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André Marques, especialista em gestão pública, analisou os rombos de estatais como Correios, Infraero, Casa da Moeda e companhias docas, destacando os riscos para as contas públicas e a necessidade de mudanças estruturais e governança eficiente.

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Transcrição
00:00O déficit bilionário nas estatais federais acende o alerta.
00:05Além dos correios e da eletronuclear, o Tesouro Nacional está preocupado com outras sete empresas públicas.
00:11Entre elas, a Infraero, a Casa da Moeda e companhias DOCAS.
00:16O risco é de falta de caixa e, mais uma vez, o governo pode ser chamado a socorrer essas empresas com recursos públicos.
00:23Sete estatais que, na teoria, não dependeriam de dinheiro público estão hoje no radar de alerta do governo.
00:32O que era para funcionar com autonomia virou fonte de preocupação fiscal.
00:37A Infraero, por exemplo, foi criada há mais de meio século.
00:41A companhia que foi responsável pelos aeroportos das principais capitais do país,
00:46hoje administra terminais aeroportuários regionais, menos estratégicos,
00:50além do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
00:54Motivo que levou a empresa a preparar um plano de negócios para se reerguer.
00:59Há quase três anos, a Infraero vem reduzindo o quadro de funcionários.
01:04Baixou para cerca de um terço 3.500 empregados na posição de agosto.
01:10A companhia teve prejuízo de 2017 a 2021.
01:15Virou para resultado positivo nos dois anos seguintes,
01:18mas voltou ao vermelho em 2024.
01:21O faturamento da empresa desabou de mais de R$ 1,5 bilhão em 2023
01:27para menos de R$ 0,5 bilhão do ano passado.
01:31Em nota, a Infraero informou que no terceiro trimestre
01:34teve resultado operacional positivo de quase R$ 10 milhões.
01:38E que possuía cerca de R$ 2 bilhões em caixa,
01:42a maior parte de recursos próprios.
01:44O velho problema é a gestão no Brasil.
01:48Porque os aeroportos, se eles forem administrados por pessoas que conhecem
01:53o negócio de aeroportos, que têm experiência, que têm formação,
02:00e que sejam medidas, principalmente esses executivos,
02:05têm que ser medidos e têm que ter bônus em função do cumprimento de metas.
02:10Como faz a empresa privada?
02:12Ah, o aeroporto funcionou muito bem, caiu o número de atrasos,
02:17transportou mais gente, transportou mais carga, etc.
02:21O executivo principal cumpriu as metas?
02:25Ok.
02:25Então ele vai ter um prêmio, vai ter um bônus, vai ter um aumento de salário, etc.
02:31Outra estatal à beira da UTI é a Casa da Moeda.
02:34A companhia, fundada nos últimos anos do século XVII em Salvador, na Bahia,
02:38tinha como finalidade resolver a escassez de moedas no Brasil colônia.
02:43Só em 1984, se transferiu para a sede que ocupa hoje no Rio de Janeiro,
02:48onde produz moedas, cédulas, selos, passaportes e documentos de segurança.
02:54A companhia vive com juntura desfavorável por causa da disseminação
02:58de transações financeiras digitais, revolução que ocorre no Brasil
03:02e em outras partes do mundo.
03:05Mesmo com o cenário adverso, a estatal teve lucro de 51 milhões de reais no ano passado,
03:11mas o número é 74% menor do que em 2023.
03:16Teve ainda resultado operacional negativo.
03:19Isso acionou as sirenes do Tesouro Nacional.
03:23No entanto, a Casa da Moeda possui liquidez para cobrir dívidas.
03:27Será que vai ter alguém interessado em fabricar a própria moeda no Brasil?
03:31Suponhamos, né? Não tem ninguém interessado, não dá muito lucro.
03:36E aí, o que é que faz?
03:39Tem que ter a Casa da Moeda.
03:41Nesse caso, o Estado tem que ter uma repartição, um departamento,
03:46uma empresa que faça esse trabalho.
03:48E, por exemplo, a Casa da Moeda, na grande parte dos países ricos,
03:53continua a ser na atividade estatal e não privada.
03:56Cinco das sete companhias docas dos estados também estão entre as nove estatais
04:01que aparecem no alvo de uma força-tarefa criada pelo Tribunal de Contas da União.
04:07As docas, sob a atenção do TCU, são as companhias do Rio de Janeiro,
04:11Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Pará.
04:15A Coderne é a que aparece em destaque no relatório do Tesouro Nacional.
04:20A companhia apresenta risco de deterioração financeira por causa de arrendamentos,
04:25necessidade de investimentos em infraestrutura
04:27e a possível desvinculação do porto de Maceió.
04:31Esse terminal foi responsável por 72% da receita líquida da Coderne no ano passado.
04:37Apesar dos avanços obtidos com a aprovação da nova lei dos portos,
04:42os grandes portos públicos do país ainda apresentam um baixo nível de eficiência na gestão portuária.
04:50Então, essas companhias docas, essas empresas públicas,
04:54elas encontram com uma reduzida capacidade gerencial e um passivo trabalhista muito grande,
04:59o que impede, de certa forma, de promover toda aquela modernização
05:04que é necessária para elevar a eficiência desses portos aos padrões internacionais.
05:10É que nós temos essa ideia errada no Brasil, que estatal pode dar prejuízo.
05:16Isso é errado. Estatal não deve dar prejuízo.
05:20Estatal, se ela tiver um superávit, se ela tiver um lucro, ótimo,
05:25vamos aproveitar isso e investir em melhorias.
05:29Mas, obrigatoriamente, as estatais deveriam dar lucro, sim.
05:35No Brasil, já nos acostumamos com o fato de estatais terem grandes prejuízos.
05:41Isso está totalmente errado. Deveria ser totalmente proibido.
05:50Dados do governo federal expõem rombos financeiros em estatais federais,
05:54como Correios, Casa da Moeda, Infraero e companhias docas de cinco estados.
06:00Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio de Janeiro.
06:04A situação ameaça ainda mais as contas públicas
06:06e reacende o debate sobre governança e eficiência,
06:11como a gente viu aí na reportagem.
06:13Esse é o tema da nossa conversa agora com o André Marques,
06:15especialista em gestão pública e ex-coordenador executivo
06:19do Centro de Gestão e Políticas Públicas do INSPER.
06:22André, boa tarde. Tudo bem contigo?
06:24Boa tarde. Tudo bem? É ótimo estar aqui com vocês.
06:28Obrigado, André, pela sua disponibilidade.
06:30André, na sua leitura, qual o nível de risco
06:33que as estatais hoje representam para as contas públicas federais?
06:37É um alto nível de risco.
06:39Na hora que a gente vê sucessivamente essas empresas estatais
06:43apresentando prejuízos, demandando cada vez mais recursos
06:46do Tesouro Nacional, isso faz com que esse recurso
06:51que poderia ser direcionado para atividade de saúde,
06:55educação, segurança, tenham que ser desviados
06:57para cobrir esse rombo das empresas estatais.
07:02Então, na verdade, isso é muito ruim e isso acaba prejudicando,
07:04de forma geral, a população, que deveria ter o dinheiro do seu imposto
07:08aplicado em alguma coisa que vai gerar um retorno
07:10e, no final do dia, está sendo aplicado em cobrir
07:14ineficiências de gestão de empresas públicas.
07:16A gente até acompanhou aí na reportagem algumas pinceladas
07:20sobre como questões elementares de gestão
07:23não estão presentes ainda no dia a dia das estatais.
07:27Já que a coisa chegou ao ponto que chegou,
07:30na sua análise, qual a melhor forma de conduzir
07:33a recuperação dessas empresas agora?
07:36Acho que o primeiro passo é redefinir qual o papel
07:39que nós queremos como sociedade de cada uma dessas empresas.
07:42Pegando Correios, por exemplo, será que toda atividade do Correio
07:46deveria estar sobre a gestão pública?
07:50Claro, você tem, de repente, lugares muito remotos
07:54onde uma empresa privada não vai ter interesse
07:57em assumir essa atividade.
07:59Ok, essa parte da atividade poderia continuar
08:03com o setor público, com o governo federal.
08:06Eu ponto que não necessariamente 100% do que hoje é feito
08:09nos Correios deveria permanecer nas mãos do governo federal
08:14e isso serve para vários outros casos.
08:16Quer dizer, você tem o mundo mudando,
08:18tecnologia mudando, o tipo de prestação de serviço mudando
08:22e o governo parado num determinado modelo,
08:25num modelo antigo que hoje já não funciona mais.
08:27Então, o primeiro passo é rever o papel
08:29de cada uma dessas empresas estatais,
08:31o que deveria ficar, o que não deveria ficar
08:33e o que não deve ficar na mão do governo
08:35é você fazer uma concessão, fazer uma privatização,
08:38aí depende de cada um dos casos,
08:40para que isso volte para a iniciativa privada
08:42e ela, com a sua expertise, possa exercer da melhor forma.
08:45Estar no setor privado nos garante 100% de eficiência?
08:49Não, não nos garante.
08:51É por isso que precisa de acompanhamento, gestão,
08:53não é simplesmente passei para o setor privado,
08:55agora não preciso fazer mais nada.
08:57Não, o governo continua tendo um papel de fiscalizar,
09:00um papel de definir níveis de serviço,
09:02então o papel do governo muda.
09:05Mas você, teoricamente, está contratando um experto
09:07para poder fazer aquilo de uma maneira mais eficiente,
09:10mais rápida e que traga um melhor nível de serviço
09:13para a população.
09:15André, na semana passada, o governo alterou
09:17o marco regulatório das estatais
09:19e aí uma das mudanças foi de que as estatais
09:22não dependentes de recursos públicos
09:25que estejam passando por dificuldades operacionais
09:27possam apresentar um plano de reequilíbrio econômico-financeiro.
09:31Como é que você leu essa alteração?
09:34Você achou positiva?
09:36Na verdade, sim.
09:37Já vi muito parecido com isso,
09:40os planos de recuperação de estados.
09:43Então, na verdade, sempre que você tem um ente,
09:45seja um estado, seja um município,
09:48seja uma empresa pública,
09:49com algum nível de dificuldade,
09:50você vai lá e mexe na legislação
09:53para que você possa abrir mais espaço
09:57para que essas empresas, esses entes,
09:59vão em busca de uma solução.
10:01Quando, na verdade, o que deveria ser buscado
10:03é olhar para dentro de casa,
10:05buscar eficiência, buscar melhorias
10:07para que isso não fosse necessário.
10:09Então, a gente fica sempre arrumando
10:11um jeitinho na legislação
10:14para, no final do dia,
10:15encobrir aquilo que efetivamente é necessário,
10:19que é uma mudança estrutural
10:20em cada um desses entes,
10:22em cada uma dessas empresas.
10:23Enquanto a gente for ficar achando uma solução
10:26que não é uma solução estrutural,
10:28a gente sempre vai, passa ano,
10:31você entra ano, sai ano,
10:32a gente vai sempre cair na mesma discussão.
10:35Vai alongar um pouco mais,
10:36resolve hoje a porta,
10:37aí passam dois anos bem,
10:39aí daqui a dois anos volta novamente
10:41a ter um prejuízo grande,
10:42novamente a gente está discutindo.
10:43Quantas vezes a gente não está discutindo
10:45a questão dos correios, por exemplo?
10:47Então, assim, ou a gente resolve estruturalmente,
10:49ou então vai ser, como no ditado popular,
10:52ficar enxugando gelo
10:53e empurrando esse problema
10:55para o governo seguinte,
10:57para o momento seguinte.
10:58Falando em correios,
11:00que você lembrou aí,
11:01alguns dias atrás também,
11:02o Tesouro Nacional recusou levar adiante
11:05um empréstimo de 20 bilhões de reais
11:07por conta de juros altos
11:09cobrados pelo pool de bancos
11:10que ofereceria esse crédito a essa estatal.
11:15A tendência é de que,
11:16se a tentativa for de buscar crédito no mercado
11:19esse cenário de juros altos
11:20vai se repetir também outras vezes?
11:23Isso acontece por basicamente dois motivos.
11:26Primeiro que os juros do Brasil
11:27continuam muito altos
11:28e sem perspectiva de baixa.
11:31E do outro lado você tem,
11:32seja um pool de bancos,
11:34seja um banco específico,
11:36o banco também não é uma entidade de caridade.
11:40Então, na hora que você faz uma análise de crédito,
11:43na hora que você faz a decisão
11:45de emprestar um dinheiro para qualquer empresa,
11:50você vai avaliar a capacidade dessa empresa,
11:52a eficiência dessa empresa,
11:53qual o risco dela não te devolver o dinheiro.
11:56Então, assim, não devolver no sentido de pagar
11:59juros, amortização.
12:01Então, quanto maior for esse risco,
12:03também isso vai se refletir
12:05numa taxa de juros maior.
12:06Então, se você tem uma empresa bem estruturada,
12:09se você tem uma empresa
12:10que já está num caminho de recuperação,
12:12se você está com perspectivas
12:14de ganhos futuros, lucros futuros,
12:18isso também reflete uma governança bem adotada,
12:21isso vai refletindo uma taxa de juros menor.
12:23Então, você tem um ambiente macroeconômico
12:25que é ruim nesse momento
12:27pelo aspecto de taxa de juros alta,
12:30você tem um problema de governança também,
12:32que também faz com que o risco seja maior
12:34e a taxa cobrada pelos bancos seja maior.
12:36Então, se a gente não sai dessa armadilha,
12:40sempre vai ter a justificativa,
12:41ah, os juros são altos
12:42e a gente não vai conseguir resolver a captação.
12:45Aí não consegue resolver a captação,
12:46a gente não consegue resolver estruturalmente,
12:48então a gente fica nesse círculo vicioso.
12:51André Marques, especialista em gestão pública
12:54e ex-coordenador executivo
12:56do Centro de Gestão e Políticas Públicas do INSPER.
12:59Obrigado, André, pela sua análise aqui.
13:00Boa semana para você.
13:02Eu que agradeço.
13:03Boa semana para todos.
13:04Obrigado.
13:04Obrigado.
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