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O presidente Lula solicitou ao presidente francês Emmanuel Macron que não se oponha ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, enfrentando resistência da França devido a preocupações com a concorrência dos produtos agrícolas brasileiros. Alexandre Pires, professor de relações internacionais, concedeu entrevista ao Jornal da Manhã e analisou se o presidente vai conseguir selar o acordo Mercosul-União Europeia.

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Transcrição
00:00Bom, e sobre essa viagem do Lula à França, com várias repercussões, nós conversamos agora com o professor de Relações Internacionais, Alexandre Pires,
00:09que vai poder fazer uma análise sobre todos os contextos ditos pelo presidente Lula e qual o principal que você destaca.
00:16Muito bom dia e seja bem-vindo aqui ao Jornal da Manhã.
00:20Bom dia, tudo bem, David?
00:22Bom, o principal problema hoje em dia do Brasil é sempre resolver um lado interno, que é a questão econômica, interna, fiscal,
00:32e claro, a falta de uma agenda internacional que crie ali acordos e alianças econômicas que façam com que o Brasil tenha um acesso ao mercado maior,
00:45sobretudo com os produtos primários nossos, produtos agrícolas e minerais.
00:50Então, a fala ter diversa, vai um pouco ali, anda de lado, mas há uma preocupação, sim, do governo atual com relação ao que eles vão ter para entregar
01:02nas eleições em que pode haver uma reeleição do Lula, ou seja, o governo está tendo dificuldades e, no caso da viagem à França,
01:14isso ficou evidente ali, por não trazer nenhum acordo concreto, ou seja, nem uma palavra de apoio ou alguma possibilidade de apoio por parte do Macron,
01:26que é o principal opositor do acordo Mercosul-União Europeia.
01:31Professor, exatamente sobre isso que eu quero ouvir a sua análise.
01:34Essa presença, o presidente Lula falou que quando presidir o Mercosul, ele não sai de lá,
01:39enquanto esse acordo, né, entre a União Europeia e o Mercosul não seja feito.
01:43Você acredita que, mesmo aí com esse impasse, principalmente do setor agropecuário,
01:48a presença dele lá pode facilitar essa articulação?
01:54Praticamente inviável o acordo, né, tem objeções muito grandes, tem um apoio ali da Alemanha, Espanha,
02:01mas como o acordo tem que ser ratificado primeiro no Conselho Europeu, eles têm que formar essa maioria.
02:09Muitos países ali são países produtores agrícolas, né, a França é um grande produtor,
02:14nós temos também a Itália, que pode vir a se opor, a Polônia,
02:19e em alguns desses casos são países que estão com governos muito mais protecionistas e nacionalistas.
02:26Depois é que isso vai para os parlamentos nacionais, então tem duas etapas, né,
02:33e caso no parlamento nacional a França continue a colocar sua objeção, o acordo não vai andar.
02:40Ou seja, então, isso está sendo discutido desde, mais concretamente, desde 99.
02:47Foi fechado ali o ano passado e agora vai demorar uma eternidade, talvez,
02:54para que ele consiga pelo menos ser votado.
02:58E quando for votado, a situação internacional já mudou, né,
03:02o câmbio já mudou, a produtividade da agricultura brasileira pode ter crescido ainda mais,
03:08e aí tudo vai levar a uma renegociação.
03:11Então, é um grande problema de acordos multilaterais.
03:16Acordos bilaterais são mais rápidos e factíveis, né,
03:20nas duas partes, quando assinam um acordo, ele já está praticamente encaminhado.
03:27Alexandre, eu vou incluir na nossa conversa também o Acácio Miranda para te fazer uma pergunta.
03:32Alexandre, bom dia, prazer revê-lo.
03:35Ainda mantendo nessa discussão Mercosul-União Europeia,
03:39para além da questão do agro, há outros óbvices nesse momento,
03:45ou o agro é, sobretudo, o grande empecilho para esse acordo mais amplo andar?
03:55Bom dia, Cássio. Prazer revê-lo também.
03:57Existe um problema de fundo, né, que é o balanço de pagamentos,
04:02ou seja, o que esses países estão mandando de dinheiro para fora e recebendo.
04:05Nós temos que lembrar que a Alemanha, ela negocia muito tranquilamente,
04:10porque ainda que está, esteja passando por dificuldades, ela exporta demais.
04:15Então, ela é responsável ali por dois terços do superávit,
04:20do balanço de pagamentos da zona do euro e da União Europeia.
04:25Ou seja, então eles têm dinheiro ali para pagar suas contas externas.
04:30Os outros países não têm uma situação tão confortável,
04:33não têm uma balança comercial tão confortável.
04:37Nós temos Holanda, temos Alemanha nessa situação.
04:40Então, existe ali um protecionismo, Cássio, por trás dessa discussão.
04:45Existe um protecionismo, a China vem de modo muito voraz disputando o mercado europeu,
04:51e isso faz com que a Europa agora comece a ter uma visão um pouco mais protecionista,
04:58ainda que no discurso ela fale de liberdade econômica, de abertura,
05:05mas não é o que tem acontecido na prática.
05:07Professor, conosco também a nossa comentarista e analista, Ana Beatriz Riz,
05:11que tem uma pergunta para o senhor.
05:13Professor, bom dia.
05:15Professor, nas últimas semanas, nos últimos meses,
05:17a gente tem visto uma série de ações do presidente americano Donald Trump
05:21que refletem diretamente na economia.
05:24A minha pergunta é, como, em especial, o tarifaço
05:27altera as negociações desse acordo entre o Mercosul e a União Europeia?
05:33Essas tarifas acabam ajudando esse acordo a ir adiante,
05:36ou isso não muda nada?
05:39Bom dia, Ana Beatriz.
05:40Caso o tarifaço do Trump atinja a União Europeia de modo mais, digamos, alto,
05:51com uma tarifa mais alta em relação ao Brasil,
05:54pode ser em relação ao mundo,
05:59talvez a União Europeia esteja mais disposta a procurar novos parceiros,
06:04porque ela vai ter que tentar escoar parte do que ela exporta para os Estados Unidos
06:09para os outros mercados.
06:10A mesma coisa ia acontecer com a China.
06:13Mas como parece que o Trump tem usado isso mais como arma de início de negociação,
06:20talvez nós não vejamos essa situação acontecer.
06:24Para nós estava uma situação muito boa,
06:2610% de tarifa média para o Brasil e o resto do mundo com tarifas altas.
06:32Isso favoreceria o Brasil, mas isso já mudou e continuou mudando.
06:37Parece que agora, na agenda do Trump, a União Europeia entrou em discussão.
06:43Se a tarifa aumentar, eles vão realmente ter que procurar acordos
06:48e fica mais fácil para o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
06:52barganharem ali a aprovação do acordo.
06:56Professor, mudando um pouco o foco aí entre a relação entre a União Europeia e o Mercosul,
07:00o presidente Lula criticou duramente a ONU nessa visita aí à França,
07:04justamente a presença dele, que começa na segunda-feira,
07:07sobre uma conferência da organização.
07:10Você acredita que a ONU realmente perdeu o poder de comandar,
07:13articular todas essas questões do mundo?
07:15E como é que você vê as críticas do presidente justamente no ano
07:18em que a gente recebe aqui a COP30, uma conferência que é da ONU?
07:23É, o que nós chamamos de multilateralismo praticamente morreu, né?
07:31Ou seja, os órgãos multilaterais perderam muita força, se desidrataram
07:36e como as grandes potências não usam mais esse espaço como seu espaço de mediação,
07:43seja a China, seja Estados Unidos, Rússia, né?
07:49E mesmo a União Europeia, isso faz com que o órgão perca ali sua capacidade de articular o mundo.
08:00O que nós estamos vendo é uma volta aí do bilateralismo, do unilateralismo,
08:06muitos países caminhando com um certo isolacionismo.
08:09Isso faz com que o presidente Lula faça essa crítica, porque o Brasil,
08:14a diplomacia brasileira está há 30, 40 anos, praticamente ancorada no multilateralismo.
08:21Nós não temos nem traquejo para acordos bilaterais.
08:24É essa situação que nós vimos na França, né?
08:28Ou seja, você não consegue ir lá e fazer uma visita de Estado
08:33que saia com uma declaração positiva das duas partes, né?
08:37Ou seja, muitos sorrisos e poucos acordos.
08:42Isso é a situação do mundo atual.
08:44O mundo caminha para o bilateralismo e para o unilateralismo.
08:48Bom, mas a foto dele com o presidente Macron,
08:54ambos ali com a Torre Eiffel de fundo,
08:57um clima bastante amistoso, até rostinho colado.
09:00E o Lula, antes de ir viajar à França, ele disse
09:04eu vou até lá para mostrar o bom momento vivido pelo Brasil.
09:09Mas que bom momento é esse?
09:10De que maneira que a gente pode enxergar isso?
09:14Então, existe muito já de campanha eleitoral antecipada.
09:18Essa é a nossa grande mazela.
09:21O Brasil apresenta alguns números bons,
09:24sobretudo o emprego, tem mantido uma certa taxa de crescimento.
09:30Mas nós ainda não nos recuperamos dos baques
09:33que vieram ali já há 10 ou mais anos.
09:36Ou seja, o Brasil não tem crescido como deveria.
09:40Nós estamos patinando,
09:43mas tem que ter um pouco ali de campanha, né?
09:46Pode ser que o Brasil consiga manter uma atração desse crescimento
09:53e isso seria até surpreendente.
09:56Mas as expectativas do mercado estão sempre um pouco abaixo, né?
10:01Ou seja, nos próximos anos.
10:02Com eleições, nós vamos provavelmente assistir novamente
10:06uma queda ali do nosso investimento,
10:10uma dúvida, uma incerteza de quem vai governar.
10:13E essa ideia de bom momento acaba não sendo muito sólida, né?
10:19Ou seja, não temos um bom momento.
10:20Temos muito trabalho pela frente, né?
10:23O Brasil não cresce como deveria ser um país em desenvolvimento.
10:29Bom, sem dúvida.
10:30Nós conversamos com o professor de Relações Internacionais,
10:32Alexandre Pires,
10:34trazendo aí o contexto sobre a viagem do presidente Lula à França.
10:38Muito obrigado pela sua presença aqui no Jornal da Manhã.
10:42Obrigado, David.
10:43Obrigado.

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