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O pesquisador Pedro Hallal, coordenador do estudo EPICOVID-19, disse que o governo federal tem "preconceito" com a Coronavac, que ficou evidente em um novo estudo anunciado pelo Ministério da Saúde.

No fim de julho, o ministro Queiroga anunciou um novo estudo para avaliar a necessidade de uma 3ª dose - apenas da Coronavac, que já não é e nem voltará a ser a principal vacina do Brasil.

Pelos dados do Ministério da Saúde, até a tarde desta sexta (5) foram aplicadas 68 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, contra 52 milhões da Coronavac. Até o fim do ano, a principal vacina do Brasil deve ser a da Pfizer, já que o governo comprou 200 milhões de doses.

#coronavac #pedrohallal
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Transcrição
00:00Olá, eu estou conversando com o professor Pedro Alau, da Universidade Federal de Pelotas.
00:04O professor Alau é coordenador do EpiCovid, que é o maior estudo epidemiológico sobre o novo coronavírus no Brasil.
00:12Já é bem conhecido aí do nosso leitor, do telespectador, comentando sobre a epidemia e a pandemia do novo coronavírus.
00:20Na conversa de hoje, nós vamos atualizar o nosso leitor sobre o que a gente já sabe sobre algumas novas questões de vacinas,
00:28como terceira dose, novos estudos com novas vacinas, combinação de vacinas e assim por diante.
00:34Professor, vamos começar com um dos assuntos mais quentes, que é a questão da vacinação heterogênea das grávidas.
00:43Até pouco tempo atrás, a orientação do Ministério da Saúde era que a mulher grávida ou puérpera que tomou a primeira dose de AstraZeneca
00:51deveria completar o esquema vacinal também com a segunda dose de AstraZeneca.
00:54E agora, no fim de julho, essa orientação mudou, como São Paulo já estava fazendo,
01:01e agora será permitido ou recomendado tomar uma segunda dose de uma vacina diferente.
01:07O que a gente já sabe sobre combinação de vacinas diferentes?
01:13Olha, eu vou começar respondendo especificamente para as gestantes.
01:17Neste caso, neste grupo em específico, a combinação de vacinas é a escolha mais adequada.
01:25Não é por acaso que o Brasil mudou as suas recomendações.
01:29Vários estudos conduzidos aí na literatura internacional mostraram que para as gestantes que tomaram a primeira dose da AstraZeneca,
01:36a melhor solução é tomar a segunda dose da Pfizer.
01:39E por isso o Brasil modificou a sua recomendação e está procedendo dessa forma.
01:46Isso é específico para as gestantes.
01:47Eu acho que é importante deixar isso bem explicado para as pessoas que nos acompanham.
01:52Para as outras populações, a recomendação é tomar a segunda dose da mesma vacina que tomou a primeira dose.
01:59Ah, professor, isso significa que não funciona a combinação para as outras populações que não mulheres gestantes?
02:07Não, não significa isso.
02:09Significa que existe uma estrutura vacinal que deve ser mantida.
02:13Ah, vai fazer mal se eu tomar a primeira dose de uma, a segunda dose da outra?
02:17Não, a princípio não vai fazer mal nenhum e até tem estudo sugerindo que pode ter bom resultado.
02:22Mas, exatamente, a gente está falando de uma campanha de vacinação de uma população inteira,
02:27de duzentos e poucos milhões de pessoas no Brasil.
02:30Então, a gente tem que sempre simplificar.
02:32E a simplificação desse caso é a pessoa tomar a segunda dose da mesma vacina que tomou a primeira dose,
02:38com exceção nas gestantes.
02:41Por falar em populações grandes, a Reuters publicou, nesta segunda-feira, dia 2,
02:46um estudo feito pelo Instituto Estatal do Soro da Dinamarca.
02:52Lá na Dinamarca foi suspensa a aplicação da vacina da AstraZeneca,
02:55então eles tiveram uma população grande de mais de 140 mil dinamarqueses
02:59que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e a segunda dose da Pfizer ou Moderna.
03:04O que a gente já sabe sobre essa combinação da vacina em populações grandes?
03:10Os dados são animadores.
03:13A gente tem que dizer, nós como pesquisadores, por mais que eu acabei de responder
03:17que não se recomenda esta combinação nesse momento,
03:20por uma estratégia de saúde pública,
03:22felizmente os dados disponíveis na literatura mostram que,
03:26quando é necessário, essa combinação tem dado também bons resultados.
03:31Aí a gente sempre fica nessa questão que eu especialmente não gosto,
03:35quando a gente fica comparando a eficácia.
03:38Ah, se tomar duas da mesma, dá 94.
03:40Se tomar uma da outra, dá 95.
03:43Sinceramente, no âmbito populacional, isso não traz grande diferença.
03:47O único grupo em que a diferença é no sentido positivo,
03:52e por isso a recomendação já foi modificada, é o da gestante.
03:55Nos outros grupos, são estratégias promissoras,
03:58que talvez no futuro, até porque a gente sabe que é bem provável
04:02que a gente tenha que tomar vacinas do coronavírus em outros momentos da nossa vida,
04:07talvez em outros momentos do futuro,
04:09a recomendação seja a combinação dos vacinos.
04:12Nesse momento, a recomendação é a primeira e a segunda dose do mesmo imunizante,
04:16assim a gente vai atingir rapidamente 70% da população brasileira vacinada,
04:21e quando atingirmos 70% da população brasileira vacinada,
04:25a situação vai melhorar muito aqui no país.
04:2890%?
04:3070%.
04:3170%.
04:3170% com duas doses, a gente vai conseguir controlar muito a pandemia.
04:36Ah, professor, quer dizer que vai acabar a pandemia?
04:38Não, mas os números vão lá para o chão, que é o que a gente sempre espera.
04:42Por exemplo, a gente ainda está com mil mortes por dia, arredondando.
04:46Quando a gente estiver com 70% da população vacinada,
04:48nós não vamos ter 200 mortes por dia.
04:51Pode escrever.
04:52Então, assim, chegar em 70% da população imunizada com as duas doses
04:56é a nossa grande meta e nós temos que caminhar o mais rápido possível para isso.
04:59É, há pouco tempo, o secretário de saúde do Mato Grosso do Sul
05:04colocou a meta de ser o primeiro estado a chegar no que ele acredita ser necessário
05:11para a imunização coletiva.
05:13Lá eles querem 80% com a primeira dose.
05:17São números um pouco diferentes, mas acho que tem muita gente aí querendo chegar lá.
05:23Posso fazer um comentário sobre isso?
05:25Esse número, ele não é mágico, entende?
05:29O que a epidemiologia mostrou ao longo dos anos?
05:32Nada a ver com o coronavírus.
05:33Quando 70% a 80% da população está imunizada,
05:38a gente atinge a imunidade coletiva.
05:40Não é 70,6% ou 79%, é entre 70 e 80%, não é um número fixo.
05:48Que depende de outros fatores, para falar bem a verdade,
05:50inclusive da transmissibilidade da doença,
05:52a razão de transmissão determina o percentual necessário
05:57para atingir a imunidade de rebanho.
05:58Agora, no caso concreto do coronavírus,
06:02pelo que a literatura internacional já mostrou,
06:05e lugares como Israel, Estados Unidos,
06:08que estão muito mais avançados na vacinação,
06:10eu acho que dá para dizer que 70% da população com duas doses,
06:14nós estamos muito perto da imunidade coletiva.
06:17Mato Grosso do Sul está falando em 80, é ótimo,
06:19essa corrida é maravilhosa, é uma corrida do bem, positiva.
06:22Mas eu estou bem tranquilo, acho que com 70% da população com duas doses,
06:27nós vamos observar, sim, os números distancando.
06:30Quando que o senhor estima que a gente chegue?
06:35Talvez em setembro, porque agora os estados mais avançados
06:38já estão nos cinquenta e tantos por cento agora no começo de agosto.
06:42Então a gente deve chegar a 70% talvez em setembro?
06:45Mas ainda com a primeira dose, né?
06:47Com a primeira dose.
06:48A minha estimativa é final do ano.
06:50Eu acho que a gente tem que ser...
06:52E aí está muito coerente com o que eu escrevi algumas semanas atrás,
06:56numa coluna, é o que eu tenho dito, assim.
06:59Eu acho que, devido aos erros iniciais, demora na aquisição,
07:04começo lendo da campanha de vacinação,
07:06mas felizmente que melhoraram,
07:08agora o Brasil está vacinando num ritmo bem razoável,
07:11eu acho que vai ser perto da virada do ano
07:13que nós vamos atingir esse percentual.
07:15Se vai ser em novembro, final de outubro, começo de dezembro,
07:20a gente não tem como precisar.
07:21Mas lá pelo final do ano nós vamos atingir 70%
07:24e nós vamos começar a olhar o coronavírus como algo do passado, felizmente.
07:29A gente vai ter um Réveillon com aglomeração e com máscara
07:33ou como é que vai ser o Réveillon 2022?
07:37Eu estou apostando que o Réveillon vai ser com aglomeração e sem máscara.
07:41Mas é uma aposta.
07:42E eu não tenho como...
07:45Nós, pesquisadores, a gente trabalha muito com dado.
07:49Por isso que pesquisador nunca gosta de responder
07:50essas perguntas de futurologia,
07:52porque a gente não gosta de dar uma opinião que não tem embasamento.
07:56A minha opinião de que o Réveillon vai ser com aglomeração e sem máscara
08:00é baseada no que foi observado nos outros países em relação ao coronavírus.
08:04Mas também temos que admitir que os outros países
08:06são muito mais cuidadosos que o Brasil em outros fatores.
08:08Então, assim, estou acreditando no Réveillon perto do normal,
08:15mas não temos nenhuma garantia disso.
08:18E o nosso grande inimigo para isso se chama variante delta.
08:21Se a variante delta bombar no Brasil, como bombou em outros lugares,
08:25talvez o nosso Réveillon não seja com aglomeração e sem máscara.
08:28Se a gente conseguir controlar a variante delta,
08:31aí eu acho que aumenta muito a chance de a gente passar o Réveillon sem máscara
08:35e com aglomeração.
08:36Por falar em variante delta,
08:39reportou-se na imprensa americana que o CDC teria dito
08:43que a variante delta espalha-se tão rapidamente quanto catapora.
08:49Isso procede? Foi um exagero?
08:52O que o senhor acha da comparação da delta com catapora?
08:54Sabe que eu não gosto de usar comparação com outras doenças?
08:58Porque a gente não tem essa informação.
09:01Nós estamos falando de uma variante delta que surgiu no mundo faz dois meses.
09:04A catapora existe aí há muito tempo.
09:06Então, as informações sobre catapora são muito mais sólidas
09:09do que a gente tem sobre a delta.
09:10O que eu acho que é a melhor comparação é comparar a delta
09:13com as outras variantes e com o vírus original da Covid-19.
09:17E aí realmente é preocupante.
09:18Em termos de transmissibilidade, a delta é muito mais transmissível
09:23do que o vírus original e ela é bem mais transmissível
09:26do que as outras variantes também.
09:28Agora, comparar com outra doença, eu acho...
09:30Primeiro que eu acho um pouco de precipitação
09:32e segundo que eu acho que nem comunica bem para a população.
09:36Eu acho que a população, a cabeça das pessoas está na Covid-19.
09:40Então, eu acho que tem que comparar com as coisas da Covid-19.
09:43Claro, se for verdade a informação e se confirmar que transmite
09:49tanto quanto a catapora, é uma informação preocupante.
09:52A gente sabe quão fácil é, especialmente na época em que a catapora
09:55estava mais disseminada, o quão fácil era de transmitir
09:59de uma pessoa para outra.
10:01Professor, vamos falar de terceira dose.
10:03Até algum tempo atrás, ainda era um mistério, um debate,
10:08uma incógnita, se no futuro a gente precisaria de uma dose
10:11de reforço ou não, ou se as pessoas seriam vacinadas apenas uma vez.
10:14Parece estar crescendo o consenso de que será necessário
10:17uma terceira dose ou uma dose de reforço em vários países.
10:20Inclusive, em Israel, agora já estão aplicando a terceira dose
10:24da Pfizer em uma população maior.
10:26Antes era só nas pessoas com sistema imune fragilizado,
10:32agora os idosos mais de 60 anos e assim por diante.
10:37O Ministério da Saúde anunciou no fim do mês passado
10:41no fim de julho, que ia encomendar um estudo para avaliar
10:46a terceira dose de quem tomou apenas a Coronavac.
10:49E me chamou muito a atenção esse estudo, professor, porque a Coronavac
10:54não é mais a principal vacina do Brasil.
10:57A vacina mais aplicada no Brasil, pelos dados do próprio Ministério
11:00da Saúde, é a vacina da AstraZeneca, que já tem milhões de doses a mais.
11:04E, além disso, até o fim do ano, pelas compras que o Ministério da Saúde fez,
11:11a principal vacina do Brasil será a da Pfizer, porque a Pfizer, o governo,
11:16comprou 200 milhões de doses.
11:18Como o senhor avalia encomendar um estudo no Brasil para avaliar a necessidade
11:25de terceira dose somente da segunda vacina do Brasil?
11:29Olha, então vamos responder com calma essa pergunta.
11:33Essa pergunta precisa de uma boa elaboração.
11:35Primeira coisa, em termos de saúde pública, pensando nas pessoas que vão acompanhar
11:40essa entrevista, o assunto da terceira dose não é o assunto prioritário nesse momento.
11:45Eu quero que as pessoas todas que nos ouvem, elas foquem em concluir a sua vacinação
11:51com duas doses, especialmente quem tomou a primeira e não tomou a segunda,
11:55que vá se vacinar, o nosso país precisa primeiro completar as duas doses
12:00em toda a população, ou no caso da vacina da Janssen, a primeira dose em toda a população.
12:05Feito isso, nós, como população, vamos pensar na terceira dose.
12:10Isso quer dizer que o professor acha irrelevante essa discussão de terceira dose?
12:14Não!
12:15Mas essa é uma discussão que ainda está no âmbito científico.
12:19Enquanto estudos sobre a terceira dose, todos são bem-vindos.
12:23Seja da Coronavac, seja da Pfizer, da AstraZeneca, qualquer outra.
12:27Eu sei que a Janssen, por exemplo, tem estudo sobre a segunda dose.
12:30A Janssen tem dose 1.
12:31Então, assim, enquanto estudo científico, é muito válido a gente testar isso.
12:37Claro que, quando a gente olha um movimento do Ministério da Saúde
12:42específico mirando para a Coronavac, a gente sabe o que está por trás.
12:46Está por trás um preconceito quanto a essa vacina, que foi materializado e externado
12:52em inúmeras oportunidades ao longo desse período da pandemia.
12:56O presidente da República tentava desmoralizar, fez todo o esforço possível
13:01para que essa vacina não entrasse no Brasil.
13:03Ele só acabou derrotado pelo grande desejo da população brasileira em se vacinar,
13:09e a Coronavac estava disponível.
13:11Então, aí tem um certo preconceito contra essa vacina que vem do governo federal.
13:16Nós, cientistas, não temos preconceito em nenhuma das vacinas,
13:20dessas quatro, pelo menos, que estão mais em uso no Brasil.
13:23A gente tem visto alguns estudos, e esse exemplo de Israel aí talvez seja o maior
13:28que vai acontecer de efetividade, porque a gente vai saber no mundo real
13:32qual a diferença numa população de tomar essa terceira dose ou não,
13:36mas eu sempre sou muito crítico a isso, eu tenho que te admitir.
13:40Porque tem lugares na África e na Ásia que a vacinação está muito lenta.
13:46E aí a gente começar a fazer terceira dose em lugares que já estão com 90% da população vacinada
13:52gera uma desigualdade que me incomoda muito, sim.
13:55E até me parece um equívoco sob o ponto de vista da saúde global.
13:59Porque se esses lugares que estão com pouca vacinação começarem a produzir variantes,
14:03daqui a pouco a terceira dose lá já não vai ser suficiente.
14:06Então, assim, se a Organização Mundial da Saúde fizesse o papel de liderança
14:11que ela deveria fazer, a gente estaria priorizando a segunda dose no mundo todo,
14:15e não a terceira dose.
14:17Agora, enquanto pergunta científica, é uma pergunta científica absolutamente relevante.
14:23Liderança, não sei, mas eu sei que a OMS já fez essa crítica.
14:26Essa crítica de ter doses extras nos países desenvolvidos,
14:30enquanto tem muitos países, muita gente que não tomou nem a primeira dose.
14:34E para continuar nesse lance do preconceito com a Coronavac,
14:39se acontece ou não nesse estudo aí o senhor vai avaliar para mim,
14:42é o seguinte, a Anvisa autorizou recentemente estudo de fase 1 e 2
14:49de uma nova candidata à vacina que é a Spintech da UFMG.
14:52E esse estudo, pelo material da própria UFMG,
14:55que também não quis terceir mais comentários para mim,
15:00também será feito apenas em quem tomou Coronavac.
15:04Então, a candidata da UFMG, a Spintech, será testada em quem tomou Coronavac.
15:10E não em quem tomou a AstraZeneca, que é a primeira vacina do Brasil.
15:14Hoje é assim, a primeira vacina em termos de...
15:17A mais utilizada é a vacina da AstraZeneca.
15:20Já passou a Coronavac há algum tempo.
15:23O senhor também tem algum comentário a fazer sobre isso?
15:27Quer dizer, nós vamos testar uma candidata à vacina nova
15:29na segunda vacina do Brasil, que em breve, no futuro muito breve,
15:34será a terceira.
15:35A Coronavac vai para o terceiro lugar.
15:37Olha, isso tudo faz parte dessa lógica de uma campanha difamatória.
15:41Existe um interesse muito evidente do governo federal
15:47em desqualificar uma das vacinas.
15:49E, na verdade, até cientificamente é um equívoco.
15:53Por quê?
15:53Porque nós estamos tratando de uma tecnologia de ponta
15:56do âmbito nacional.
15:58É super boa a iniciativa da UFMG.
16:00Fico meus parabéns à UFMG.
16:02Assim como fico meus parabéns pela Butantanvac,
16:05a produção nacional de vacinas tem que ser sempre muito bem-vinda
16:09por todo o nosso.
16:09Agora, tentar criar uma competição com uma vacina em específico
16:16perde, inclusive, qualidade científica.
16:18O que eu gostaria nesse estudo?
16:20Eu gostaria, nesse estudo, que tivesse braços comparativos
16:23com todas as outras vacinas.
16:25Exatamente para que a gente soubesse se tem alguma divergência.
16:29Então, assim, me parece mais um passo dessa campanha,
16:33quase que infantil, de tentativa de difamar uma vacina,
16:37que, na prática, não deu certo.
16:39Vamos falar a verdade.
16:40A Coronavac salvou milhares, dezenas de milhares de vidas no Brasil.
16:45E se o governo brasileiro não tivesse boipotado a Coronavac
16:48e tivesse comprado as doses do ano passado,
16:51tanto da Coronavac quanto da Pfizer foram ofertadas,
16:55teríamos salvado quase 100 mil vidas.
16:57Foi o que eu falei na CPI da Covid.
17:00Então, assim, é meio triste notar que essas tentativas de retaliação,
17:06de desqualificação, elas persistem, mesmo depois que a evidência mostrou
17:11que não faz sentido nenhum.
17:13A Coronavac tem salvado milhares de vidas de brasileiros e brasileiras,
17:17assim como tem a da AstraZeneca, que hoje é a dominante do Brasil,
17:20assim como tem a da Pfizer, a da Janssen e todas as outras que foram aprovadas pela Anvisa.
17:26O que salva uma população é a vacinação e não o tipo de vacina,
17:30até porque, para outras doenças, a gente nunca chegou no laboratório
17:34e perguntou que vacina é essa que vocês estão me aplicando.
17:37A gente sabia que era a vacina para a HPV ou a vacina para a gripe.
17:42Ninguém nunca perguntou qual era o fabricante e nem de que país era.
17:45Essa onda de disseminação de notícias falsas e essa questão de preconceito
17:50contra alguns países fez muito mal a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil.
17:56Sim. Casando com o que o senhor disse,
17:59eu noticiei no Antagonista recentemente, por exemplo,
18:02que a vacina de pneumonia no Brasil está sobrando, está com o estoque.
18:08Inclusive, o Ministério da Saúde produziu um ofício liberando essa vacina
18:12para uma faixa, para outros públicos, para novos públicos,
18:16para tentar dar conta do estoque que estava sobrando.
18:18E a única fornecedora de vacina de pneumonia para o SUS é a Pfizer.
18:24Ou seja, é uma vacina da Pfizer que está sobrando e tem gente que não está tomando.
18:30Só para esclarecer também para o nosso leitor,
18:31quando o professor diz braço, o braço de pesquisa são os grupos.
18:35Igual tem o grupo placebo, o grupo que toma vacina e tal.
18:39A gente usa muito o termo braço, que é uma tradução do arm em inglês.
18:43Mas realmente, tem toda a razão.
18:45Para explicar para a população, são os grupos de pesquisa,
18:49a gente costuma chamar às vezes de braços da pesquisa.
18:52Alguma dessas pesquisas tem vários braços,
18:54que nem o Goro do Mortal Kombat.
18:56É por aí, exatamente.
18:58Ele braço diferente.
18:59Professor, o que eu não perguntei sobre o avanço da pandemia no Brasil,
19:04ou a pandemia sendo refreada no Brasil,
19:07a evolução da pandemia no Brasil sobre vacinas,
19:10o que eu não perguntei e o nosso leitor precisa saber?
19:12Eu acho que a principal coisa, e para a gente finalizar,
19:15é a questão do cabo de guerra.
19:17Eu acho que essa é uma analogia que eu tenho feito,
19:19que eu acho que ajuda as pessoas a entenderem o momento que a gente está vivendo.
19:23A gente está vivendo um cabo de guerra.
19:25De um lado, a vacinação puxando forte a nosso favor,
19:30e por isso que os números de óbito estão caindo,
19:33os números de casos não estão mais caindo,
19:36porque a outro lado do cabo está puxando forte também,
19:38estão perto de estabilizar.
19:41O nosso adversário é a variante, especialmente a Delta.
19:45Então, é um cabo de guerra da vacinação contra a Delta.
19:48No momento, a vacinação está ganhando em relação aos óbitos
19:52e está pau a pau em relação aos casos.
19:54A gente precisa fazer força do lado de cada vacinação.
19:57Infelizmente, seria muito mais fácil para o lado de cá
20:01se a gente adotasse outras medidas.
20:03Mas já que não adotamos as outras medidas de testagem lá de escala,
20:07de distanciamento adequado, de barreiras geográficas,
20:13e coisas que deveriam ter sido feitas desde o começo,
20:15virou um cabo de guerra Delta versus vacinação.
20:19Então, temos que vacinar o mais rápido possível
20:20para a gente seguir pelo menos para ele
20:22e não começar a perder de novo esse cabo de guerra.
20:24Certo. Conversei com o professor Pedro Alau,
20:28da Universidade Federal de Pelotas
20:29e coordenador do EpiCovid.
20:32Professor, muito obrigado pela sua atenção e pelo seu tempo.
20:35Eu que agradeço. Foi um prazer.
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