O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro (foto) evitou fazer críticas aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que protagonizaram um esquema de tráfico de influência em sua gestão que culminou em sua saída do cargo e posterior demissão. Em entrevista exclusiva ao Papo Antagonista desta sexta-feira (23), o ex-MEC saiu em defesa dos líderes evangélicos. -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL
Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com
00:00Ministro, deixa eu lhe perguntar, qual é a natureza da sua relação com os pastores Gilmar Santos e Ailton Moura?
00:06E se o senhor tinha conhecimento da atuação deles vendendo influência junto ao MEC?
00:16Olha, primeiro que, assim, para o público em geral, o fato de ser pastor como sou não significa que nós somos da mesma igreja ou mesma denominação.
00:32Eu respeito muito e sempre respeitei tanto o Ariuto quanto o Gilmar, por o fato deles serem os pastores.
00:41Mas eu não tinha proximidade nenhuma, não os conheci. O próprio presidente já declarou isso de uma maneira que isso faz parte.
00:50Eu atendo muita gente, não apenas pastor, atendi rabinos, atendi líderes espíritas, atendi líderes católicos.
00:59A gente atendia de todos, porque a educação é muito próxima dessa questão religiosa.
01:05Então, o fato deles terem ido lá, pedido por cidades carentes, eu achei natural e sempre pude encaminhar.
01:17Nunca prometi que seria atendido A, B ou C em termos de cidades, mas sim que eu via eles como pessoas que estavam tentando fazer alguma coisa boa para as cidades pequenas.
01:33E eu nunca soube, na verdade, de nada irregular.
01:38Tudo que chegou para mim era que ele tentava trazer os prefeitos.
01:43E eu, como sempre fiz, quando chegava alguém com um prefeito de uma cidade, fosse um parlamentar,
01:50eu sei que muitos parlamentares levavam prefeitos para tentar ver as demandas do Ministério, isso tudo próprio, ilícito.
01:59Eu falava, olha, eu quero agradecer muito a presença do parlamentar tal e eu vou olhar com o maior carinho.
02:06O que eu fazia? Eu encaminhava o processo.
02:10Isso não tem nada de errado.
02:12Isso faz parte, esse atendimento, da vida pública e política,
02:18de atender as pessoas e as demandas das diferentes regiões do Brasil.
02:22Tem um áudio que já é de conhecimento público, circulou logo nas primeiras reportagens sobre este escândalo,
02:32este episódio, que tem a sua voz dizendo de um pedido especial que o presidente da República fez para mim
02:42sobre a questão do Gilmar.
02:44Que pedido especial é esse, Milton?
02:49Olha, deixa eu lhe explicar mais uma vez.
02:52Você, como repórter e como jornalista da área de política, você tem muito mais experiência que eu.
03:01Sempre que chegava a mim alguém, um pedido de algum parlamentar, de um senador, de outro ministro,
03:11seja quem for, eu fazia uma homenagem.
03:17Olha, já que veio através do senador tal, geralmente estava lá, o do deputado tal,
03:25eu vou tomar o maior cuidado e vou atender, porque ele não pede aqui, ele manda.
03:30Isso é uma maneira que a gente sempre fazia.
03:33E com a questão do presidente, foi a mesma coisa.
03:37Jamais o presidente iria me ligar, Milton, faz uma coisa errada aí, ou faz alguma coisa.
03:43Ele não faria isso, nunca fez, nunca interferiu em nada o presidente da República.
03:50Então, tudo que aconteceu, a responsabilidade é minha, em termos de gestão, ali na ponta.
03:56Ele não cobrava nada.
03:57Eu sempre tentava colocar a questão do governo em primeiro lugar,
04:04porque são cidades carentes, cidades pequenas, do Nordeste no Norte.
04:11E é isso que eu fazia.
04:12Então, essa gravação, feita de uma maneira irregular, porque eu não sabia,
04:20eu faria, olha, se tivessem gravado outras, talvez com um deputado tal, com um senador,
04:26eu fazia o café, o meu atendimento era muito tranquilo lá, muito descontraído.
04:33E eu fazia isso mesmo.
04:35Então, o que eu fiz foi enaltecer a indicação e tal,
04:41para fortalecer o deputado, fortalecer o político,
04:47mas nunca houve nada de errado nisso, nem moral, nem na questão de ilícito.
04:55Isso faz parte, fazia parte da minha atuação também política e técnica ali como ministro.
Seja a primeira pessoa a comentar