Os Estados Unidos orientaram cidadãos a não viajarem para a Venezuela em meio à escalada da crise. Além disso, segundo informações do The New York Times, o presidente Nicolás Maduro, por sua vez, reforçou a segurança, trocando celulares e casas, devido à pressão dos EUA. Reportagem: Eliseu Caetano.
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NotíciasTranscrição
00:00O Departamento de Estado Norte-Americano emitiu um novo alerta para quem planeja viajar para Venezuela.
00:05Vamos entender mais essa decisão de Donald Trump com o nosso amigo Eliseu Caetano,
00:10nosso correspondente lá nos Estados Unidos.
00:12Fala aí, Eliseu, bem-vindo. Boa tarde, meu amigo.
00:15Salve, salve, Evandro Cine. Muito boa tarde para você, para os nossos colegas debatedores aí no estúdio do 3 em 1
00:22e para todo mundo que acompanha a programação da Jovem Pan.
00:24A gente volta a falar ao vivo, direto dos Estados Unidos,
00:26porque o Departamento de Estado americano reemitiu, renovou o aviso de viagem para Venezuela hoje.
00:34A partir de agora, há um aviso formal para que cidadãos dos Estados Unidos não viajem à Venezuela.
00:41Esse aviso, segundo a nota, substitui o anterior emitido em 12 de maio deste ano.
00:47O texto completo do novo aviso já foi, inclusive, repostado agora no início da tarde desta quinta-feira
00:53pelos consulados e embaixadas dos Estados Unidos ao redor do mundo.
00:58E diz o seguinte,
00:58Não viaje ou permaneça na Venezuela devido ao alto risco de detenção injusta,
01:04tortura sob custódia, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária de leis,
01:10agitação civil, infraestrutura de saúde, criminalidade.
01:16Todos os cidadãos e residentes permanentes, ou seja, exportadores de green card,
01:21dos Estados Unidos na Venezuela são fortemente aconselhados a deixar o país imediatamente.
01:30O Departamento de Estado dos Estados Unidos também retirou todo o pessoal diplomático
01:35da Embaixada dos Estados Unidos em Caracas, como a gente recorda,
01:39movimento que aconteceu desde 2019, e suspendeu todas as operações desde então.
01:44De lá para cá, os serviços consulares, rotineiros, de emergência,
01:49todos continuam suspensos e os Estados Unidos avisam, até um período indeterminado.
01:57O governo dos Estados Unidos ainda reitera na nota Cine
02:00que não tem capacidade de fornecer serviços de emergência
02:04ou consular a cidadãos estadunidenses na Venezuela.
02:09Qualquer pessoa com cidadania americana ou outro status de residência dos Estados Unidos
02:14que esteja na Venezuela, eles reforçam.
02:17Devem deixar o país imediatamente, incluindo aqueles que estão viajando
02:23com passaportes venezuelanos ou de outros países.
02:26E o aviso termina com a seguinte frase,
02:29não viaje para a Venezuela sob hipótese alguma.
02:33Eu volto com você no estúdio, Cine.
02:35Agora, Eliseu, o jornal The New York Times, segundo o jornal,
02:39o ditador Nicolás Maduro estaria reforçando a segurança.
02:44Ele está sentindo mais essa pressão que vem agora de todos os lados pelos Estados Unidos,
02:49inclusive por meio dessas decisões?
02:51Essa situação já era imaginada por todos nós, não apenas aqui nos Estados Unidos,
02:56mas agora veio a confirmação com base em fontes.
03:00O The New York Times, um dos jornais mais importantes do planeta,
03:03trouxe detalhes desse nível de pressão que Nicolás Maduro tem sofrido.
03:08Segundo o jornal, ele tomou medidas drásticas, como por exemplo,
03:12passou a trocar de aparelhos de celulares constantemente,
03:16pelo menos um aparelho por semana.
03:18As linhas, mesma coisa, a partir de agora Maduro usa celular pré-pago.
03:23Outra coisa, para evitar qualquer possibilidade de rastreamento,
03:27ele também deixou de dormir no mesmo lugar por mais de três dias.
03:33Ele não apenas muda de prédio e de casa, como ele muda até de cômodo durante a permanência dele.
03:41A mudança dele de cômodo é vista apenas por poucas pessoas que estão ao lado dele.
03:46Isso para tentar impedir qualquer possibilidade de ataque hostil por parte dos Estados Unidos.
03:54Ou seja, ele está aí revezando não apenas a residência,
03:57mas até a cama que ele está dormindo dentro dessa resistência.
04:00Uma prática típica de Alves, sob ameaça direta.
04:04Fontes do governo venezuelano ainda afirmam que ele está tentando,
04:08de todas as maneiras que podem, reduzir a sua vulnerabilidade
04:12e impedir que a sua localização seja monitorada.
04:16Agora, tem um detalhe interessante nisso, Sine,
04:19porque o reforço da segurança ainda envolve a presença crescente de agentes cubanos,
04:25considerados por Caracas uma camada extra de lealdade em comparação com parte das forças venezuelanas.
04:32Porque vale lembrar que há dissidentes do regime venezuelano
04:38e há uma recompensa de 15 milhões de dólares sendo oferecida pela cabeça de Nicolás Maduro pelos Estados Unidos.
04:45Aliás, esses agentes cubanos, treinados em inteligência e até contra-espionagem,
04:51passaram a integrar desde então as operações diárias ao lado das forças armadas venezuelanas,
04:57monitorando aí as rotas, acessos e até mesmo comunicações internas.
05:02Ou seja, é o clima de tensão entre Estados Unidos e Venezuela,
05:06ganhando novo contorno na tarde desta quinta-feira.
05:09Eu volto com você no estúdio.
05:10Muito obrigado pelas informações, Eliseu Caetano.
05:12Um abraço para você.
05:14Piperno, que vida, hein?
05:15Como é que você avalia essas decisões que estão sendo tomadas por Donald Trump
05:19e que agora também alteram cada vez mais o modo de vida de Nicolás Maduro?
05:23Bom, primeiro que eu sempre reforço aqui o quão lamentável eu acho que é a figura de Nicolás Maduro.
05:30É óbvio que ele é um ditador cruel, enfim, não deveria estar lá já há muito tempo.
05:36De qualquer forma, a presença do Maduro na Venezuela não dá a país algum o direito de querer invadir a Venezuela,
05:44de decretar uma guerra contra a Venezuela, até porque há uma penca de ditadores espalhados pelo mundo.
05:51Por que a Venezuela?
05:52Ah, porque é um ditador de esquerda?
05:54Opa!
05:54Então, abre-se um precedente muito perigoso, até porque é um conflito que pode escalar.
06:02Pode, inclusive, até mesmo trazer levos de imigrantes, de foragidos venezuelanos pra cá.
06:08Sem contar que pode entrar a Rússia, pode entrar outros países.
06:11E nos últimos dias, hoje, aliás, saiu até a informação de que o empresário Joesda e Batista
06:20foi até Caracas conversar com ele e sugeriu ao Maduro que fosse embora.
06:26Algo que Maduro teria sido o principal tema da conversa entre Maduro e Donald Trump
06:35em uma conversa telefônica que agora, pelo que se sabe, foi intermediada por Brasil e Turquia, mas não houve acordo.
06:44Exatamente. Inclusive, né, houve uma dúvida sobre esse cumprimento ou não em relação a Nicolás Maduro,
06:49porque ele passou uns dias desaparecido, ninguém ouvia falar, ouviu nenhuma imagem de Nicolás Maduro
06:57e depois ele resolveu aparecer novamente em público pra dizer e passar a mensagem de que sim,
07:03permanecia no país e de que não iria adotar a determinação que foi feita pelo presidente norte-americano.
07:10Uma ótima tarde pra você que nos acompanha pela rádio.
07:12Bem-vindos. Como é bom ter vocês por aqui.
07:15Agora, às 5 horas da tarde, eu sou o Evandro Cine e seguimos juntos no nosso 3 em 1,
07:19unidos em todas as plataformas.
07:21Nesse momento, nós estamos discutindo decisões que estão sendo tomadas pelos Estados Unidos
07:25e que aumentam cada vez mais a pressão sobre o líder venezuelano, Nicolás Maduro.
07:30Fala, Bruno Musa.
07:32Veja, não só o Maduro apareceu em público, como apareceu dançando.
07:36Eu sei que as dancinhas dele, né, que chega a ser um tanto quanto patético nesse momento.
07:41Querendo mostrar que ele tá tranquilo com toda essa rotina que o Eliseu Caetano acabou de mostrar pra gente, né,
07:46dorme cada dia num lugar, troca de celular todos os dias e tá usando pré-pago.
07:49Pois é. Eu vou tomar liberdade respeitosamente de discordar aqui do Piperno,
07:54porque eu acho que a Venezuela já passou do tempo de uma determinada intervenção.
07:58Sei que isso é bastante complicado de ser discutido.
08:01Mas eu acho que determinadas ações que você faz reverberam na vida de terceiros.
08:06E o que a Venezuela tá fazendo...
08:08Eu estive lá três vezes, a última vez foi em 2023, produzindo um documentário.
08:1220% da população fugiu.
08:13São aqueles que conseguiram fugir.
08:1520%.
08:16É a maior fuga de pessoas em um país fora de guerra da história.
08:2120% da população.
08:22Era 35 milhões de habitantes.
08:24São 27, 28 milhões agora de pessoas.
08:26Inclusive, aqui no Brasil, que é um dos receptores.
08:29A Colômbia é o maior receptor de 4 milhões e meio, mais ou menos, de venezuelanos.
08:33E eu até hoje converso com pessoas.
08:35Hoje eu tava conversando com o pessoal de lá pra entender como tá o clima nas ruas.
08:39E a verdade é que, no meu entender, a Venezuela, obviamente, é um país estratégico por conta da questão militar.
08:47Por conta de passagem de drogas que chegam nos Estados Unidos.
08:51E é a segunda maior reserva de petróleo do mundo.
08:54Ou seja, nós estamos falando que ali, realmente, uma reserva bilionária a ser explorada.
08:59Num país que tá completamente sucateado.
09:01E 93% da população tá abaixo da linha da pobreza.
09:04Num regime brutal.
09:07Ditadura completa.
09:09Então, o que me chama mais atenção é que a receita é sempre a mesma em todos os países.
09:16Quando esses países autoritários...
09:18E veja, cada país que tem reservas naturais abundantes tem uma tendência maior a ter governos autoritários.
09:26Puxa na história.
09:28Por quê?
09:28Porque há mais autoritarismo que aparece pra explorar aqueles recursos naturais.
09:32E vou finalizando.
09:34Sempre pra dizer, o petróleo é nosso.
09:36O recurso natural é nosso.
09:38E aí tem uma frase que eu gosto muito do literato Samuel Johnson, que é um inglês, em que ele fala o seguinte.
09:44O patriotismo é o último refúgio do canalha.
09:47E é justamente o que Maduro tem feito, assim como outras pessoas e países aqui ao redor.
09:52Sempre chamando aqueles poucos que ainda o apoiam pro tal patriotismo.
09:56Defendem o nosso país, a pátria, contra os ianquis, contra o imperialismo.
10:02É sempre a mesma coisa até que eles caíram.
10:04Aconteceu com o Kadhafi, aconteceu com o Saddam Hussein e tá acontecendo agora com o Maduro.
10:09Que foi, Piperno.
10:10Ótimos exemplos.
10:11No caso do Kadhafi.
10:13Ele foi preso, morto.
10:14A Líbia se desintegrou, se fragmentou enquanto país.
10:17No caso do Saddam Hussein.
10:21Houve intervenção americana, piorou o país.
10:24Aqui na América Central.
10:26Por exemplo, Haiti.
10:28Chegou ao ponto da ONU, enfim, das Nações Unidas, criarem aquela missão lá.
10:34Enfim, a Minostak Brasil, inclusive, comandou durante muitos anos.
10:38Até mesmo o general Augusto Heleno chegou a ser chefe.
10:41Porque vamos consertar o país.
10:44O país ficou pior.
10:46Também na América Central, em Cuba.
10:51Quantas décadas os Estados Unidos perderam tentando derrubar o regime de Fidel Castro.
10:56Fidel Castro só saiu do poder depois que morreu.
10:59Então, as coisas não são tão simples assim.
11:02Primeiro que nenhum país tem o direito de intervir no outro.
11:07A não ser que haja lá, enfim, uma decisão das Nações Unidas.
11:11Até porque, enfim, a ONU também existe pra isso.
11:15Agora, imagina se, por exemplo, a China toma a decisão de falar,
11:18bom, pera lá, esse país é meu aliado.
11:21Não vou deixar que aconteça isso.
11:23Porque se alguém se dá o direito de querer invadir,
11:28o outro pode também se dar o direito de querer defender.
11:31Então, o conserto das Nações, ele não pode ficar o tempo todo vulnerável
11:38a esse desejo, por exemplo, de invasão, de intervenção.
11:41José Maria Trindade, o Piperno estava destacando agora há pouco
11:44a participação do Brasil nessa tentativa de negociação,
11:47ou de pelo menos se colocar como um interlocutor.
11:50Como é que você avalia a maneira, o posicionamento do Brasil?
11:54Até porque qualquer tipo de intervenção mais dura dos Estados Unidos na Venezuela
11:58vai trazer uma consequência grave aqui pro nosso país,
12:02porque é a gente que tá territorialmente ao lado, né?
12:05E se a evasão lá do país já é enorme, imagine com uma escalada desse conflito.
12:11Como que as autoridades brasileiras estão olhando pra isso, hein, Zé?
12:15Olha, nas conversas que eu tive com os comandantes militares aqui,
12:18eles consideram real a possibilidade de invasão ou de interferência
12:24dos Estados Unidos na Venezuela, né?
12:26E também, por enquanto, eles descartam a possibilidade
12:31de qualquer tensão ou hostilidade dos Estados Unidos contra o Brasil.
12:37A coisa é a Venezuela.
12:39A nossa Constituição e toda a nossa cultura
12:41é no sentido de autodeterminação dos povos.
12:44Isso está logo na abertura da Constituição, né?
12:48Que o Brasil é pelo diálogo, pela paz e pela autodeterminação dos povos.
12:53Só que os povos venezuelanos já perderam essa possibilidade de autodeterminação.
12:5920% saíram.
13:01Eu conversava aqui com o general Pazuello,
13:04que foi o chefe lá daquela Operação Boas Vindas,
13:08e ele falando da dificuldade de receber as pessoas
13:11e a quantidade de gente todos os dias chegando no Brasil,
13:15a dificuldade de identificar.
13:17Ninguém sabe quem entrou no Brasil.
13:20Porque ele me disse, olha, ele era o chefe da Operação Boas Vindas.
13:23A Venezuela não tem dados confiáveis sobre as pessoas.
13:27Então, chega um bandido lá, um de facção,
13:32junto com outro cidadão de bem,
13:35e ele declara, declaratório, ele declara nome,
13:38e ali ele ganha um CPF e um nome no Brasil,
13:41porque o imigrante dá um nome e entra no Brasil.
13:45Veja as consequências disso, né?
13:47E lá na Venezuela é preciso acontecer alguma coisa,
13:50porque o Maduro já passou das contas
13:53e já passou das possibilidades de uma solução interna.
13:58Ali estão interesses externos, sim,
14:00são milícias e muita arma.
14:03As informações onde existem,
14:05há muitos fuzis, carros de combate,
14:07e muitos caças,
14:09só os caças que há dúvidas sobre a manutenção
14:12e a possibilidade de voo deles, né?
14:14Mas, enfim, e a mesma avaliação
14:16diz que uma intervenção por terra
14:18dos Estados Unidos lá
14:19será complicadíssima.
14:21Então, a guerra pode, sim, demorar,
14:24ser demorada,
14:25e, por que não, arrastar outros países?
14:28Ou seja, sofreremos consequências.
14:30Então, é lícito, é justo,
14:33que o Brasil se ofereça
14:34para intermediar
14:35uma possibilidade de saída.
14:38Não se pode tolerar um ditador
14:40tão próximo, um vizinho tão mal
14:41aqui do nosso lado.
14:43Eu acho que o Brasil
14:43deveria ser até mais atuante
14:45no sentido de tirar o presidente,
14:48o diretor, o ditador norte-americano,
14:51o ditador maduro do poder
14:54e não pensar em algo democrático lá,
14:58porque todas as possibilidades
15:00já estão zeradas.
15:01Não existe mais possibilidade
15:03de uma ação democrática
15:04lá na Venezuela.
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