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00:00Olá pra você ligado no YouTube do Lance, estamos aqui com a Jéssica Lima.
00:05Jéssica, um prazer enorme falar com você.
00:07Você foi jogadora, hoje é jogadora, treinadora, já foi preparadora física, auxiliar,
00:13já cumpriu todas ou quase todas as funções dentro do futebol, em especial o futebol feminino.
00:19Prazerzão falar com você, acho que esse papo vai render.
00:23Prazer, é tudo meu, muito obrigada, agradeço o convite,
00:26e com minutos da série a gente tá se encontrando e falando sobre uma coisa que eu gosto muito,
00:30futebol, lance tendo um espaço enorme para o futebol feminino,
00:34é um momento onde a gente tem uma Copa do Mundo, então é muito legal falar sobre isso.
00:39Jéssica, boa tarde, vou começar aqui a falar com você.
00:43Primeiro eu queria que você falasse um pouquinho sobre essa transição.
00:46Eu acho que o primeiro ponto da tua trajetória é que tu veio,
00:49tu é de uma geração, tem 44 anos, tu é de uma geração de atletas
00:53e eu quis inserir a comissão técnica, e eu quis inserir porque existe todo um trabalho ali
00:58de curar mesmo essa folha de que até então era só comandado por homens.
01:03Eu queria que você falasse sobre esse processo de transição,
01:06você saiu do campo e parei para uma comissão técnica.
01:10Bom, primeiramente eu já comecei a fazer uma transição de carreira a um longo prazo,
01:15acho que o meu caso decede um pouquinho até pelo contexto financeiro que a gente vivia.
01:20Eu me formei em 2004, em Educação Física, fui bolsista de uma faculdade por meio do futebol,
01:29e aí eu consegui já ser inserida lá, propriamente no Rio Preto, já em cargos de futsal.
01:37Eu estava muito de futsal, talvez o meu berço de formação foi o futsal,
01:41sob o ponto de vista técnico, então comecei a trabalhar com o futsal e também com o futebol
01:46fim de base, né? Eu fiz uma escolinha, porque não tinha as meninas, iam lá,
01:50queriam jogar no time profissional, mas elas tinham 12, 13 anos, elas iam embora,
01:54eu ficava triste, falava, pô, meu, da oportunidade, comecei a trabalhar com meninas na base.
01:58Depois eu acabei migrando como preparadora física da equipe principal,
02:03trabalhei também no masculino, né? Eu fui preparadora física na Copinha, 2016,
02:08no masculino principal do profissional do Rio Preto, também trabalhei com os meninos,
02:12então já fazia essa migração, continuando jogando. Então eu consegui meio que aliar essas questões,
02:20essas coisas, até para... Tinha uma motivação, até porque eu gostava, mas também tinha uma motivação
02:26financeira, porque infelizmente o salário era ajuda de custo, não era salário.
02:32E que hoje isso me trouxe, assim, uma experiência incrível. Imagina, eu era preparadora física e eu,
02:38às vezes, dava o treino. Então, imagina, e eu era jogadora. Então, eu pensava o treino,
02:45estudava sobre o treino, executava, tinha que passar para as meninas e executava.
02:49Então, várias vezes eu executei, eu passei o treino e no final do treino ele não propôs aquilo que eu queria
02:56que inicialmente eu tinha pensado. Então, isso hoje, como treinadora, um treino, quando eu vou fazer,
03:02eu sei exatamente se ele está propiciando aquilo exatamente que eu quero passar. Eu quero fazer um treino
03:07de transição defensiva de um pé de pressona. Hoje eu consigo enxergar muito bem, mas porque eu fiz em louco,
03:13eu fiz ali. Então, imagina o quanto isso me trouxe hoje de primazia no meu trabalho, de experiência.
03:21Então, essa transição já começou desde 2008, que é o que eu digo que eu farei em 2018. Então,
03:28paulatinamente, eu consegui olhar, eu conseguia ter um olhar de treinadoras também do campo.
03:34Perfeito. Eu conversei com a Rosa Ana Augusta, na final da Copa do Brasil, em Araraquara,
03:38nos estivemos lá, e ela falou um pouco sobre o grupo de vocês, né, que vocês se reuniram.
03:42Sempre tem um registro lá no Instagram, fico acompanhando, e com a professora Júlia também,
03:47na final do campo. Então, eu queria que você falasse um pouquinho os objetivos desse grupo,
03:51e como vocês têm que se fortalecer no entanto?
03:53Ah, o grupo começou a se reunir com o objetivo, primeiramente, de algumas inquietações e indignações
04:02que nós estamos tendo. Uma delas é o baixo número de profissionais na Série A1,
04:10segundo as motivações que elas estão saindo dos clubes. Então, quase na sua unanimidade,
04:17é por comportamento, não estou falando que a Série está errado, e não por resultado.
04:23Então, mesmo que ela queira sair, que seja como um acordo, ou que ela foi mandando embora.
04:31Então, não digo que são todos os casos, claro que não, mas na sua maioria é verbalizado isso.
04:39Um olhar muito grande ao comportamento da mulher, do que ela é capaz de fazer.
04:44E fez com que motivasse a gente se unir para tentar identificar e saber que caminho a gente tem que tomar.
04:53Porque, como você citou, a Júlia é uma pesquisadora que traz números assustadores,
04:59que são pouquíssimas mulheres que, mesmo feminino, está conseguindo conquistar o espaço e está perdendo espaço,
05:08por causa da visibilidade da relação humanitária, a tendência do marco feminino vir para o feminino é muito grande.
05:15Então, esse grupo se originou, está se originando nisso, no sentido de que, primeiro,
05:21identificamos quem é a treinadora brasileira, segundo nossas dores, vulnerabilidades e desafios,
05:28e agora, mais para frente, a gente vai tentar entrar com ações e identificar o que a gente pode fazer em ações práticas.
05:34A Júlia trouxe algumas, para que esse movimento tenha a força de estar levando sugestões a uma federação.
05:41Ontem, conversei com o presidente da Federação Paulista, falei para ele sobre o movimento,
05:46ele falou que vamos conversar em outro momento, que ali eu só queria falar com ele.
05:49Já tinha até falado com a Kinsaito, da federação, eu acabei não conseguindo ter um novo contato com ela,
05:56mas já tinha explanado isso.
05:59Falei também com a Aline Pelegrino sobre esse movimento que a gente está fazendo,
06:02a fim de termos medidas, sugestões, meios em que nos contribua, porque existe um ponto que ele é a chave nisso.
06:13Todo mundo quer muito dar oportunidades para as mulheres, em tudo.
06:17Em fomento, em desenvolvimento de atleta, em tudo.
06:21Legal. Mas eu acho que isso já está acontecendo.
06:24Mas eu percebo que, qual é o suporte dessas mulheres, sendo que na maioria das vezes é a primeira experiência dela.
06:31Isso está sendo um gargalo, não só nas treinadoras, não só nas gestoras, está sendo muito tentativa e erro.
06:39Por isso que cai na questão do compradimento.
06:41Então, nós somos a primeira geração de treinadoras, em termos de números, que teve outras, mas em outro contexto,
06:49e esporadicamente, teve uma magalia aqui há 30 anos atrás, mas era sozinha.
06:54Então, era um outro contexto.
06:56Então, não é sobre quem é, que somos pioneiras ou não, mas estamos enfrentando problemas pioneiros que estão acontecendo.
07:06Então, assim, isso visa a gente se fortalecer.
07:09São 18 profissionais, tem outras também, porque a gente começou primeiro pegando a Série A1.
07:13Vamos unir a Série A1, vamos conversar, depois pegando a Série A2.
07:18Aí foi agregando, aí foi uma...
07:21Pô, Jéssica, queria participar, vamos participar.
07:23Então, nos primeiros dois encontros a gente conversou sobre nós,
07:27sobre nossas vulnerabilidades, desafio, um lugar seguro para a gente falar de si.
07:31Porque os cursos falam 99...
07:35São casos masculinos.
07:37Então, você vai num curso do CDF A, ele fala de um treinador, que quando ele...
07:42O jogador, o contexto totalmente diferente.
07:46Então, imagina, você tem que nem duas mães lá, que são mães...
07:50São duas treinadoras que são mães, são eu e a Emily, que são mães.
07:54Então, a gente já tem um que diferente de um treinador...
07:57Eu não conheço nem um treinador homem, pai solo, que ele cuida do filho e é treinador.
08:04Não, não tem, então.
08:05E para poder falar assim, ele cuida mesmo, solitário.
08:09Não que ele não cuide, mas que ele tenha um olhar atencioso nesse sentido.
08:13Geralmente, deixa para a mulher trabalhar até os próprios jogadores.
08:16Então, esse movimento que a gente está criando é para que a gente fortaleça, fortifique.
08:22E a gente nos acolha também nas nossas dores.
08:25Porque a gente não tem referência de olhar para falar assim,
08:28aquela fez isso nesse determinado momento.
08:30Porque, que nem eu citei, as outras treinadoras não tiveram
08:33de uma comissão com 10, 12 que eu tive.
08:36Elas não tinham 30 meninos, elas não tinham departamento de fisiologia,
08:40elas não tinham a imprensa como tem hoje.
08:43Hoje a gente vê o maior...
08:45Não tem o nível de pressão que tem hoje.
08:47Não tem um diretor, um supervisor, um diretor técnico e um presidente.
08:51Então, a gente tem que aprender a lidar com tudo isso.
08:54E esse movimento que origina um pouco dessas questões que a gente está tendo a trabalhar.
08:59Perfeito.
08:59E aí, eu vou puxar um tema desse movimento também,
09:01que eu acho que pode ser tratado entre vocês, não sei, também nos seus partidores.
09:05Mas, Jéssica, você é uma treinadora que passou quatro temporadas na ferroviária,
09:10fez um trabalho muito notável.
09:11Eu lembro quando eu comecei que vocês estavam na vice-liderança do Brasileirão.
09:15A gente até falou sobre a análise de desempenho a pouquinho.
09:18E você teve, né, Copa Paulista, enfim, teve campanhas, assim, muito marcantes.
09:23Mesmo assim, você deixou a ferroviária em junho, julho, né?
09:26Você sai da ferroviária.
09:28E, desde então, não se inseriu, até por questões pessoais,
09:31se quiser falar um pouco sobre isso, se não, tudo bem também.
09:34Mas o que eu quero falar aí, em relação à Emily também,
09:37essa volta ao mercado.
09:39Como você vê, não só se inserir, porque, como você falou,
09:42se inserir, todo mundo dá oportunidade.
09:44Mas essa continuidade, mas também, porque você tem essa experiência da longevidade,
09:49mas também esse retorno ao mercado.
09:52Olha, eu, no meu caso, né, muitas pessoas me perguntaram,
09:56vou até abrir aqui até para uma muita, muita gente,
09:59mas eu falo muito mais particularmente.
10:01Eu estou resgatando uma coisa que eu nunca vivi na minha vida.
10:04Eu nunca tive a possibilidade de poder falar assim,
10:06eu posso parar agora e ficar.
10:08Eu nunca tive isso.
10:09Então, desde os meus 16 anos,
10:12eu acabava a competição em novembro,
10:15eu tinha que arrumar alguma coisa para eu fazer,
10:16porque eu não tinha 13ª, eu não tinha trabalho, eu nunca tinha isso.
10:20Isso uma vez já me gerou uma depressão,
10:21já me gerou um burnout.
10:22Então, eu cheguei em 2015 a 2018,
10:27eu era treinadora, eu era jogadora,
10:30treinadora da base, preparadora física do time,
10:32no final do ano eu trabalhava com o masculino.
10:33Então, eu vivia em alta rotação o tempo inteiro.
10:38Quando eu estava na seleção brasileira e acabou,
10:40eu ia ficar um momento, eu me preparei,
10:44planejei financeiramente para eu ficar até fevereiro do outro ano,
10:49que era onde ia voltar a ter uma convocação,
10:53com a minha filha,
10:54que eu tinha ficado na Copa do Mundo um mês,
10:57eu tinha saído dela só uma semana,
10:58então eu ia ficar com ela,
10:59e a minha mulher ia continuar trabalhando,
11:01e eu ia ficar com a minha filha.
11:03Era a minha intenção essa.
11:05Mas uma semana ou duas semanas depois
11:06veio a oportunidade de ir para a Ferroviária,
11:10e eu fui para a Ferroviária.
11:12Na Ferroviária, eu inicialmente,
11:14não vou como CLT, eu nem tinha um contrato,
11:17de verdade,
11:17mas pela campanha que eu fiz em 2023
11:19e pela sede de alguns clubes,
11:21tinha duas propostas muito boas,
11:23de dois times grandes,
11:25para receber o dobro do que eu ia receber,
11:27vou falar a verdade para você,
11:28a Ferroviária veio com uma proposta
11:30de continuar a fazer um projeto a longo prazo,
11:34que me atraiu muito,
11:35que era em 2006,
11:36e com todo um know-how de manager no clube,
11:40isso explanado pelo gestor maior,
11:43você aqui está um manager,
11:44você não é simplesmente uma treinadora,
11:45você aqui,
11:46eu quero que você mexa em tudo,
11:47eu quero que você contribua com tudo,
11:51com tudo e metodológica.
11:52Tudo, isso, tudo.
11:54Até porque quando eu cheguei lá,
11:57tinha as categorias de baixo,
11:58tinha uma vontade de fazer,
12:00mas não tinha processo,
12:01não tinha meta,
12:02tanto que quando eu cheguei na Ferroviária,
12:03tinha mais de 30 meninos no elenco,
12:0534 meninas,
12:06e tinha 12 da base,
12:08que subiu do sub-20,
12:09que estava parado,
12:09que atrapalhava a equipe principal treinar,
12:12porque, como gerencia,
12:1334 meninos.
12:14Então, no primeiro momento,
12:16eu tive que falar assim,
12:16não dá para ficar com,
12:18a gente tem que trazer
12:19as que têm capacidade,
12:21as que vão,
12:22então a gente foi tentando trabalhar isso,
12:24contribuir com isso,
12:25e esse projeto de longo prazo
12:28era diferente,
12:29atraía,
12:30no feminino acontecia bastante disso,
12:32mas geralmente eram os donos do time,
12:35então você pega aí uma Doroteia e um Chicão,
12:37que eles eram donos do time,
12:38você pega um Edson,
12:40que era do Butacatu,
12:41ele era o dono,
12:42ele era um gestor,
12:43ele mexia com dinheiro,
12:44mexia com tática,
12:45mexia com logística,
12:47então tinha tudo isso,
12:49e agora não,
12:50então eu vi esse lugar
12:51onde esse planejamento ia acontecer.
12:54A gente está no meio do ano,
12:58a equipe oscilou negativamente,
12:59talvez a maior oscilação que eu tive
13:01dentro da ferroviária,
13:03e também passei por um processo pessoal
13:07muito pesado com a minha mãe,
13:08até cheguei a viajar uma vez
13:10com a minha mãe internada,
13:12quase,
13:14minha mãe foi um milagre estar viva até hoje,
13:16a realidade é essa,
13:17entendeu?
13:18Então a gente passou por um momento oscilatório,
13:20e aí a gente acabou saindo da ferroviária,
13:23e esse período,
13:26pela primeira vez eu tive uma rescisão contratual financiada,
13:31eu nunca tive isso,
13:34então provavelmente eu teria voltado a trabalhar,
13:37aceitando um projeto grande ou não,
13:39um time grande ou não,
13:40porque as propostas e sondagens da maioria não vieram,
13:45mas eu tive,
13:46e muitos falavam,
13:46Jéssica,
13:47você pode perder uma oportunidade de mercado,
13:50você pode perder um,
13:51mas não é sobre isso,
13:53talvez eu não seria uma treinadora
13:54naquele momento específico,
13:56porque logo em seguida vem a morte da minha melhor amiga,
13:58no dia da final do Brasileiro,
14:02eu estava com ela lá nas duas últimas semanas,
14:05com o paciente terminal em câncer,
14:07se não te ensinar alguma coisa na vida,
14:10nada mais te ensina,
14:12então eu aprendi,
14:15e vi o valor da vida de fato,
14:19sendo mãe ainda,
14:20então eu falei,
14:23eu só saio do trabalho aqui,
14:26se for uma proposta que me engrandeça
14:30e me enalteça muito,
14:31porque nesse momento eu preciso priorizar
14:34algumas coisas da minha vida,
14:35eu preciso se avaliar,
14:36e se eu voltar,
14:37uma treinadora é muito melhor
14:38do que talvez eu possa ter sido,
14:41e está sendo fantástico para mim,
14:43por isso que eu estou falando,
14:45eu brinco,
14:45são 44 anos de luta
14:47para cinco meses de glória,
14:48aí as pessoas falam,
14:51se você consegue ficar parado,
14:52sem fazer nada,
14:53não é que eu consigo,
14:54é necessário,
14:55a gente inverteu as coisas,
14:58sabe,
14:58a gente inverteu o nível de produtividade,
15:00lendo até hoje,
15:02ontem aliás,
15:03hoje o tempo que você,
15:07está sendo uma discussão muito grande,
15:08seis por um,
15:09seis por dois de trabalho,
15:10mas hoje o valor do tempo livre
15:14está sendo condicionante muito maior
15:16do que o valor financeiro
15:17para contratar alguém,
15:19em altos cargos também,
15:20não é só no cargo de uma categoria,
15:22os braçais,
15:25vamos dizer assim,
15:26então eu entendo isso,
15:28porque o futebol feminino
15:29está muito desgastante,
15:30porque está vindo a tercida do masculino,
15:32cobrando o feminino do mesmo jeito,
15:34e com preconceito e rede social hoje em dia.
15:39Todo mundo tem uma voz,
15:40todo mundo acha que tem o direito,
15:42todo mundo acha que sabe
15:43as coisas que estão acontecendo,
15:45tem muita coisa diferente de antes,
15:49então isso também é para me centralizar,
15:50então eu conversei com a minha família
15:53e falei que vou ficar até dezembro,
15:57janeiro de 26,
16:00tendo esse lugar dentro de mim,
16:03também coisas que eu precisava melhorar,
16:05coisas táticas que eu precisava estudar,
16:08inglês que eu preciso estudar,
16:09que estou estudando,
16:10então assim,
16:12tem muitas questões fortes,
16:14e eu entendo também o mercado,
16:15o mercado às vezes é o momento,
16:18é difícil acontecer quando sai
16:20no meio da competição,
16:24eu ainda fui no meio do ano,
16:25que geralmente ainda há alguns contratos
16:27que mudam no meio do ano,
16:29meio e final de ano geralmente,
16:31mas o futebol feminino está mudando também,
16:33então com essa pressão que está acontecendo também,
16:36você vai ver uma rotatividade maior,
16:39eu acredito que o ano que vem
16:40já vai ter uma rotatividade maior,
16:43então algumas oportunidades elas aparecem,
16:45vão aparecer,
16:46isso para mim é muito tranquilo,
16:49eu sou muito tranquila,
16:51quem trabalha com muita honestidade com o meu trabalho,
16:53trabalha para caramba,
16:54e sei que isso é competente,
16:57e na hora, no momento certo,
16:58as coisas vão aparecer na minha vida,
16:59então tem uma parte da Bíblia lá
17:02que eu gosto muito,
17:03que é o Eclesiástico,
17:04que fala sobre o tempo de tudo, sabe?
17:07E também tem o tempo de ser,
17:09tem o tempo de ser produzido demais,
17:11tem o tempo do cultivo,
17:14tem o tempo da loucura,
17:15tem o tempo de tudo,
17:16mas também tem o tempo que eu,
17:19para te falar a verdade,
17:21desde quando eu saí de casa com 16 anos,
17:25não teve um dia na minha vida
17:27que eu não visse futebol,
17:28não tentasse produzir algo como futebol,
17:29e eu fiquei três meses sem ver futebol,
17:32então isso para mim foi um...
17:34você fala, mas é loucura?
17:35Não, não é loucura,
17:36é como se você fosse meio que viciado em alguma coisa,
17:38você conseguisse limpar um pouco,
17:41resetar o seu cérebro,
17:42para vir coisas diferentes,
17:44porque você começa a andar em círculo com o tempo,
17:46não é só o próprio trabalho aqui,
17:47você está fazendo tudo do mesmo jeito,
17:48do mesmo jeito, do mesmo jeito, do mesmo jeito,
17:49se você não quebrar isso uma hora,
17:52você começa a ver em círculo,
17:53você não sai daqui,
17:54mas você vê que você não começa a ser mais produtiva,
17:57e você começa a trabalhar mais,
17:59e ter menos resultado,
18:00você olha, mas caramba,
18:01eu estou me esforçando,
18:03talvez é o modo que você está enxergando,
18:05que você não sai daquele núcleo,
18:06então eu consegui sair um pouco desse núcleo,
18:10tanto que vem aparecendo muitas ideias,
18:13na minha cabeça, muito legais,
18:16muitos,
18:16hoje eu olho o jogo já de uma forma de,
18:18olha que coisa,
18:19estou falando de quatro, cinco meses,
18:20eu olho,
18:20caramba,
18:22poderia ter feito diferente ali,
18:24nossa, isso aqui é muito legal,
18:25não tinha enxergado,
18:27então esse tempo para mim está sendo,
18:30e vai me transformar,
18:31está me transformando,
18:31com a certeza absoluta,
18:33além de uma pessoa melhor,
18:34uma mãe melhor,
18:35uma filha melhor,
18:36e uma treinadora muito melhor.
18:37Perfeito,
18:38então foi uma vivência,
18:39o pessoal está muito relacionado
18:40com a saúde mental,
18:41eu acho importante a gente falar disso,
18:44até porque vamos assistir atletas,
18:46pessoas que querem entrar no meio,
18:47se serem mais no futebol feminino,
18:50eu acho que é uma preocupação
18:51que tem que ser priorizada,
18:52inclusive nos clubes,
18:53então eu queria que você falasse um pouquinho,
18:54você como treinadora,
18:56tem um destaque,
18:56um destaque,
18:57uma psicóloga,
18:58qual é a sua diferença?
18:59Tremendo,
19:00eu,
19:02cara,
19:04talvez seja um diferencial,
19:06o meu como treinadora,
19:07eu leio muito sobre psicologia,
19:09muito mesmo,
19:10eu leio muito sobre Freud,
19:11Jung,
19:13Willian Klein,
19:15todos esses,
19:17as psicólogas
19:18no qual eu trabalhei,
19:19tem a Luciana,
19:20da Seleção Brasileira,
19:22que é minha amiga,
19:23considero ela minha amiga,
19:24e ela me ajuda e contribui muito
19:26com meus,
19:27eu falo que eu sou
19:27meio autodidata da psicologia,
19:29talvez por eu ter passado
19:31uma situação de burnout,
19:32ansiedade,
19:33depressão,
19:33onde eu entrei num fundo
19:34muito grande dentro de mim
19:36para entender as minhas dores,
19:38os meus medos,
19:39então eu consigo identificar
19:40com muita facilidade
19:41uma menina que está com uma situação
19:42de ansiedade,
19:43mas com muita tranquilidade.
19:45Teve uma atleta na ferroviária
19:47que eu identifiquei
19:48sintomas depressivos nela,
19:50e falei,
19:50você não vai treinar
19:51enquanto você não passar
19:52no psiquiatra,
19:53aí a gente chama
19:54a psicologia para ajudar,
19:55e até lembro muito
19:59sobre o futebol do futuro,
20:01lembro muito sobre
20:03inteligência artificial
20:05dentro do futebol,
20:06e uma das coisas
20:07que vai diferenciar
20:08muito os treinadores
20:09é quem tem essa sensibilidade
20:11para conseguir olhar,
20:13tem até o caso
20:14da própria Júlia Beatriz,
20:15que já posso falar
20:16o nome dela
20:17porque ela já falou
20:18isso publicamente
20:19e fala,
20:20então é uma menina
20:22que luta muito
20:22contra a ansiedade,
20:24então é uma jogadora
20:24que a gente teve
20:25um tratamento muito especial,
20:26ela machucava muito,
20:27mas é muito ligada
20:28ao emocional,
20:29então às vezes
20:30acho que está machucando
20:31muito uma questão física,
20:33tanto que a gente
20:34fez um trabalho
20:34muito legal com ela,
20:35com a psicologia,
20:37com a fisioterapia
20:37e com o nosso corpo técnico,
20:39e esse ano
20:40ela estava sendo
20:41um destaque,
20:41mas não machucou,
20:43então ela estava
20:43vindo de três anos
20:44de lesões,
20:45uma atrás da outra,
20:46e pode machucar
20:46porque é do jogo,
20:47mas não lesões recorrentes,
20:49né?
20:49Ainda mais jovem.
20:50É, ainda mais jovem,
20:51então hoje ela consegue
20:52performar e ela já teve
20:54crise dentro do campo,
20:55de eu segurar a mão dela
20:56e falar assim,
20:57calma, está tudo bem,
20:58e depois ela fica mal,
20:59eu desculpa,
21:00calma, está tudo bem,
21:01tanto que a pessoa
21:02se culpa,
21:02a pessoa que tem isso,
21:03ela se sente muito mal,
21:05e eu te confesso,
21:07as meninas que jogam futebol,
21:09as meninas que jogam futebol,
21:09as meninas que jogam futebol,
21:10as meninas que jogam futebol,
21:10as meninas que jogam futebol,
21:10as meninas que jogam futebol,
21:11os próprios atletas têm,
21:12acho que duas vezes e meia,
21:13uma tendência,
21:15uma probabilidade de ter mais sintomas
21:18de ansiedade e não sei quanto
21:19de depressão do que a média
21:21populacional, normal.
21:23Imagina,
21:24eu preciso de resultado
21:26parte do mínimo.
21:30Existe uma coisa dentro do esporte,
21:31eu sou sua amiga,
21:33eu sou sua parceira,
21:35mas eu quero jogar
21:36e eu quero ir ao seu lugar.
21:39Então, entre eu preciso jogar,
21:40eu preciso ganhar dinheiro,
21:41eu preciso viver,
21:42mas você é minha amiga,
21:42eu preciso estar no seu lugar
21:43e eu preciso torcer
21:44para você ir bem,
21:45eu falava muito isso para mim,
21:47é muito difícil
21:47quem está fora do campo,
21:48eu quero estar lá dentro,
21:51mas eu tenho que torcer
21:51para você ir bem,
21:52eu gosto de você,
21:53eu quero o bem do time,
21:54mas eu quero estar lá,
21:55olha que contradição,
21:56olha como mexe com a mecânica
21:58do sério da gente.
22:00Então,
22:01eu tenho certeza absoluta
22:02que o treinador
22:04que não entender
22:05de saúde mental,
22:07ele vai ser um treinador
22:08extremamente tóxico
22:09e olha que eu sou uma treinadora
22:10que cobra muito,
22:12cobra demais as atletas,
22:13entendeu?
22:14Porque eu também sei entender
22:15aonde ela também
22:16está se apoiando
22:16em algumas coisas
22:17sabotadoras dela,
22:19né?
22:19Eu tenho menina
22:20com crise de ansiedade
22:22que a gente tira dentro do campo,
22:23mas tem menina
22:23que não está com crise
22:24e acha que está
22:24e a gente ajuda
22:25sem esse medo.
22:27De eu chegar na mão
22:27da menina e falar assim,
22:28ela diz,
22:28você está com medo
22:29de ter a crise
22:31ou você está com crise?
22:31Então,
22:32volta,
22:33supera,
22:33entra no campo,
22:34joga,
22:35entra no campo,
22:35treina.
22:36E aí,
22:37ela consegue superar isso.
22:38Então,
22:38eu tenho certeza absoluta
22:39que quem não tiver
22:40essa sensibilidade
22:41e que não tem nada a ver,
22:42que não tenha cobrança,
22:44tem cobrança sim,
22:44o treinador que vê,
22:45consegue enxergar
22:47esse viés mental muito forte
22:49do seu ponto de vista
22:49no que,
22:50o quanto impacto
22:51está dentro do campo,
22:53o atleta
22:53está sendo mais seguro
22:54para poder sentir aquilo.
22:57Ele vai ter um rendimento maior
22:58e não tem sombra
22:59de dúvidas resolvidas,
23:00o contrário da Simone Bauros.
23:04Muitas atletas
23:04que você olha,
23:06tem uma atleta
23:06que eu estava conversando ontem,
23:08eu falei,
23:08eu sempre oriento
23:09para a fileterapia,
23:10você já está flertando
23:12com o caminho
23:13que você sozinha
23:14não consegue mais
23:14lidar com isso.
23:16Então,
23:17eu vejo isso
23:18como um segmento
23:19que quem não tiver
23:20um mínimo de noção,
23:23até pelo seu ponto
23:24de vista humano,
23:24que ele vai acabar
23:26com a carreira de atleta,
23:26não vai tirar o melhor,
23:27vai ser um ativo do clube
23:29que vai ficar lá no canto,
23:30machucando,
23:32só machuca,
23:32quanto tempo?
23:33Isso aí só machuca.
23:35Antigamente descobriram
23:36que a questão dental
23:37influenciava,
23:37colocaram dentista,
23:38agora estão vendo
23:39que é psicólogo,
23:40então a gente entende
23:41que sem a psicologia
23:42hoje em dia
23:42não vai dar mais prazer,
23:44não vai perder jogadora,
23:46você vai perder dinheiro.
23:47E aí eu quero até
23:48aproveitar esse gancho,
23:49você falou sobre a questão
23:50das atletas,
23:51principalmente,
23:52hoje a gente vê
23:53um certo,
23:54uma postura
23:54de alguns treinadores,
23:55mesmo na Série A1,
23:56no Paulistão,
23:57a competitividade é tanta
23:58que às vezes se exalta,
24:00às vezes fala alguma coisa
24:01para uma seta que magoou,
24:03mas eu queria falar
24:03principalmente sobre a questão
24:04das advertências,
24:05cartões amarelos,
24:06a gente vê muito isso,
24:08você que já esteve
24:08à beira de campo,
24:09conta pra gente
24:10como é esse bastidor
24:11do contato ali
24:12com a arbitragem,
24:13do contato ali
24:13com as atletas
24:14durante o tempo.
24:16Deixa eu ver se eu entendi,
24:17você fala sobre a questão...
24:19A disciplina do treinador
24:20à beira de campo.
24:21Ah, sim.
24:22Eu sou uma pessoa
24:23muito visceral
24:23ali na beira do campo,
24:25né?
24:25Sou muito...
24:26Eu me deixo levar
24:27muito pela emoção,
24:30claro que a gente
24:30não vai ser,
24:31mas eu me deixo levar
24:32pela emoção
24:33que eu entendo
24:34que é contextual,
24:36que contribui
24:36com o meu olhar
24:37dentro do campo.
24:39Então,
24:40quando eu sinto
24:40que a emoção do jogo,
24:42eu sinto que eu preciso
24:43trazer uma emoção
24:44enquanto treinadora
24:45ao jogo
24:45ou aos atletas.
24:46eu deixo aquela emoção
24:48que talvez é uma memória
24:50que eu tenho
24:50como atleta,
24:52como ex-atleta,
24:53de entender
24:53que aquele momento
24:54é uma hora
24:54de inflamar a equipe
24:55ou é um momento
24:57de acalmar a equipe
24:58ou é um momento
24:59de ficar
25:00meio que neutra.
25:02Mas as meninas
25:03já me conheciam,
25:04já sabiam
25:04que eu tinha
25:04um jeito de ser.
25:08Às vezes,
25:09era criticada
25:09pelo meu jeito de ser,
25:11às vezes,
25:12não era elogiada
25:13pelo meu jeito de ser,
25:14mas eu li uma vez
25:14um artigo
25:16do Finado Ferretti,
25:18que era treinador
25:19de futsal,
25:20campeonista,
25:21que ele falava
25:21que ele era muito criticado
25:23porque ele só ficava sentado
25:24e braço cruzado
25:26e nem levantava
25:27no futsal.
25:28Então,
25:28ele era muito criticado,
25:29ele fez um artigo
25:30fenomenal,
25:31se eu levanto
25:32e ganho,
25:33eu sou bom,
25:33se eu levanto
25:34e perco,
25:34eu sou ruim,
25:35se eu estou sentado
25:36e ganho,
25:36eu sou bom.
25:37Então,
25:37é muito motivado
25:38pelo resultado.
25:39Então,
25:39até o Felipe Luiz
25:40deu uma entrevista
25:41esse dia falando sobre.
25:43Mas eu acho
25:44que o treinador,
25:45talvez,
25:45ele possa piorar
25:46uma situação.
25:47Sabe?
25:48Se você ver
25:48que uma equipe
25:49está extremamente
25:50estressada,
25:51nervosa,
25:52você pode piorar
25:53uma situação
25:54deixando elas
25:55mais nervosas.
25:56Então,
25:56teve situações
25:57em que eu percebi
25:58que não estava legal
26:01assim,
26:01do ponto de vista
26:02de elas estarem
26:03sem confiança
26:04e eu tentar
26:05passar uma confiança
26:06para elas.
26:07Como vice-versa,
26:08eu vi que está
26:08uma situação
26:09muito morosa,
26:11muito relaxada demais
26:14e chega lá
26:14e ser mais firme.
26:16Tem atletas
26:17que lidam bem
26:18com isso,
26:19tem outras
26:19que lidam menos
26:20com isso.
26:21Mas como eu tenho
26:22uma relação
26:23muito aberta
26:23com as atletas,
26:24delas poderem
26:27me dar o feedback
26:27e tem muitas
26:29que eu pergunto,
26:30femininas,
26:30que eu pergunto
26:31se eu me cedi,
26:32as que eu acho
26:33que era coerente
26:34e conseguia,
26:35não aquela
26:35que está insatisfeita
26:36lá,
26:37sem jogar,
26:39que ela lá
26:39vai dar pau
26:40em mim.
26:40Mas geralmente
26:40no final do ano
26:41eu fazia um,
26:43eu faço feedback
26:43individual por todas,
26:45que posteriormente
26:46vão ficar no outro ano
26:47e dentro desses feedbacks
26:49que eu passava
26:50para elas,
26:50eu também dava
26:51esse direito
26:51de elas me falar.
26:53E hoje eu tenho
26:53muita maturidade
26:54do nacional,
26:55porque se eu peço
26:56um feedback
26:56para você,
26:57eu tenho que estar
26:58aberta a ouvir
26:59o que eu também
27:00não quero ouvir.
27:01E aí eu também,
27:02então,
27:02tinham duas,
27:04três meninas
27:04no próprio elenco
27:05que eram norteadoras
27:06se eu estava
27:07me acedendo ou não.
27:09Para me orientar também,
27:10porque eu também
27:10tenho uma percepção
27:11minha que do lado
27:12de fora,
27:13vem de uma geração
27:14com uma resiliência
27:16maior,
27:17essas cobranças.
27:19Em relação
27:20à arbitragem,
27:21eu também sempre tive
27:21muito problema
27:22com a arbitragem
27:23enquanto jogadora,
27:24e isso
27:25infelizmente acabou
27:26às vezes,
27:27no primeiro momento
27:27meu como treinadora,
27:28se cedendo.
27:29E também,
27:30eu acho que teve
27:30um pouco também
27:31da responsabilidade
27:32dos árbitros também
27:33acabar levando
27:35o Jéssica,
27:36levando a Jéssica,
27:37que era jogadora
27:37para o campo,
27:38como eu também
27:39excedia em algumas vezes.
27:41Eu peguei quatro jogos
27:42porque eu chamei
27:43um árbitro de incompetente,
27:44eu achei aquilo
27:45muito forte,
27:46porque nem o Abel
27:47pegou quatro jogos
27:48mandando um árbitro
27:48para aquele lugar
27:49e nem um outro treinador.
27:51Então,
27:51era um excesso
27:53de rigor comigo.
27:55Mas eu também
27:55entendi que eu precisava
27:56também mudar,
27:58tanto que acho que
27:59nos outros dois anos,
28:01eu não cabei
28:01nesse último ano mesmo,
28:03em 24,
28:04acho que eu não tive
28:05nenhuma suspensão
28:05com o cartão.
28:06Tomava um cartão
28:07ou outro que faz parte
28:08da vida,
28:09mas eu vi
28:11que precisava melhorar
28:12nisso,
28:12melhorei.
28:13algumas atletas
28:15são mais efusivas
28:17para reclamar,
28:18outras menos,
28:18mas ali dentro
28:20da Ferroviária,
28:21pelo menos eu cobrava
28:23até elas para falar
28:24mais com a arbitragem,
28:25porque o próprio jogo
28:27contra o Corinthians
28:27que a gente estava
28:28ganhando de 1 a 0,
28:30e aí foi marcado
28:30um impedimento
28:33aos 30,
28:34a gente ia fazer
28:352 a 0,
28:36ia ficar 2 a 0,
28:37eles deram um impedimento
28:38contra o que não existiu
28:39e deram um pênalti
28:40para o Corinthians
28:411 a 1,
28:42um jogo,
28:42as meninas foram
28:44meio que para cima
28:45da arbitragem,
28:45eu não vou controlar,
28:47claro que eu não gosto
28:48que ofenda,
28:49eu nunca ofendi a área,
28:50eu acho que aí
28:51já a gente foge,
28:52eu nunca mandei a área,
28:53nunca, nunca, nunca, nunca,
28:54eu reclamava assim,
28:56era um pouco grosso
28:57às vezes,
28:58mas ofender assim
28:59de falar palavrão
29:00ou falar qualquer coisa,
29:01nunca tinha,
29:02porque aí eu acho
29:02que eu já estava
29:03saindo da questão profissional,
29:06eu estava ofendendo
29:06a pessoa e não
29:07o que ela estava fazendo,
29:09mas aquele dia
29:10que as meninas
29:11não conseguiam segurar,
29:11como falar,
29:12não, não vai reclamar,
29:13né,
29:13para ter ganhado
29:132 a 0 o jogo
29:14para tomar 1,
29:16nesse sentido,
29:16talvez,
29:17tem momentos
29:17que você consegue
29:18manejar,
29:19tem momentos
29:19que eu acho
29:20que você tem que
29:20deixar mesmo
29:20fazer o quê?
29:21Interessante,
29:22a gente está
29:22caminhando para o final
29:23já,
29:23já vou se liberar,
29:24eu tenho três
29:25perguntinhas mais,
29:26a primeira é
29:28sobre o seu perfil
29:29tático,
29:30eu queria que você
29:30tinha um ponto
29:31no trabalho
29:32da Ferroviária
29:32nos 17 jogos do ano
29:34que você teve
29:35uma média
29:35de gols sofridos
29:36de 1,1
29:37e uma média
29:38de gols marcados
29:38em 1,2,1,
29:391,4,
29:40então,
29:40assim,
29:40acaba que a Ferroviária
29:41marcava gols,
29:42tinha uma produtividade
29:43defensiva,
29:44mas precisava
29:45de um pouco
29:45mais de equilíbrio
29:45na fase do defensivo,
29:47pelo menos
29:47uma análise que eu faço
29:48assim,
29:48olhando para o trabalho,
29:50e isso acabou
29:51influenciando muito
29:52na queda de rendimento,
29:53porque as atletas
29:53começavam o jogo
29:55com muita intensidade,
29:56aí você via
29:56no segundo tempo,
29:57claro que tinha a ver
29:58com a questão
29:58de disponibilidade
30:00no banco também,
30:01eu entendo isso,
30:02mas eu queria que você
30:02trouxesse para a gente,
30:03como é que você tem
30:04pensado esse teu modelo
30:05de jogo
30:06e o que caracteriza
30:07a Géssica?
30:09É a última pergunta.
30:12Primeiro,
30:13quando eu chego
30:14na Ferroviária de 2022,
30:16vejo uma equipe
30:16totalmente sem identidade,
30:18e me estranhou muito,
30:20porque para mim
30:20a identidade da Ferroviária
30:22é uma identidade
30:22muito clara,
30:24uma equipe
30:25sem muito técnico,
30:26com muito posse de bola,
30:27com muito equilíbrio
30:29entre os momentos do jogo,
30:31mas naquele momento
30:32eu tinha mais que atuar
30:35numa situação
30:36de resolver questões
30:37internas,
30:38meninas pedindo
30:39para a saída
30:40ferroviária,
30:41estava assim
30:42uma situação caótica,
30:44mais ou menos
30:44quando eu cheguei,
30:45as meninas
30:45com muita baixa estima,
30:47não tinha,
30:48brigando para classificar
30:49no 2022,
30:51estava brigando
30:52para classificar
30:53no brasileiro,
30:54no último rodado
30:55conseguiram classificar,
30:57e no Paulista
30:58a gente conseguiu
30:58classificar por um gol,
31:00quando eu cheguei lá
31:01a gente conseguiu
31:02por um saldo
31:02que a gente conseguiu
31:03classificar,
31:04então estava
31:04numa situação assim,
31:05interna e externamente
31:07muito difícil,
31:09então naquele primeiro momento
31:10o máximo que eu pude fazer ali
31:11era tentar
31:12calma,
31:13respira,
31:14vamos organizar,
31:15praticamente eu não conseguia
31:16fazer muita coisa,
31:17falava bem,
31:18porque você
31:18tem que mexer aqui
31:20e aqui
31:20para mexer lá,
31:21primeiramente,
31:22quando você tem talento
31:24você consegue fazer
31:24isso a curtíssimo prazo,
31:26quando demanda
31:27um pouquinho mais
31:28de qualidade,
31:29jogadoras de nível,
31:30de jogadoras,
31:30demanda um tempo maior,
31:32então 2022 fez isso,
31:34aí eu não consegui
31:36mexer muito
31:36no plantel da equipe
31:372022 para 2023,
31:39porque quando eu cheguei
31:41já estava tudo
31:41para contrato,
31:42então tudo bem,
31:43mesmo assim,
31:43achava que era um time
31:44razoavelmente bom,
31:46só que eu identifiquei
31:47que a gente não ia conseguir
31:48propor tanto o jogo
31:49como a identidade
31:51da Ferroviária,
31:53então a gente usou
31:54de um jogo
31:55ofensivamente
31:56um 4-3-3
31:57mais posicional,
31:59com as inspirações
32:02mais daquele jogo
32:04posicional mesmo,
32:06mais paradinho até
32:07com interpretação
32:08de vantagens,
32:09exatamente,
32:11um time sólido,
32:12foquei muito
32:13na questão defensiva
32:14e a gente tinha
32:16uma qualidade
32:16em transição ofensiva,
32:17tinha identificado
32:18que o nosso melhor
32:18ofensivamente
32:19era transição ofensiva,
32:21então a gente
32:23trabalhei muito
32:24a saída de bola
32:25para atrair o adversário
32:26para numa situação
32:27a gente ou ter
32:27um ataque rápido
32:28nas costas do adversário
32:29e da linha
32:30de quatro adversários,
32:31num ataque de organização,
32:33ou então numa proposta
32:34de transição ofensiva.
32:36fomos um time
32:38que não tomou tantos gols,
32:40mas 85%,
32:42se não me engano,
32:43tem meus dados lá
32:44do computador,
32:44não vou te falar,
32:45foram gols de transição ofensiva,
32:47que até
32:48tinha um bom momento
32:49da Lini
32:50e o estilo de jogo
32:52ajudava ela também,
32:53porque, né,
32:54juntando os dois,
32:56a gente,
32:58chega em 2024,
32:59a gente conseguiu
32:59trocar algumas peças,
33:01eu falei,
33:01pô, meu,
33:02vamos tentar trazer
33:02esse equilíbrio
33:03para a equipe,
33:03vamos tentar fazer
33:04com que a equipe
33:05seja a equipe
33:06da Fluminária,
33:07que foi um jogo
33:08mais de organização
33:09ofensiva,
33:10até mais a posse,
33:11construir mais o jogo,
33:12eventualmente,
33:13uma situação ou outra,
33:15trouxemos a Duda,
33:16do Palmeiras,
33:18a Mica,
33:18do São Paulo,
33:19do 24,
33:20então a gente conseguiu
33:20pelo menos,
33:21tipo,
33:21a gente estava invicto
33:22até a última rodada
33:24do Brasileirão,
33:25a gente perdeu
33:25a última rodada
33:26do Brasileirão,
33:27porque eu fui com o time misto,
33:29alternativa para jogar
33:30contra o Flamengo,
33:31a gente perdeu lá,
33:32porque,
33:32como essa Paulista
33:33e o Brasileiro,
33:33quando começa
33:34a Paulista e o Brasileiro,
33:35ali na Araraquara,
33:37com a logística
33:38que vem hoje cada vez,
33:39mas vai ficar difícil,
33:40é uma coisa que eu já passei
33:40com a direção lá,
33:42falei que se a gente
33:43não planejar
33:44para ter uma logística
33:44melhor vai cada vez,
33:46mas vai ficar difícil
33:46pelo nível
33:47que está o Campeonato Paulista,
33:48pelo formato que mudou
33:49do Campeonato Paulista
33:50e de volta.
33:51Então,
33:54era uma coisa
33:56que eu sabia,
33:57que já estava impactando
33:58nos outros jogos,
33:59tanto que em 2022
34:00quase não classificou,
34:01classificou por um ponto,
34:02em 2023
34:03a gente não classificou,
34:05foi para a Copa Paulista,
34:07em 2024
34:08a gente brincou ali
34:10nas últimas rodadas,
34:10estava brigando também
34:11para classificar,
34:12olha que discrepância,
34:13no Brasileiro sempre lá em cima
34:15e no Paulista sempre brigando,
34:17porque começavam
34:18a bater os jogos,
34:18aí você priorizava o quê?
34:20Você priorizava o Brasileiro,
34:21que já estava em andamento.
34:21E aí a gente começou
34:25a fazer esse trabalho,
34:27e aí a gente começou
34:28em 2024,
34:30pelo menos
34:31nas nossas análises,
34:33foi quase 80%
34:35dos gols
34:35em organização ofensiva.
34:37A gente construía
34:38pé em pé
34:38desde lá de trás
34:39e chegava lá.
34:41A gente tinha
34:42muita chance de gol,
34:43foi um dos pontos
34:44que a gente identificou
34:45em 2024,
34:46talvez não ter sido campeão,
34:47é que a gente não conseguia
34:49converter tanto
34:51as nossas ações.
34:53Então, acho que
34:54três jogos só
34:55que a gente não teve
34:55mais posse de bola
34:56com o adversário.
34:57Em todos os outros jogos
34:58a gente teve mais posse,
34:59mesmo ganhando ou perdendo,
35:00teve mais posse de bola
35:01com o adversário,
35:02segundo os dados do Stath.
35:04Stath, não.
35:05No outro,
35:05eu esqueci o nome.
35:06Essa parte a gente tem.
35:07Tá.
35:09E aí,
35:10quando vem 2025,
35:13a gente entende
35:14que o time tinha
35:14que ter um equilíbrio.
35:15Não podia só ser
35:16um time de transição
35:17e não só o time
35:17de organização ofensiva,
35:19falando sobre
35:19o ponto de vista ofensivo.
35:21Defensivamente,
35:21a gente tinha sido
35:23a melhor defesa do Brasileirão,
35:24então,
35:25solidez defensiva
35:26a gente estava tendo.
35:28Só que aí,
35:29chega 2025,
35:30e eu sempre falo isso,
35:31eu não adianto
35:32que eu não vou fazer
35:32as mesmas coisas sempre,
35:34mesmo que isso ocasiona
35:35qualquer...
35:36Eu sempre vou tentando melhorar,
35:37eu sempre vou observando
35:38e vendo
35:38o que a gente pode fazer
35:39de melhor.
35:40A gente identificou
35:41que nas fases finais
35:42das competições
35:43estava faltando algo a mais,
35:45mudar um sistema,
35:46mudar um jeito.
35:47Surpreender, né?
35:48Surpreender de alguma forma,
35:49para combater equipes
35:51que são melhores
35:52tecnicamente,
35:53para fazer algo.
35:54Então,
35:54o que a gente estudou,
35:56surgiu,
35:56vamos trabalhar
35:57com dois sistemas táticos
35:58no ano de 2025.
36:00Vamos trabalhar
36:01com uma marcação diferente,
36:03uma forma de marcar
36:03diferente dos outros anos.
36:05Nos outros anos,
36:05a gente marcava
36:06em blocos mais...
36:08sob o ponto de vista
36:10de marcações zonais.
36:11E esse ano,
36:12a gente,
36:12pela uma tendência mundial,
36:14até,
36:15abandonando um pouquinho
36:17mais o jogo posicional,
36:19porque eu estava vindo,
36:20vava vindo muito forte
36:21os encaixes individuais
36:22para o setor, né?
36:24E eu estava querendo trazer
36:25um pouco dos dois.
36:28Isso é um time bem...
36:30Vou ser bem sincera para você,
36:34muito difícil de articular isso,
36:36porque você tem que estudar
36:37muito o seu time.
36:38Você tem que aplicar
36:41isso em treino também,
36:42ver se as meninas
36:42estão correspondendo.
36:44Isso, às vezes,
36:44uma volta a hora
36:45pode gerar uma situação
36:46de conflito,
36:47até o próprio distrito.
36:48Mas era tudo extremamente,
36:50como fala assim,
36:51para você,
36:52bancado com uma convicção
36:53de que lá na frente,
36:55talvez eu iria ter...
36:57Eu não iria fazer
36:58as mesmas coisas
36:59que eu estava fazendo
36:59nos outros anos
37:00e nos momentos...
37:02Então, a gente iniciou
37:03a fazer um sistema defensivo
37:05num 4-3-3
37:06que a gente já fazia,
37:07de uma forma mais posicional.
37:09E a gente começou,
37:10eu treinei um 3-5-2
37:11e esporadicamente um 3-4-3,
37:14mas principalmente um 3-5-2
37:16com uma maior mobilidade.
37:18Então, a gente saía
37:19de um 4-3-3 mais profissional
37:21para um...
37:22No mesmo jogo,
37:23talvez, sem mudar as peças
37:25com um 3-5-2
37:26com mais mobilidade.
37:27As coisas laterais
37:28viram alas ou...?
37:29Às vezes eram laterais,
37:31às vezes até faziam
37:31uma própria zagueira mesmo
37:33e virar um pouquinho de ala,
37:34dependendo do lado.
37:34Então, contra o Santos,
37:35São Paulo,
37:36quando a gente jogou,
37:37contra o São Paulo,
37:37que eu fiz no segundo tempo,
37:39se não me engano,
37:40no MC, no 3-5-2,
37:41se não me engano,
37:41eu coloquei a Rafa.
37:42Mas foi propositalmente
37:43porque eu queria
37:44que ela barrasse
37:44diferenciar também a Dudinha,
37:46que a Rafa era a minha zagueira
37:50mais rápida,
37:50ela era alta,
37:51e a gente sabia
37:52que o São Paulo
37:52fazia combinações
37:53pelos lados
37:54e já buscava o fundo.
37:55Entendeu?
37:56Então, a gente,
37:57ali naquele caso,
37:58foi uma situação
37:58que eu coloquei
37:59uma zagueira de lateral
38:01para combater uma jogadora.
38:03E aí tem estratégia de jogo,
38:05especificamente, né?
38:06Mas aí eu fiz um 3-5-2,
38:08um 4-3-3.
38:08E não é só números
38:10e não só posicionamentos,
38:12era a forma,
38:13era uma forma mais posicional
38:14de um jogo
38:14para jogar para o outro
38:15mais de mobilidade.
38:17Então, eu sabia
38:17que ia ter uma situação
38:19em que o time,
38:21ele ia,
38:22tem algum momento,
38:23ele ia, naturalmente,
38:25sentir uma situação
38:25e esse tipo de marcação.
38:29Então, a gente começou
38:29a adotar uma marcação
38:30mais alta,
38:31praticamente,
38:32por setor
38:32e praticamente quase
38:34individualizada
38:35em determinados momentos.
38:37Então, assim,
38:37foi raro o jogo
38:38que a gente ficou
38:39no bloco baixo.
38:40Até porque eu não gostava muito.
38:41Mas o bloco médio, né?
38:42No bloco médio,
38:42porque eu goava alto,
38:44garganta lá em cima,
38:45só deixava a goleira jogar.
38:47Então, vou dar um exemplo aqui
38:48contra o Palmeiras.
38:50Né?
38:50A gente,
38:51já não joga muito tempo
38:53contra o Palmeiras,
38:53a gente sabia
38:54que eles sempre recorrem
38:55para trás o passo.
38:56É um time que é
38:57extremamente de organização
38:58ofensiva o Palmeiras.
38:59E tem muita qualidade,
39:01muita mobilidade.
39:02Então, tem uma Brenna
39:03que perde muito pouco
39:04o duelo
39:05quando ela está com posse.
39:06E é uma jogadora
39:07que põe a bola
39:07onde ela quer.
39:08Então, se ela rompe,
39:09se rompe uma, duas alinhas ali,
39:11você tem uma Gutierrez lá,
39:12você tem uma Tanamaran.
39:13É um Deus que nos acuda.
39:15Então,
39:15o que a gente pensou
39:16no primeiro jogo
39:17do Brasileiro?
39:17Não deixa essa bola
39:18chegar lá.
39:19No primeiro tempo
39:20do jogo brasileiro,
39:21a gente demorou um pouquinho
39:22para encaixar,
39:23mas depois que é toda bola,
39:24toda vez que a bola
39:25voltava para a tápia,
39:26ou para a goleira que fosse,
39:28a gente não idealizava.
39:30Era individual o campo inteiro.
39:31Se a Amanda fosse buscar a bola
39:33lá na goleira,
39:34ela ia ir.
39:34E aí, o que sobrava
39:35para a goleira?
39:38Só ligação direta.
39:39Só longa.
39:40Aí a gente entrava
39:41numa primeira e segunda bola.
39:42Agora, a gente entrava
39:43em outro jogo,
39:43entrava em um jogo de disputa.
39:45A gente tirava
39:46a organização ofensiva
39:47do Palmeiras,
39:48tirava o conforto dela
39:49para entrar em um jogo
39:50de transição,
39:50de duelos
39:51que elas não gostam muito.
39:53Então, a gente tentou
39:53propiciar isso.
39:54Até nesse momento
39:55deu certo
39:55que a gente acabou ganhando o jogo.
39:56estava um a um,
39:59aí depois foi expulsa
40:00do Palmeiras,
40:01aí a gente conseguiu
40:01até ganhar o jogo.
40:03Começou ganhando.
40:04Então, a gente estava
40:04fazendo esses movimentos táticos
40:06para trazer para 2025
40:08um equilíbrio maior
40:09entre não ser
40:11um time de transição ofensiva
40:12em 2023,
40:13um de organização ofensiva,
40:16não só um time posicional,
40:17um time de mobilidade.
40:19E aí, infelizmente,
40:20a gente oscilou
40:21no momento que começa
40:22o brasileiro e o paulista.
40:24Começamos a ter oscilações,
40:26tivemos, acho que,
40:27quatro derrotas
40:28no brasileiro,
40:30mas ainda classificamos
40:31e, para mim,
40:32a classificação,
40:34ali, para mim,
40:34de verdade,
40:35terceiro,
40:36terceiro,
40:37quarto, quinto e sexto,
40:39para mim,
40:40o nível das equipes,
40:41para mim,
40:42ficar em quinto e sexto,
40:44quarto e terceiro,
40:47para mim,
40:47não ia fazer muita diferença
40:48pelo nível dos adversários,
40:50que era sempre
40:50que a gente se batia
40:51e a gente sai,
40:55estava como terceiro
40:55no paulista,
40:56estava no início
40:58do paulista,
40:58mas estava em terceira
40:59posição no paulista,
41:00estava até tranquilo,
41:02e a gente oscilou nisso,
41:04mas,
41:05eu,
41:06Géssica,
41:06na minha convicção
41:07no que a gente
41:08tinha estudado,
41:09era para que no segundo
41:10semestre a gente,
41:11claro que a gente
41:12não faz para perder,
41:13óbvio,
41:14mas a gente assumiu o risco.
41:17E tem essa questão
41:18da logística
41:18que pega muito,
41:19para mim,
41:1930% do rendimento
41:20das atletas
41:21cai demais,
41:22todos os anos
41:22foram assim,
41:2330%, 40% do rendimento
41:24entre algumas atletas,
41:25caem demais,
41:26porque a logística
41:28é muito difícil lá
41:29e como era em Rio Preto
41:31quando eu jogava também.
41:32Então,
41:32toda vez que você tem
41:33que ir para São Paulo,
41:34então,
41:34quando tem que ir para Congonhas,
41:35então,
41:35aquela viagem que a gente
41:36foi para uma Amazonas,
41:39o 3B mesmo,
41:40as meninas chegaram
41:42por três dias,
41:42a gente vai no treino,
41:43a gente não tinha nem condição
41:44de treinar direito
41:45e já tinha que pegar
41:46um clássico
41:47no Paulista.
41:48Então,
41:49essas oscilações
41:50aconteceram,
41:51não gostaria
41:52que acontecesse
41:53daquela maneira,
41:54mas eu tenho
41:56uma convicção
41:57muito grande
41:58para mim
41:58que às vezes
41:59o sofrimento
42:00ele traz
42:01um benefício
42:02lá na frente.
42:03Eu não consegui
42:04ver isso
42:05em loco,
42:07não consigo ver
42:08isso em loco,
42:10mas continuo
42:11com essa convicção
42:12de que teríamos feito
42:14uma situação
42:15de segundo semestre
42:16diferente do...
42:18Diferente não.
42:19Teríamos tido
42:21em fase finais
42:22situações,
42:23estratégias
42:24e possibilidades
42:25diferentes
42:25de que foram
42:26dois anos
42:26e que dentro
42:27dos nossos estudos
42:28identificamos
42:29que isso talvez
42:30não teria feito
42:31com que tivessem
42:32ganhado um tiro.
42:33Tem duas jogadoras
42:34da ferroviária
42:34que eu vejo
42:36com o peixe de seleção,
42:37tem algumas,
42:38mas eu preciso
42:38que eu vou destacar.
42:39Primeiro,
42:40a Natália Vindico,
42:41jogadora que passa
42:42para uma tradição
42:42quando você estava lá
42:43de sair do sub-20.
42:45Eu não passava
42:45jogador tradicional já,
42:47mas é essa jogadora
42:48em maturação,
42:49em maturidade.
42:50E muita gente,
42:50inclusive eu,
42:51já vejo com potencial
42:52de seleção,
42:53embora para testes
42:54inicialmente,
42:55porque a competição
42:55é muito grande na tarde.
42:56E a Fátima Dutra,
42:57que foi convocada
42:58para a Copa América,
42:59jogou a Copa América
43:00e entrou bem também.
43:00Então eu queria
43:01que eu falasse um pouquinho
43:01sobre os atletas
43:02que foram dois atletas.
43:04Bom,
43:04vou iniciar com a Vendito.
43:06Eu já acompanhava ela
43:07desde as sub-17
43:09da seleção brasileira.
43:10quando a gente chegou lá,
43:12a gente deu a oportunidade
43:13dela para estar
43:14integrando na equipe principal.
43:16No primeiro momento
43:17que a gente começou
43:18a integrar ela,
43:18lá na ferroviária,
43:22ela não foi toda...
43:24E é natural,
43:25a gente sabia disso.
43:26Eu gosto muito
43:27de fazer movimentos
43:28lineares,
43:30não lineares
43:31com essas atletas.
43:32Eu não gosto
43:32de trazer elas,
43:33elas vêm, vêm, vêm,
43:34vêm,
43:34porque há uma
43:35cobrança delas,
43:36da família,
43:37de todo mundo.
43:37Então, faço o movimento
43:38trazer, descer,
43:39trazer, descer,
43:41para elas sentirem
43:42o lugar,
43:42para elas sentirem
43:43o movimento.
43:43Para as clientes.
43:45Exatamente.
43:45Então, já estava fazendo
43:46isso com a Natália Bendito
43:47e com outras também lá.
43:49Eu tinha números
43:50de não sei quantos atletas
43:52que a gente levava
43:53para treinamento,
43:53para jogos e para...
43:56Claro,
43:56porque umas acabam
43:56se destacando mais,
43:57outras menos.
43:59Já em 2024,
44:00a própria Natália Bendito
44:02vem com uma postura diferente.
44:03A gente levou
44:04em 2025.
44:052024, até apostei
44:06levando ela
44:07para a Libertadores.
44:08Levei muita porrada,
44:09porque alguns queriam
44:10que levasse a Soshore.
44:12Até a torcida
44:13ficou muito chateada lá,
44:15porque ela tem
44:16uma certa história
44:17lá na ferroviária
44:19com os torcedores e tudo.
44:20E eu banquei
44:21levando a Bendito,
44:21porque era uma menina
44:22que tinha sido
44:22a segunda melhor jogadora
44:25do Mundial.
44:27Então, eu falei,
44:30não, acho que a Bendito
44:31está no melhor momento.
44:32É bom,
44:32ela já vem
44:33de uma experiência internacional.
44:34vou levar ela
44:35para a Libertadores,
44:38levei ela para a Libertadores.
44:40Fez uma Libertadores regular,
44:42não foi tão bem
44:44dentro daquilo,
44:44mas já estava
44:45no pacote
44:46de trazer para ela
44:47uma experiência,
44:48tanto que,
44:49quando chega em 2005,
44:51ela começa a integrar
44:51o grupo já,
44:53ia ficar conosco,
44:54não ia ficar mais
44:54entre sub-20 e principal,
44:56porque tem vezes
44:57que a gente quer
44:58que ela fique com o principal,
44:59mas precisa do sub-20.
45:00e aí joga no sub-20
45:02tem que ser quantas horas
45:03para voltar para o principal.
45:05Então, às vezes,
45:05eu priorizava,
45:06então, deixa ela ficar lá,
45:07porque às vezes
45:07ela fica de reserva
45:08para jogar,
45:08porque ela tem que jogar.
45:10E aí, em 2025,
45:11ela vem muito bem,
45:12ela vem diferente.
45:14E aí vem a Milene também,
45:15em 2025.
45:16Então, houve uma competitividade
45:17muito legal das duas ali.
45:19Só que a Bendito
45:20é uma menina também
45:21que a gente tem que entender
45:22que ela é uma menina ainda.
45:23a torcida ficava cobrando,
45:26a imprensa ficava cobrando
45:27para colocar ela
45:28em muitos jogos.
45:29E eu penso,
45:30primeiro,
45:31eu conheço a minha atleta,
45:33eu estou trabalhando dia a dia,
45:34eu conheço
45:35o ponto de vista mental
45:36da atleta,
45:37eu conheço
45:37o ponto de vista difícil
45:39da atleta.
45:40Eu não vou exceder
45:41uma atleta
45:41para ela se machucar.
45:43A tendência que ela vai ter
45:44é de se machucar.
45:46Se ela começar a jogar
45:4790, 90,
45:48dois dias na semana,
45:49não ter essa quebra
45:51de ritmo dela.
45:52Então, a gente começou
45:54ora era a Milene titular,
45:55ora ela era titular,
45:56teve momentos
45:57que tecnicamente
45:57ela estava melhor
45:58que a Milene
45:59e jogava dois jogos direto,
46:01mas aí eu fazia
46:03uma situação diferente
46:04do que uma atleta
46:05que já está aí
46:06com lastro físico,
46:08técnico e mental
46:09há muito tempo.
46:10Porque essas
46:11que têm esse lastro maior,
46:14se ela está melhor
46:14tecnicamente,
46:15ela vai jogar.
46:16Vai jogar.
46:17E a Bendito
46:18eu já tinha um cuidado maior
46:19pensando na carreira dela,
46:21pensando na produção dela
46:23e já vendo que ela era,
46:25tinha uma característica
46:26que está faltando hoje.
46:27Talvez tenha a Glaucia
46:28no Flamengo,
46:30tenha.
46:33Cara, eu já não vejo
46:34a confluta que tenha
46:35a versatilidade
46:36e ela já é uma falsa nova,
46:37ela passa às vezes
46:38exponencialmente,
46:39porque ela é uma jogadora
46:40que finaliza bem
46:41e é uma jogadora
46:42que arma a gente.
46:43Então, ela tem uma função
46:44muito diferente ali,
46:47ela é uma nova
46:47muito moderna.
46:48pensando no desenvolvimento
46:51da própria carreira dela
46:52e da atleta
46:53que eu penso muito nisso,
46:55a gente faz esse movimento
46:56de tiro e põe,
46:57tiro e põe,
46:57tiro e põe,
46:58para que ela,
46:59quando ela entra,
47:00ela entre bem,
47:01ela entre leve,
47:01ela não entra
47:02para dar o melhor dela,
47:03entendeu?
47:04E eu tenho certeza absoluta
47:06que ela vai estar
47:06na Seleção Brasileira
47:07uma hora,
47:08porque para mim
47:09é difícil
47:10tirar a bola dela.
47:12Ela tem um time
47:12na pequena área ali
47:13muito bom,
47:14ela associa muito bem
47:16com as outras atletas,
47:17por isso que ela tem
47:17uma mentalidade armadora.
47:19Então, para mim,
47:19a Vendita aí
47:20vai ser uma grata surpresa
47:21se assim ela se entender
47:24o tempo dela,
47:25que cada jogadora
47:26tem um time,
47:27tem um tempo
47:27até ela deslanchar mesmo,
47:28para mim,
47:29eu consigo enxergar
47:30muito bem isso nela.
47:32A Fátima Dutra
47:33era uma jogadora
47:34que eu já acompanhava
47:34desde a Seleção Brasileira
47:35Sub-20, né?
47:36A gente uma vez
47:37tinha a intenção
47:38de fazer um Sub-23
47:39e ela estaria
47:41talvez dentro
47:41dessa convocação
47:42para trazer
47:43essas meninas
47:44que não iam para 20,
47:45mas não estavam no adulto
47:46para trazer isso no Sub-23.
47:48Seria até interessante
47:48a Seleção Brasileira
47:49fazer isso também.
47:50Na Europa
47:50tem muitas seleções
47:51que fazem.
47:53E aí,
47:54fui para a Fervo Viara
47:55acompanhar e apareceu
47:56o empresário
47:57trazendo a proposta dela
47:58e tal,
47:59que ela estava
47:59viu os vídeos dela
48:00e tal,
48:01e lateral,
48:03hoje está mais laterala,
48:04e era um perfil
48:08que era dentro
48:08daquela proposta
48:09que eu queria
48:10de fazer um time
48:11com dois sistemas
48:12que eram no 3-5-2.
48:13Então,
48:13casou muito bem,
48:15a gente só estava
48:16com a Barrinha,
48:18então precisava
48:19de uma jogadora
48:20que tinha uma característica
48:21igual ao dela.
48:22Então,
48:23a gente trouxe ela,
48:24houve um processo
48:24de adaptação
48:25para Araraquara,
48:26passa muito calor aqui,
48:28muito calor aqui.
48:30E olha que é assim.
48:31Então,
48:31mas ficou muito tempo
48:32lá em Portugal,
48:33saiu muito cedo
48:33para ir para lá.
48:34e aí ela começou
48:35a se destacar bastante
48:37conosco ali,
48:39entender bastante.
48:41Então,
48:41são jogadoras da Pique,
48:43é um perfil
48:43que tem pouco no futebol,
48:45tem poucas laterais
48:47com essa característica
48:48e a gente está feliz
48:49de ter trazido
48:51para a Fim Roviária
48:52uma Fleta
48:53que é uma lacuna
48:53difícil de encontrar.
48:56E aí, menina?
48:57Eu espero que continue
48:58aí bem.
48:59Eu queria perguntar
49:01em relação
49:01aos clubes
49:03grandes da capital paulista,
49:04você treinando
49:05uma equipe gigante
49:06que é a ferroviária
49:06desde 2001
49:07e tem um trabalho
49:08constante em toda
49:09a história que tem
49:10dentro do futebol feminino.
49:12Mas quando você olha
49:12para os quatro
49:13grandes de São Paulo,
49:14três grandes de São Paulo
49:16e o Santos do Litoral,
49:18você tem vontade
49:19de treinar?
49:20Como seria
49:21para você estar
49:22em um time
49:22que tem uma torcida
49:23maior,
49:24pensando em Uber?
49:25qual é a sua visão
49:27sobre isso?
49:28Eu gosto
49:28desafio com propósito,
49:32sabe?
49:34Para mim,
49:34seria interessante,
49:37até porque eu gosto,
49:38sou daqui,
49:38sou de São Paulo,
49:39e eu conheço
49:40todos esses clubes
49:41desde a sua origem,
49:43desde o seu primeiro dia,
49:45talvez.
49:46Conheço todos,
49:47todos de São Paulo,
49:49todos até fora de São Paulo,
49:51mas aqui,
49:51mas porque eu sou daqui,
49:52para mim seria sempre
49:53um prazer,
49:55qualquer equipe,
49:56porque eu sei que agora
49:56o Santos tem uma história
49:58muito legal
49:59com o futebol feminino,
50:00gosto muito,
50:01o Corinthians também,
50:02acompanhei desde sempre,
50:03o Corinthians,
50:07o Palmeiras,
50:08desde lá de trás,
50:09eu joguei com o Palmeiras
50:11em 2005
50:12pela parceria
50:13Soberdade Palmeiras,
50:14eu joguei em São Paulo também,
50:15em 99, 2000,
50:17então são equipes
50:18que eu gosto muito,
50:19porque aprenderam
50:20a fazer futebol feminino,
50:22estão fazendo cada vez
50:23melhor o futebol feminino,
50:25estão entendendo
50:26como que faz,
50:26a gente fica muito feliz,
50:27cada vez mais
50:28o futebol feminino
50:28vai ser assim,
50:30vai ser com torcida,
50:31vai ser,
50:32tem aí relatórios
50:33até no próprio Santos,
50:34onde eu vi
50:35desde a estudia de 2018,
50:37se posso errar a data,
50:38o futebol feminino
50:39está crescendo
50:395% ao ano,
50:41você não consegue ver
50:42outros esportes
50:42que tem esse conhecimento
50:43tanto vertical
50:46quanto longitudinalmente,
50:47então você vê,
50:48então cada vez mais
50:49vai ter adesão
50:50das grandes,
50:52a gente está preparando
50:53para isso,
50:54eu estar nesse momento
50:55de sabato também
50:55me faz entender
50:56o que é trabalhar
50:57com uma equipe
50:58que tem uma torcida
50:59massa,
51:00a cobrança é maior,
51:02o trato com a imprensa
51:03é diferente,
51:04porque vai ter mais gente
51:05vendo, falando,
51:06tomara que a imprensa
51:07faça perguntas táticas
51:08como você fez,
51:09para a gente é muito melhor
51:11do que talvez
51:11outro tipo de pergunta,
51:13perdeu, perdeu,
51:14ganhou, ganhou,
51:14entender do jogo
51:15também faz necessário,
51:17então eu fico muito feliz
51:18como qualquer outro tipo
51:19de equipe do Brasil,
51:21por isso que eu falo
51:22sobre proposta,
51:23às vezes você vai
51:24para uma equipe
51:25que não está passando
51:27por um momento legal,
51:27mas talvez o propósito dela
51:29é de fazer um futebol
51:30feminino ali,
51:31melhor,
51:32bom,
51:32por que não?
51:34Eu sou uma pessoa
51:35que na minha vida
51:37é pautada nisso,
51:39eu nunca falo assim,
51:40eu quero ir ali,
51:41eu quero ir aqui,
51:42tanto que eu acabei
51:42de parar de jogar,
51:44seis meses depois
51:45estava em uma seleção
51:45brasileira, assim,
51:47falei, caramba, né?
51:49Então minha vida é assim,
51:50então aí estava
51:50na seleção brasileira,
51:52ufa,
51:52já estou ficando
51:53de boa,
51:53vou fazer o ferroviário,
51:54então eu nunca me planejo
51:56muito,
51:56sou do ponto de vista
51:57de onde eu vou,
51:58onde eu não vou,
51:59eu sempre me planejei,
52:01me preparei independente,
52:02até se o futebol feminino
52:03ia estar assim ou não,
52:04quando eu fiz faculdade
52:05em 2000,
52:08quando eu me formei
52:09em 2024,
52:10que ia fazer
52:1020 anos,
52:12foi imaginando
52:13futebol feminino,
52:14estava assim,
52:14sempre foi imaginando
52:15que eu queria trabalhar
52:16para melhorar as mulheres
52:17que jogavam futebol,
52:19então vai ser consequência
52:20e se calhar
52:21de ser um desafio
52:22num time grande
52:23de São Paulo
52:24em qualquer outro lugar,
52:26hoje eu me vejo
52:26muito preparada
52:27e muito feliz
52:29se isso
52:30naturalmente aconteceu.
52:32Eu queria te fazer
52:32uma pergunta,
52:34se esse momento atual
52:35de maior maturidade,
52:36maior reflexão,
52:37de maior conexão
52:38com as tuas origens,
52:39com tudo que você tem
52:41no sentido
52:42do seu escape,
52:43que é a sua família,
52:44na verdade,
52:45eu queria saber
52:46se hoje a Jéssica,
52:48com esse grau
52:48de maturidade,
52:49ela iniciaria
52:49um projeto do zero,
52:50ela estaria à frente
52:51de um projeto do zero
52:52ou não,
52:54se você se vê,
52:55já ainda estou
52:55numa segunda pergunta,
52:56se você se vê,
52:57você já passou
52:58por um monte de funções
52:59na futebol,
53:00se você se vê futuramente
53:01como uma gestora,
53:01como uma tomadora
53:02de decisões,
53:03para além do campo,
53:04pensando em gestão,
53:05presidência,
53:06enfim,
53:06com a graça,
53:07olha,
53:10estou me fazendo
53:10duas perguntas
53:11que eu nem pensei,
53:14porque minha mente,
53:15assim,
53:16eu tive algumas sondagens,
53:18alguns projetos,
53:19algumas coisas,
53:20mas o meu momento,
53:21não é o momento,
53:23ver o Jéssica hoje,
53:24não é o momento,
53:26assim,
53:27de determinadas situações,
53:29assim,
53:31até pela prioridade
53:32que eu coloquei
53:33nesse momento,
53:34não sei,
53:36quando esse momento
53:37que eu falei
53:38que é mais para frente,
53:39mais para 26,
53:40mesmo que esteja aí,
53:42não sei se aí
53:43seja o momento
53:44que eu pense
53:45e recrita mais sobre isso,
53:47de verdade,
53:48assim,
53:48não cheguei a pensar
53:50com calma sobre isso,
53:51nem sobre a questão
53:52de estar em outro cargo
53:54mais para frente,
53:58quando eu era jogadora,
54:00todos me falavam,
54:01Jéssica,
54:02vai ser treinadora,
54:03você vai virar treinadora,
54:05eu falava,
54:05não,
54:06juro,
54:07tive,
54:08enquanto jogadora,
54:10tive,
54:11não,
54:11quando estava,
54:12quando eu parei de jogar,
54:13tive proposta para ser treinadora,
54:15eu meio que fugia
54:16da função de treinadora,
54:18né,
54:19eu falava,
54:20não,
54:20não quero isso,
54:21pelo amor de Deus,
54:21não,
54:21não quero,
54:22e olha lá onde eu estou,
54:23então,
54:26hoje eu não me vejo
54:27não sendo treinadora,
54:29mas eu não sei,
54:30a gente não sabe
54:31da vida da gente,
54:33eu tenho,
54:33o único planejamento
54:34que eu penso na minha vida
54:35é não depender do futebol
54:37para sempre,
54:38eu penso,
54:39se Deus quiser,
54:40abençoar a minha vida financeira
54:41um dia,
54:42eu ter outros lugares de renda
54:43para que eu não dependa
54:44do futebol,
54:45porque ele realmente
54:46é muito desgastante,
54:48até pelo que a gente entrega
54:49no trabalho,
54:52mas,
54:52é isso que eu estou falando,
54:53hoje a Jéssica não se vê,
54:55assim,
54:55eu não me vejo hoje
54:56num cargo de gestor e tal,
54:58porque eu acho que eu nem
54:58me capacitei ainda para isso,
55:00eu acho que você precisa
55:01se capacitar para fazer aquilo,
55:03entendeu?
55:04Mas lá na frente,
55:05futuramente,
55:06a gente não sabe,
55:07eu não sei o quanto talvez
55:08eu não possa mais contribuir
55:09dentro do campo,
55:10eu possa contribuir mais fora,
55:11tem que ter um olhar
55:12muito sincero para a gente,
55:13né,
55:13e falar,
55:13o cara Jéssica está fazendo
55:15cagada aí dentro,
55:16vai lá fora,
55:17que lá você está melhor
55:18naquele momento,
55:19então,
55:19como eu tenho pouco tempo
55:20de carreira de treinadora,
55:22né,
55:22eu tenho três anos,
55:23e às vezes eu era cobrada
55:24como se eu tivesse 30,
55:26eu achava muito engraçado,
55:27às vezes,
55:27porque a pessoa me conhece
55:28tanto tempo,
55:29fazendo futebol,
55:30jogando futebol,
55:31muito tempo,
55:32então a pessoa olhava para mim
55:33como se eu tivesse,
55:34sei lá,
55:3515 anos de treinadora,
55:38então eu entendo
55:39que eu estou num momento
55:40de,
55:40ainda início de carreira
55:41como treinadora,
55:42né,
55:43então,
55:44não sei se eu consigo
55:45te responder
55:45essas fotos
55:46com tanta convicção.
55:48não sei se eu
55:50ninguém걸,
55:50enfim,
55:53não sei se eu
55:53tivesse algo como
55:54me ele
55:55não sei se eu
55:55報vo,
55:56que ele
56:07tem o que
56:09terá um
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