O senador Alessandro Vieira, do MDB, disse, em entrevista ao Papo Antagonista desta segunda, 19, acreditar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD, vai engavetar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, baseado nas revelações da Vaza Toga.
"É apenas uma jogada política, com objetivo de narrativa eleitoral. A gente sabe que um pedido de impeachment precisa da decisão do presidente da Casa [para avançar]. No caso, o senador Rodrigo Pacheco. Eu tenho absoluta convicção de que, em qualquer circustância, a resposta do senador Rodrigo vai ser o engavetamento da proposta, para fazer companhia a, salvo engano, a 50 ou 60 outros pedidos que já estão lá engavetados", afirmou Vieira.
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00:00Senador Alessandro Vieira, o senhor está falando justamente de um espaço extra que parece que o Supremo Tribunal Federal está ocupando.
00:08E aproveitando a sua participação, não posso deixar de mencionar o escândalo que nós batizamos de Vazatoga,
00:13a partir das mensagens e dos áudios revelados pelo jornal Folha de São Paulo,
00:17em que um assessor do gabinete do Alexandre de Moraes no STF conversa com um assessor que comanda um setor de suposto combate à desinformação do TSE.
00:29E eles vão ali arquitetando o andamento da coleta de provas sobre investigações relatadas pelo Alexandre de Moraes no Supremo.
00:38Qual é a sua análise preliminar desse conteúdo e o que o senhor acha que isso indica em termos desse sistema que nos parece, evidentemente, desfuncional?
00:50Eu tenho defendido que é excessiva a atuação do ministro Alexandre e que esse inquérito, no bosto do qual se dá a maior parte das decisões desde 2019, por ali,
01:04é absolutamente excessivo, é equivocado, é autoritário.
01:10Eu não posso, a pretexto, defender democracia ou usar ferramentas autoritárias.
01:15Eu tenho a OAB reclamando, eu tenho os advogados reclamando, eu tenho penas aparentemente fora de qualquer razoabilidade, proporcionalidade.
01:22É muito difícil esse momento que a gente vivencia porque nos faltam, às vezes, ferramentas para fazer o enfrentamento.
01:29Então, essas revelações são graves, mas elas são apenas mais água no moinho que está em movimento há muito tempo.
01:36que aponta que o ministro Alexandre e, junto com ele, a corte como um todo, vem praticando uma justiça de vingança, uma justiça de revanche.
01:47É fato, na minha opinião, que o Brasil sofreu uma tentativa de golpe de Estado, é fato que você teve um ataque físico às instalações dos poderes,
01:56mas isso não pode justificar que a justiça deixe de lado a sua neutralidade e passe a atuar como uma parte que busca vingança contra algum segmento da sociedade.
02:07Quem cometeu crime tem que ser punido, quem ia se beneficiar desse crime gravíssimo que é o golpe de Estado tem que ser duramente punido,
02:15mas tudo dentro do devido processo legal, você tem o Ministério Público, você tem defesa, você tem o juiz absolutamente isento atuando.
02:23Eu não vejo essa isenção há muito tempo na atuação do ministro Alexandre e eu pedi o impeachment dele em 19, em abril de 19.
02:30Então, eu não venho falando isso agora ou por fatos recentes.
02:34Abuso sempre vai resultar nisso, autoritarismo sempre vai resultar nisso.
02:39Pode degradar no momento por uma questão ideológica sua, mas vai lhe atrapalhar adiante porque é ruim para a sociedade como um todo.
02:45E o senhor acredita que tem alguma possibilidade de andar esse pedido de impeachment ou vira mais uma cartada política,
02:53nesse jogo de barganha entre o Congresso e o Supremo Tribunal Federal?
02:58É apenas uma jogada política com objetivo de narrativa eleitoral.
03:02A gente sabe que um pedido de impeachment para a tramitação precisa da decisão monocrática do presidente da casa,
03:09no caso, o senador Rodrigo Pacheco.
03:11Eu tenho absoluta convicção de que, em qualquer circunstância, a resposta do senador Rodrigo vai ser o engavetamento da proposta para fazer companhia,
03:20salvo engano, 50, 60 outros pedidos que já estão lá engavetados.
03:26E essa é uma prática que se repete de outras presidências, não é só do senador Rodrigo.
03:30Existem ferramentas possíveis, a CPI é uma ferramenta possível, porque é um instrumento de minoria,
03:37é um instrumento contra senso, contra majoritário, mas isso tudo precisa ser muito bem verificado,
03:45viabilidade jurídica, estruturação disso, que provas vai se buscar produzir,
03:51para que ele possa ter um resultado de verdade e não mais um teatro, apenas com objetivos eleitorais.
03:56Muito obrigado, senador Alessandro Vieira, do MDB, pela participação aqui no Papo Antagonista.
04:00Nosso público gosta de ouvir o senhor, porque o senhor tem uma análise independente, objetiva, pragmática,
04:07e quando desempenha ali a tarefa de interrogador, inclusive, em sessões, em CPIs,
04:15sempre busca emparedar ali os depoentes com os fatos objetivos, no bom sentido,
04:23sem procurar a treta para a rede social, de modo que os assuntos ficam mais esclarecidos,
04:28seja qual for o juízo, de concordância ou de discordância.
