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Transcrição
00:00A gente tem um levantamento da Real Time Big Data, encomendado pelo Estadão,
00:05que aponta que para 89% dos brasileiros o país deve condenar o Hamas e classificá-lo como um grupo terrorista.
00:12A pesquisa também mostra que somente 29% acham que o Brasil tem condições de mediar a guerra Israel-Hamas.
00:22Em outra sondagem realizada pela Quest sobre a repercussão digital no Brasil do ataque terrorista do Hamas,
00:28houve a detecção de 10 milhões de menções a isso, que se colocou ali como um conflito.
00:36Já falei aqui que eu não gosto muito de usar essa palavra.
00:38De todas as postagens, 78% foram categorizadas como pró-Israel, enquanto 14% somente foram contrárias ao país.
00:48Para comentar esses números, a gente conversa agora com o cientista político Bruno Soller.
00:52Ele está na linha com a gente, produção?
00:53Que beleza. Boa noite, Bruno. Seja bem-vindo aqui ao Papo Antagonista.
00:59A gente tem demonstrado um certo descompasso da posição de algumas lideranças políticas à esquerda e da população brasileira.
01:09E esses números mostram que a população brasileira tem uma propensão natural anti-terror.
01:17Como repudia as formas mais escancaradas de criminalidade?
01:22O que mais chamou a sua atenção nesses dados?
01:26Boa noite, Felipe. Boa noite, Graebi. Boa noite, Duda.
01:30E a todos os telespectadores da TV Antagonista.
01:33Bom, o que me chama muito a atenção nessa repercussão sobre o porquê do brasileiro também
01:41não entender que o Brasil tenha capacidade para ser o grande mediador dessa guerra
01:51é o fato de que a gente vive numa constante guerra civil interna.
01:57Então, as pessoas não conseguem admitir que o Brasil,
02:01com uma crise gigantesca de segurança pública,
02:05com problemas gravíssimos em relação ao narcotráfico,
02:09tem a capacidade de ser um mediador de um conflito internacional
02:13de tantos e tantos anos que vem se arrastando.
02:16Então, essa talvez seja a força motriz da opinião brasileira em relação ao tema.
02:23Do outro lado, o que você tem é uma solidariedade natural brasileira a Israel,
02:30ao povo israelense e tudo mais, em função de toda a história,
02:34a gente não pode esquecer de toda a história do povo judeu
02:39e a perseguição que sofreu, o holocausto, o nazismo e tudo mais,
02:45e isso tem na memória afetiva do brasileiro, ainda se tem essa visão,
02:50além de uma grande parcela da população evangélica,
02:55que esse evangélico, praticamente 100% dele, ao lado de Israel.
03:01Então, são esses movimentos que a gente percebe que dão essa grande força
03:07do apoio brasileiro a Israel e pedindo a condenação por parte do governo brasileiro
03:12ao Hamas.
03:14As pessoas não entendem que há um...
03:15Não é a questão da Palestina, é a questão de um grupo terrorista
03:19que fez um ataque contra uma população de maneira bastante covarde
03:27num momento em que as pessoas estavam, inclusive, celebrando feriados
03:34e um período de festejos ainda no país.
03:41Então, tudo isso levando a essa situação que as pessoas...
03:47Que o brasileiro está do lado, do ponto de vista da opinião pública,
03:52do lado de Israel nessa guerra.
03:56Bem diferente da população do país que prega neutralidade
04:00e tem uma postura mais dúbia em relação à condenação do Hamas e tudo mais.
04:06Perfeito, Bruno.
04:07Só registrando aqui, para quem não pegou os números,
04:09para 89% dos brasileiros, quase 90%,
04:13o Brasil deve condenar o Hamas como grupo terrorista.
04:16E tem outro dado que é quase...
04:18É muito parecido, para 84% o Brasil deveria estar ao lado dos israelenses na disputa.
04:25Greb, tem uma questão para o Bruno?
04:27Eu gostaria que você comentasse um pouco mais, Bruno.
04:30Boa noite.
04:33Essa relativa novidade, né?
04:35A gente já sabe há muito tempo que a influência dos evangélicos
04:39está crescendo muito na nossa política, né?
04:43Mas, de repente, ela se torna, em algumas situações,
04:47ela se torna mais visível, né?
04:49E essa, você estava dizendo, é uma delas, né?
04:52Isso aí veio para ficar, né?
04:55É, Bebe, olha...
04:56Boa noite.
04:57O que a gente percebe, talvez a grande mudança social do Brasil,
05:02a grande transformação social,
05:04quando você pensa no que é a sociedade brasileira,
05:08é justamente a questão dos evangélicos.
05:10Se a gente levantar a eleição de 1989,
05:15a primeira eleição pós-ditadura militar,
05:17a gente tem 11% de evangélicos no Brasil.
05:21Se a gente traz para a realidade de hoje,
05:23o censo está fechando esse número exato,
05:27mas se a gente pegar nas pesquisas de opinião
05:29de todos os grandes institutos,
05:31pelo menos 35% da população já se considera
05:34e se declara evangélica.
05:36Com muitas dificuldades dessa nomenclatura,
05:40porque alguns dizem, ah, eu sou cristão.
05:43O católico também é cristão, né?
05:45Mas tem essa dificuldade ainda dessa nomenclatura no Brasil.
05:49Mas o fato é que eu não tenho dúvida em te dizer
05:53que hoje, ativo,
05:55você tem mais evangélico no Brasil do que católico.
05:58Ativo.
05:59Porque você tem o católico adormecido,
06:01que é aquele católico que diz que é católico,
06:03mas não frequenta, que é o não praticante.
06:06A gente está tendo até um fenômeno novo,
06:08que agora é o evangélico desviado,
06:11é o evangélico que não vai mais à igreja,
06:13ele já se transformou em evangélico,
06:15mas não está indo mais à igreja.
06:16Já existe um pouco disso.
06:18Mas o fato é,
06:19essa talvez seja a grande transformação social do Brasil.
06:22E nós caminhamos para daqui duas, três eleições,
06:25provavelmente a gente ter mais evangélicos no país
06:28já declarados do que católicos.
06:31Essa é uma tendência natural.
06:33O Brasil vai ser de grande potência,
06:36de talvez o maior país católico do mundo,
06:38como já carregou esse título,
06:39o Brasil deve ser uma potência evangélica nos próximos anos.
06:43Duda Teixeira, para a gente fechar a rodada.
06:45Bruno, que impacto que essa ambição internacional do Lula
06:49pode ter na aprovação dele?
06:52Eu te pergunto isso porque não é a primeira vez
06:54que o governo vai meio que na contramão da sociedade.
06:57Eu lembro que depois da invasão da Ucrânia,
07:02o Lula lá tentando mediar,
07:04mandou o Celso Amorim para falar com o Putin.
07:06E aí tem uma pesquisa no Brasil que fala,
07:08olha, 62% dos brasileiros,
07:12quem começou a guerra foi o Putin.
07:14As pessoas sabem, não é a OTAN,
07:17não é o Zelensky, nada disso.
07:19E lembro também que o Lula,
07:21depois de protesto,
07:22ele não era presidente,
07:24mas depois de protesto em Cuba,
07:26ele também posta algumas coisas
07:28meio a favor da ditadura,
07:29contra os manifestantes
07:30e supercai a popularidade dele.
07:33Você acha que esse tipo de coisa,
07:35e dele estar viajando o tempo inteiro,
07:36de levar a janja,
07:37pode arranhar um pouco a aprovação dele?
07:41Olha, vamos lá.
07:42Para o eleitor que já não gosta do Lula,
07:45que já tem uma predisposição a rejeitá-lo,
07:48isso só aumenta essa rejeição.
07:50Então, ele dificulta a possibilidade
07:53de conseguir angariar novos eleitores
07:56ou pessoas que poderiam,
07:57de certa maneira,
07:58olhar para o Lula com outros olhos.
08:01O fato é, Duda,
08:02que ao mesmo tempo que se tem essa condenação,
08:08a gente não pode esquecer
08:09que existe sempre na cabeça do eleitor
08:11um comparativo.
08:13E o governo Bolsonaro foi tão restrito
08:16nas relações internacionais,
08:19se isolou tanto
08:21nessas relações internacionais,
08:23que por mais que as pessoas
08:25condenem o movimento do Lula
08:27em prol de algum outro país,
08:30entende no Lula
08:31uma certa amplitude.
08:35Alguém que está tentando se colocar
08:37no processo internacional.
08:40Então, ao mesmo tempo que ele perde de um lado,
08:43ele acaba ganhando do outro
08:44muito em função do comparativo com o Bolsonaro.
08:46Se a gente tivesse um comparativo
08:50com outro presidente
08:52que fosse mais globalista,
08:54mais aberto às relações internacionais,
08:58muito provavelmente isso seria um problema
09:00para o Lula.
09:01Mas ele disputa contra o zero
09:04nessa questão das relações internacionais.
09:06Porque não se teve
09:07política internacional, de fato,
09:10durante o governo Bolsonaro.
09:11Bolsonaro.
09:13O Bolsonaro ia para a ONU
09:15e discursava sobre problemas internos
09:17do Brasil.
09:19Falava da briga com o PT.
09:21Então, foi esse momento que a gente teve.
09:23Foram quatro anos
09:24de um certo isolamento.
09:26E nisso,
09:27o Lula acaba ganhando
09:29algum peso nessa disputa.
09:31Mas, não tenha dúvida
09:33que as posições
09:34do governo Lula
09:36e do PT históricas
09:38são muito antagônicas
09:40ao que o povo brasileiro pensa.
09:42Principalmente,
09:43e aí tem um fato
09:44que é interessante,
09:45você sabe que o Brasil,
09:46o povo brasileiro,
09:47tem mais confiança
09:49nas instituições norte-americanas
09:51do que os próprios americanos?
09:53O brasileiro gosta
09:54dos Estados Unidos.
09:56E essa coisa do PT
09:57de certo rechaço
09:59aos Estados Unidos,
10:00histórico,
10:02pelo movimento socialista, etc.,
10:04vai totalmente contrário
10:06ao que põe o povo brasileiro.
10:08Então, esses movimentos à esquerda,
10:10no plano global,
10:12são ruins
10:14no sentido de que o Lula
10:15não consegue engariar mais coisas.
10:17Fala para convertido.
10:19E daí, para convertido,
10:20ele consegue manter.
10:21Mas ele poderia,
10:22nesse momento,
10:23ampliar para quem
10:25estava neutro
10:27nessa briga Lula-Bolsonaro,
10:29que não tinha tanta posição,
10:3110% da população aí.
10:33Mas vai ter dificuldade,
10:35porque esses 10%
10:36têm posições muito antagônicas
10:38ao que o Lula pensa.
10:39Bruno Soler, senhoras e senhores,
10:41eu estou pronunciando certo
10:42o seu sobrenome,
10:43se não, me corrija, por favor.
10:44Muito obrigado
10:45pela sua participação
10:45no Papo Antagonista.
10:47Felipe, é Soler,
10:48mas todo mundo...
10:49Soler?
10:50Não ficou, já ficou Soler.
10:54Bruno Soler,
10:55muito obrigado
10:55pela sua participação
10:56no Papo Antagonista.
10:57Seja sempre bem-vindo.
10:58Boa noite, bom trabalho.
10:59Obrigado, um abraço para vocês.
11:01Boa noite.
11:01Boa noite.
11:01Boa noite.
11:01Boa noite.
11:03Boa noite.
11:05Boa noite.

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