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A pesquisadora Anna Sara Levin, professora da Faculdade de Medicina da USP, ressaltou em entrevista a O Antagonista que tomar vacina é importante, qualquer que seja a marca.

“Eu sinto que as pessoas acreditam muito em modismos, em coisas – de repente vira uma moda, uma vacina é mais chique de tomar, é quase grife, vacina virou grife”, disse Levin.

“Nós estamos em situação agora muito melhor do que a de um ano atrás, do ponto de vista de possibilidade de vacina, de conhecimento da transmissão”, acrescentou.


#Vacina #Covid19 #AnnaSaraLevin

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Transcrição
00:00Olá, eu estou conversando com a professora Ana Sara Levin, ela é doutora em doenças infecciosas e parasitárias e professora da Faculdade de Medicina da USP.
00:09Hoje nós vamos conversar sobre misturar vacinas e sobre a possibilidade da chamada terceira dose.
00:15Professora, nesta semana chamou a atenção uma notícia que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, tomou uma dose da vacina da Moderna depois de ter tomado uma primeira dose de AstraZeneca.
00:26O que a gente já sabe hoje sobre misturar vacinas?
00:32O que a gente sabe é muito pouco. De verdade, efetivamente, a gente sabe muito pouco.
00:37Porque, assim, se existe uma ideia, uma coisa que seria muito fácil, seria não ter que se preocupar em ter a segunda dose igual à primeira, porque funciona do mesmo jeito.
00:48Mas a gente não tem, porque imagina, você vai no posto, tem uma, depois você nem precisa guardar a segunda dose, porque a pessoa pode ir no posto com uma outra, que não vai ter problema.
00:55Então, seria uma coisa maravilhosa. Mas a gente tem muito pouco sobre isso.
01:00A gente tem pouco e o que a gente tem...
01:02Veja, a situação ideal para você estudar alguma coisa é ter milhares de pessoas,
01:08em umas você usa uma estratégia, em outras você usa outra estratégia,
01:12e aí você vai ver quantas pessoas adoecem,
01:15que é efetivamente o que é que você...
01:18Quantas pessoas vão pegar a Covid em cada grupo.
01:21Isso não tem pronto.
01:23Não tem nenhum estudo desses ainda pronto.
01:27Então, o que se faz como substituto disso?
01:30Se avalia como é que é a resposta de anticorpos,
01:33que não necessariamente é paralela à resposta clínica,
01:36à proteção real da doença.
01:39É claro que é melhor fazer anticorpos do que não fazer anticorpos,
01:42produzir anticorpos depois de uma vacina,
01:44mas não quer dizer que você está protegido,
01:46porque você não produziu uma quantidade enorme de anticorpos,
01:49ninguém sabe quantos anticorpos você precisa produzir para se proteger.
01:54E se existem outros mecanismos de proteção,
01:57como, por exemplo, a imunidade celular,
01:59que não se mede por anticorpos.
02:01Então, o marcador substituto de proteção não está super claro.
02:06Então, quando eu faço um marcador substituto de proteção,
02:09dosagem de anticorpos, que é o que foi feito até o momento,
02:12eu aparentemente posso o que tem.
02:15Tem para AstraZeneca e Pfizer.
02:17Eu posso usar uma, eu posso usar outra,
02:20posso usar uma antes da outra e a outra antes da outra.
02:22Porque eu vou ter uma boa resposta.
02:25Mas esses estudos são com 800 pessoas,
02:28900 pessoas, 700 pessoas.
02:30Não são com milhares de pessoas.
02:32Então, eu não sei uma série de coisas.
02:34Eu não sei, efetivamente, quantas pessoas vão adoecer ou não.
02:39Eu não sei os eventos adversos graves que isso pode me trazer,
02:43porque eu sei o que pode acontecer no sétimo dia,
02:45dor de cabeça, dor muscular, mas eu não sei o que pode acontecer
02:48se eu fizer milhares de pessoas.
02:51É só ver que quando aquele efeito de aumento de trombos,
02:58da AstraZeneca, ele acontece uma para cada 30 mil,
03:0250 mil, 100 mil pessoas,
03:04até você lançar a droga no mercado,
03:07até você lançar a vacina no mercado,
03:08você não sabia que existia esse problema.
03:10porque ele é tão raro que dentro dos estudos
03:12ele não aparece como um problema.
03:15Então, a gente também não sabe.
03:17Tem pouca gente que fez isso, a gente não sabe.
03:20Só para esclarecer, embarcador, substituto,
03:23o que é?
03:24Como se você usa no lugar,
03:26quando você não tem outra coisa para medir?
03:29Para medir.
03:30Como eu não sei se...
03:33É muito mais fácil ir lá pegar uma amostra de sangue
03:35e ver se tem anticorpo,
03:36se o anticorpo se correlacionasse perfeitamente com a proteção,
03:40que não é o que acontece.
03:43Então, se eu soubesse que se tiver X unidades de anticorpo,
03:47então a paciência está protegida,
03:49com certeza, 100%,
03:51aí eu poderia usar anticorpo ao invés de estudar gente que adoece.
03:55Porque gente que adoece exige milhares de pessoas,
03:58existe acompanhamento clínico de todo mundo,
04:01existe sortear a pessoa para um grupo, para outro grupo,
04:04existe um monte de coisas.
04:05E é um estudo muito caro, demorado,
04:08que é o que se fez para as vacinas.
04:10E é o que não temos ainda resultados para essa mistura.
04:14E é infinitas as misturas possíveis.
04:16Eu posso tomar Coronavac e depois AstraZeneca,
04:18posso tomar AstraZeneca e depois Coronavac.
04:20Eu posso tomar Pfizer e AstraZeneca e assim por diante.
04:25Quer dizer, qual é a combinação?
04:26E melhor do que isso,
04:28se isso aumenta a proteção ou se dá na mesma,
04:31porque se dá na mesma já é bom.
04:33Por que já é bom?
04:34Porque já facilita a vida da saúde pública, não é?
04:37Todo mundo já pode ir lá tomar a primeira e a segunda e tantos partes.
04:41Mas flexibiliza a segunda dose que tem que guardar,
04:44não precisa ser da mesma que você tomou a primeira dose.
04:48Do ponto de vista comercial, para a empresa,
04:51não é tão bom,
04:51porque não fideliza todo mundo na mesma vacina.
04:54Mas do ponto de vista estratégia,
04:56seria maravilhoso, maravilhoso que eu pudesse fazer isso.
04:59O problema é que eu não tenho segurança hoje de que,
05:03primeiro, isso funcione.
05:04Tem estudos para anticorpo, por enquanto,
05:06e pouca coisa para efeito realmente de proteção clínica.
05:10A pessoa não adoeceu.
05:12E eu também não sei se isso aumenta ou diminui o evento adverso.
05:16Grave, porque eventos adverso, dor de cabeça,
05:19a gente sabe que aumenta bem.
05:20Dor de cabeça, dor muscular,
05:22isso aumenta bem.
05:24Para que mistura?
05:25Misturar AstraZeneca com Pfizer.
05:29Mas isso não é importante.
05:30Ter um pouco mais de dor de cabeça,
05:32um pouco mais de dor muscular,
05:33não é tão importante.
05:34Agora, a gente não sabe.
05:35Eventos adversos graves raros,
05:37vai precisar de milhares de pessoas fazendo isso,
05:40para a gente saber realmente.
05:41Então, eu não procuro ainda um pouco.
05:46Eu consultei a Fiocruz,
05:47a Fiocruz me disse que não tem um estudo da Fiocruz,
05:51não está conduzindo hoje um estudo sobre misturar vacinas.
05:54A senhora conhece no Brasil,
05:56já existe algum estudo sobre misturar vacinas?
05:59Eu não conheço.
06:00Pode ser que até tenha algum grupo esteja fazendo,
06:04eu não conheço.
06:05Aí pode ser que eu não conheço.
06:07Um outro debate que a senhora pode nos ajudar a esclarecer,
06:11professora,
06:11é o debate sobre a chamada terceira dose.
06:15A gente viu na CPI da Covid,
06:17e também em outros discursos,
06:19existe uma resistência por parte do diretor do Butantan,
06:21Dimas Covas,
06:22de dizer que haveria,
06:26ou pode haver uma necessidade,
06:27de uma terceira dose da Coronavac.
06:29E eles preferem usar,
06:31quando tem que falar do tema,
06:33o tema reforço vacinal.
06:34Pode até ser que você tenha que tomar uma dose de reforço
06:37no ano que vem,
06:38mas se você tomar uma dose de reforço,
06:41isso não é terceira dose.
06:43Mas para quem já tomou duas doses,
06:45ainda que tome a outra no ano que vem,
06:46ainda vai entender que tem terceira dose.
06:48Por que existe uma resistência em alguns setores,
06:51alguns pesquisadores,
06:53de chamar a dose de reforço de terceira dose?
06:56É terceira dose ou não é?
06:58Então, olha,
07:00nesse momento a gente não tem,
07:02de novo,
07:02uma evidência de que dá
07:05três doses para essas vacinas,
07:07que tem duas, né?
07:08Porque tem vacina que é uma dose,
07:10tem vacina que é duas doses,
07:11tem vacina estudo,
07:12que são três doses.
07:14Mas para as doses,
07:15para as vacinas que demandam duas doses
07:17para ter eficácia boa,
07:20que uma terceira fosse benéfica.
07:22De novo,
07:23para eu saber isso,
07:24eu posso fazer isso de várias maneiras.
07:26Com os marcadores substitutos
07:28e com acompanhar pessoas reais
07:33e ver quem responde.
07:35Mas a gente também não sabe
07:36o que vai acontecer com a imunidade
07:38conferida por essas vacinas
07:40ao longo do tempo.
07:41Se essa imunidade vai cair
07:43ao longo do tempo,
07:45sem mudar o vírus,
07:46vamos supor que o vírus fosse imutável,
07:48será que esse vírus não variasse
07:52e não tivesse variantes?
07:53Supondo que esse vírus fosse lá imutável.
07:55Eu não sei quanto tempo
07:58vai durar essa imunidade.
08:00E nós estamos num momento
08:01muito precoce
08:02para poder decidir
08:03quanto tempo essa imunidade vai durar
08:05e se cada vacina
08:06vai ter uma duração diferente.
08:08Nós não sabemos.
08:09Porque se a imunidade ao longo do tempo cair,
08:12então nós vamos precisar de um reforço.
08:13Aí eu vou dizer,
08:14eu vou lá e dou a mesma vacina.
08:16Só que agora vamos colocar
08:18na equação as variantes.
08:20Então, à medida que as variantes
08:21estão aparecendo,
08:22a cada variante importante
08:23de interesse,
08:24de preocupação que aparecem,
08:26aquelas voques,
08:28aparecem sempre aquelas duas.
08:29As vacinas que recebem nomes
08:31da OMS de letras gregas.
08:33Agora ganharam letras gregas,
08:34melhoraram muito para nós,
08:36para todo mundo falar sobre elas.
08:38Só, a cada vez que aparece,
08:39apareceu a gama,
08:40que é aquela que apareceu
08:41na Amazônia primeiro.
08:43Será que a resposta imune
08:45conferida pela vacina
08:47confere uma resposta tão boa
08:48para a gama?
08:50Aí todo mundo sai estudando,
08:52de novo,
08:52marcadores substitutos,
08:53anticorpos,
08:54testes em laboratório,
08:56e depois vai acompanhando
08:57clinicamente as pessoas.
08:59Ah, não, parece que não.
09:00Vamos lá,
09:01agora apareceu a Delta indiana,
09:02um terror,
09:03está em todo lugar, né?
09:04Então, vamos ver,
09:05será que a resposta conferida
09:06pelas vacinas
09:07vai nos defender
09:09contra essa nova variante?
09:11Parece que sim,
09:13vamos lá,
09:13vamos estudar.
09:14Só que eu acho
09:16que é uma questão de tempo
09:17aparecer uma variante
09:18que escapa.
09:20Então, vamos pensar
09:21racionalmente.
09:23Enquanto esse vírus
09:24ficar se multiplicando
09:25da maneira que ele se multiplica
09:26pela face da Terra,
09:27assim,
09:28pelo tanto de gente
09:29que não vai vacinada
09:30na população
09:31do globo terrestre,
09:33sempre vai haver
09:34uma quantidade
09:34de transmissão grande,
09:36quanto a gente não parar
09:37com isso,
09:38e as variantes surgirão.
09:40E aí,
09:40é uma questão de chances.
09:42Uma hora aparece
09:42uma variante
09:43que a nossa imunidade
09:44conferida pela vacina
09:46não dá conta.
09:48E daí,
09:49a gente fala,
09:50não vai ser um reforço
09:51que eu vou precisar.
09:52Eu vou precisar
09:53de uma vacina
09:55feita de maneira
09:55um pouquinho diferente,
09:57que agora atinge.
09:58É um pouco que nem
09:59a vacina da influenza.
10:00A vacina da influenza
10:01vai mudando, mudando, mudando.
10:02Então, todo ano
10:03eu tenho que tomar
10:04uma vacina da influenza.
10:05Ele não é contra
10:06a mesma influenza,
10:07não é um reforço,
10:08exatamente.
10:09Ele tem componentes
10:10novos na vacina,
10:11contra a influenza
10:13que não estava
10:13lá no ano passado
10:14e que agora apareceu.
10:16Então, tem dois lados.
10:17Existe a possibilidade
10:18de ter um reforço,
10:19existe a possibilidade
10:20de a gente ter que
10:21tomar as vacinas
10:23agora contra variantes,
10:24contra diferentes
10:25vagantes.
10:27Entendi.
10:27E se for esse
10:28o desenvolvimento
10:29da pandemia,
10:30pelo que entendido
10:31que a senhora falou,
10:32nesse cenário,
10:34que é o dos possíveis,
10:35o debate
10:36sobre uma terceira dose,
10:37uma dose de reforço,
10:38ficaria ultrapassado.
10:40Porque, na verdade,
10:40com a mutação do vírus,
10:41o que seria necessário
10:42seriam outras vacinas,
10:44ainda que semelhantes
10:45às atuais,
10:46com outra fórmula,
10:47com outro desenvolvimento.
10:49É que com essas
10:50novas tecnologias
10:51vão ser muito fáceis
10:52desenvolver.
10:54Porque todas
10:54essas vacinas,
10:55como fizeram
10:56um breakthrough
10:58de tecnologia
10:59que é maravilhoso,
11:00popularizaram
11:01tecnologias
11:02que não se usava muito
11:03e que facilita
11:05muito mudar.
11:06Você pegar
11:06uma Pfizer,
11:08e ter uma Pfizer
11:08agora um pouquinho
11:09diferente,
11:10eu acho que o desafio
11:12é a aplicação
11:13em todo mundo.
11:14Acho que o desafio
11:15maior nem é desenvolver
11:16uma vacina
11:17para uma variante.
11:20Claro que é um desafio,
11:21mas eu acho
11:22que o desafio
11:22muito maior
11:24é distribuir
11:24no mundo inteiro
11:25vacinas para variantes.
11:27Coisa que não está.
11:28Nós estamos pensando
11:28em um cenário hipotético.
11:30Mas eu acho
11:31que é uma...
11:33Então, uma coisa
11:33é tomar um reforço,
11:34porque o vírus
11:35não mudou,
11:36está lá,
11:37buzinho,
11:38funciona,
11:39mas a nossa imunidade
11:40vai caindo.
11:41Não é uma imunidade
11:42duradoura,
11:43essa dada pela vacina.
11:45E a segunda situação...
11:46Aí seria um reforço.
11:48A segunda situação
11:49é uma...
11:50Não sei do que
11:50eu chamaria isso.
11:51Seria uma vacinação
11:53anual,
11:53como eu faço
11:54para a gripe,
11:55que é um pouquinho
11:56diferente a cada ano.
11:58Sobre as primeiras vacinas
11:59que a senhora
12:00está falando de recombinar,
12:01a senhora se refere
12:02às vacinas de RNA,
12:04como a Pfizer da Moderna.
12:06de RNA mensageiro.
12:07Não, é.
12:08DNA mensageiro.
12:09Vacinas que estão
12:10trabalhando com um só
12:12alvo,
12:13com um alvo
12:14muito distrito.
12:16Isso as torna fáceis
12:18de reprogramar?
12:19É, mais ou menos isso.
12:20Você vai lá,
12:21claro, fácil.
12:22Não é fácil,
12:23mas é claro
12:23que é possível.
12:24Ou seja,
12:25o mais difícil
12:25é conseguir fazer
12:26essa vacina.
12:27Depois,
12:28ficar modificando ela
12:29não é tão difícil.
12:32Entendi.
12:32E no outro cenário
12:34dessa imunidade
12:35que se enfraquece
12:38com o tempo,
12:39seria semelhante
12:39ao que acontece
12:40com vacina
12:41de febre amarela?
12:42Depois de 10 anos,
12:44você toma
12:44uma outra dose
12:45de reforço,
12:46não é isso?
12:47É,
12:47o que se achava
12:48da febre amarela,
12:49porque hoje
12:49não precisa tomar
12:50a cada 10 anos,
12:51mas se tomava
12:52a cada 10 anos
12:53porque se acreditava
12:55que perdia
12:56a imunidade,
12:58você ia perdendo
12:58a imunidade
12:59ao longo do tempo.
13:00Nós não sabemos
13:01qual é esse prazo
13:02para a nossa...
13:04A gente não sabe
13:05qual é esse prazo
13:06para essa vacina
13:07é muito cedo.
13:09Então,
13:09está todo mundo
13:10desesperado
13:10de uma terceira dose,
13:11eu não sei exatamente
13:12por quê,
13:12porque por enquanto
13:13a gente não esperava
13:15uma efetividade
13:17de 100%,
13:18a gente estava
13:18não tendo 100%,
13:19você pode tomar
13:20a vacina e pegar.
13:21O que eu queria saber
13:22de uma especialista
13:23é o seguinte,
13:24você tomou duas doses
13:25de uma vacina
13:26este ano.
13:27Ano que vem,
13:28se você tomar
13:29outra dose
13:30de vacina,
13:30isso é terceira dose
13:32ou não é?
13:33Se eu tomar
13:34a mesma vacina
13:35é uma terceira dose.
13:38É isso que eu estou falando.
13:39Essa terminologia
13:40é debatida aí
13:41porque há quem
13:43no Butantan,
13:43por exemplo,
13:44queira falar
13:44que não é uma dose
13:45de reforço,
13:45não pode chamar
13:46de terceira dose,
13:47tem uma certa resistência
13:49a falar que é
13:51terceira dose,
13:52ainda que admita
13:52a possibilidade
13:53da dose de reforço.
13:56Você precisa
13:58tomar terceira dose,
13:59se precisa
14:00tomar terceira.
14:01Porque tem vacinas
14:02que estão programadas
14:03para três doses,
14:04então,
14:04isso tudo tem.
14:05Então,
14:05tem vacina
14:07de uma Johnson & Johnson
14:08que é uma dose.
14:09A segunda já seria
14:10uma dose a mais
14:12se você teria que...
14:14Então...
14:15E, professora,
14:15em outras doenças,
14:17o que já se sabe
14:18sobre a pessoa
14:19tomar vacinas
14:20de fabricantes
14:22ou de fórmulas
14:23diferentes?
14:24Porque esse debate
14:25tem crescido agora
14:26com esse exemplo
14:27da chanceler Angela Merkel,
14:29porque existe uma ideia
14:30de que se o corpo
14:32for exposto
14:33a duas vacinas diferentes,
14:35isso poderia ajudar
14:35o sistema imunológico.
14:37Isso é debatido
14:39em outras doenças?
14:40O que a gente sabe
14:41sobre isso?
14:41O que tem de verdade
14:42nisso ou não?
14:43É isso que eu estou dizendo.
14:45É uma hipótese teórica.
14:47É uma hipótese teórica
14:48porque é como se eu expusesse
14:50o seu...
14:53Não sei se isso é uma metáfora boa,
14:55mas eu expusesse
14:56a pessoa de frente
14:57de perfil.
14:58Eu tenho mais chance
14:59de reconhecê-la
15:00depois que eu encontrá-la
15:01por aí.
15:02Então, é como se eu expusesse
15:03o vírus de frente
15:04de perfil
15:05para seu sistema imune
15:07e o seu sistema imune
15:09tivesse mais capacidade
15:10de reconhecer.
15:11Mas é absolutamente teórico,
15:12é só uma ideia.
15:14Isso não tem comprovação nenhuma.
15:15E pior do que isso,
15:16que eu acho,
15:17não tem comprovação
15:18de benefício
15:19e não tem comprovação
15:20de que não tenha malefício.
15:23Então, a gente fica
15:23tão preocupado
15:24com a AstraZeneca
15:25que tem um evento adverso
15:26a cada não sei quantas
15:27dezenas de milhares
15:28e a gente está disposto
15:29a fazer uma mistureba
15:30de coisas que a gente
15:31não sabe o que faz,
15:32o que vai acontecer.
15:34Por quê?
15:35Por quê?
15:35Não sei,
15:36porque a gente não confia.
15:37Como eu interpreto
15:38o que aconteceu,
15:39o que acontece
15:40com a segunda dose misturada
15:42em vários países
15:43é que depois dos eventos
15:45do risco muito baixo,
15:46mas é que existe,
15:48de eventos de trombose
15:51na AstraZeneca,
15:53eles pediram
15:53para ninguém mais
15:54tomar AstraZeneca.
15:55Então,
15:56o que tomou primeiro
15:56tem que tomar outra coisa.
15:59Entendeu?
15:59Então,
16:00agora,
16:00já que eu não vou dar
16:01uma segunda da AstraZeneca,
16:02eu tenho que dar
16:03uma outra coisa.
16:03como já existe
16:05esses estudos
16:06de anticorpos
16:07e de AstraZeneca
16:09com o Pfizer,
16:10então,
16:10lógico,
16:11seria ir para os
16:12de Pfizer
16:13em relação
16:14a anticorpos,
16:15não em relação
16:15a adoecer
16:19ou não adoecer,
16:20porque se,
16:21cinco,
16:22vamos,
16:22hipotético,
16:23supondo que dez
16:25unidades X
16:26de anticorpos
16:27me protejam,
16:28adianta eu ter 80?
16:30Porque eu estou
16:30medindo anticorpo,
16:31agora o que que me protege?
16:33E se eu tiver
16:34precisando de 100
16:35e eu vou de 10
16:36para 80,
16:37adianta?
16:38Então,
16:38eu estou medindo
16:39uma coisa que não é
16:40o que eu realmente
16:41quero medir,
16:41eu quero medir
16:42se protege
16:43ou não protege.
16:44E eu vou lá
16:45e meço o anticorpo,
16:46que é substituição,
16:47é um marcador
16:48substituto de proteção.
16:51Voltando à CPI,
16:52eu lembro da cientista
16:53Natália Pasternak
16:54ressaltando esse ponto,
16:56porque esses
16:57substitutos,
16:59esses testes de anticorpos
17:00estão alimentando
17:02parte de um debate
17:03para ceticismo
17:04em relação
17:04a determinadas vacinas
17:05e ela estava falando,
17:06olha,
17:07os testes de anticorpos
17:08não são um indicador
17:09perfeito da eficácia
17:11das vacinas,
17:11porque é uma coisa
17:13que você medir ali
17:14no testezinho ali
17:15da gota de sangue
17:16e a resposta clínica
17:18pode ser muito diferente.
17:20É isso mesmo,
17:20é isso mesmo.
17:21Aliás,
17:22a Natália,
17:22tudo que eu vejo
17:23a Natália falar
17:24é perfeito.
17:25Perfeito, professora.
17:26O que eu não perguntei
17:28sobre misturar vacinas
17:30ou a possibilidade
17:31no futuro
17:32de a gente ter que tomar
17:33a terceira dose,
17:34uma dose de resposta
17:35das vacinas?
17:36O que eu não perguntei
17:37e o nosso leitor
17:37precisa saber?
17:40Eu acho que
17:40as pessoas
17:41precisam acalmar
17:42e precisam ficar
17:45mais calmas
17:46e esperar
17:46para ver
17:47todo mundo
17:48está tomando
17:48a...
17:49Eu acho que existe
17:50uma incredulidade
17:52das instituições.
17:55Você não confia,
17:55se estão fazendo,
17:56pode ser que
17:57está me prejudicando.
17:58Eu acho que não,
17:59eu acho que a gente
18:00tem que confiar,
18:00ficar mais calmo,
18:01confiar que é isso
18:02que nós temos.
18:03Nós estamos
18:03numa situação agora
18:04muito melhor
18:05do que a de um ano atrás,
18:07do ponto de vista
18:07de possibilidade
18:08de vacina,
18:09de conhecimento
18:10da transmissão
18:11e vamos com calma,
18:12não ficar todo mundo
18:13com...
18:14E eu sinto
18:15que as pessoas
18:15acreditam muito
18:16em modismos,
18:18em coisas,
18:19de repente vira
18:20uma moda,
18:21uma vacina
18:21é mais chique
18:23de tomar do que...
18:24É quase grife,
18:25quer dizer,
18:25se a vacina
18:26virou grife,
18:27calma,
18:28calma que está
18:28tudo muito melhor
18:30agora e vai ficar melhor.
18:32Ao mesmo tempo
18:32que você quer
18:33uma vacina de gripe,
18:34você vai na festa.
18:35Quer dizer,
18:35não dá para entender
18:37como as pessoas
18:38raciocinam.
18:39Eu acho que agora
18:40é calma
18:41que está tudo melhor.
18:43É isso.
18:45E por falar
18:46de escolha de vacinas,
18:48noticei recentemente
18:49um antagonista
18:50que a vacina
18:51de pneumonia,
18:53que é a vacina
18:54da Pfizer,
18:55todas as vacinas
18:56de pneumonia
18:56no Brasil
18:57são da Pfizer,
18:59é uma vacina
18:59que está sobrando
19:00pela nota
19:01do Ministério da Saúde
19:02e o Ministério da Saúde
19:02ampliou o leque
19:04porque as pessoas
19:05não estão tomando
19:05a vacina contra a pneumonia,
19:07que é a vacina da Pfizer.
19:08Então,
19:08você vai ver
19:09o pessoal que precisava tomar
19:10não está tomando a vacina.
19:12Aliás,
19:12a cobertura vacinal,
19:14dá uma olhada
19:14nos sites
19:15do Ministério da Saúde
19:16e está péssima.
19:17As coberturas vacinais
19:19de todas as outras vacinas
19:20está muito ruim
19:21a cobertura vacinal.
19:23Então,
19:23essas pessoas
19:23estão esquecendo
19:24de vacinar
19:25polio,
19:26de vacinar
19:27tétano,
19:28de fteria,
19:29então,
19:30é uma coisa
19:31para se pensar mesmo.
19:32Nós estamos precisando
19:33e isso é
19:35colocar o pé
19:36no quase perigoso.
19:38A gente já teve
19:39sarampo,
19:39porque sarampo
19:40a cobertura caiu
19:41e nós já tivemos
19:42surto de sarampo
19:42antes desse
19:43coronavírus,
19:45porque
19:45tem um relaxamento
19:48da cobertura vacinal.
19:50Então,
19:50vamos pensar
19:51que as pessoas
19:53têm que vacinar
19:53contra influenza também.
19:55Tem muita coisa
19:56para fazer,
19:56mas é calma,
19:57calma,
19:58porque as coisas
19:59estão indo.
20:01Eu conversei
20:02com a professora
20:02Ana Sara Levin,
20:04ela é doutora
20:05em doenças
20:06infecciosas
20:06e parasitárias
20:07e professora
20:08da Faculdade de Medicina
20:09da USP.
20:10Professora,
20:11muito obrigado
20:11pelo seu tempo.
20:12Eu que agradeço.
20:13Muito obrigado.
20:14Obrigada.
20:18Obrigada.
20:19Obrigada.
20:20Obrigada.
20:21Obrigada.
20:22Obrigada.
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