Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • 26/06/2025
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL​

Confira mais notícias em nosso site:
https://oantagonista.uol.com.br/
https://crusoe.uol.com.br/

Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista​
https://www.twitter.com/o_antagonista
​https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00E falando em processos, falando em capa de processos ou processos cujos personagens se sobrepõem aos processos,
00:07teve uma decisão polêmica que foi relacionada à cassação do Deltan Dallagnol, lá no Tribunal Superior Eleitoral.
00:14O senhor foi ministro do TSE, foi presidente do TSE.
00:19Eu queria a sua opinião. Tecnicamente, o Deltan tinha razão para perder o mandato naquele processo, ministro?
00:25Eu penso que, pelo score do julgamento da votação, não havia controvérsia maior.
00:35Mas, certamente, se lá estivesse, teria levantado o dedo para divergir.
00:42Por que divergir?
00:44Porque a exoneração é um direito subjetivo de todo e qualquer servidor.
00:50Em segundo lugar, ele atuou como Estado acusador na Lava Jato.
00:57Ele fustigou muita gente.
01:00Então, se mostrou natural haver ataques dessas pessoas no campo administrativo,
01:07junto ao Conselho Nacional do Ministério Público.
01:10Mas eu penso, inclusive, que alguns procedimentos, ou quase todos, foram arquivados.
01:16Mas veio o Tribunal Superior Eleitoral a decidir da forma que decidiu.
01:23Quando se caça um mandato, não se progride culturalmente.
01:31Eu posso me referir àqueles que foram apiados, por exemplo, da presidência da República.
01:38O presidente Fernando Collor e também a presidente Dilma Rousseff.
01:44Indago, nós avançamos culturalmente com essas caçações?
01:49Qual foi a repercussão desses atos internacionais?
01:54O Brasil cresceu em termos de majestade, em termos de país independente?
02:01A meu ver, não.
02:03Por isso é que nesse campo, principalmente quando se tem a manifestação de eleitores,
02:10a vontade do povo e todo o poder emana do povo, se deve atuar com muita passimônia, com muita cautela.
02:20Ministro, ainda falando sobre esse caso de Deltan, foi uma decisão unânime do plenário do Tribunal Superior Eleitoral.
02:29E, de fato, Deltan não tinha nenhum processo administrativo correndo ali contra ele.
02:35Mas o fato dele ter saído do cargo cinco meses antes do previsto,
02:42o que está previsto é que ele saia do cargo público seis meses antes do processo eleitoral,
02:49ele saiu cinco meses, ou seja, onze meses antes, cinco meses mais os seis que era previsto em lei.
02:56Esse fato, esse movimento de um servidor público de carreira que estava ali há muito tempo,
03:02essa foi a principal leitura, de fato, que foi dada ali pelos integrantes do Tribunal Superior Eleitoral.
03:09Isso não deve ser levado em conta também na sua avaliação?
03:12Deveria ter sido levado em conta.
03:14E deveria ter sido levado em conta uma premissa, a meu ver, inafastável.
03:19Não se presume o excepcional.
03:23Presume-se um procedimento digno por parte do cidadão.
03:29Presume-se o ordinário.
03:31Mas o Tribunal Superior Eleitoral, como última instância, decidiu.
03:36Houve até uma controvérsia se essa decisão passaria ou não pelo crivo da Câmara.
03:42E a teor do dispor na Constituição Federal é situação concreta que a Câmara não pode rever o que decidido.
03:52Eu já estava com essa pergunta na ponta da língua para fazer para o senhor ministro.
03:56Então, se questionou muito, a Câmara aprovou.
04:01Não.
04:03A atuação da Câmara, no caso concreto de cassação do registro, é apenas declaratória.
04:15Ela constata o fato e declara, portanto, a insubsistência do mandato do parlamentar.
04:23Ministro, eu quero justamente pegar esse ponto porque eu lembro, inclusive, de uma polêmica ali pós julgamento da AP 470,
04:33após mensalão, que foi o caso do Natan Donadon, julgamento do qual o senhor participou.
04:39Na época, o Natan foi condenado à prisão, foi para a cadeia, e houve aquela polêmica.
04:44O Supremo declarou logo de cara, se não me engano, a perda de mandato e a Câmara falou não.
04:49Então, quem declara a perda de mandato é a Câmara dos Deputados, enfim, aí abriu um processo e depois o caso foi para o plenário.
04:57O senhor agora está ratificando que decisão judicial se cumpre.
05:01Há situações e situações.
05:04Por exemplo, quebra de coro.
05:06A Câmara e o Senado são soberanos.
05:11Certas infrações previstas, não me falha a memória, no artigo 53 da Constituição Federal.
05:17Ela é soberana, mas nesse caso, e surgiria uma incongruência, se assim não fosse,
05:25de cassação do registro, não há matéria passível de exame pela Casa Legislativa.
05:35A Casa Legislativa simplesmente constata a decisão do mais alto órgão da Justiça Eleitoral.
05:44Como ele não conseguiu, em relação a essa decisão, não sei nem se tentou alguma liminar para suspender a eficácia dela,
05:54e a suspensão seria pelo próprio Judiciário.
05:57Ele tentou uma atividade do Supremo.
05:59E poderíamos imaginar, então, a atividade do Supremo.
06:04Evidentemente, a Câmara constatou um fato e proclamou esse mesmo fato.
06:09E o fato do rito ter sido tão rápido, ministro, isso também é bastante questionado,
06:17também se avalia bastante essa questão do rito ter sido bastante rápido,
06:25inclusive da avaliação da mesa diretora que decidiu essa semana, sim, pela cassação,
06:29dando a chancela, como o senhor bem disse, de uma decisão muito mais,
06:33da mesa diretora muito mais protocolar mesmo, de seguir o protocolo.
06:36Na sua avaliação, ministro, essa questão de Deltan Dallagnol ter sido promotor da Lava Jato,
06:47esse clamor popular, perdão, político, ele está muito enraizado ali em tudo isso
06:56que aconteceu na vida política de Deltan Dallagnol, na sua avaliação?
06:59Está, está enraizado.
07:03Evidentemente, considerada a minha formação, não concebo que alguém,
07:10sem estar baseado em uma família de posses, deixe um cargo vitalício,
07:19como é o cargo de integrante do Ministério Público,
07:24como é o cargo da magistratura, para sair para uma disputa política,
07:33um cargo eletivo.
07:34Eu não compreendo.
07:37Mas o julgamento houve, e também tivemos os pronunciamentos quanto a Lava Jato,
07:44em que se reconheceu uma incompetência territorial da 13ª Vara Criminal de Curitiba,
07:53que a meu ver sequer havia, e se anulou tudo,
07:57não ao contrário do que ocorreu com o Mensalou,
08:00talvez pelo fato de o Mensalou ter sido julgado originariamente pelo próprio Supremo.
08:05E depois o Supremo mudou a jurisprudência sobre a questão da competência.
08:10Pois é, a maioria decidiu dessa forma a paciência,
08:13como decidiu também um órgão fracionado Supremo,
08:18quanto à suspeição de caráter subjetivo do juiz Sérgio Moro.
08:25Eu disse mesmo, e continuo dizendo,
08:30que não gostaria de estar na pele do juiz Sérgio Moro.
08:36E creio que talvez ele venha tendo ultimamente certos pesadelos.
08:44O senhor acredita que ele será o próximo?
08:46Não sei o que ocorrerá,
08:50porque parece que o processo considerado o registro da candidatura dele
08:55ainda está pendente no Tribunal Regional do Paraná.
09:01Está na fase de instrução.
09:02E por que se tornou competente,
09:05e o tribunal disse que não seria competente,
09:08e a incompetência aí no caso é relativa,
09:13preclui, portanto, e teriam precluído nos processos crime.
09:18A 13ª, porque o primeiro crime considerado folcatrua contra Petrobras,
09:27lavagem de dinheiro, foi praticado em Londrina.
09:31E aí o juiz federal disse,
09:33olha, no Paraná há uma vara especializada em lavagem.
09:37A 13ª mandou para lá.
09:39E a partir disso houve a VIS, que nós chamamos de VIS atrativa,
09:43e os demais processos, pela continência e também pela conexão probatória,
09:50continência e envolvimento de mais acusados,
09:54os demais processos foram para a 13ª.
09:57Mas, repito, o Supremo bateu o martelo e a decisão tem que ser observada.
10:03Ministro, desculpa, Kenzo,
10:05porque tem uma questão técnica que eu acho que é importante,
10:07que provavelmente nosso, quem acompanha essa entrevista agora deve estar se atentando.
10:13A pergunta que eu sempre escuto,
10:16inclusive já escutei várias vezes no nosso chat,
10:19por que que no caso específico do Lula,
10:23o Supremo, na origem,
10:25não se manifestou, olha, esse caso não pode ser aqui,
10:28tem que ser na 13ª vara,
10:30por que que não se resolveu isso na origem?
10:32Se esperou toda uma tramitação de processos, recursos,
10:36para que se resolva...
10:38A de jurisdição é una, é nacional,
10:42mas nós temos ela estruturada em órgãos.
10:47E aí, para a matéria chegar ao Supremo, demora muito.
10:53O recurso extraordinário nos processos de crime,
10:56não, os recursos não foram admitidos
11:00e, portanto, não teve o tribunal a oportunidade de abrir o embrulho
11:05para ver o que tinha dentro em termos de tema,
11:08em termos de controvérsia.
11:10A matéria chegou via habeas corpus,
11:13impetrado pelo advogado Zani,
11:16em benefício do paciente,
11:19Luiz Inácio Lula da Silva.
11:21E aí o tribunal concluiu que haveria,
11:25ante mesmo uma competência relativa,
11:30direito líquido e certo a ser protegido
11:33e decidiu como decidiu.
11:35E aí, evidentemente, gerou perplexidade
11:40para toda a sociedade brasileira.
11:43Ministro, quando o senhor estava falando de Sérgio Moro,
11:45o senhor falou uma frase interessante
11:47que o senhor disse que não queria estar na pele dele.
11:49Queria que o senhor detalhasse um pouco mais isso para a gente.
11:53Eu vou contar, então, numa inconfidência,
11:57o que houve quando ele era ministro da Justiça.
12:00Ele foi me visitar no Supremo,
12:02eu ainda estava em atividade,
12:04e eu ia até para descontrair um pouco o ambiente,
12:09que ele é uma pessoa mais reservada do que eu sou,
12:12mesmo eu sendo...
12:14Ele também foi juiz, porque eu tendo sido juiz.
12:16Eu perguntei, mas como você deixa um cargo
12:20em que você foi consagrado herói nacional
12:24para ser auxiliar de um presidente da República?
12:29Abandona uma caneta dessas?
12:32E ele me respondeu,
12:33minha caneta ainda tem muita tinta.
12:36Esperemos que ainda tenha.
12:39É, pena que a caneta perdeu a tinta nesse índice.
12:42É um desgaste, pois é um desgaste enorme.
12:46Ainda bem que o Estado do Paraná,
12:49os eleitores do Estado do Paraná,
12:52eles o resgataram.
12:55Porque senão o que ele seria?
12:57Seria advogado, voltando à advocacia,
13:00depois, como eu falei,
13:02depois de ter sido consagrado como um grande juiz nacional.
13:07Ministro, eu só acho que hoje a classe política
13:10e setores do judiciário
13:12têm, digamos que,
13:16têm feito uma revanche ao Moro
13:18e ao trabalho que foi feito pela Lava Jato,
13:20ou é uma interpretação muito ostensiva
13:22de decisões, de reveses
13:24que o Moro e a Lava Jato têm tido ultimamente?
13:28Evidentemente, quem foi fustigado
13:32em termos criminais
13:35reage e reage agora aplaudindo
13:40a calçação do Dallagnol.
13:44E também teria, assim, o desejo de ver
13:51o hoje senador da República
13:54afastado da cadeira de senador.
13:57Agora é aguardar e aguardar
14:01para ver o que ocorrerá em termos de decisão
14:04e o que eu penso é que deve prevalecer,
14:07acima de tudo, o direito.
14:11O direito positivo, o direito aprovado
14:14pelas duas casas do Congresso Nacional.
14:17Fora disso, é a Babel, é a bagunça.
14:27E aí, a Babel, é a bagunça.
14:29E aí, a Babel, é a bagunça.
14:32E aí, a Babel, é a bagunça.
14:37E aí, a Babel, é a bagunça.
14:38Obrigado.

Recomendado