:14Isso pegou, você tem que mudar.
30:16Então, você junta isso que vem da cultura dos anos 60 dos Estados Unidos, quando começaram
30:21a queimar a bandeira americana, na época da Guerra do Vietnã.
30:24E você junta isso com o fato de que você tem nessas universidades, normalmente, gente
30:29da elite.
30:29E aí, você vem com os professores, os professores de universidade, mais marcadamente a área
30:38de humanas, eles vêm há já algumas décadas transitando pelo universo da esquerda.
30:47Já algumas décadas.
30:48Você tem, inclusive, um livro escrito para um jornalista francês chamado Bernard Lacombe.
30:55Lacombe, está aí a venda na Amazon francesa, que ele mostra especificamente, é o objeto
31:05de pesquisa dele, especificamente como universidades nos Estados Unidos e no Canadá e na Inglaterra,
31:13mas na França acontecia a mesma coisa, ele mostra claramente como você tinha um investimento
31:21para que as ideias de esquerda transitassem pelo investimento, eu digo, da União Soviética.
31:27Para que as ideias transitassem.
31:30Afora isso, a gente tem que levar em conta que o universo socialista, há muito tempo,
31:37ele herdou uma expectativa salvacionista, em nome da justiça, do cristianismo.
31:42Claro.
31:43Ah, claro.
31:43É, ele herdou isso daí.
31:46Essa ideia, esse certo milenarismo marxista, que lá na frente vai haver um mundo perfeito,
31:53que tudo vai ser de todo mundo.
31:55E isso daí, quer dizer, professores de universidade, principalmente de humanas, são pessoas que
32:02transitam por um universo materialmente pobre.
32:05Pobre.
32:06A gente sabe disso.
32:07É claro que no Brasil é mais pobre do que em outros países, mas ainda assim, não é
32:12um tipo de trabalho que você vai ficar rico, digamos assim.
32:16Então, o universo das ideias e o universo de como os alunos veem em você, isso pesa muito.
32:24Então, se você fala contra o capitalismo, contra o Estado, se o Estado for associado a sistemas
32:31capitalistas, isso tende a enganear seguidores, simpatizantes.
32:36E a pauta é muito boa, né?
32:38Quando você vai pegar uma foto de Gaza ou relacionada a isso.
32:41Pega, claro.
32:42Você passa a ideia de que você é um santo.
32:44Sim.
32:45Mas a esquerda brasileira...
32:46Mas a esquerda brasileira...
32:47Mas todos...
32:48A esquerda brasileira também todos acham que serão santos e todos serão salvos num
32:52determinado momento.
32:54Mas tudo bem.
32:54O discurso do povo, eu entendo, Emílio, mas pra população pegar esse discurso, tudo
32:58bem.
32:59Mas por que que a nossa esquerda, os líderes políticos, são tão antissemitas nesse...
33:03Quando vai defender um Irã ou quando vai colocar uma ideologia?
33:06Sabendo como é que funciona.
33:08Eles sabem como funciona.
33:09Porque ele vende exatamente isso.
33:11Mas eles acreditam ou não?
33:13Eles têm uma bandeira...
33:14Olha, eu tenho a impressão...
33:16Não vou falar sobre políticos de outros países, apesar que a gente poderia avançar,
33:20mas eu tenho a impressão que...
33:22Sei lá, talvez um ou dois, a imensa maioria dos políticos brasileiros não acreditam
33:25em nada.
33:26Não acreditam em nada.
33:27Acreditam só na própria carreira, só nas vantagens que ele tem e, claro, aqueles que
33:33estão associados a ideologias, eles vendem essa ideologia, podem, por exemplo, se você
33:39pensar na pauta de costumes, como se fala, né?
33:42Você pode até ter pessoas que são moralmente mais conservadoras.
33:46Mas a arte política, tal como se dá, é uma arte, como o Emílio citou aqui a contracapa
33:53do meu livro, uma frase que eu falo, quer dizer, é uma área em que você pode ser enganado
33:59muito mais até do que num bordel, que é uma relação, de certa forma, clara.
34:03Mas, Pondé, se você for pensar bem, a gente é manipulado e a gente cai no conto.
34:11Muito.
34:11Porque a gente cai...
34:12Vou explicar mais ou menos o que eu penso em relação a isso, a político.
34:18Antigamente, o brasileiro...
34:20A gente aqui não ligava muito pra política, falava, pô, é tudo ladrão, que se dane,
34:23não tinha essa coisa.
34:25De repente, esses caras começaram a entrar na nossa vida, eu não sei se é o populismo,
34:29e hoje, porra, todo mundo tem que ser populista, porque a demanda é populista, a gente começou
34:35a achar que esses caras vão resolver a nossa vida e nunca resolveram a vida de ninguém.
34:41Então, a gente cai nesse conto e começa a vender a verdade dos políticos.
34:47O que eles passam pra gente, a gente tá passando pros nossos amigos, pra nossa família,
34:52pra tudo.
34:52Você replica, né?
34:53Ou seja, o ser humano, ele é manipulado facilmente.
34:58Facilmente.
34:58É, o tempo todo.
34:59E a gente nem percebe essa manipulação.
35:02Sem contar a preguiça de pensar também, deixar...
35:05Não é preguiça, é porque ele é vendido dessa maneira.
35:09Ele é vendido dessa maneira.
35:10Só adicionar nisso que o Emílio tá falando, será que também não é...
35:13As pessoas compram pra ter um protagonismo e achar que faz parte também de tudo isso?
35:18Se torna relevante.
35:20Sim, se torna relevante junto com os caras.
35:21Se você tem opiniões, principalmente no mundo das redes sociais, e que todo mundo tem opinião,
35:26não importa se tem fundamento, se não tem, você se sente relevante, claro, quando
35:31você tem opinião, né?
35:32Mas eu acho interessante essa questão do porquê, então, num dado momento, se passou
35:37a acreditar que os políticos, então, vão transformar no Brasil e tal.
35:42Eu acho que isso tem muito a ver com o final da ditadura, sabe?
35:44Tem a ver com o final da ditadura, no sentido da ideia da reconstrução da democracia?
35:50Você fala dos militares, da época da...
35:53Ditadura dos militares.
35:54Sarney, Sarney e tal.
35:55Quando acaba a ditadura, e acabou devagar, né?
35:59Aí você tem, por exemplo, a primeira eleição, que foi vencida pelo Collor, mas o Lula já
36:04estava presente, né?
36:05Como segundo colocado, digamos assim, né?
36:08E esteve presente em todas as eleições até ser eleito.
36:11Então, eu acho que há aí um elemento que é o final da ditadura, o movimento de articulação
36:20para a redemocratização do país.
36:22Então, quais eram os políticos que encarnavam a redemocratização e quais eram os políticos
36:27que estavam claramente associados à ideia de ditadura, de direita.
36:32Então, a esquerda no Brasil, ela herdou da ditadura um grande trunfo, que foi a ideia
36:39de que a esquerda era aquela que era contra a ditadura.
36:42Portanto, ela estava, evidentemente, do lado do bem.
36:45Ao lado disso, você teve um partido orgânico que foi sendo construído, que é o PT.
36:51Ele nasceu de bases de trabalhadores, né?
36:56No final da ditadura, com representantes que ainda sofreram algum tipo de perseguição
37:01na ditadura, alguns que sofreram mesmo, né?
37:03De fato, foram presos e tal.
37:05Então, você teve aí uma construção pública de que havia no Brasil, então, pessoas que
37:14trabalhavam para a reconstrução da democracia e, de fato, houve naquele momento, né?
37:19Figuras que trabalharam para isso.
37:22E, portanto, há uma diferença entre o joio e o trigo.
37:27Há uma diferença entre o joio e o trigo.
37:29Essa diferença existe até hoje, quando muita gente entende que aqueles que estão à
37:33esquerda são trigo e todo mundo que for contra a esquerda é joio.
37:38Sim.
37:38Existe até hoje isso.
37:39Então, mas hoje em dia eles usam a democracia como Deus.
37:44O Deus é a democracia.
37:46Isso.
37:46Oi?
37:47É isso mesmo.
37:48Então, eles usam a democracia como...
37:50Então, por exemplo, o Trump.
37:51O Trump, ele fala, não, o Brasil não está indo para o lado democrático.
37:55É o que o Trump está falando agora.
37:57A carta dele é baseada nisso.
38:00Só que, pô, a Arábia...
38:01A Arábia também não tem nenhuma democracia.
38:05E tem bons negócios.
38:06Tem business.
38:07E tem business.
38:08O próprio Brasil com o Brics, com o Irã, também não tem democracia.
38:12Aí você fala, não, o Brasil...
38:13Nenhuma.
38:13Então, você fala...
38:14Nem na Rússia.
38:15Nem na Rússia.
38:15Nem na China.
38:16Aí você fala, pô, então não faz sentido o que esse...
38:20O que esse cara está falando?
38:20Mas não faz mesmo.
38:21Quer dizer, não faz mesmo.
38:22Então, ele está a enganar a gente.
38:24Simplesmente.
38:24E a gente se engana, né?
38:26A gente se engana.
38:27E eu acho que o que está acontecendo, assim, é uma hipótese meio absurda.
38:31Absurda no sentido de que é meio radical, mas eu tenho caminhos suspeitas de que a espécie
38:35sapiens é meio louca mesmo.
38:37Sempre foi.
38:38Sabe?
38:38Mas o ambiente continha, porque era muito difícil sobreviver ao longo da pré-história, da história.
38:45Agora a gente se põe a falar, todo mundo, então vai ficando óbvio, como vocês dois pontuaram.
38:51O Trump fala a favor da democracia no Brasil e, no entanto, ele faz business com um monte
38:56de países que é democrático.
38:57O Brasil, o governo Lula especificamente, se vendeu e se vende como defensor da democracia
39:03e, no entanto, defende países que têm regimes teocráticos, ditadores.
39:08Portanto, não é coerente nem um pouco e não é mesmo.
39:12E as pessoas aderem, então.
39:14Aqueles que acham que o Trump está defendendo a democracia no Brasil aderem ao Trump.
39:19Aqueles que acham que tudo que Lula fala é santo e verdade aderem a Lula e a defesa do
39:24Irã e, no caso do Brasil especificamente hoje, existe uma disputa pela ideia de democracia
39:30que chega a ser absurda, porque, ao mesmo tempo que bolsonaristas se falam defessores
39:36da democracia, petistas se falam defessores da democracia e o fato é que a palavra democracia
39:43é uma palavra que surgiu no uso que a gente conhece em Atenas para se referir ao governo
39:47do povo, que era uma assembleia que os atenienses tinham e que foi duramente criticada por Platão,
39:53né, porque degenerava em demagogia, e depois a democracia mais a época moderna vai se
39:59constituindo, mas a democracia é uma palavra que é traduzida por governo do povo, mas
40:06que quando passa da palavra a realidade empírica, como a gente fala, ao mundo real, aí tem todo
40:12tipo de confusão.
40:14Então, mas o Platão sabia, e a democracia funcionaria bem se nós aqui, sentados nessa
40:20mesa, definíssemos todos os conceitos e levássemos para o povo.
40:25É a nossa democracia.
40:26Eu vou ler o seu livrinho, viu?
40:32Seu livrinho não, o livrinho que a gente fala é...
40:34Livraço.
40:35O agente do livrinho.
40:37Livrinho porque...
40:38Porque a minha avó que falava livrinho, ela falava assim, meu neto, se você tiver um
40:45livrinho na sua vida, você nunca vai estar sozinho.
40:50Verdade.
40:50Não se preocupe com solidão.
40:53Tenha sempre um livrinho do seu lado e você nunca vai se sentir só.
40:57Minha avó falava isso.
40:58Minha avó lia que nem uma...
41:00É verdade.
41:01Ela falava...
41:03Ela chamava de livrinho pela...
41:06Carinhosamente.
41:07É, eu falo, eu vou ler um livrinho hoje e tal, mas para a moçada mais jovem isso
41:12chama-se livro, tem um lugar que chama-se livraria, que é um lugar onde tem um monte
41:17desses aqui.
41:18Fica um do lado do outro, né?
41:19É um monte, um do lado do outro, e você pode ver ele assim, ó.
41:22Você não precisa se preocupar, ele não precisa estar assim, ele pode ficar assim.
41:25Aqui você tem as informações e você compra online.
41:29Nesse momento, que a gente está vendo aqui o nosso chat sempre discutindo, sempre é
41:34bom você ter uma aula como essa que a gente teve.
41:37E eu acho muito bacana isso do Pondé aí, dos outros professores.
41:41Pensadores.
41:41Os pensadores aqui, que sempre disponibilizam o seu tempo e dividem a sua cultura com a
41:48nossa audiência.
41:49Muito legal ter você aqui, viu, Pondé?
41:50Eu que agradeço o convite.
41:51Eu agradeço muito você ter vindo.
41:53E sempre é legal você trazer as novidades aqui para a gente dividir com a nossa audiência.
41:58Obrigado.
41:59Muito obrigado.
41:59Ó, o agente provocador está aqui, você pode comprar nas livrarias de todo o Brasil.
42:06Está à venda na Amazon agora.
42:07Você pode comprar online, entrega no mesmo...
42:09Isso é que é legal, né?
42:10Você faz uma compra agora, a barra já chega, é impressionante, é muito legal.
42:16O site é lfpondé.com.br.

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