Diante da escalada dos ataques entre Israel e Irã, os Estados Unidos decidiram fechar temporariamente sua embaixada em Tel Aviv. A informação foi confirmada por um enviado americano nesta segunda-feira (16). A medida ocorre em meio aos confrontos na região e visa proteger funcionários e cidadãos norte-americanos em meio à crise. José Maria Trindade comentou. Reportagem: Eliseu Caetano e Fabrizio Neitzke Comentaristas: José Maria Trindade
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00:00A embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém continuará fechada e o departamento disse que não tem condições de evacuar ou auxiliar diretamente cidadãos americanos que queiram deixar o país.
00:12Eliseu Caetano participa aqui do Jornal da Manhã, tem informações importantes pra gente a respeito desse cenário que envolve aí americanos que possam estar lá em Israel.
00:23Daqui a pouquinho a gente vai trazer todo o detalhamento de como é que está batendo lá nos Estados Unidos, como é que está afetando efetivamente o cenário nos Estados Unidos.
00:33José Maria Trindade tá com a gente também pra gente seguir abordando esses reflexos do conflito, Zé.
00:40Tem essa questão dos brasileiros, que a gente já falou que alguns já saíram, outros preferiram não ficar por lá.
00:44Os americanos também.
00:45É interessante isso, Zé, porque pessoas que moram nos Estados Unidos voltam e me perguntam o seguinte,
00:51mas espera aí, se o Irã declarar uma guerra contra os Estados Unidos, algo que efetivamente não está no horizonte, até pela distância entre os países
00:58e mesmo pelo cenário bélico que cada um deles tem, fora o envolvimento já do Irã com o Israel.
01:06Então a questão que também preocupa os americanos, né, Zé Maria, a medida em que os Estados Unidos, como bem destacou o Fabrício Nights,
01:15que agora há pouco, sob Donald Trump, não pretendem entrar em guerra nenhuma.
01:20Mas o problema é que isso tá se prolongando, né, Zé?
01:24Pois é, recentemente eu fiz uma viagem oficial aos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado norte-americano,
01:30e eu pude visitar vários órgãos públicos, inclusive o Pentágono, e pude ver a dificuldade para entrar nesses órgãos, né?
01:38É uma revista muito detalhada, na portaria de cada órgão público norte-americano, mariners que revistam detalhadamente,
01:49fazem uma observação muito precisa de quem entra, né?
01:52E isso é o resultado de um país que está sempre em guerra, ao mesmo tempo.
01:57Este é o custo de uma guerra.
02:00A segurança é cara e ela é deselegante até e incomoda muito, mas é um país que está em guerra.
02:09No caso do Irã, é uma guerra permanente porque o Irã lida com grupos terroristas, como Hezbollah, como Hamas e outros grupos, né?
02:18E isso preocupa muito os Estados Unidos, porque cada vez mais as armas estão ficando baratas, discretas e possíveis de serem transportadas.
02:28Daí o grande temor dos Estados Unidos de provocar ou reacender uma guerra desse tipo com o Irã,
02:34porque não se trata de uma guerra à distância, né?
02:37Uma guerra que invade o território norte-americano.
02:40Daí a grande preocupação dos Estados Unidos em não se colocar oficialmente em guerra contra o Irã,
02:46que sabe exatamente do peso e do custo de uma guerra assim.
02:51Neste caso aí, desse conflito Irã e Israel, a preocupação é toda de bastidores.
02:58É dizer, olha, nós te apoiamos, mas formalmente nós não vamos à guerra.
03:02A grande estratégia dos Estados Unidos neste momento é evitar que artefatos nucleares caiam nas mãos de terroristas.
03:14Me dizem pessoas que lidam exatamente com esse tipo de informação e de trabalho de inteligência,
03:21de que mais cedo ou mais tarde isso vai acontecer.
03:26Vamos ao vivo para os Estados Unidos, porque a embaixada em Jerusalém continuará fechada.
03:32O departamento disse que não tem condições de evacuar ou de auxiliar diretamente cidadãos americanos que queiram deixar o país.
03:40Assunto para o Eliseu Caetano, que está de volta com todas as informações para a gente, ao vivo, direto da Flórida.
03:46Né, Eliseu?
03:48Também, Soraya. Muito bom dia novamente para você, para o Donato, para todos que nos acompanham.
03:52Oito horas da manhã com 18 minutos aqui na costa leste dos Estados Unidos.
03:56Temperatura de momento no sul da Flórida, na casa dos 27 graus Celsius.
04:00Seguimos acompanhando a escalada da tensão lá no Oriente Médio.
04:02Agora, sobre a perspectiva americana, porque a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém deve permanecer fechada e por tempo indeterminado.
04:12O departamento de Estado norte-americano ainda manteve o alerta, o mais alto, de nível 4,
04:18recomendando fortemente que cidadãos americanos evitem viajar a Cisjordânia, a Israel e também a faixa de Gaza
04:27devido aos riscos de segurança e a possível intensificação dos combates, viu?
04:35A embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, portanto, seguirá fechada,
04:40seguindo orientação do departamento de Estado em face da escalada da tensão entre Israel e Irã.
04:46Em nota oficial divulgada ainda há pouco, na manhã de hoje, nas redes sociais do consulado americano,
04:53o governo afirmou que não possui condições de evacuar ou de prestar auxílio direto a cidadãos americanos
05:01que desejem deixar o país.
05:03Em paralelo, o governo está permitindo o deslocamento autorizado apenas para membros da família de funcionários governamentais
05:12e também de alguns servidores essenciais que não podem deixar o país por meios comerciais.
05:20No entanto, essa medida não se estende a uma possível evacuação organizada por parte da embaixada.
05:28Essa paralisação do funcionamento da embaixada de Jerusalém acontece no Nato Soray exatamente nesse momento
05:35de grande tensão geopolítica, sobretudo por conta dessa nova frente de combate entre Israel e Irã
05:41e que também preocupa muito a comunidade internacional.
05:45Essa situação lá no Oriente Médio permanece extremamente fluida e sujeita a escaladas imprevistas
05:53de acordo com as falas das próprias autoridades envolvidas nessa situação.
05:57E por isso, essa questão também da restrição da mobilidade imposta aos cidadãos americanos
06:02que estão nesses territórios.
06:05E por isso ela vem acompanhada aí dessas recomendações rigorosas
06:10de se evitar deslocamentos em zonas de conflito, manter estoques de alimento, de água, de medicamento.
06:19E, obviamente, o governo americano, assim como todos os outros governos dos países ocidentais
06:25que têm base lá em Israel, que também têm base no Irã,
06:32têm mantido canais abertos de comunicação consular, porque se faz necessário nesse momento.
06:38Soraya, Nato.
06:39Obrigada, Eliseu, pelas suas informações.
06:42A gente já traz aqui também para as repercussões dessa informação que o Eliseu acaba de nos informar
06:49com o Fabrício Neitz, que para a gente entender um pouco do impacto até diplomático e prático, né,
06:53quando os Estados Unidos diz que não têm condições para evacuação aí dos cidadãos americanos.
07:01É uma questão de logística aqui muito clara, né, Soraya?
07:03Com os espaços aéreos fechados, fica muito mais difícil você retirar os seus cidadãos em segurança,
07:09como a gente viu, por exemplo, no início do conflito, em 7 de outubro,
07:13o governo brasileiro fazer de uma forma bastante ágil, inclusive naquela ocasião retirando brasileiros de Israel,
07:19mas havia ali um espaço aéreo aberto, havia um espaço, de fato, para que isso pudesse ser feito,
07:25um espaço de manobra para que isso pudesse ser feito diretamente nas áreas atingidas.
07:31Depois foi feita a retirada dos brasileiros que estavam na faixa de Gaza.
07:35Essa operação já com mais dificuldade por uma questão, novamente, logística.
07:41Não há aeroporto na faixa de Gaza, essas pessoas precisavam sair ou pelo Egito ou por Israel.
07:46As passagens por Israel estavam fechadas, então tinha que ser pelo Egito,
07:51em uma operação muito mais complicada, havia ali uma espécie de triagem das pessoas
07:56que estavam tentando deixar o território.
07:59E a gente vê uma situação agora parecida tanto em Israel quanto no Irã.
08:03O governo da Ucrânia, inclusive, emitiu um alerta agora há pouco
08:09para que os seus cidadãos que estejam tanto em Israel quanto no Irã
08:14deixem os países imediatamente, que vão para outro lugar.
08:19Mas há essa dificuldade.
08:21Como você vai fazer essa remoção diante de um cenário tão difícil
08:25em questão aérea, também em questão terrestre, com países fechando fronteiras?
08:29Ontem nós tivemos o anúncio do fechamento da fronteira entre Irã e Paquistão,
08:35um país que poderia servir nesse processo para fazer essa retirada das pessoas,
08:40para que elas possam ir para outros lugares ao redor do mundo,
08:44seja dentro do continente asiático, seja para levá-las à Europa e dali terem outros destinos.
08:50Então é uma questão logística também muito afetada nesse momento,
08:53até porque as portas, além das fronteiras, vão se fechando,
08:58mas também as portas diplomáticas.
09:00Os canais diplomáticos vão ficando cada vez mais conturbados
09:03e isso dificulta negociações entre os países para que isso aconteça.
09:08Muito possivelmente nós vamos ver os países negociando diretamente com países terceiros,
09:13ou seja, conversar agora países europeus com a Jordânia,
09:17com outros países ali com o Egito, possivelmente,
09:20para tentar fazer essa movimentação dos seus cidadãos
09:23e a retirada deles ali de uma região de conflito que pode ficar cada vez pior.
09:28A gente pensa o seguinte, toda vez que há um alerta, principalmente dos Estados Unidos,
09:33para que os seus cidadãos deixem uma determinada área,
09:36é porque muito possivelmente a inteligência americana já apitou ali no ouvido da Casa Branca
09:40e disse o seguinte, é muito perigoso estar aí.
09:43Se eles sabem que é muito perigoso, há um motivo para isso.
09:46Certamente. Obrigada, Fabrício, pelas suas informações.
