Recado a Lisboa Letra: João Villaret Música: Armando da Câmara Rodrigues
João Henrique Villaret nasceu em Lisboa, em 1913. Foi um apaixonado pelo teatro destacando-se mais tarde como "declamador", criando um estilo inimitável de recitação poética.
(...) "Declamador? Não, não era isto. O intérprete de Camões não é um declamador, no estilo em que são os profissionais e amadores de dizer versos. O que há de surpreendente na arte de João Villaret é que ele não repete a "coisa sabida", ensaiada para o efeito da platéia, já em expectativa e já sabedora do que vai acontecer, já previdente das inflexões, dos efeitos da poesia. Villaret não é um declamador, um artista que "sabe dizer o que outros criaram". Ele se encarna no autor, e aquilo que assistimos é um ato de gestação, como se nos colocasse em presença o Poeta no momento da Poesia, e improvisasse a genialidade com que a Obra nasceu. João Villaret é um ser ecumênico." (...). (Guilherme Figueiredo)
Fotos*: Pedro Antunes http://imagenslisboa.blogspot.com/
*Exceto a primeira e a foto dos barcos.
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Lisboa minha mãezinha Com o teu xaile traçado Recebe esta carta minha Que te leva o meu recado
Que Deus te ajude, Lisboa A cumprir esta mensagem Dum português que está longe E que anda sempre em viagem
Vai dizer adeus à Graça Que é tão bela, que é tão boa Vai por mim beijar a Estrela E abraçar a Madragoa
E mesmo que esteja frio Que os barcos fiquem no rio Parados sem navegar Passa por mim no Rossio E leva-lhe o meu olhar
Se for noite de São João Lá pelas ruas da Alfama Acende o meu coração No fogo da tua chama
Depois leva-o p´la cidade Num vaso de manjerico Para ele matar a saudade Desta saudade em que fico