00:00É curioso, quando você fala de talentos e tal, a história da humanidade é o homem e seu tempo.
00:09Você pode ser um sujeito brilhante, ter um talento extraordinário, mas aquilo não tem nenhuma aplicação na época que você vive.
00:18Então, o influenciador tem essa capacidade de disputar e de atrair a sua atenção, que é justamente essa era que a gente está vivendo, a economia é movida pela atenção, a economia da atenção que você mencionou logo no início.
00:39E se o sujeito consegue fazer você parar o que você está fazendo para ouvi-lo, seja para o que for, é um talento.
00:50O que ele vai expor dali, se vai fazer um tutorial de maquiagem, se vai fazer game, vai ensinar como jogar alguma coisa.
00:58Eu vejo, porque eu sou pai, você também é pai, minha filha tem sete anos de idade e é uma briga para eu tirar ela, para fazer ela limitar a atenção que ela dá para o TikTok, para o YouTube, para os shorts.
01:13E aí tem umas figuras, umas crianças, uns adolescentes que ficam fazendo uma coisa que você, eu, tem 45 anos, eu olho assim e falo assim, cara, é um negócio que até às vezes me incomoda, me irrita.
01:28Eu falo assim, para de ver isso aí, essa besteira, vai arrumar alguma coisa que seja mais instrutiva, que ofereça algum tipo de conhecimento.
01:41Então, mas também tem esses influenciadores que vendem conhecimento também, tem muitos canais legais, tem muita gente falando de história, falando de ciência, falando de política, estamos aqui falando, a gente também teve que se adaptar, nós somos jornalistas, mas acabamos tendo de ser influenciadores nesse sentido atual aí da palavra.
02:04Cláudio, você tem toda razão, mas uma coisa que eu acho que as pessoas tendem a fazer demais é tentar se comparar e ou julgar, ou denegrir, ou criticar.
02:20Você tem uma filha de 7 anos, eu também, eu tenho uma de 8 e eu tenho duas aqui, uma de 8 e uma de 11, estamos vivendo aqui em mundos similares.
02:29Esses dias eu coloquei ela para assistir um filme da década de 80 que eu adorava, ela olhou para mim e falou assim, pai, você gosta desse tipo de conteúdo? Que conteúdo mais bobo, entendeu?
02:39Então, assim, o conteúdo que eu achei que era super legal para mim, ela achou muito ruim, entendeu?
02:44Então, eu tento abraçar esse tipo de comportamento, óbvio, eu acho que tem uma linha ali que você não pode cruzar e tem coisas que, independentemente da era, eu acho que elas não vão ser produtivas para a pessoa e a gente tenta, como pai, a gente tenta fazer isso também, mas eu, como profissional de marketing,
03:02eu tenho que estar sempre aberto a isso e eu tento olhar essas coisas com outros olhos e você tem toda razão e talvez a tua filha, a minha filha, elas não vão querer ser médicas, engenheiras e advogadas, talvez elas vão ser criadoras de conteúdo e elas vão querer fazer tutorial de maquiagem, quem sabe ela vai ter uma audiência tão grande nesse tutorial de maquiagem, a gente tem hoje no Brasil, algumas pessoas já fizeram isso e elas vão lançar a própria linha de maquiagem delas, elas vão fazer disso um grande business.
03:29Você tem hoje, você pega, por exemplo, não sei se você conhece, tem a Mari Maria, ela tem uma, ela é uma influenciadora, ela começou a fazer conteúdo no YouTube alguns anos atrás e ela transformou esse conteúdo numa grande audiência e ela monetizou essa audiência através do lançamento dela, da linha dela de maquiagem e hoje ela fatura 50 milhões de reais por ano vendendo maquiagem para essa galera que segue ela, entendeu?
03:56Olha, imagina, imagina, talvez você vai ter com, né, dentro de casa uma empreendedora, sendo que eu venho de uma era, eu também vou fazer 45 esse ano, que a palavra empreendedor, empreendedor nem existia no meu vocabulário, a gente não tinha talvez essa opção, era um negócio muito distante da nossa realidade, hoje você tem.
04:13É isso, e a gente falou desse mercado e só faltou me responder assim, qual é o parâmetro que você usa?
04:31Você falou aí de duas figuras que são super populares, aliás, que tem públicos muito diferentes, né, inclusive assim, trazendo um pouquinho para a nossa realidade da política, da eleição recente e tudo, você tem um sujeito que pediu voto para o Bolsonaro, que é o Gustavo Lima, e do outro lado você tem a Ludmilla, que é lulista, que pediu voto para o Lula.
04:56É curioso, porque você tem que ter um olhar bem pragmático, né, sobre o consumo, mas entender o público, entender o que esse influenciador pode vender, como é que é a construção disso, a escolha do influenciador,
05:16eles que estão procurando você, você que está procurando, você identifica um perfil com grande potencial, como é que funciona isso, assim?
05:27Perfeito, uma ótima pergunta, e obrigado por ter me relembrado, que é um ponto importante para a gente discutir aqui, porque não existe uma resposta certa.
05:39Você tem alguns critérios, e eu vou dividir aqui com você e com o teu público, como é que a gente faz esse processo.
05:46Primeira coisa é a seguinte, a gente olha para a categoria, e a gente gosta de categorias que são emocionais.
05:51O que é uma categoria emocional? Onde o produto é, teoricamente, uma commodity.
05:55O que eu quero dizer uma commodity? Onde o produto, ele não tem tanta funcionalidade, diferenciação de função.
06:01Então, você pega, por exemplo, um shampoo, um perfume, um creme de corpo, a categoria de beleza como um todo,
06:06você consegue ter produtos excelentes, do ponto de vista de matéria-prima, de embalagem, de qualidade, de performance,
06:15mas o que faz a diferença, muitas vezes, é a emoção.
06:18Por isso que celebridades sempre estão atreladas à categoria de beleza,
06:21porque você quer cheirar como o Gustavo Lima, você quer cheirar como a Ludmilla,
06:25você quer ter esse tipo de conexão emocional com o produto.
06:29Isso é feito já há centenas de anos.
06:32Então, é a conexão do teu ídolo, de uma pessoa que você admira com o produto,
06:37e é por isso que você bota a Anitta lá, porque você quer consumir o produto que a Anitta consome,
06:42porque você quer sentir um pouco desse ecossistema, desse estilo de vida.
06:46Então, a gente começa sempre por categorias que são grandes, emocionais e que são rentáveis.
06:53A gente, particularmente, gosta muito da categoria de beleza, porque ela oferece todas as características.
06:57É uma categoria que funciona muito bem no comércio eletrônico também,
07:00ou seja, você consegue mandar direto para a casa das pessoas o que te dá em troca o dado dessa pessoa.
07:06Então, você começa a conhecer a sua comunidade, você começa a trocar informações com ela,
07:09você consegue ter uma relação muito mais íntima com as pessoas.
07:12E aí, a gente tenta buscar uma celebridade que, principalmente, tenha a cabeça de sócio ou sócia,
07:21uma pessoa que realmente queira empreender, ela quer criar uma marca,
07:25ela não quer só cantar ou atuar ou fazer conteúdo na internet,
07:31ela quer realmente ter um negócio.
07:33Por isso que a gente dá parte da empresa para essa pessoa,
07:35ela se torna, efetivamente, uma sócia da Advents, uma sócia da marca.
07:39E aí, a gente tenta também, no final do dia, fazer com que essa pessoa entenda,
07:45e isso é muito importante que eu vou falar aqui agora,
07:47que ela seja uma vendedora também.
07:50Porque não basta você criar conteúdo e você falar,
07:54e todo mundo acha, você faz um post lá no Instagram e vende bastante.
07:57Não.
07:57A conversão de um post, geralmente, na internet é baixíssima.
08:01É menos de 1%, muitas vezes.
08:02Então, você precisa de uma pessoa que queira vender.
08:04Porque ela vai botar o produto de lado do braço e ela vai levar para o show,
08:09ela vai levar para o camarim, ela vai levar na casa do amigo,
08:11ela vai deixar em casa, ela vai dar para a mulher,
08:13ela vai dar para o amigo e assim por diante.
08:18Eu nunca imaginei que eu teria de vender o meu próprio conteúdo.
08:22Eu achei que...
08:23Eu trabalhei a vida inteira, 20 anos na imprensa,
08:26achei que era só escrever, apurar bem,
08:28escrever uma bela reportagem, um artigo e tal,
08:31fazer uma entrevista interessante.
08:32Mas não, hoje eu tenho que apresentar isso para o público
08:35e todo dia vender isso.
08:38Todo dia falar para o sujeito,
08:40você tem que dar um like aqui no programa,
08:43você tem que compartilhar o conteúdo,
08:44você quer assinar aqui o nosso site, a revista digital,
08:50para você ajudar a financiar um jornalismo independente.
08:55Porque é um processo de convencimento
08:59para que você saia dessa zona cinzenta das commodities.
09:05Porque quando você...
09:06Eu estou falando aqui da minha lida aqui,
09:09que é a informação.
09:10Hoje você tem acesso à informação muito fácil.
09:13Você tem sites, você tem redes sociais,
09:17você tem aplicativos de mensagem.
09:19As pessoas se informam de todo lado.
09:22Não quer dizer que se informem bem.
09:23E aí é que é o desafio você dizer para o sujeito,
09:26olha, o meu conteúdo é um conteúdo mais qualificado,
09:29é um conteúdo que apresenta vários pontos de vista,
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