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  • há 18 horas
Na esteira do crime que chocou Belém, os criminalistas Fabricio Saldanha e Faulz Sauaia concedem entrevista exclusiva à defesa da vítima. Eles comentam a versão da família, contestam as alegações de legítima defesa feitas pela acusação e detalham os próximos passos do processo. Entenda os novos elementos revelados sobre a noite em que o advogado Carlos Alberto dos Santos Costa Júnior foi morto por um policial civil em frente a uma casa de festas na Marambaia, e por que a defesa acredita que a verdade ainda não veio à tona. Já com o suspeito afastado das funções e o caso sob investigação da Polícia Civil do Pará, esse depoimento pode marcar um ponto de virada na apuração.

Reportagem: Max Sousa
Imagens: Raoni Joseph

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Transcrição
00:00Eu que agradeço a oportunidade, em verdade, a família esperava muito por essa oportunidade.
00:05Claro, o primeiro momento era de consternação, de buscar o mínimo de paz,
00:12o mínimo de que Deus pudesse iluminar aquela família,
00:15mas agora, passado um pouquinho desse início de pesar, digamos assim,
00:23nós vimos a necessidade, considerando, com todo respeito à imprensa,
00:26considerando o que vinha sendo noticiado, de que se tratava de uma legítima defesa,
00:32de que se tratava de tão somente uma legítima defesa desse policial,
00:37e que, na verdade, os vídeos, a mídia do estabelecimento comercial diz totalmente o contrário.
00:47O policial é que parte para cima do advogado,
00:51a todo momento ele vai no carro, volta com essa arma por baixo aqui da camisa,
00:58então, dizer que houve legítima defesa, eu entendo equivocado,
01:02desde já confiando, sempre, como eu disse em outras entrevistas,
01:05na Polícia Civil, na DECRIF, no Ministério Público, no Judiciário,
01:09sabendo que a investigação será feita na melhor maneira possível,
01:12mas nós precisamos, e precisávamos, também trazer este lado,
01:15porque é brigar com os vídeos, é brigar com o que está ali,
01:20não há uma criação, não há uma inteligência artificial,
01:23é efetivamente o que aconteceu, está gravado,
01:25temos vários ângulos, vários momentos dessa situação,
01:29e é muito claro, ele vai ao carro, depois volta,
01:32quando volta, já ceifa a vida do advogado,
01:36que se viu ameaçado naquele momento.
01:37Em verdade, quem se viu ameaçado naquele momento foi o advogado,
01:41porque ele viu chegando aquela pessoa, o policial,
01:45em punhos, com uma arma, nesta posição,
01:47então, por óbvio, ele se assustou também,
01:49ele tentou se defender, e se defender,
01:51ele não ia esperar primeiro ser atingido,
01:53para depois ver o que ia acontecer.
01:56Como eu disse, é impossível brigar com as imagens,
01:59dizer, a defesa vai fazer seu papel,
02:02e nós respeitamos, nós somos advogados criminalistas,
02:04não temos como dizer que ele não merece a defesa, etc.
02:07Essa, acho que, pode ser até a beleza, digamos assim,
02:10nossa profissão, saber, entender que, do outro lado,
02:12merece a defesa, ele terá um julgamento,
02:15a meu ver, justo, etc.,
02:16mas que o julgamento público também é muito importante.
02:20Infelizmente, nós vivemos um momento que
02:22se faz muita justiça nas redes sociais,
02:25na mídia,
02:26e, a meu ver, com todo respeito, novamente,
02:29à mídia, etc.,
02:30nós estávamos vendo como defesa da família,
02:33defesa da honra do Carlos,
02:35acusações ao advogado,
02:38quando, na verdade, ele é vítima.
02:40Então, isso nos deixa consternados,
02:43e agradecemos a possibilidade de
02:45verificar e mudar essa narrativa.
02:49Olha, nós ainda não tivemos acesso à íntegra
02:51do que está sendo produzido nos autos,
02:53mas nós temos algumas imagens,
02:56e elas falam daquele momento em que ocorreu.
02:58Bom, eu penso que, se houve alguma ameaça,
03:02ou se houve alguma intenção por parte do advogado
03:06em agredir, de qualquer forma, o policial,
03:10ela tinha passado.
03:12Então, pelo que nós vemos no vídeo,
03:14o vídeo mostra que o advogado estava parado
03:17ao lado da sua namorada,
03:19e o policial vem na direção dele
03:23e avança contra ele,
03:25sabendo que estava armado.
03:26Eu penso, assim, que todos temos direito
03:28à defesa, sim,
03:30mas eu vejo, a meu ver,
03:32isso é a interpretação pessoal,
03:33foi um ato covarde
03:35de alguém que se valeu
03:36de uma condição de policial,
03:38de estar armado,
03:39para ir de encontro
03:41a outra pessoa que ali se encontrava.
03:44Bom, eu acho muito fácil falar
03:47que se alguém me ameaça,
03:49de qualquer forma,
03:50eu vou lá e tiro a vida da pessoa.
03:53Como bem visto no vídeo,
03:55o Carlos não era ameaça nenhuma
03:57para ele nesse momento.
03:59Então, se coloca o Carlos como vilão,
04:01se coloca o Carlos como se fosse
04:03a pessoa que fosse o responsável
04:05por ter perdido a vida,
04:07e se coloca o policial
04:08numa condição de legítima defesa.
04:10Se houve alguma coisa
04:12parecida com legítima defesa,
04:14a gente encara que se fosse
04:15uma legítima defesa provocada,
04:18onde a pessoa causa uma situação,
04:21um motivo para poder atuar
04:23da forma como ele já queria atuar.
04:25Mas isso vai ser colocado
04:26mais à frente.
04:27Nesse momento, eu penso que
04:28a imagem do Carlos,
04:30que é ele que não está mais aqui
04:32para se defender,
04:33deve ser preservada.
04:34E isso a gente não está vendo,
04:36essa preservação da imagem
04:37daquele que se foi.
04:39Então, a família está muito consternada,
04:42e um pedido da família
04:43é justamente que se traga
04:44às claras a verdade dos fatos.
04:46O próximo passo já iniciou,
04:49que são as investigações.
04:51Vídeos já se encontram
04:52de posse da delegacia da DECRIF,
04:54da Delegacia de Crimes Funcionais.
04:57Uma narrativa que foi levantada
04:59pela defesa do advogado,
05:01e antes de entrar no mérito
05:02do que vai acontecer agora,
05:03eu preciso trazer a de que ele
05:05foi averiguar quem era a pessoa
05:07e iria conduzir para a delegacia.
05:09Isso é uma conduta que não existe
05:11para um policial que está de folga,
05:13que está em ambiente festivo,
05:15muito provavelmente bêbado,
05:17bebido, alcoolizado,
05:19que falaram que ele não consome
05:20bebida alcoólica.
05:21Isso estará nos autos também,
05:23a comprovação de que ele consome
05:24bebida alcoólica.
05:25E, novamente, ele foi ao carro,
05:28voltou e foi enfrentar,
05:30foi já com a intenção,
05:32a meu ver, de ceifar a vida do Carlos.
05:34O que ele fez ou deixou de fazer,
05:35novamente, realmente não justifica.
05:38Então, é uma aversão que,
05:39a meu ver, ela não vai se consumar
05:41nos autos, não vai se provar,
05:43pelo contrário,
05:44e, a partir de agora,
05:45as investigações continuam.
05:47O prazo seria de 30 dias,
05:49mas acredito que,
05:49pela complexidade,
05:50pela complexidade
05:53e a necessidade de perícias,
05:55de, talvez, reprodução,
05:56simulados fatos,
05:57enfim,
05:58por ser um caso complexo,
06:00vai demorar um pouco mais.
06:01Após isso,
06:01vai mostrar o público,
06:02que certamente irá apresentar
06:04a denúncia,
06:04nós confiamos nisso.
06:05E nós,
06:06o nosso papel de assistente
06:07de acusação futuramente,
06:08hoje,
06:09estamos aqui pela família,
06:10mas seremos assistentes de acusação
06:11nesse processo,
06:13é auxiliar a justiça,
06:15é levar provas que,
06:16de repente,
06:16a própria polícia não consiga,
06:18o Ministério Público não consiga,
06:19nós,
06:20por esse contato mais pessoal
06:22com a família,
06:22tenhamos acesso,
06:23auxiliar,
06:24auxiliar e fazer justiça,
06:26e,
06:26a nosso sentir justiça,
06:27é esse processo,
06:28e a tribunal do júri,
06:29e a condenação deste policial.
06:30Legenda Adriana Zanotto
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