José Maria Trindade analisa os bastidores da indicação do senador Flávio Bolsonaro (PL) como candidato à Presidência. O comentarista afirmou que a ideia inicial era o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), e fala sobre a força da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
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00:00José Maria Trindade, eu quero saber de você, como é que você avalia essa decisão e também a partir dos bastidores que você conhece do PL, dessa cúpula,
00:10como é que a decisão de Bolsonaro bateu ali? Houve de fato uma negociação intensa ou tudo indica que a nomeação aconteceu sem que houvesse, digamos assim, um acordo totalmente fechado com a presidência do PL?
00:25Estava programado, houve muito bastidor. Olha, Cine, o Dom João, que gostava do Brasil, foi um grande imperador, ele disse a Dom Pedro I, quando Dom Pedro voltou do Brasil para Portugal,
00:41volte, ponha a coroa na sua cabeça antes que algum aventureiro lance mão dela. Foi um conselho de Dom Pedro, no sentido de que Dom João, para que Dom Pedro assumisse,
00:54ele veio e decretou a independência do Brasil. Por que isso? É o sentido de que não se pode deixar vago um clã político como esse.
01:04É necessário dizer que a maior força da política brasileira está no anti-Bolsonarismo e a segunda anti-Lula.
01:13Isso já está definido. E não tem líderes que possam assumir uma situação diferente.
01:20Então, é evidente de que existe, sim, uma grande força política em torno de Bolsonaro, mas não é a maior força política do Brasil.
01:29Se houver uma dispersão dessa força, o clã se acaba, o clã Bolsonaro.
01:35Então, era previsível que um Bolsonaro estivesse na chapa da disputa da presidência no ano que vem.
01:43Isso eu tinha certeza.
01:44Inicialmente, a ideia era Eduardo Bolsonaro.
01:47Os dois tiveram uma conversa e aí definiram o que seria Flávio Bolsonaro.
01:52Eu fui, vamos dizer assim, descartado dessa história, porque eu fui atrás de informações e não é comum no jornalismo alguém negar.
02:03Diz assim, eu não sei. Aí te deixa livre para continuar investigando.
02:07Mas me disseram peritoriamente, não será.
02:10Aí eu parei.
02:12Mas, na verdade, o que existia era uma disputa interna no clã.
02:16A Michele Bolsonaro pode acreditar, hoje é mais forte do que os filhos dela.
02:23E essa última disputa que ela ganhou, fez o Flávio recuar, foi uma demonstração de que ela é a estrela hoje da família.
02:32E provoca ciúmes, provoca guerras, inclusive com a participação da ex-mulher de Bolsonaro, mãe do Flávio Bolsonaro.
02:40A guerra era interna ali para saber quem seria, mas todos sabiam aqui de que seria o nome Bolsonaro para constar na chapa.
02:50É uma chapa importante, com perigo de ir para o segundo turno e forçar ali esse grande grupo de anti-Lula ter que votar no Flávio Bolsonaro.
02:59Quando eu digo ter, é porque ele não tem a direita toda, mas a direita vai com ele, no caso de Flávio Bolsonaro entrar para o segundo turno, como tudo indica.
03:11É uma força que vai para o segundo turno.
03:14Isso já, dependendo do vice que ele decidir, não diria escolher, ele não está em condição de escolher um vice, ele pode articular e negociar um vice, né?
03:25Ele fica uma chapa forte para ir para o segundo turno, né?
03:29E isso, para a família, eu diria que é o melhor sinal.
03:34Melhor perder com um Bolsonaro na cabeça de chapa do que ganhar com outro.
03:41É a história que eu te disse do Dom João aconselhando o Dom Pedro I.
03:46Se não colocar a coroa na cabeça, outro aventureiro chega e coloca.
03:51Então, esta é a situação.
03:53Então, repito, a Michele Bolsonaro hoje é o nome mais forte e mais, diria assim, pragmática da família.
04:03Mas me disseram aqui que o Flávio, entre os Bolsonaro, é também o mais tranquilo, que negocia e que tem mais condições de fazer aliados na direita.
04:15Agora, vamos lá. Isso é um choque, é um prejuízo para o grupo da direita.
04:21É, mas eu entendo que o grupo Bolsonaro tem o direito de fazer isso e defender as suas posições e as suas situações.
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