A situação do brasileiro atualmente é ficar entre a esquerda e a direita, mas optar por fugir para os EUA, é ou não é? Deysi Cioccari e Alan Ghani estão no estúdio do Pânico nesta sexta (18) para analisar a operação da PF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e as participações de Donald Trump e Eduardo Bolsonaro nesse imbróglio todo. Parece que a terceira via nunca foi tão priorizada quanto agora, tá? Cabo Daciolo, chegou a sua vez!
Assista ao Pânico na íntegra: https://youtube.com/live/3kWmTds-r9A?feature=share
00:00Agora você não acha que o momento, o momento de oportunismo da terceira via é agora?
00:06Surge um nome.
00:07Ou você acha que não?
00:09Você acha que sempre vai estar, sempre vai ser Bolsonaro e PT, Bolsonaro e Lula?
00:14Eu não, eu não acho que sempre assim.
00:17Com o cenário que a gente tem hoje, eu não vejo a menor possibilidade de uma terceira via ou de um centro em 2026.
00:26O cenário está polarizado.
00:27Esse papinho de, ah, não, você é o centro, você é legal, você...
00:31Não, a sociedade brasileira está polarizada.
00:33Tem um livro do Thomas Traumann, que a gente fala muito, Biografia do Abismo, que ele identifica com elementos técnicos e científicos.
00:40A gente tem um instituto de pesquisa também, todo dia a gente faz análise de cenário.
00:45O que a gente identifica é que o cenário político brasileiro está polarizado e até 2026 vai sair isso.
00:50Você consegue imaginar alguma coisa fora desse centro Lula-Bolsonaro, esquerda-direita?
00:56É muito difícil.
00:57Nós tivemos aqui em São Paulo o exemplo do Marçal.
01:00O Marçal.
01:01O Marçal, ele apareceu e teve quase 2 milhões de votos aqui.
01:06Ele fez um barulho.
01:07Tudo bem, é um outsider, mas não fora da polarização de Fórmula 3, não é um centro moderado.
01:13Sim, mas ele veio com...
01:14Porque quando você vem...
01:16Porque tem o anti-PT também.
01:17Sim.
01:18Tem o voto anti-PT, que também não gosta muito de Bolsonaro.
01:21Mas São Paulo, ó, é melhor...
01:22Então, São Paulo não representa o Brasil.
01:24Eu concordo com você.
01:26Isso também não dá pra gente.
01:27Mas é uma...
01:30É polarizado, como ela falou.
01:31Agora, o nome que foi citado foi do Tarcísio.
01:34Eu queria saber sua opinião, como que ele agiu em relação a isso.
01:36Uma coisa é defender São Paulo.
01:38E a outra coisa, ele também tem o apoio, né, lá atrás.
01:41A gente sabe da relação dele com o próprio Jair.
01:43Então, diante do que a gente tem visto agora, acho que foi o Gani.
01:47Não quero roubar as palavras de ninguém, mas acho que foi o Gani que falou hoje no Jornal da Manhã.
01:52Que pra alguém chegar viável pra 2026, tem que ter o apoio político do Bolsonaro.
01:58Foi tu, né, Gani?
01:59Foi, foi.
02:00E eu acredito mesmo nisso.
02:01Ainda mais diante do que tem acontecido.
02:03Política é muito retrato de momento, né?
02:05Mas ainda mais depois do que tem acontecido de hoje e de manhã pra cá.
02:08Então, o Tarcísio é viável pra 2026?
02:10Viável.
02:11Mas se tiver o apoio do Bolsonaro.
02:12Porque o capital político dele agora vai crescer muito.
02:15Então, vai depender do ex-presidente aí, Bolsonaro.
02:18Então, a professora está nos dizendo que a vítima, ser vítima nesse momento, é bom pro Bolsonaro.
02:26É, se ele continuar...
02:27Foi bom pro Lula.
02:28Foi, foi ótimo pro Lula.
02:31Não, não pode ser bom pro Lula e pro Bolsonaro.
02:33Foi, foi, foi.
02:35Quando o Lula foi preso, quando o Lula foi preso, criou-se toda uma narrativa naquela questão da jornada do herói.
02:41E agora pode ser que seja criada novamente, só que do outro lado.
02:45O Lula foi um jeito de arrumar alguém pra ganhar do Bolsonaro.
02:49A gente sabe disso.
02:49Mas agora estão arrumando um jeito também pra fazer, pra bater mais no Trump do que no próprio Bolsonaro.
02:54Agora, mesmo se o candidato, ele tem um perfil mais de centro, né?
03:02Mais moderado, centro-direita, não vai ter jeito.
03:05Ele vai ser arrastado por essa polarização.
03:07Então, a própria transferência de votos do Jair Bolsonaro vai levar a esse candidato, Emílio, mesmo com perfil mais moderado, sendo obrigado a ir para a polarização e num discurso de confronto.
03:23Mais ou menos, como foi o Ricardo Nunes aqui na eleição para a prefeitura.
03:28O Ricardo Nunes entrou como alguém super tranquilo, moderado, ponderado nas palavras.
03:33E depois a gente começou a ver o Ricardo Nunes...
03:34Mas quase tomou ferro, né?
03:36Exatamente.
03:36A gente, a gente, por conta dessa polarização, porque ela foi polarizada também a eleição municipal e ele começou a ser muito mais combativo.
03:44Isso deve acontecer também no campo presidencial.
03:47Eu vou fazer um break agora pro Reginaldo.
03:50Papo sempre é muito bom.
03:52A nossa querida...
03:53Põe o Instagram da professora.
03:57Olha lá, é a Deise.
03:59Deise Tiocare.
04:03Tiocare, eu estou falando de italiano.
04:04Mas é Tiocare, com dois C's.
04:07Dois C's no Cary.
04:09É Deise com Y, é um nome muito difícil, muito elegante, mas muito difícil.
04:14Deise, é D-E-Y-S-I-A-I-C-O-C-A-R-E.
04:19Com dois C's, não no primeiro, no segundo Cary.
04:22É uma confusão que eu fiz pra você, mas a nossa audiência é muito esperta.
04:27É, a nossa audiência é muito esperta e vai seguir a nossa companheira aqui da Jovem Pan.
04:32Muito bem, eu vou fazer um break para o Reginaldo.
04:34Bom, bom.
04:36Vocês têm perguntas?
04:37Eu tenho uma pergunta relacionada a isso, que vocês estão falando de nomes políticos.
04:40Já, Deise, gostaria que você está fazendo análises brilhantes aqui.
04:44O Eduardo Bolsonaro, como que você analisa então ele?
04:47Porque ele foi um possível, foi ventilado também que seria um candidato.
04:50Todas as ações políticas que ele fez, tendo pra Washington, né?
04:53Conseguiu, de fato, movimentar lá.
04:56O que você achou?
04:57Foi bom?
04:57Porque a última análise que eu vi, né?
05:01Falaram que quem está com o Eduardo são os bolsonaristas.
05:05Isso, de fato, sim.
05:06Lógico.
05:07Mas você também, ele perde um outro apoio aí dessa polarização, desse tal da terceira via.
05:12Tu sabe que a gente teve um evento agora, uns dois finais de semana atrás, da Michelle Bolsonaro.
05:19Nós fomos lá.
05:22E o Valdemar Costa Neto falou nesse evento que somente o ex-presidente Jair Bolsonaro iria indicar o nome do PL à presidência da República.
05:32Diante disso, o Clã Bolsonaro, eu escrevi um livro, eu analisei todos os discursos do ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto ele foi deputado federal.
05:41E uma das características que a gente tem nele é que ele, é muito difícil ele colocar o poder pra outra pessoa que não seja de alguém muito próximo dele.
05:52E quando eu falo próximo, não é tipo um primo, um irmão, é família mesmo, são os filhos.
05:57Diante do que o Valdemar falou nesse evento da Michelle Bolsonaro, eu começo a entender hoje, porque a gente cogitava outras hipóteses,
06:04mas eu acredito que o ex-presidente Jair Bolsonaro, ele só vai conseguir passar o bastão pra um filho.
06:10Olha só que perfeito.
06:12Eu acho que ele tem uma dificuldade muito grande em fazer sucessor, e ele tem, pelo menos assim, o que eu li de todos os discursos dele,
06:21eu analisei os discursos dele até 2022, assim, nunca houve nenhuma intenção nos discursos de passar poder pra outra pessoa que não fosse alguém absolutamente da família.
06:30Então eu acredito que vai ser nessa linha.
06:32Ô Deise, você não acha que, assim, essa ideia do Bolsonaro, de tudo isso que você falou agora, não é pelas punhaladas que ele já tomou nas costas aí,
06:40de uma galera que se elegeu através dele e depois pulou do cavalo?
06:44Qual ideia tu diz?
06:45Da ideia de colocar alguém próximo, ou filho, ou...
06:48Não, não, não.
06:49Eu li os discursos dele desde a primeira vez que ele entrou na Câmara dos Deputados em 1991.
06:56Caramba.
06:56Então, foi de 1991 a 2026, eu não tô nem te falando pelos últimos anos, foi análise de discurso mesmo, bem acadêmica.
07:05É.
07:05Uma clã, né?
07:06É.
07:07Mas isso não é um perfil de meio ditador, né? Não é assim?
07:10Ditador que é meio assim, né?
07:12Não confia em ninguém.
07:13É, só no Círio.
07:14Não, não, não, eu digo assim, o pensamento.
07:17Tem os imperadores romanos, era assim.
07:19O Império Romano, sempre foi assim, outro.
07:21Aqui na América do Sul, aqui, porra.
07:23Eu acho que a política faz muito isso, né?
07:25O Norberto Bobbio, ele fala muito isso, né?
07:27O objetivo do político é chegar no poder, se manter no poder e tirar o inimigo do poder.
07:31Então, a partir do momento que tu chega lá, quer manter o poder.
07:34Então, mas isso hoje em dia é engraçado, né?
07:37Porque parece que as pessoas também não estão querendo ter mais a alternância.
07:41Que era uma característica de país democrático.
07:45Era você, sabe, cada hora é um que vai lá.
07:48Hoje em dia, o que a gente está vendo, né?
07:51Mesmo na Europa, com esse negócio de deixar candidatos fortes de direita, fora do pleito, né?
07:59Sim.
07:59Na justiça, né?
08:01O que está acontecendo, professora, em relação a isso?
08:04A política, ela ficou, ela virou, principalmente, sempre teve essa característica, né?
08:09É, personalista, mas com a ampliação dos meios de comunicação e com a ampliação das mídias sociais,
08:17a gente tem uma característica muito forte.
08:19Porque se tu for perceber, antigamente, qual era o grande debate aqui no Brasil?
08:23Vamos supor lá, vou dar um exemplo raso aqui.
08:25Mas PT e PSDB, hoje são pessoas.
08:28Verdade.
08:28E esse movimento, ele é no mundo inteiro, né?
08:30Tem um autor que eu gosto muito, que é o Guy Debord, que ele fala dessa sociedade do espetáculo
08:35e dessa sociedade personalizada.
08:36Então, o próprio Shakespeare já falava disso, né?
08:39O mundo inteiro é uma cena.
08:41Então, quem performa melhor, acaba ganhando vantagem.
08:43Esse movimento, ele chegou na política.
08:45Então, a política, ela acabou virando um grande palco de teatro.
08:50Entretenimento.
08:50Então, quem performa melhor, acaba...
08:52Olha o que foi a campanha de São Paulo.
08:54A gente volta a falar do Marçal.
08:56Então, a gente entende, nas nossas análises, a gente entende que é o movimento do personalismo na política.
09:03Você não fala mais em partido.
09:05Você fala em personalismo.
09:06E nem em política pública, né?
09:08Não.
09:08Quando você tem o debate hoje em dia, não tem mais política.
09:12Olha, vou fazer isso.
09:13Minha objetiva é isso.
09:14Não.
09:14É cadeirada pra um.
09:15É troca de ofensas.
09:17As memes e tudo mais.
09:19Isso é ruim.
09:20Jogar pra plateia.
09:21Estamos de volta.
09:22É.
09:23É.
09:24Bela colocação da nossa querida professora Deise.
09:28Sabe tudo e um pouco mais que bom.
09:29Ô, Gani, deixa eu puxar um pouco a economia.
09:30Contratar ela aqui pro pânico.
09:32Muito bom.
09:32Botar ordem nessa casa aqui, viu, Deise?
09:34Obrigado.
09:35Já tiro o Alan.
09:36Fala, pegar o economista aqui.
09:37Eu queria duas opiniões relacionadas à decisão, primeiro, do IOF e também a decisão do próprio Bolsonaro,
09:44que acaba sendo monocrática.
09:45A gente tem aí o políticos e a gente vê o que acontece mais nas decisões do STF,
09:49que impacta não só na política, mas ela, obviamente, junta com a economia.
09:52Como é que você analisa isso?
09:54Não, eu analiso com muita preocupação, né?
09:56Porque você trouxe anteriormente a própria saída, né, de bilhões de reais da Bolsa Brasileira
10:02que a gente viu nos últimos dias.
10:04Isso sinaliza alguma coisa.
10:06Então, a Bolsa, na verdade, está antecipando uma série de riscos lá na frente.
10:10Então, você tem, claro, um risco econômico, um risco fiscal, mas também há um risco
10:16da própria insegurança jurídica, né?
10:18Então, a gente vê nessa questão do IOF que o IOF é um imposto regulatório, foi utilizado
10:25claramente com fins arrecadatórios, tanto é que o próprio ministro Haddad falou numa
10:30perda de receita de 20 bilhões de reais.
10:33O Congresso foi lá, derrubou, né, corretamente derrubou, e a decisão do Congresso foi anulada
10:42monocraticamente por um ministro.
10:44Então, a gente está falando de um ministro contra o Congresso inteiro, né?
10:49A gente coloca aí 513 parlamentares.
10:53Opa, peraí, alguma coisa está errada contra a Câmara dos Deputados.
10:56E depois também essas decisões monocráticas relacionadas ao próprio Jair Bolsonaro vai
11:05mostrando um peso muito grande do Poder Judiciário e é claro que isso fere a democracia, porque
11:12a democracia, ela parte do princípio, Zuzu, da independência dos três poderes.
11:17Você não pode ter um protagonismo maior de um dos poderes.
11:21Inclusive, isso vai ao encontro do que o próprio Trump tem reclamado em relação ao Brasil,
11:28desse protagonismo do Poder Judiciário.
11:30Muito bem explicado.
11:32Mas...
11:32É, mas...
11:33Mas vamos falar...
11:35Deise, pegando a parte econômica também, eu tenho uma dúvida em relação ao Bolsonaro,
11:39que tem uma fala dele na entrevista recente.
11:40Ele fala o seguinte, vamos esquecer paixões políticas.
11:43Agora, como político, é difícil.
11:46Ele falou que ele negociou a história do aço com o Donald Trump.
11:49Inclusive, foi elogiado, né, que ele teve o queixo duro e conseguiu beneficiar o Brasil.
11:53Você acha realmente que ele foi mais capaz do que o governo atual, esquecendo paixões
11:58políticas, para negociar as taxas com os Estados Unidos?
12:01Foi melhor a performance do Jair?
12:03Eu tenho tanto medo desses achos e...
12:07Nossa, isso...
12:08Até gaguejei aqui.
12:09Não, não, não.
12:10Fica à vontade também.
12:11Mas eu entendo que sim.
12:13A percepção que a gente tem hoje é de que a economia brasileira, ela não vai bem.
12:18Está tudo muito caro, o brasileiro sente isso.
12:21A gente tem algumas coisas assim que não eram para ter saído tão do normal como o café,
12:29a carne.
12:29A gente teve uma campanha eleitoral que foi muito marcada em cima de algumas promessas
12:33que não só não viraram realidade, como elas foram o oposto, né?
12:37Então, você vai ter picanha e você não está conseguindo nem comprar o cafezinho da manhã.
12:41Você não consegue pegar um transporte público.
12:45Então, a minha percepção é que no governo anterior, os dados econômicos, eles indicam
12:50que a nossa situação estava melhor, sim.
12:53Mas é uma análise, eu sempre tenho muito receio de fazer essas coisas.
12:56Agora eu queria perguntar tanto para a Deise quanto para o Alan.
12:59E aí, a eleição de 2026, como é que fica na questão de toda essa polarização, senadores?
13:07Você acha que...
13:08Porque na última eleição nós tivemos mais de 30 milhões de pessoas que não votaram.
13:14Será que isso, toda essa figura vai começar a motivar algumas pessoas a voltar?
13:21Você está falando, não, peraí, eu não votei na última de 2022, mas a economia não está indo bem.
13:26As coisas... Não estou achando...
13:27Você acha que tudo isso que está chegando num clímax vai fazer com que as pessoas que não votaram
13:32nas últimas eleições votem agora?
13:36Pelos dados que a gente tem, eu acho muito difícil. Por quê?
13:40Porque o brasileiro, as últimas pesquisas, elas indicam que o brasileiro ainda vê a política
13:45como algo sujo, distante e corrupto.
13:49Então, a polarização, ela serve para mobilizar uma base que já está tendenciada a participar do voto,
14:00a discutir a política, mas aquela parte da população que não quer se envolver com isso,
14:04o que as pesquisas indicam é que ela continua não querendo,
14:07porque a política ainda é vista como algo sujo e distante e feito por uma parcela que está isolada em Brasília.