Leonardo Trevisan, economista e professor de relações internacionais da ESPM, analisou a retirada de Alexandre de Moraes da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos, apontando o gesto como vitória diplomática do Brasil e parte do reposicionamento de Donald Trump diante da China e da América Latina.
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00:00Então, de volta agora, a gente vai repercutir a decisão do governo dos Estados Unidos de retirar o nome do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, e da mulher dele, da lei de sanções, da lista de sanções da Lei Magnitsky.
00:16Sobre esse assunto, eu converso com Leonardo Trevisan, ele é economista e professor de relações internacionais da ESPN.
00:23Professor, boa noite, obrigada por ter aceitado o nosso convite, estar aqui com a gente para falar desse assunto.
00:28Bom, professor, dá para a gente dizer que essa decisão dos Estados Unidos é uma vitória da diplomacia brasileira?
00:38Professor, agora sim, a gente estava sem áudio, agora já está resolvido.
00:42Agora está resolvido.
00:44Está resolvido.
00:45É o que eu estava te dizendo, é que sem dúvida nenhuma.
00:48Eu acho que a tua análise procede, mas primeiro, boa noite, Cristiane, boa noite a todos que nos escutam.
00:54Sem dúvida nenhuma, o Brasil, vamos dizer deste modo, o Brasil foi ultrapassando etapas em um processo de reaproximação com os Estados Unidos, com os Estados Unidos da era Trump.
01:10E se quisermos forçar a análise, ele está muito bem sucedido.
01:19É o primeiro recuo que se tem notícia das aplicações da lei Magnitsky e, de alguma forma, ele tem um sentido político muito forte.
01:30Qual é esse sentido é, de algum modo, comparar decisões do Supremo Tribunal Brasileiro.
01:41Os Estados Unidos olham para essas decisões e passam, esse é o recado implícito, passam a aceitá-las.
01:50Ah, então, portanto, está tudo resolvido com os Estados Unidos?
01:54Não é bem assim.
01:56Nós temos várias etapas a serem solucionadas, até mesmo na questão tarifária, que envolve produtos industrializados que são extremamente delicados.
02:06Nós resolvemos as cerejas do bolo, café, suco, celulose, que é tudo commodity.
02:15De certa forma, a hora que vamos começar a pensar em transferência de tecnologia, em cadeias produtivas, isso está em paz.
02:26Mas eu gostaria de registrar que concordo inteiramente com a sua pergunta, de que a diplomacia brasileira exibiu um profissionalismo ímpar.
02:38Ele conseguiu cuidar dos interesses brasileiros passo a passo.
02:42É para isso mesmo que ela existe.
02:43Sim, professor, então as relações, na opinião do senhor, entre os dois países tendem a voltar à normalidade ou, em se tratando de Donald Trump, tudo é possível?
02:56Ah, bom, a primeira observação é essa, em se tratando de Donald Trump, tudo é possível.
03:03Pode acontecer qualquer coisa e todos nós sabemos disso.
03:07Ele pode levantar um dia achando que não gosta mais do Brasil.
03:10Isso pode acontecer, pode, pode, né?
03:14Eu desconfio, sabe, que Donald Trump está vivendo um momento em que ele quer ouvir mais pessoas.
03:24Sabe por quê?
03:25Porque antes de qualquer coisa, Donald Trump é um político.
03:29E político acorda e vai dormir, sonha e levanta pensando em voto.
03:36E as coisas não estão boas em termos de voto para Donald Trump nos Estados Unidos.
03:41Eu chamo a atenção para a vitória, a primeira em mais de décadas, quatro ou cinco décadas,
03:50de uma prefeita democrata naquilo que era a caixa mais preservada do voto republicano, que é Miami.
04:02Não é só Virgínia, não foi só o show em Nova York, é Miami.
04:11Ele anotou o recado.
04:13Nós podemos falar o que nós quisermos sobre Trump, menos que ele é bobo.
04:18De bobo ele não tem nada.
04:20E sabe perfeitamente como usar esse processo.
04:25Eu acho que o caso brasileiro é um caso exemplar disso.
04:28E no caso brasileiro, Trump não está com aqueles 39 segundos de amor pelo Brasil.
04:36Trump está preocupado com cinco letrinhas.
04:40China.
04:40C-H-I-N-A.
04:43Está entrando demais no Brasil.
04:46Observe o número de investimentos da China em 2024.
04:50113% maior.
04:52Observe a teia de interesses que a China cumpre na América Latina.
04:59Todos nós sabemos aquele ditado eterno.
05:02A América Latina se inclina muito para onde o Brasil se inclina.
05:07Trump tratou, de alguma forma, prestar atenção nessas realidades.
05:12É interessante para Trump fazer isso?
05:14Isso é.
05:15Ele equilibra o jogo com a China no Atlântico Sul?
05:21Equilibra.
05:22Isso interessa.
05:24Isso produz votos na sofrida e difícil eleição em alguns condados latino-americanos dos Estados Unidos?
05:33Produz.
05:34Ele fez.
05:34Então, de alguma forma, é um conjunto, é um processo do qual a retirada do nome do Alexandre de Moraes e da esposa da lei Magnitsky é um item, é um passo.
05:48E foi absolutamente medido.
05:51Eu vou passar para a pergunta do nosso analista de política e economia, Vinícius Torres Freire.
05:56Vinícius, por favor.
05:58Professor, boa noite.
05:58Essa retirada do nome do Moraes e mulher da lista da Magnitsky, pelo menos para mim e para muita gente, foi surpreendente.
06:07Até porque, pelo puro cálculo político, o Trump não ganharia nada imediatamente dentro de casa, como fez com a redução de tarifas.
06:16Então, ele poderia deixar isso na mesa como um elemento de negociação.
06:20Mas fez e isso mostra que a relação com o Brasil está mudando ou mudou bem.
06:25Mexeram as tarifas, discute, conversa com o Lula pessoalmente pelo telefone, falaram até sobre combate ao crime, tirou o Moraes da Magnitsky.
06:36Então, parece que as relações estão muito, infinitamente melhores do que estavam em julho.
06:41Agora, a gente tem um problema grave aí pela frente, que é a Venezuela, que provavelmente os Estados Unidos vão tomar alguma medida parecida com a de guerra
06:48ou algum tipo de ataque mais substancial contra o país, a não ser que o Maduro renuncie ou faça uma concessão gigantesca.
06:56E está ameaçando, inclusive, a Colômbia, de maneira muito grave.
07:00O senhor acha que, nessa relação, agora, o Brasil pode ter alguma influência no que os Estados Unidos podem fazer?
07:06Ou, no mínimo, ser um mediador depois de um ataque inicial?
07:10Porque o caso vai ser complicado.
07:12É quase guerra aqui na América do Sul.
07:14Eu concordo inteiramente que o episódio Venezuela é um passo fora do caminho.
07:24É uma pedra aí bem complicada no caminho.
07:28E a diplomacia brasileira já percebeu que precisa tratar do episódio Venezuela com muita sensibilidade, com muita calma.
07:38Eu concordo com a tua análise de que alguma guerra acabará acontecendo.
07:45É bastante provável, porque ele colocou uma quantidade fora do comum de dispositivos militares.
07:54Um recuo nessa ordem seria grave.
07:58Outra situação é o que ele exige, a renúncia de Maduro.
08:02Nós vamos ter, sabe, Vinícius, a gente precisa ter clareza sobre o regime venezuelano.
08:08Maduro é uma peça do regime e uma peça, talvez, menor.
08:14Observe bem isso.
08:17O governo venezuelano, ele é um governo militar.
08:21A gente precisa ter sempre presente isso.
08:24Em um estilo mais ou menos único na América Latina.
08:27Os militares venezuelanos se imbricaram, se envolveram, entraram na teia econômica.
08:34Não há uma única empresa privada, média ou grande, que não tenha pelo menos dois ou três coronéis no seu staff.
08:44Isso, a PDVSA, que é a galinha dos ovos de ouro, a PDVSA, o petróleo, a Petrobras deles, é todinha composta de generais.
08:55Eles participam da vida econômica do país ativamente, se beneficiam disso.
09:03A oposição de Maria Corina não percebeu isso e aconteceu o que aconteceu.
09:11Trump mandou para a Venezuela alguém que sabia do que fazia, o mesmo que esteve no Brasil, Richard Granel.
09:18Quando a gente olha para isso, a gente tem que ver que Trump procura um outro perfil de informação,
09:25além daquele do Departamento de Estado, que é ideologizado, é Marco Rubio, é tudo que a gente já sabe.
09:34Esse outro elo deu alguns passos na questão da Venezuela.
09:40Vinícius, antes da chegada dos navios, uma semana antes, por interferência do Richard Granel,
09:55o Trump assinou a retirada das sanções da Chevron, que era a maior investidora em petróleo,
10:03renovou, conseguiu fazer a Venezuela voltar a produzir 500 mil barris dia,
10:08naquela era de crise, de fim de sanções, do acordo de barbados lá na era Biden.
10:17O Trump foi ajudado muito pela indústria petrolífera.
10:23A Chevron é a maior delas.
10:25A Chevron disse, olha, eu pus muito dinheiro na Venezuela.
10:27Dois, o outro lado, lei só petrolífera e não respeita linha geográfica.
10:37A Goiânia, por baixo, tem uma série de petrolíferas europeias, chinesas, asiáticas,
10:44até a Petrobras está lá na Goiânia.
10:47Porque o petróleo vai por baixo.
10:51As americanas vão fora.
10:53A Venezuela, provavelmente, chegou lá, entrou, retirou as sanções para a Chevron,
11:02a Chevron fez a entrada lá e os militares venezuelanos subiram o preço.
11:09Quando eles subiram o preço, eles viram qual era o tamanho de com quem eles estavam se metendo.
11:15Então, de alguma forma, o acordo possível com a Venezuela passa pelo que a Venezuela é.
11:20A gente fala Venezuela igual petróleo.
11:23A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, o maior que a da Anábia Saudí.
11:30Todo o Vale do Orinoco, a região de Sequibo.
11:34É essa região toda, quando a gente olha para isso,
11:38a gente percebe que o acordo com a Venezuela faz parte das prestações de conta de Trump
11:45em relação à petrolífera, do mesmo jeito que ele fez com as Big Techs.
11:49Então, é delicado, é.
11:52Provavelmente, se o Maduro disser, olha, não é Maduro, né?
11:56Se o grupo militar disser, olha, chegamos num preço, acordamos num preço,
12:03não exigimos demais, nós chamamos que os Estados Unidos tinham recuado,
12:07vai fechar, talvez tenha um ataque aéreo numa linha para prestar contas e a vida segue.
12:13Se isso não acontecer, é esta diplomacia brasileira que está presente.
12:20A diplomacia brasileira quer reduzir dano, porque é muito grave para a América Latina
12:25se nós tivermos, por exemplo, no quadro da América Latina, uma nova invasão militar.
12:31Não é só porque depois que os Estados Unidos entram, como é que se tira?
12:35É o quanto mais eles vão avançar.
12:37Exatamente o que você lembrou, pode vir Colômbia junto, pode vir outras situações piores.
12:44Nesse quadro, a diplomacia brasileira está jogando no seguinte,
12:47vamos apostar no estrago menor quando a gente fala de Venezuela.
12:52Professor, muito obrigada, muito bom te ouvir sempre.
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