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  • 14/06/2025
O especialista Fernando Capano, mestre em direito internacional dos conflitos armados, analisa se os recentes ataques entre Israel e o Irã violam as leis da guerra e como a geopolítica influencia as tensões.

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https://youtube.com/live/qN5SjMUPD9A

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Transcrição
00:00Claro, né, que essa tensão, esse conflito entre Israel acaba preocupando todo mundo.
00:05O conflito tem se desenrolado com respostas violentas entre os lados.
00:09E para explicar qual o significado desse ataque preventivo de Israel,
00:13e se essa ação fere princípios do direito internacional,
00:17a gente conversa agora com o mestre em direito político e habilitado em direito internacional dos conflitos armados,
00:23Fernando Capano, que gentilmente atende aqui a Jovem Pan.
00:27Professor, muito obrigado por nos atender. Uma boa tarde.
00:30Eu é que agradeço a oportunidade. Uma boa tarde para todos.
00:34Quando a gente tem a alegação de Israel de que o Irã representa uma ameaça,
00:40de que poderia estar próximo de atingir um estágio em que fabricaria uma arma nuclear,
00:47e que isso seria uma ameaça ao Estado, à existência do Estado de Israel.
00:52E aí ataca-se o outro país.
00:54Isso está contemplado dentro do direito internacional dos conflitos.
01:00Qual é a avaliação que o senhor faz dessa ação israelense, professor?
01:06Olha, é claro que nós estamos diante de uma questão que envolve tensões geopolíticas de grande monta e de grande relevo.
01:15No entanto, se nós utilizarmos a lógica que está contemplada pela legislação internacional,
01:24que culmina aí no direito internacional dos conflitos armados,
01:28a alegação de Israel, embora, de novo, eu compreenda do ponto de vista geopolítico,
01:34mas a alegação de Israel acerca da ameaça representada pelo Irã não encontra respaldo na legislação internacional
01:42que regula aí a lógica dos conflitos armados.
01:45Para que um país possa se defender, ele precisa ter, na lógica do que nós chamamos de carta da ONU,
01:52salvo o melhor juízo, é o artigo 51 da legislação que criou a Organização das Nações Unidas,
02:00nós temos aí que ter um ataque efetivo ou, eventualmente, uma autorização expressa
02:07por parte do Conselho de Segurança.
02:09A simples alegação de que há uma ameaça, por mais complexa, por mais substancial e por mais relevante
02:15que ela possa ser, a rigor não autoriza ataques preventivos.
02:20Nosso comentarista Sérgio Zagarino está com a gente também, tem perguntas ao senhor.
02:24Pois não, Zagarino?
02:26Professor, parabéns por estarem aqui conosco, obrigado.
02:29Em relação ao ataque mesmo de Israel, o professor não acredita que nós deveríamos
02:35rediscutir a própria legislação da ONU, levando em consideração que ela se deu ali
02:41pós período de Segunda Guerra e hoje nós vivemos uma escalada muito maior,
02:45uma tensão muito maior nesses conflitos, seja na guerra da Rússia com a Ucrânia,
02:49seja no Oriente Médio.
02:50Tudo isso porque nós estamos discutindo hoje a própria existência do Estado de Israel.
02:54Se Israel, como bem apontado pelo Netanyahu, não tivesse agido, talvez não tivesse tempo de agir.
03:01O que o professor poderia dizer sobre essa atualização ou, eventualmente, se há discussão
03:05para uma nova legislação na ONU?
03:09É, de fato.
03:11Agradeço a pergunta porque ela realmente é bastante pertinente.
03:14Nós temos realmente que compreender que estamos diante de uma realidade que é completamente distinta,
03:20inclusive do ponto de vista do potencial militar das nações que estão envolvidas.
03:28Estamos, obviamente, diante de uma era em que temos armamentos de grande potencial destrutivo
03:35e, portanto, óbvio que esse contexto geopolítico precisa ser melhor compreendido e melhor regulado
03:43pelo direito internacional dos conflitos armados.
03:45A começar pelo papel, a meu juízo, do Conselho de Segurança.
03:49Se, efetivamente, a lógica é que qualquer tipo de ameaça precisa ser submetida ao crivo prévio
03:57e à análise prévia do Conselho de Segurança,
04:00este Conselho de Segurança precisa ter, a princípio, mecanismos de coerção um pouco mais efetivos.
04:07Não basta simplesmente ficarmos discutindo as questões lá no âmbito do atual formato do Conselho de Segurança
04:13sem que, efetivamente, haja uma possibilidade de ação e de reação imediata.
04:20Isso é uma questão que me parece bastante importante no que diz respeito
04:25a essa moderna compreensão dos conflitos armados.
04:30Também, óbvio, precisamos levar em consideração, de fato, esse contexto geopolítico bastante complexo
04:37que realmente teria que ser modernizado para a nossa atual compreensão da contemporaneidade dos conflitos armados
04:46porque, realmente, nós não estamos apenas e tão somente com uma tensão instalada lá no ambiente do Oriente Médio.
04:52Estamos diante também de um palco de guerra bastante complicado, bastante complexo,
04:57com ramificações muito complexas também lá no âmbito da Ucrânia
05:01e isso precisa ser, como disse, compreendido antes que, eventualmente, haja uma escalada,
05:07talvez até mesmo de ordem internacional, de ordem global,
05:13que possa, infelizmente, é preciso ponderar isso, que possa, em alguma medida, até mesmo resultar
05:19numa terceira guerra mundial ou até mesmo numa guerra de proporções globais, de fato.
05:26Professor, é possível a gente traçar um paralelo entre a guerra Estados Unidos e Iraque
05:31quando o Iraque, aliás, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque
05:35sob a acusação de que o Saddam teria ali armas de destruição em massa
05:38que poderia atacar outros países, promovendo o terror.
05:42Depois descobriu-se que não havia essas armas de destruição em massa.
05:46E aí, em cima disso, por outro lado, o Irã é adepto do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
05:54Então, dá para fazer esse paralelo?
05:56E, por outro lado, se o Irã está nesse tratado,
05:59faltou também uma observação dos organismos
06:02para que Israel não tivesse que pagar para ver?
06:04Pois é, a gente pode traçar um paralelo, certamente,
06:11e me parece que a ponderação é bem pertinente nesse aspecto,
06:14mas existem algumas diferenças também, né?
06:17As semelhanças, por óbvio, partem do pressuposto
06:19de que os Estados Unidos, naquela ocasião,
06:21alegou essa ameaça de que, eventualmente,
06:24poderia haver uma escalada nuclear do programa nuclear iraquiano
06:28naquela ocasião, em 2003.
06:30Lembrando que estávamos, obviamente, no contexto do pós-11 de setembro
06:34e isso explicava muita coisa naquela oportunidade.
06:38Da mesma forma, hoje, nós temos esta alegação,
06:41dessa ameaça de uma escalada nuclear por parte do programa iraniano
06:47e isso, obviamente, faz com que a tensão se eleve por demais
06:51à semelhança do que ocorria naquela ocasião.
06:53A grande diferença é que, a meu juiz,
06:56me parece que existem alegações que estão, obviamente,
07:02se provando verdadeiras, no sentido de que, realmente,
07:06talvez o programa nuclear iraniano realmente exista
07:10e realmente possa culminar com a aquisição,
07:13por parte do Irã, dessa tecnologia nuclear.
07:17E, a partir daí, a partir do momento em que o Irã
07:19se torna uma potência nuclear, uma potência bélica nuclear,
07:22realmente, o resultado disso é absolutamente imprevisível.
07:27Isso não ocorreu lá naquela ocasião nos Estados Unidos
07:32e nesse conflito com o Iraque.
07:35Mas, a meu juízo, e esse é o problema principal,
07:39e respondendo o final da sua pergunta e o final da sua ponderação
07:41muito pertinente, como disse,
07:43aquele precedente, lá em 2003,
07:46abriu a possibilidade de que,
07:50sobre o argumento da guerra justa,
07:51sobre o argumento das ameaças,
07:54sejam elas verdadeiras ou não,
07:56você possa agir de maneira unilateral
07:58a enfraquecer, por demais,
08:00a ordem jurídica internacional.
08:03Essa é a razão pela qual,
08:04me reportando a ponderação prévia que eu fiz,
08:07na pergunta prévia,
08:09essa é a necessidade de nós compreendermos,
08:11de fato,
08:12essa contemporaneidade dos conflitos
08:16havidos aí entre as potências,
08:17de modo a reformular por completo
08:19a ONU e, obviamente,
08:22o seu Conselho de Segurança,
08:23de modo que todas essas questões
08:25possam ser dirimidas em ambiente de pluralidade
08:28e com o mínimo de possibilidade de ação
08:31e de reação rápida e imediata,
08:34de modo a fazer com que
08:35esses conflitos não escalem.
08:37De novo,
08:38atitudes unilaterais só enfraquecem
08:42a ordem jurídica internacional
08:43e podem realmente culminar
08:45com resultados imprevisíveis
08:47e muito, muito, muito perigosos
08:49que, eventualmente, podem aí ocasionar,
08:52inclusive,
08:53uma escalada global
08:55e uma terceira guerra mundial.
08:57A gente agradece o mestre em direito político
08:59e habilitado em direito internacional
09:00dos conflitos armados,
09:01Fernando Capano, falando à Jovem Pan.
09:03Muito obrigado, até a próxima, professor.
09:06Eu é que agradeço a oportunidade,
09:07muito obrigado, uma boa tarde a todos.
09:09Até mais.

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