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00:00Hora de entrevistas no nosso programa, eu tenho a grande alegria de receber dois entrevistados
00:07que já estão conectados conosco, o cientista político Márcio Coimbra e a economista Virene,
00:17que também já está conosco, já podemos colocar ela na tela também.
00:21Olá, boa noite.
00:22Boa noite, Márcio. Bem-vindo ao Papo Antagonista.
00:25Boa noite, Diego. Uma enorme satisfação estar aqui no Papo Antagonista conversando contigo
00:30e com toda essa grande audiência.
00:33A alegria nossa, Márcio. Professora Virene, que foi minha professora na FGV,
00:39agora aqui comigo no programa. Seja muito bem-vinda.
00:42É um prazer estar com você novamente, gente. Eu te acompanho todos os dias.
00:49Boa noite, Márcio. Boa noite a todos.
00:52Boa noite, Virene.
00:53Boa noite.
00:55Márcio, eu vou começar com você. Você chegou a fazer parte ali do governo,
01:00de uma direção da Apex, no início do governo.
01:04Muito se fala em estelionato eleitoral. Acabei de trazer essas notícias aí
01:09de um governo que prometeu combater o centrão e hoje está com o centrão dentro de casa.
01:17E, é claro, vão se ajustando as narrativas e as coisas vão tentando ganhar uma outra roupagem.
01:24Você, Márcio, hoje está convencido de que há um estelionato eleitoral, no caso de Jair Bolsonaro?
01:30Ah, certamente, Diego. A gente está falando de um estelionato eleitoral.
01:35Basicamente, porque, se nós formos olhar qual foi a base que elegeu Jair Bolsonaro, foi uma base conservadora, liberal, antipetista e lava-jatista.
01:48Todos esses grupos foram traídos por Jair Bolsonaro durante a sua presidência em diferentes momentos.
01:56Agora, liberalismo a gente não vê no governo desde o começo.
02:02Reformas a gente vê muito poucas.
02:04E, também, conservadorismo, nós não vemos.
02:08O conservadorismo o que é?
02:10O conservadorismo é nada mais, nada menos do que nós fazermos as coisas de forma cautelosa, aos poucos.
02:19Ou seja, a mudança não pode ser de chofre.
02:22Ela precisa acontecer aos poucos.
02:25Portanto, este governo não é um governo nem conservador, nem liberal.
02:31Ele refou o lava-jatismo quando tirou o ministro Sérgio Moro do governo.
02:38E o antipetismo vem erodindo todos os meses.
02:42E, agora, com essa chegada de novos aliados ao governo, realmente nós vemos isso aí explodir.
02:50Na verdade, o governo é um estelionato eleitoral de todas as formas e em todas as frentes.
02:59Professora Virene, o governo Bolsonaro começou ali, logo no seu início, no primeiro ano,
03:04aprovando a reforma da Previdência, que, na verdade, estava bem encaminhada já pelo governo de Michel Temer.
03:09A gente sabe que só não foi aprovada no governo Temer em razão do episódio da JBS.
03:14E, depois, o Congresso começou a bater no peito e dizer que era um Congresso reformista.
03:20e que as reformas viriam a acontecer.
03:22É claro que veio a pandemia no meio disso tudo, mas, antes mesmo da pandemia,
03:26a gente via uma certa lentidão do governo Bolsonaro em apresentar, por exemplo,
03:34a proposta de reforma tributária, a reforma administrativa,
03:38que só foi ser apresentada em meio à pandemia.
03:41A senhora acredita nesse perfil reformista do Congresso e do governo Bolsonaro,
03:47que tanto se vendeu?
03:48Não.
03:51Corroborando com o que o Max falou, esse governo é uma mentira.
03:58Ele está brincando de governar.
04:02Nós não temos reformas.
04:05A reforma da Previdência estava pronta, já estava no forno, foi fácil.
04:10Nós precisamos fazer, sim, reformas muito profundas,
04:17mas não com este Congresso atual e no momento atual.
04:21O caminho é melhor, né?
04:22Na verdade, nós estamos há 18 meses, mais ou menos, de um novo governo, de eleições,
04:32e não deve mais sair nada em termos de reformas, alguma meia sola aí para poder justificar,
04:41mas esse Congresso não é reformista, o governo não é reformista e nós estamos vivendo momentos muito difíceis do ponto de vista econômico e social.
04:55Márcio, o Congresso sempre fala, o Congresso que você conhece bem, sempre fala em reforma possível, né?
05:02Quando a gente pergunta qual é a reforma que vai ser aprovada, eles adoram responder, a reforma possível, a reforma que der para ser aprovada.
05:09A gente viu, por exemplo, agora, recentemente, a medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras foi uma MP possível, foi uma coisa possível.
05:19E, nesse possível, nós vimos vários jabutis ali dentro do texto que acabou sendo aprovado.
05:27Ainda assim, vale a pena se votar?
05:29A gente sabe que a reforma tributária vai ser triturada, a reforma administrativa, enfim, o lobby das grandes corporações,
05:37os sindicalismos de toga já estão a todo vapor, já está a todo vapor no Congresso.
05:43Vale a pena se reformar de qualquer jeito?
05:47Essa reforma, de qualquer jeito, é melhor do que nenhuma reforma, Márcio?
05:52Diego, o grande problema é o timing dessas reformas.
05:56As reformas, elas precisam ser feitas no início do governo, não no final do governo.
06:02E, justamente, no final de um governo, atabalhoado e desacreditado, como a gente está vendo aí.
06:09Então, a gente precisa ter uma fidúcia em relação ao governo quando a gente vai começar um processo de reformas.
06:17A grande chance de Bolsonaro levar reformas adiante era no início do seu governo,
06:23quando ele tinha uma base parlamentar mais forte, porque ela estava empenhada em um novo momento que o Brasil estava vivendo,
06:33e também ele estava impulsionado pelos votos, pelo início de um novo governo.
06:38Então, ali, ele começou errando. Por quê?
06:41Porque ele tem um ministro da Economia que não tem habilidade política para conversar com o Congresso Nacional,
06:47e ele também não levou líderes para o Congresso Nacional com a experiência necessária para tocar as reformas naquele primeiro momento.
07:00Ele nomeou para líder na Câmara dos Deputados o Major Vitor Hugo, um deputado de primeiro mandato,
07:07sem experiência, parlamentar, e Joyce Hasselman para ser a líder no Congresso Nacional,
07:14que lida com medidas provisórias, orçamento, também uma deputada de primeiro mandato.
07:20Então, esses dois, eles não tinham a experiência necessária para tocar um leque de reformas
07:28que o Paulo Guedes tinha como ideia, mas não tinha como planejamento, ou seja, ele não planejou essas reformas.
07:36Então, o Bolsonaro não conseguiu asfaltar o caminho parlamentar político para as reformas andarem,
07:45e nós não tivemos também um ministro da Economia que tivesse planejamento em relação às reformas necessárias
07:53e o andamento delas para um primeiro mandato do Bolsonaro.
07:59Então, esse foi o grande problema que nós tivemos reformistas no começo.
08:04Quando você leva as reformas para o final do governo, as reformas acabam se tornando jabutis,
08:12acabam se tornando meios de se trazer para grupos de interesses, vantagens, e nenhuma vantagem para o país.
08:22Eu estava tão ansioso para começar a conversa com vocês e cumprir o nosso horário combinado,
08:27que eu não fiz a devida apresentação.
08:29A Virene Matias, porque ela é economista, é professora da FGV, foi minha professora na Fundação Getúlio Vargas,
08:37na pós que eu fiz de marketing, é empresária também.
08:39O Márcio Coimbra, ele é presidente da Fundação Liberdade Econômica,
08:42ex-diretor da Apex Brasil e do Senado Federal,
08:45coordenador de pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie,
08:51em Brasília, cientista político, mestre em ação política pela Universidade Rei Juan Carlos,
08:57em 2007, na Espanha.
09:00Feitas as devidas apresentações, a gente continua.
09:04Professora Virene, o Brasil sofreu muito com o populismo petista nos governos Lula,
09:10depois o desastre econômico com o governo da presidente Dilma Rousseff.
09:15Neste momento, muita gente no governo Bolsonaro está apostando na recuperação econômica pós-pandemia,
09:24que por óbvio vai acontecer, algum tipo de recuperação,
09:27é notório que a economia vai melhorar com a vacinação em massa,
09:33mas a gente começa a ver já a concretização de políticas públicas bastante populistas, mais uma vez,
09:41o aumento do Bolsa Família, enfim, tudo que o time lá do Paulo Guedes, como eles gostam de chamar, está trabalhando.
09:51A gente vai conseguir engatar alguma vez na vida esse país, professora, anos de responsabilidade fiscal,
09:58ou nós estamos fadados a esse populismo de direita e de esquerda?
10:02Nós estamos fadados a uma letargia de crescimento econômico.
10:09Se você levar, ter como parâmetro 2013, de 2013 para cá, nós estamos com uma queda acumulada na economia de 6%.
10:24Ou seja, se você pensar em tijolos, em 2013 nós fabricamos 100 tijolos e hoje nós estamos numa faixa de 94 tijolos.
10:37Ou seja, estamos andando para trás e a inflação andando para frente.
10:43Estamos numa letargia de crescimento econômico, com alto endividamento,
10:49com elevados déficits primários e por conseguintes nominais.
10:56Então, o Brasil está se endividando, sem crescimento econômico,
11:03com uma taxa de desemprego altíssima de quase 15%.
11:09Nós estamos com uma desigualdade muito grande,
11:14com uma fome espalhada nas calçadas das grandes capitais,
11:21com um sistema educacional muito precário, de uma qualidade muito ruim.
11:27O Brasil está hipotecando o seu futuro
11:32e nós não vemos perspectivas em termos de um crescimento econômico sustentável.
11:41Haverá recuperação, sim, a previsão para este ano é algo em torno de 5,5,
11:51os mais otimistas, 6, mas que nós não vamos recuperar um crescimento sustentável
12:00que venha a crescer de uma maneira contínua e que possibilite um aumento de renda per capita.
12:09Então, nós estamos, neste momento, numa recuperação da economia,
12:16assim que a vacina avançar um pouco mais, isso é natural, não é Brasil, é mundo,
12:23mas nós, no Brasil, temos problemas estruturais de longo prazo
12:31e que não são solucionados e não serão mais solucionados neste mandato de governo.
12:39Não há mais tempo hábil para isso.
12:43Imagino, todo mundo agora só pensa em garantir a vacinação
12:46e já pensa nas eleições de 2022, ninguém mais está pensando em projeto.
12:51Até por isso, a senhora, professora, acredita em uma reforma tributária
12:57minimamente decente ou vamos ter mais um remendo de reforma?
13:01Eu acho que, nesse momento que nós estamos vivenciando, serão remendos,
13:07porque uma reforma mais profunda que venha realmente alterar a estrutura tributária do país
13:15e que o país torne-se muito mais competitivo, não é neste momento, não,
13:22onde o governo não tem cacife político para sustentar uma reforma necessária,
13:30nem tributária, nem administrativa e muito menos política,
13:36porque com 33 partidos há uma difusão de interesses muito grandes
13:43e nós ficamos andando em volta.
13:47E o Brasil, que era o país do futuro, está preso no passado.
13:55Márcio, a gente teve como tema central do dia de hoje
13:58essa reportagem do jornal Estado de São Paulo,
14:01com essa ameaça que o ministro da Defesa, general Braga Neto, teria feito,
14:05associando a realização das eleições somente se houver o tal do voto impresso e auditável.
14:13Foram muitas as reações ao longo do dia.
14:17Eu queria te ouvir sobre isso.
14:20Você é do grupo que acha que se ele desmentiu, então está resolvido?
14:24É do grupo que acha que foi mais uma bravata, deixa para lá?
14:29Ou você se preocupa com esse tipo de atitude,
14:33ainda mais partindo de um general da ativa que atualmente ocupa o Ministério da Defesa?
14:38Diego, primeiro a gente precisa ver quem assina a matéria.
14:43A matéria é assinada pelo Estadão, pela Vera Rosa e pela Andresa Matais,
14:49que são duas jornalistas tarimbadas, experientes
14:53e que conhecem os bastidores de Brasília como poucos.
14:58Então a gente precisa primeiro considerar isso.
15:01Não foi nenhuma matéria feita de afogadilho,
15:07é feita por duas grandes jornalistas e, diante disso,
15:11nós temos uma enorme credibilidade do veículo e das jornalistas.
15:15Então, primeiro a gente precisa estabelecer isso.
15:18Outra é que a nossa democracia é inegociável.
15:21Não existe o porquê do ministro Braga Neto tratar deste assunto.
15:28Ou seja, democracia não é algo que se trata no âmbito das Forças Armadas.
15:36Democracia se discute dentro do Congresso Nacional.
15:39Eleições se discute dentro do Congresso Nacional.
15:44Local da onde as Forças Armadas não fazem parte,
15:48da onde o general Braga Neto não faz parte.
15:52Portanto, não cabe a ele emitir opinião sobre este assunto.
15:56E se emitiu, deveria ser punido severamente e exemplarmente pelas forças
16:03para mostrar que o Brasil é um país sério,
16:06em que as Forças Armadas servem ao Estado, não ao governo.
16:10A democracia brasileira é inegociável.
16:13Antes de negativas dele e do presidente da Câmara dos Deputados,
16:20eu acho que se deveria ir além.
16:21Os parlamentares precisam investigar isso, precisam investigar o que aconteceu,
16:27porque nós estamos falando de duas jornalistas renomadas
16:31que trouxeram uma matéria que tem um fundamento muito importante
16:37e que está baseado também em todos os recentes erros que Jair Bolsonaro cometeu
16:45confundindo o Estado com o governo, confundindo forças armadas com a sua presidência.
16:53As duas coisas nada tem a ver a não ser o fato de que ele é chefe de Estado
16:59e estas forças servem ao Estado.
17:02Mas antes de servir ao Estado, elas servem à Constituição.
17:07E, portanto, o erro que as Forças já cometeram com o comandante da Aeronáutica
17:13dando uma entrevista assintosa no jornal O Globo,
17:17a troca dos chefes das Forças e uma série de outros episódios
17:22que já aconteceram motivadas pelo presidente Bolsonaro,
17:25nos leva a acreditar que a matéria é, sim, verdadeira.
17:29E cabe aos parlamentares investigar isso e simplesmente provar para a população a verdade,
17:37porque desmentidos diante de jornalistas renomados, tarimbados
17:43e de um veículo de porte como Estadão não podem simplesmente ser desmentidos.
17:49Os parlamentares precisam cavar a verdade e o povo brasileiro precisa saber a verdade.
17:55A democracia não é refém das Forças Armadas.
18:00Isso precisa ficar muito claro para o cidadão brasileiro.
18:03A Constituição está acima das Forças Armadas
18:06e ela garante eleições livres e periódicas
18:11e a democracia é garantida pelo texto constitucional.
18:15As Forças Armadas se submetem à Constituição.
18:19Elas nada podem discutir acerca de democracia.
18:23Elas devem voltar para o seu próprio lugar e discutir os seus próprios assuntos.
18:29Democracia e eleições se discutem no Congresso,
18:32da qual as Forças Armadas não fazem parte.
18:36Márcio, Virene, a nossa audiência está gostando muito da nossa conversa.
18:40Eu vou fazer mais uma pergunta aos dois,
18:42mas para a gente, então, otimizar o tempo,
18:43eu vou me permitir fazer mais de uma pergunta ao mesmo tempo
18:47e vou pedir um comentário único de cada um.
18:49Márcio, para você, por gentileza,
18:51ontem a gente fez aqui no Papo Antagonista,
18:54eu e o Mário Sabino,
18:56um programa de título
18:57É Tudo do Centrão.
18:59E eu queria te ouvir sobre esse todo poderoso Congresso
19:03que vai se impondo com o orçamento impositivo,
19:08com essa história toda do orçamento paralelo,
19:11esse Congresso que começa a, de novo,
19:13discutir um projeto de semipresidencialismo,
19:17que vai se aproveitando de um governo fraco,
19:20como é o governo Jair Bolsonaro,
19:22para colocar os seus tentáculos também
19:24em toda a esplanada dos ministérios
19:27e no coração do Palácio do Planalto,
19:29como é a Casa Civil.
19:31E, diante de tudo, a gente, mais uma vez,
19:34ouve análises aqui aculadas
19:36de que assim é a política,
19:38assim é o jogo político.
19:40A gente acabou de ouvir aqui,
19:41antes da participação de vocês,
19:43o próprio Bolsonaro tentando se justificar,
19:45dizendo que o Centrão, agora,
19:49falando até que o termo Centrão
19:50é um termo pejorativo,
19:52e assumindo, enfim,
19:53que pertence a esse grupo fisiológico do governo.
19:56Como é que você vê essa postura do Congresso
19:59cada vez mais de peito estufado, Márcio?
20:03Diego, o Congresso de peito estufado
20:07é um resultado exatamente do que você falou,
20:11é de um Planalto fraco.
20:13Então, cada vez mais que a presidência
20:15se torna fraca e se torna populista,
20:19como a gente tem visto,
20:21e o governo vai perdendo espaço,
20:23vai perdendo voz na sociedade,
20:25e vai perdendo legitimidade,
20:28o Congresso cresce,
20:30e cresce para cima do Executivo.
20:33Não que nós não precisemos
20:35ter um Congresso forte,
20:36nós precisamos ter um Congresso forte.
20:39Nós precisamos ter um Congresso forte,
20:40um Supremo forte,
20:42e um Executivo forte.
20:44Só que acontece que nós temos
20:45um Planalto fraco,
20:47o que leva o Congresso
20:49a assumir as funções do Planalto,
20:51porque o Planalto não as faz,
20:53o Planalto não lidera
20:55as suas pautas dentro do Congresso Nacional.
20:59Hoje, o Congresso Nacional
21:01tem como líderes, praticamente,
21:04os seus presidentes das casas,
21:06porque são eles que acabam
21:08pautando todos os projetos,
21:11porque o governo não tem força
21:13para tocar a sua agenda.
21:14Então, o que nós temos visto hoje,
21:17nesse Congresso Nacional,
21:19é o Congresso se fortalecendo,
21:22porque o Executivo é fraco.
21:23Isso ocorreu, pelo que eu me lembro,
21:26no governo, por exemplo,
21:28do Fernando Collor,
21:30quando ele já estava à deriva,
21:32quando já estava fazendo água,
21:34você veio ali várias trocas
21:36de chefe da Casa Civil,
21:38Borhausen, Ricardo Fiúza,
21:40vários nomes foram se sucedendo,
21:43e o Collor começa a abrir o governo
21:45para o fisiologismo,
21:47para tentar chegar ao final do mandato.
21:50Como ele fez isso nos estertores,
21:53já do impeachment,
21:55isso não funcionou.
21:56O Bolsonaro fez um pouco antes
21:58para conseguir chegar ao fim do governo.
22:00Mas é uma cena clássica
22:02de governos fracos,
22:04à deriva,
22:05impopulares,
22:06e sendo impopulares,
22:08já sem legitimidade
22:10na participação popular.
22:13Pegando esse gancho, professora,
22:15também vou me permitir
22:16pedir um comentário único da senhora
22:18de um pouco mais de um assunto.
22:21Esse governo fraco
22:23e esse Congresso forte
22:24também esbarra
22:26no ex-todo-poderoso
22:29super-ministro Paulo Guedes,
22:31que, mais uma vez, repetimos aqui,
22:33assumiu em 2019
22:35como o posto Ipiranga,
22:37o homem da economia
22:39de Jair Bolsonaro,
22:40um homem liberal,
22:41que ia fazer e acontecer,
22:43acabou depois virando,
22:45infelizmente até,
22:46motivo de chacota
22:47do ministro da semana que vem
22:49por tantas promessas
22:50que ele passou a fazer
22:52e não se concretizava.
22:54Qual avaliação
22:56que a senhora consegue fazer
22:57um pouquinho mais
22:58para a gente
22:59do que o Guedes conseguiu
23:01fazer até aqui
23:02e do que ele pode fazer
23:03até o fim do governo?
23:05E, por fim,
23:06eu gostaria de uma análise sua
23:07da inflação.
23:09A gente está com tantos problemas
23:10neste país,
23:11hoje a gente gastou
23:13tanto tempo,
23:14tanta energia
23:14tratando dessa briga militar
23:16e a vacina
23:17e pandemia,
23:19mas a gente está
23:20com uma inflação
23:20dando sinais.
23:22No início,
23:22o Banco Central dizia
23:23que estava tudo bem,
23:25tudo maravilha,
23:26mas a gente está vendo
23:27a inflação dando
23:28os seus passos.
23:30Quem está nos acompanhando,
23:32basta uma ida
23:33ao supermercado
23:35para olhar
23:36com outros olhos
23:38os índices oficiais
23:39que estão sendo divulgados
23:40aí todo mês,
23:42pelo menos toda semana.
23:43Então,
23:44uma análise sua
23:45do que o Guedes fez
23:46e poderá fazer
23:47e o seu retrato
23:48da inflação,
23:49por gentileza,
23:50professora.
23:51Bom,
23:52nós temos fala
23:53aí para mais
23:54de uma hora.
23:56Rapidamente,
23:57se há
23:57um governo fraco
24:00e o executivo,
24:03o papel dele
24:04é propor
24:05para o Congresso
24:07aprovar
24:08e negociar,
24:10e se ele é fraco,
24:11ele não propõe nada.
24:12E, portanto,
24:13o sistema econômico
24:15fica capenga.
24:16o Paulo Guedes,
24:18o mais bem-intencionado
24:20que ele entrou
24:21no governo,
24:22ele não tem
24:23apoio,
24:25uma âncora
24:26política
24:27para propor
24:29nenhum projeto
24:31de médio e longo prazo.
24:33Portanto,
24:33o Paulo Guedes
24:34vem perdendo força
24:36porque o executivo
24:38vem perdendo força.
24:40O Paulo Guedes
24:41sozinho
24:42não consegue
24:43propor nada
24:44sem um apoio
24:46político
24:47do executivo
24:49para propor
24:50medidas
24:52necessárias
24:53e aí o Congresso
24:55debater
24:56e aprovar
24:57e implementar.
24:59Então,
25:00portanto,
25:00a fraqueza
25:01vem do próprio governo.
25:04Então,
25:05o Paulo Guedes
25:05não consegue
25:07implementar
25:08nada
25:08que é
25:09importante
25:10para esse país
25:11de médio e longo prazo.
25:14Veja só,
25:14nós estamos
25:16há mais de
25:1710 anos
25:18com baixos
25:19níveis
25:20de investimentos.
25:22Investimentos,
25:24nenhum empresário
25:25vai investir
25:26numa instabilidade
25:28política.
25:30Nem
25:30empresários
25:31nacionais
25:32e não,
25:33e muito menos
25:34internacionais.
25:35E sem
25:36investimentos,
25:38sem
25:38produtividade,
25:39sem educação
25:41de qualidade,
25:42o Brasil
25:43não avança.
25:45Nós estamos
25:46hoje
25:46vivendo uma
25:47situação
25:48de colonialismo
25:50digital.
25:51O Brasil
25:52está atrasado
25:54a luz.
25:55Nós não
25:56fazemos,
25:57nós negamos
25:58a ciência.
25:59Nós não
26:00temos investimentos
26:01em pesquisa,
26:03em desenvolvimento,
26:05em educação
26:06inovadora.
26:10Portanto,
26:11o Paulo Guedes
26:12não consegue
26:13implementar
26:14e a economia
26:15não anda.
26:16Porque a economia
26:17é uma esponja.
26:19Se o executivo
26:20vai mal,
26:21por conseguinte,
26:22o sistema
26:22econômico
26:23se enfraquece.
26:25Com relação
26:26à inflação,
26:27que nós tivemos
26:28sérios problemas
26:29no início
26:30de fornecimento
26:32de peças
26:33e equipamento,
26:34nós tínhamos
26:35claramente
26:36uma desruptura
26:38das cadeias
26:39produtivas
26:40no início
26:41da pandemia.
26:42Mas junta-se
26:44toda esta
26:45questão
26:46que nós
26:47tivemos
26:47uma política
26:49de segurança
26:51alimentar
26:53da China,
26:54que foi
26:55a grande
26:55compradora,
26:57sobretudo
26:57a China,
26:58o mundo
26:58asiático,
27:00das nossas
27:02commodities
27:03de alimentos
27:04e metálicas.
27:06Nós tivemos
27:07uma correria
27:08interna
27:09muito grande
27:10de abastecimento,
27:11as pessoas
27:12querendo fazer
27:13estoques,
27:14com medo
27:15do que viria
27:16na pandemia.
27:18Nós estamos
27:19hoje vivendo
27:20uma crise
27:21hídrica
27:22que vai
27:23estar afetando
27:24seriamente
27:25o nosso
27:26agronegócio.
27:28de abastecimento.
27:29Nós temos
27:29um câmbio
27:31que vem
27:32reagindo
27:33a essa
27:34fraqueza
27:35do governo
27:36e com isso
27:38a inflação
27:39se instaurou
27:40no Brasil.
27:41Nós estamos
27:42hoje
27:43com o IPCA
27:44de 8,35,
27:46muito fora
27:47da meta.
27:49O IGPM
27:50que reajusta
27:52muitos contratos
27:53da sociedade,
27:55sobretudo
27:56aluguéis,
27:57já está
27:57num acumulado
27:58de 35%
28:00e a inflação
28:02que parecia
28:03passageira
28:04parece que
28:05vai ficar
28:06um tempo
28:07conosco
28:08e com isso
28:09acentua
28:10ainda mais
28:12a desigualdade
28:13do país.
28:15Sem emprego,
28:16com inflação
28:17alta
28:18e o Banco Central
28:19numa trajetória
28:21de aumento
28:23das taxas
28:23de juros
28:24para conter
28:25a alta
28:27dos preços,
28:29nós estamos
28:30vivendo
28:30uma situação
28:31muito atípica.
28:33A população
28:34brasileira
28:34vem sofrendo
28:35muito
28:36em qualquer
28:37ângulo
28:38que você
28:39analise,
28:40mas o que eu julgo
28:41muito sério
28:42é a falta
28:43de investimentos.
28:45Eu vou repetir
28:46o que eu já disse,
28:47o Brasil
28:47vem hipotecando
28:49o seu futuro
28:50e nós estamos
28:52jogando fora
28:53os nossos
28:54ativos.
28:55Eu destacaria
28:57dois ativos
28:58para encerrar.
28:59Primeiro,
29:00a necessidade
29:01de nós
29:02respeitarmos
29:04a responsabilidade
29:06fiscal.
29:07Nós precisamos
29:09respeitar
29:09o nosso
29:11orçamento,
29:12a nossa situação
29:13fiscal
29:14é a nossa
29:16âncora,
29:17uma das nossas
29:18âncoras
29:19econômicas.
29:20e o segundo
29:21ponto
29:22que me aflige
29:23muito
29:23é que o Brasil
29:25não sabe
29:26o que faz
29:27com um grande
29:28ativo
29:28que é a nossa
29:30Amazônia.
29:31Nós temos
29:32uma das maiores
29:33biodiversidades
29:34do planeta
29:35e não sabemos
29:36o que fazemos
29:37com ela.
29:38Então,
29:39nós estamos
29:39neste momento
29:40com uma situação
29:41muito difícil.
29:43A economia
29:44é apenas
29:45um dos aspectos
29:46e a inflação
29:48não perdoa.
29:49quando não há,
29:51quando há um
29:52total descompasso
29:53no sistema
29:54econômico,
29:55uma incerteza
29:56muito grande
29:57e uma
29:58expectativa
29:59perversa,
30:00a inflação
30:01aparece.
30:03Mas,
30:04segundo o Bolsonaro,
30:05um cálculo
30:05matemático
30:06brilhante
30:06que ele fez
30:07ontem,
30:07professora,
30:08nós vamos
30:08crescer 9%,
30:10porque caiu 4%
30:11e vai crescer 5%
30:12na cabeça.
30:13Mas é soma,
30:14é dada,
30:14tudo certo.
30:15Vai ser
30:16bibão,
30:17bibão,
30:17professora.
30:18Pois é.
30:19tomara que nós
30:21crescêssemos 9%.
30:23O nosso papo
30:25está muito bom,
30:26a nossa audiência
30:26gostou bastante,
30:27está aqui elogiando,
30:28dando os parabéns
30:29a vocês dois,
30:30mas eu vou precisar
30:31encerrar,
30:32agradeço imensamente.
30:33Primeiro,
30:33professora,
30:34boa noite
30:34e um grande abraço.
30:35Obrigada,
30:36muito obrigada.
30:37Obrigado,
30:38Márcio,
30:38um grande abraço,
30:39até uma próxima.
30:40Um abraço,
30:41Márcio.
30:41Obrigado,
30:42Diego,
30:42obrigado,
30:42professora.
30:45Tchau,
30:45tchau.
30:45Tchau.
30:46Esse foram Márcio Coimbra
30:48e Virene Matesco,
30:49o Márcio é cientista político,
30:51a Virene é economista,
30:53e esse foi o nosso Papo Antagonista
30:55com esses dois,
30:56as entrevistas de hoje.
31:05Tchau.
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