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  • 26/06/2025
O cientista político Francisco Pereira Coutinho comenta a reação ao anúncio de que o presidente brasileiro discursaria em cerimônia em memória à Revolução dos Cravos.

Assista à conversa na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=5aZ3SSHL9f0&t=302s

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Transcrição
00:00A ideia era falar um pouco da reação enorme que teve aí em Portugal
00:04quando se noticiou que o presidente Lula iria para uma celebração no parlamento de Portugal,
00:14dia 25 de abril, é uma data para celebrar a Revolução dos Cravos,
00:20e teve uma baita reação aí dos portugueses, né?
00:25Enfim, por que que... Você podia contar um pouco o que aconteceu e explicar por que que teve isso por aí?
00:34Ora bem, é um episódio um pouco confuso e rocambolesco.
00:38No essencial, o grande problema foi que o nosso ministro dos negócios estrangeiros,
00:44creio que vocês aí chamam-se um dos exteriores, João Cravinhos, esteve em Brasília
00:48e fez uma conferência de imprensa em que anunciou que o presidente Lula iria discursar
00:57na cerimónia oficial do 25 de abril.
01:00Portanto, é um dos feriados políticos mais importantes em Portugal,
01:04este ano comemoramos 39 anos desde a Revolução dos Cravos,
01:09e seria a primeira vez que um chefe de Estado estrangeiro iria discursar perante o Parlamento Português.
01:15Ora, qual é que foi o problema? É que o ministro disse isto sem ter autorização do Parlamento Português para o fazer.
01:23E isto, obviamente, criou aqui imensas ondas de choque,
01:27que levaram, inclusivamente, a que esse convite tenha sido, imagino eu, retirado,
01:32e o presidente Lula eventualmente irá participar nas cerimónias,
01:37mas não irá discursar na cerimónia oficial do 25 de abril.
01:41E o grande problema que causou foi, desde logo, um problema institucional,
01:46porque o Parlamento Português é que tinha que fazer esse convite
01:50e nada tinha sido decidido sobre esse assunto.
01:53Mas há alguns partidos, desigualmente o Chega, que creio que vamos falar também sobre este partido,
01:58é um partido de direita radical populista,
02:00anunciou que iria fazer uma manifestação no Parlamento,
02:03mas mesmo partidos mais moderados, como os liberais,
02:06anunciaram que se o presidente Lula discursasse na cerimónia oficial do 25 de abril,
02:11eles iriam abandonar o hemiciclo.
02:14E, portanto, corria o risco, por exemplo, de falar para uma Assembleia a meio despida.
02:20Porquê é que o ministro dos Estados Estados Português resolveu anunciar isto?
02:24Bom, a história é um pouco mais longa, não sei se temos tempo.
02:27Não, claro, fique à vontade.
02:28Vamos lá ver.
02:29O presidente Marcelo, o presidente português, esteve aí no Brasil em julho do ano passado.
02:34Numa altura, portanto, antes até do início da campanha eleitoral.
02:38E quando esteve aí em julho, resolveu ir visitar o antigo presidente Lula.
02:44Ele nem sequer era ainda oficialmente candidato.
02:47Isso causou um enorme embaraço diplomático.
02:50E o presidente Bolsonaro, na altura, recusou-se a receber o presidente português.
02:55Não foi uma visita oficial, mas foi um pouco estranho.
02:59Em todo caso, isto demonstra que há relações próximas, muito boas, entre o atual presidente
03:05português, Marcelo Rebelo de Sousa, e também o presidente brasileiro, Lula da Silva.
03:10Aliás, não deixou de ser também um pouco caricato que o próprio primeiro-ministro português,
03:15António Costa, que é primeiro-ministro há sete anos, envolveu-se na campanha eleitoral
03:20brasileira, gravando um vídeo de apoio.
03:23Ele disse que o fez a título pessoal.
03:26Mas é um pouco estranho, não é?
03:27Nas relações internacionais, ver um primeiro-ministro em funções a gravar um vídeo de apoio a um
03:33dos candidatos a uma eleição presidencial, que foi, como vocês sabem, muito melhor do que eu,
03:38tão disputada no Brasil.
03:40Portanto, o que é que nós vemos?
03:41Vemos o presidente português, em julho, em funções, a visitar um potencial candidato
03:46às eleições principais, Lula da Silva, e depois já, creio eu em outubro ou novembro,
03:51o próprio primeiro-ministro a envolver-se na campanha eleitoral.
03:54Não foi o único político português a envolver-se.
03:56André Ventura, que é o líder do tal partido de direita radical populista, chega, também
04:01gravou um vídeo de apoio, mas desta vez a Bolsonaro, mas não é, não exerce nenhum
04:07tipo de funções executivas em Portugal.
04:10Daquilo que daqui se pode ver, que há uma relação de enorme, enorme proximidade, quer
04:15do primeiro-ministro, quer do presidente português.
04:17E é preciso também explicar que em Portugal nós não temos um sistema presidencial, temos
04:21um sistema semi-presidencial, portanto temos uma bisfalia no poder executivo, no primeiro-ministro
04:26um presidente da república, a política externa é dirigida pelo governo, pelo primeiro-ministro,
04:31mas o presidente da república também tem funções protocolares, representa protocolarmente
04:36o Estado nas nossas relações externas.
04:41E, portanto, o primeiro, entretanto, o que é que acontece?
04:44O presidente português vai a Brasília no final do ano para a posse do presidente Lula.
04:51Aliás, o presidente Lula já acaso tinha vindo a Lisboa numa primeira visita com o presidente
04:55eleito, foi a primeira visita ao estrangeiro que fez, foi passar aqui por Portugal, e o
05:00presidente português resolveu ir à tomada de posse do novo presidente brasileiro e
05:05foi aí que anunciou que o presidente Lula iria fazer a sua primeira visita oficial a
05:09Portugal, justamente durante os dias 22, 25 ou 26 de abril, e obviamente isto vai coincidir
05:17com o 25 de abril, com a cerimónia do 25 de abril.
05:23É evidente que quando o presidente português diz que o presidente Lula irá a Portugal durante
05:27estas datas, ele refere, bom, vamos comemorar o 25 de abril, seria interessante incluir o
05:32presidente Lula nas comemorações.
05:35O presidente Marcelo não disse que ele iria discursar perante o Parlamento na cerimónia
05:39oficial.
05:40Quem disse isso, entretanto, foi há duas semanas o ministro dos Estados estrangeiros e
05:43o grande problema foi aí, justamente nessa, não na circunstância do presidente Lula poder
05:49estar por cá, durante esses dias, não é um presidente brasileiro, uma visita de Estado,
05:54mas coincidir com uma cerimónia muito importante para o ano político português, não havia
05:59precedente nenhum ter um chefe de Estado estrangeiro, também vou dizer que esta Revolução
06:04portuguesa de 74, o Brasil não teve qualquer influência na mesma e, portanto, seria, muitos
06:11partidos não acharam piada nenhuma este anúncio por parte do ministro dos Estados estrangeiros.
06:18Entretanto, a questão ficou resolvida porque se decidiu que o presidente Lula não vai discursar
06:24na cerimónia oficial e, portanto, o ministro dos Estados estrangeiros foi desautorizado, mas
06:29virá cá e não se sabe ainda muito bem o tipo de cerimónia ele irá para.
06:34participar no dia 25 de Abril, mas todo o episódio foi este.
06:39Agora, isto também é reflexo nas reações que tivemos, das manifestações quanto ao
06:43presidente Lula, na reação do Partido de Iniciativa Liberal, que foi o partido que ficou
06:48em quarto lugar nas eleições legislativas, que tiveram lugar em janeiro de 2021, de dizer
06:53que iria abandonar o hemiciclo, mostra também que o presidente Lula não é uma personagem
06:59unânime por Portugal, não obstante ter relações pessoais muito próximas, quer com o presidente
07:07da República, Marcelo Rebelo de Sousa, quer com o primeiro-ministro português, António
07:11Costa.
07:29Obrigado.
07:30Obrigado.
07:31Obrigado.
07:32Obrigado.

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