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00:02:15It's like a dark tree.
00:02:35Look at him.
00:02:37He who?
00:02:38He is always fishing.
00:02:45SIREN
00:03:15Take care.
00:03:36Aflição de ser eu e não ser outra, aflição de não ser amor aquela.
00:03:42Que uma filha te deu, casou donzelos?
00:03:45E a noite se prepara e se adivinha
00:03:48Objeto de amor, atenta e bela
00:03:52Aflição de não ser a grande ilha
00:03:54Que te retém e não te desespera
00:03:57A noite como fera se avizinha
00:04:01Aflição de ser água em meio à terra
00:04:03Ter a face conturbada, imóvel e a um só tempo múltipla
00:04:08Imóvel
00:04:09Não saber se se ausenta ou se te espera
00:04:12Aflição de te amar, amor
00:04:15Se te comove e sendo água, amor
00:04:19Querer ser terra
00:04:21Parabéns
00:04:26Eu gostei
00:04:29Gostou?
00:04:31Gostei
00:04:32A traquejo
00:04:34A sorte
00:04:37A espírito
00:04:40E você fala sempre assim
00:04:42Não, não
00:04:43Tô brincando
00:04:45Eu gostei mesmo
00:04:48Vocês são muito boas atrizes
00:04:52Vocês estão juntas há muito tempo?
00:04:57Nos encontramos pelo caminho
00:04:58Amanda fazia um monólogo meio sem graça
00:05:01Ah, Amanda
00:05:04Claro, Amanda
00:05:05Bonito nome
00:05:07Boa atriz também
00:05:09E o teu?
00:05:11Sônia
00:05:12Eu tenho uns discos no meu quarto
00:05:15São as minhas músicas
00:05:18Quer ouvir?
00:05:21Quer ouvir?
00:05:21Vamos pro meu quarto
00:05:27Você gostou da cena, não gostou?
00:05:37A peça nos expõe um pouco
00:05:39Por vias tortas
00:05:41Você não acha?
00:05:46Chama
00:05:46Encontrei um homem pra nós duas
00:05:51Amanda
00:05:54Vem, Amanda
00:05:58Amanda ainda tá amamentando
00:06:05Deve um filho a pouco
00:06:07Anda
00:06:11Tira a roupa
00:06:13Tira a roupa
00:06:15Tira a roupa
00:06:16Tira a roupa
00:06:17Tira a roupa
00:06:18Tira a roupa
00:06:19Tira a roupa
00:06:20Tira a roupa
00:06:21Tira a roupa
00:06:22Tira a roupa
00:06:23Tira a roupa
00:06:24Tira a roupa
00:06:26Tira a roupa
00:06:27Tira a roupa
00:06:28Tira a roupa
00:06:29Tira a roupa
00:06:30Tira a roupa
00:06:31Tira a roupa
00:06:32Tira a roupa
00:06:33Tira a roupa
00:06:34Oh, my God, I'm so hungry.
00:07:04Mama, I'm all suave.
00:07:08Let's go and take a bath with her, come on.
00:07:31Come and take a bath with her, come on.
00:07:35Look at her, baby.
00:07:38She's called Cristina.
00:07:50Cris.
00:07:52You don't like Cris?
00:07:55I like it.
00:07:57I like it.
00:08:08I like it.
00:08:26I like it.
00:08:29I like it.
00:08:34Before the sundrytl goes down, the blood of my blood?
00:08:42Take it.
00:08:44Curve your hand.
00:08:46Respite my breath.
00:08:48You get filled the tub of blood.
00:08:52You're the inside.
00:08:54You're the soul of diamonds.
00:08:59You're the blood of your blood.
00:09:03A minha fugiria.
00:09:05E sobre nós esse tempo, futuro,
00:09:08urdindo a grande teia.
00:09:11Sobre nós a vida.
00:09:14A vida se derramando.
00:09:16Cíclica.
00:09:19Escorrendo.
00:09:23Fora! Fora!
00:09:24Isso é sem vergonha e pura.
00:09:26Ora, ora, ora, sem vergonha e pura.
00:09:30Algum escândalo por aqui?
00:09:33Há uma voz discordante na plateia?
00:09:36Há um senhor?
00:09:38Ah, está ali.
00:09:40Que discorda do mavioso texto
00:09:42dito por essas duas senhoritas aqui presentes?
00:09:45Pra mim isso é merda.
00:09:47Isso é teatro, senhores.
00:09:51O conflito iminente.
00:09:53Nem sempre.
00:09:55Vamos entrar num acordo.
00:09:57Isso é bom para o teatro.
00:09:59Diga merda para o povo e seja sempre novo.
00:10:04Ah, nossa boca de vento.
00:10:08Blá, blá, blá.
00:10:10Boca de vento.
00:10:12Boca de vento.
00:10:14Deixa ver.
00:10:15A nossa boca de vento, que aparentemente é vazia, seria o primeiro momento de uma escatologia comparada.
00:10:27A nossa boca de vento, na verdade, são duas bocas de vento.
00:10:32Boca do nada.
00:10:34Partindo do nada, nós chegaremos a infinitas conclusões.
00:10:44Caro senhor, depois do nada, vem tudo de mão beijada.
00:10:50Fora!
00:10:52Fora!
00:10:54Fora!
00:10:55Fora!
00:10:56Fora!
00:10:57Fora!
00:10:59Ah, eles piraram.
00:11:01Nós enlouquecemos a população.
00:11:03Louco sim!
00:11:05A minha loucura, outros que me atomem com que nela ia, se é loucura o que é o homem, mas que besta sadia, cadáver adiado que procria, o teatro é arte do acaso, o imprevisível já tá no roteiro.
00:11:25Mas o que está acontecendo?
00:11:29Parece que nós atingimos o nervo exposto dessa simpática sociedade.
00:11:36Chutamos o saco deles.
00:11:39Todo mundo gostou.
00:11:42Uma catarse.
00:11:44Nós provocamos uma catarse nessa gente.
00:11:49Não é essa a nossa função?
00:11:52Nós liberamos os fantasmas, as forças sobrenaturais, os ódios reprimidos, os desejos recalcados.
00:12:00Nós dividimos a plateia.
00:12:02Nós enlouquecemos o público.
00:12:07Que maravilha!
00:12:11Que belo exemplo esse que vocês dão.
00:12:14Um bando de vagabundos querendo me convencer que faz teatro.
00:12:19Que merda de teatro é esse que vocês fazem?
00:12:21Senhor delegado, nós não poderíamos transferir a discussão estética pra depois?
00:12:28Do que somos acusados?
00:12:31Atentado ao pudor.
00:12:34E...
00:12:35E vamos ficar muito tempo aqui?
00:12:37Tempo o suficiente.
00:12:39O suficiente.
00:12:40Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:43A criança é de vocês?
00:12:49Esqueceram, pô?
00:12:50Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:51Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:52Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:53Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:54Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:55Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:56Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:57Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:58Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:12:59Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:00Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:01Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:02Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:03Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:04Tem comida e roupa lavada, pelo menos?
00:13:05Senhoras e senhores, passando por aqui, resolvemos alegrar esse distinto público
00:13:26e contar um pouco da história de nossas vidas.
00:13:31Nós fazemos teatro.
00:13:33Senhoras e senhores, você sabe o que é o teatro?
00:13:40O teatro é como se fosse um espelho.
00:13:44Entende?
00:13:45A gente se olha e se vê refletida, com um bonito cenário por trás.
00:13:50Luzes, roupas coloridas, música.
00:13:54Tudo como se fosse a vida.
00:13:57É a vida refletida no espelho.
00:14:00E vocês são o nosso cenário.
00:14:04É a vida desajeitada, isso sim, e feita aos pedaços.
00:14:09Respeitável público, a Companhia dos Artistas Mbembe apresenta o espetáculo intitulado
00:14:15a história dos pedaços de nossas vidas e como fomos proibidos de exercer a nossa profissão.
00:14:22Com Amanda, Sônia, Santiago, esse que vos fala e a pequena Cris, é claro.
00:14:34Já se ouve o rufar do tambor.
00:14:46Chegou a hora de rir.
00:14:49Chegou a hora de chorar que o espetáculo vai começar.
00:14:52Enquanto eles arrumam o cenário lá atrás, permitam-me apresentar.
00:14:59Eu sou o poeta.
00:15:03Sou eu que crio os personagens.
00:15:06Eu crio os diálogos.
00:15:08Você quer fazer o favor de calar a boca?
00:15:11Você tem que dizer, o espetáculo vai começar e pronto.
00:15:15Sim, senhor.
00:15:16E você não tem o direito de ficar revelando os nossos segredos?
00:15:20Sim, senhor.
00:15:22Eu não lhe pago muito bem?
00:15:25Quanto a isso, tenho minhas dúvidas, meu senhor.
00:15:26Cala a boca, eu vou aí e quebro a sua cara.
00:15:29Cala, senhor.
00:15:31Não, senhor.
00:15:33Diga o que tem que ser dito pro público saber qual é a verdade.
00:15:38Distinto público.
00:15:40O teatro é uma atividade muito bem paga.
00:15:43E a mais honrosa das profissões.
00:15:47E não pode ser mau exemplo pra ninguém.
00:15:50E não pode ser mau exemplo pra ninguém.
00:15:53E não pode ser uma merda, como disse o nosso delegado.
00:15:56E não é uma merda, como disse o nosso delegado.
00:15:59Muito bem.
00:16:01Quanto eu lhe devo?
00:16:02Cinco moedas, senhor.
00:16:04Eu lhe dou uma.
00:16:07E agora, vamos começar.
00:16:13Abre a janela, minha querida comédia.
00:16:19Vamos entrar em função?
00:16:21Peraí, meu poetinho.
00:16:23Eu ainda tô me maquiando.
00:16:24Cara, tragédia.
00:16:26Estamos esperando.
00:16:28Eu sempre entro por último.
00:16:29Quem é que vai me dar a deixa?
00:16:31Dessa vez, vamos improvisar.
00:16:33Que papel vou fazer, meu amor?
00:16:34O seu próprio.
00:16:36Vai contar a minha história?
00:16:37Mais ou menos.
00:16:38Ah, não.
00:16:40Eu não quero saber de drama.
00:16:41Não quero ver ninguém chorando na minha frente.
00:16:43Não tem perigo.
00:16:45Nós nunca estaremos juntas no palco.
00:16:47Calma, gente.
00:16:48Não vamos brigar.
00:16:49O público está esperando.
00:16:51O espetáculo não pode parar.
00:16:59Vem cá, vem.
00:17:00E o que a gente vai fazer?
00:17:05Para a minha julieta?
00:17:09Para com isso.
00:17:11Vem cá.
00:17:13Tô precisando de carinho.
00:17:14Sempre fugindo.
00:17:33Não é isso.
00:17:35Eu estou sempre em movimento.
00:17:38Movimento?
00:17:39Para onde?
00:17:41Sei lá, para lá e para cá.
00:17:42A gente nunca sabe.
00:17:46Me deixou largada lá.
00:17:49Nenhum adeus.
00:17:51Para que despedida?
00:17:53Que diferença faz?
00:17:55Nesse seu mundo de merda, que diferença faz?
00:17:58Não é um mundo perfumado.
00:18:01Mas é um mundo em que vivemos.
00:18:04Tô cheia dessa vida.
00:18:07Isso que a gente faz.
00:18:08Muita gente chama de arte.
00:18:14Isso tem uma virtude.
00:18:17A redenção.
00:18:19Bela droga.
00:18:22Pode ser tragédia.
00:18:25Se for alta, a tragédia é melhor.
00:18:27Pode ser também a risada do homem forte.
00:18:35De onde você tirou isso?
00:18:39Alguém escreveu.
00:18:42Anda pelas ruas sórdidas de armada.
00:18:47Um homem que não é sórdido.
00:18:51Quem é esse homem?
00:18:52Ele é jovem.
00:18:55E ele é pobre.
00:18:57É um homem comum.
00:18:58Ou não poderia andar com as pessoas comuns.
00:19:05Ele não aceita o dinheiro desonesto de ninguém.
00:19:09E também não aceita a insolência da parte de ninguém.
00:19:14Ele fala...
00:19:16...como uma pessoa da sua idade.
00:19:18É áspero.
00:19:22Tem senso do grotesco.
00:19:24Mas é espirituoso.
00:19:28E ele fala...
00:19:31...com total desprezo pela mesquinheza alheia.
00:19:36Belo perfil.
00:19:39E a sua história?
00:19:40É a aventura de procurar uma verdade oculta.
00:19:53Não seria uma aventura...
00:19:55...se não ocorresse com um homem talhado para a aventura.
00:20:00Se todos fossem como ele...
00:20:04...este mundo seria mais belo.
00:20:05Mas não de interessante...
00:20:10...au ponto de não se querer viver nele.
00:20:14Eu gostaria de amar esse homem.
00:20:16Eu gostaria de conhecê-lo.
00:20:35E aí
00:20:45E aí
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00:23:36Oh, my God.
00:24:06You really know how to beat the machine?
00:24:11What else do I know I can do without beating the machine?
00:24:18I was the champion of didatilography in Hamburg.
00:24:23I can beat it very fast. You want to see?
00:24:27No, it's not necessary. I believe it.
00:24:31What else do you want to do?
00:24:32Okay. O trabalho é fácil.
00:24:37Não se preocupe. Você vai aprender logo.
00:24:44O nosso trabalho é esse. Vender essas latas.
00:24:50Tome. Leve.
00:24:55Valeu.
00:24:56Você está mal.
00:24:59Precisa se tratar.
00:25:00Vou dar uma coisa para morar.
00:26:34Senta aí e espera.
00:26:37Ele não demora.
00:27:04Eu te recebo, como minha legítima esposa.
00:27:21E te prometo ser fiel.
00:27:23Na alegria e na dor.
00:27:27Na miséria e na riqueza.
00:27:30Na doença e na saúde.
00:27:34Te amando e respeitando por todos os dias da minha vida.
00:27:40Eu te recebo como meu esposo.
00:27:43E te prometo ser fiel.
00:27:46Na alegria e na dor.
00:27:49Na riqueza e na pobreza.
00:27:51Na saúde e na doença.
00:27:54Te amando e te respeitando por todos os dias da minha vida.
00:27:58Deus abençoe o amor de vocês.
00:28:03Por este sacramento, o que Deus uniu, que o homem não separe.
00:28:11Amém.
00:28:11Receba essas alianças como prova do meu amor e da minha fidelidade.
00:28:24Receba esta aliança como prova do meu amor e da minha fidelidade.
00:28:33Em nome da Santa Madre Igreja, eu vos declaro marido e mulher.
00:28:40Pode beijar a noiva.
00:29:03Não entendo.
00:29:06E você?
00:29:06O que você está fazendo aqui?
00:29:10Eu vim cobrar uma dívida do meu tio.
00:29:16Prometi para minha mãe quando ela morreu.
00:29:18Ela me disse.
00:29:20Filha, não peça nada.
00:29:22Exija que ele te pague tudo o que roubou do teu pai.
00:29:26Dá para perceber.
00:29:29Você percebe nos menores gestos.
00:29:33Você está muito tensa, como uma cobra esperando.
00:29:36É o momento de dar o bote.
00:29:39É o momento de dar o bote.
00:29:41Relaxa.
00:29:42Vem cá.
00:29:49Qual o problema?
00:29:51Filhos.
00:29:53Não veem.
00:29:55Sua mulher já viu isso?
00:29:56Fez todos os exames.
00:29:57Parece que está bem.
00:29:58Parece que está bem.
00:30:00Vamos fazer um espermograma.
00:30:02Recolhe o material nesse vidrinho, por favor.
00:30:04É você que está aí?
00:30:10O que você está fazendo?
00:30:15Fala alguma coisa.
00:30:18Me conta.
00:30:18O que houve lá no médico?
00:30:25Não se faz de morto.
00:30:26Diz alguma coisa.
00:30:27Fala, pelo amor de Deus.
00:30:31O que está acontecendo aí?
00:30:33Já não enche o saco.
00:30:36O que você falou?
00:30:39Deus existe.
00:30:41Porra.
00:30:49O que você tem?
00:30:50O que você tem?
00:30:52Vazio.
00:30:55Me sinto um saco vazio.
00:30:59Nada por dentro.
00:31:01Nem as entranhas.
00:31:04Você não se apega a nada.
00:31:07Não sei por que fica comigo.
00:31:12É uma inércia o casamento.
00:31:17Mas casar faz bem.
00:31:20É bom.
00:31:23Você não acha?
00:31:29Eu gosto do seu tio.
00:31:32Ele é um bom sujeito.
00:31:35É.
00:31:39Olá.
00:31:41Qual é o resultado?
00:31:42Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:31:46Doutor, deixa essa retórica para lá.
00:31:49Fala claro.
00:31:50Não dá para procriar.
00:31:53Bom.
00:31:53Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:31:57Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:31:58Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:31:59Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:32:00Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:32:01Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:32:02Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:32:03Não há espermatozoides suficientes para fecundar na sua corte espermática.
00:32:03BIRDS CHIRP
00:32:33Estamos aqui reunidos para encomendar o corpo de Alexandre da Silva Mar
00:32:41Que ele descanse em paz, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
00:32:49Amém
00:33:03Viu? Não se pode ter tudo
00:33:07Sinto muito
00:33:09Não se lamente
00:33:11Eu estou triste, mas aliviada
00:33:15Me livrei daquela promessa
00:33:18Amém
00:33:19Amém
00:33:20Amém
00:33:21Amém
00:33:22Amém
00:33:23Amém
00:33:24Amém
00:33:25Amém
00:33:26Amém
00:33:27Amém
00:33:28I can't see you anymore.
00:33:55Why?
00:33:56You mean there isn't a long story of misery in your family?
00:34:01No.
00:34:03The only responsible for me.
00:34:05And your family?
00:34:07Please.
00:34:09Just today.
00:34:11I need a place for today.
00:34:17Okay.
00:34:19The bedroom is there.
00:34:21Cama 17.
00:34:26Back to the van.
00:34:29Let's go.
00:34:32One, two, three, four.
00:34:35Two, three, four, four, five, five, six, five and five.
00:34:40One, two, three, five.
00:34:43One, one, two, three, five.
00:34:50One, two, three, four, five.
00:34:54Here we go.
00:35:24You're okay, Ae?
00:35:37You're okay, Ae?
00:35:54Tranquilo.
00:36:06Eu ouvi tambores essa noite.
00:36:08Um clarim.
00:36:10Vozes, soluços.
00:36:13Mas eu não consegui ver nada.
00:36:15Você é um novato.
00:36:18Você é um novato.
00:36:20Qual é seu nome?
00:36:22Lucas.
00:36:24Lucas.
00:36:30Quer saber a minha história, quer?
00:36:32Coach?
00:36:34Eu não nasci miserável não, viu?
00:36:37Tinha família, casa, empregados.
00:36:41Um dia, estou indo pra cidade...
00:36:44...que parei meu carro num sinal vermelho.
00:36:47Apareceu um garoto que começou a esfregar o vidro do carro.
00:36:55O garoto cuspia e esfregava um paninho de feltro no vidro do carro.
00:37:01Cuspia, esfregava, cuspia, esfregava.
00:37:04O sinal passou pra verde e o garoto não saia dali.
00:37:12Eu peguei umas moedas, mostrei pro garoto.
00:37:15Mas o garoto não via nada.
00:37:18Ele queria esfregar o paninho de feltro no vidro do carro.
00:37:21Então, começaram a buzinar sem parar.
00:37:27E o garoto ali na minha frente, a cuspir e a esfregar.
00:37:33Eu comecei a suar, puxei a gravata e gritei pro garoto,
00:37:38sai da frente, sai!
00:37:42E o garoto, nada.
00:37:45Então, não sei o que me deu nos miolos.
00:37:50Eu arranquei o carro e passei por cima do garoto,
00:37:56que morreu na hora esmagado pelos pneus traseiros.
00:38:00Meu filho, eu esmaguei o garoto.
00:38:15Depois disso, não entendi mais nada.
00:38:21Me deixei prender, me deixei internar num manicômio judiciário.
00:38:28Eu, que tinha corrido meio mundo regendo orquestras,
00:38:36abandonei tudo.
00:38:39Todos me abandonaram.
00:38:43E no fim da vida, vim parar aqui.
00:38:49Compreende?
00:38:59D. Carlos, esse é o Novato.
00:39:07Como é seu nome?
00:39:08Well, Carlos, this is the Novato.
00:39:18What's your name?
00:39:20I'm John Nguyen.
00:39:22What does he do?
00:39:25I don't know. I'll ask him.
00:39:27What does he do?
00:39:29At the time, I'm with the president.
00:39:32She wants to know what you do.
00:39:35Ah, I know. Tell stories.
00:39:37Then tell.
00:39:39What?
00:39:40Then tell.
00:39:41You want?
00:39:42You want to tell a story?
00:39:44Silence!
00:39:47Because I'll tell...
00:39:49...a story...
00:39:51...of how I was conceived.
00:39:56I remember...
00:39:58...entre me and my conception...
00:40:00...there was an anteparo...
00:40:02...a kind of dark wood...
00:40:05...to be seen.
00:40:06I did not distinguish the...
00:40:08...of the sun.
00:40:10Medium from the sun.
00:40:12Of the darkness.
00:40:13Just the minute.
00:40:15I could see...
00:40:16...and around me...
00:40:18...partículas...
00:40:19...irriquietas...
00:40:22very clear, very clear, in the middle of a total darkness.
00:40:29Look, gentlemen,
00:40:32suddenly, a terrible incarnation.
00:40:40It's terrible, gentlemen,
00:40:43to see the matter,
00:40:45at the end,
00:40:47in a state of apparent rest.
00:40:50She didn't have any reason to come,
00:40:54but she's there now,
00:40:58presa a certain way.
00:41:02Look, gentlemen,
00:41:04and look at the result of all this.
00:41:09I,
00:41:11in a flesh and flesh.
00:41:14Where did you come from?
00:41:16A man?
00:41:17What the hell are you?
00:41:19Nothing.
00:41:20He's not from this world.
00:41:22Don't be afraid, my sister.
00:41:24I'm from this world.
00:41:27Your name is?
00:41:28Vicente.
00:41:29What are you doing?
00:41:30Sorveteiro.
00:41:31Sorveteiro.
00:41:32Jesus.
00:41:33Jesus?
00:41:34Yes.
00:41:35Carpinteiro.
00:41:36Carpinteiro.
00:41:37Two?
00:41:38You?
00:41:39You too.
00:41:40You too.
00:41:41You too.
00:41:42You too.
00:41:43You too.
00:41:44Your pventure,
00:41:45a man.
00:41:46You too.
00:41:47You.
00:41:48photographs?
00:41:50José Marcineiro.
00:41:52Ari, lixador.
00:41:54Eu preciso de uma costureira e uma cabeleireira.
00:41:56Estamos aqui.
00:41:58A costureira, o nome é?
00:42:00Helena.
00:42:02E a cabeleireira? Luma.
00:42:04Lucas, o que é aquilo lá?
00:42:06É a nossa banda.
00:42:08O que houve com ela?
00:42:10Está parada.
00:42:12Vamos ressuscitar a banda.
00:42:14Você se encarrega disso.
00:42:16E vamos fazer o quê?
00:42:18Nós vamos fazer teatro.
00:42:20Um dó.
00:42:24Obrigado.
00:42:26Um dó. Comigo.
00:42:30Isso. Obrigado.
00:42:36Agora nós vamos tocar esse caso de dó maior.
00:42:38Você acompanha a gente.
00:42:40Tá bom?
00:42:42Dó. Ré.
00:42:44I. Fá.
00:42:46Sol. Lá.
00:42:48Sim.
00:42:50Dó.
00:42:52Era uma vez uma batalha sangrenta.
00:42:54Que deixou em escombros.
00:42:56Cidades e aldeias.
00:42:58A mulher perdeu o marido.
00:43:02A irmã perdeu o irmão.
00:43:04E o filho procura.
00:43:06Entre as cinzas.
00:43:08Seu pai e sua mãe.
00:43:10Infão.
00:43:12Não chegam.
00:43:14Não chegam cartas.
00:43:16Não chegam notícias.
00:43:18Não chegam cartas.
00:43:20Não chegam notícias.
00:43:22Os meninos.
00:43:24Os meninos se organizaram.
00:43:26Numa cruzada.
00:43:28De fome.
00:43:30E de frio.
00:43:32Eles caminham.
00:43:34E se unem a outros meninos.
00:43:36Nas aldeias por onde passam.
00:43:40Na frente.
00:43:42Vai o menino.
00:43:44O líder.
00:43:46Que organizou a cruzada.
00:43:48E atrás.
00:43:50Uma menina.
00:43:52De onze anos.
00:43:54Que cuida do seu irmão.
00:43:56Que mal sabe andar.
00:44:00Viajava também com eles.
00:44:02Um menino triste.
00:44:04E fraco.
00:44:06Que sempre ficava pra trás.
00:44:08E também um músico.
00:44:10Que encontrou um tambor.
00:44:12Mas sem prestígio.
00:44:14Pois não podia tocar.
00:44:15Para não se denunciar.
00:44:16Ia também um cão.
00:44:18A princípio.
00:44:20Para ser comido.
00:44:21Mas ainda não houve coragem.
00:44:23Para matá-lo.
00:44:27Um belo dia.
00:44:28Eles encontraram.
00:44:29Outro grupo de meninos.
00:44:30E quase se instalou.
00:44:32Uma guerra.
00:44:33Mas vendo o absurdo.
00:44:35Que era.
00:44:36Eles fizeram uma trégua.
00:44:37Restou ainda.
00:44:38Uma pequena batalha.
00:44:40Em torno de uma cabana.
00:44:41Mas um dos lados.
00:44:43Ficou sem comida.
00:44:44E o inimigo.
00:44:45Sabendo disso.
00:44:46Mandou.
00:44:47Um saco de batatas.
00:44:49Pois não se pode lutar.
00:44:51Se não se come nada.
00:44:55Depois disso.
00:44:56Continuaram.
00:44:57A caminhar.
00:44:59Unidos.
00:45:00Pois é melhor.
00:45:02Caminhar juntos.
00:45:03Que separados.
00:45:04Houve também.
00:45:05Um julgamento.
00:45:06Um dia.
00:45:07A luz de velas.
00:45:08E foi condenado.
00:45:09O juiz.
00:45:10Depois de uma difícil audiência.
00:45:11Houve também.
00:45:12Um enterro.
00:45:13Do menino.
00:45:14Do menino fraco.
00:45:15Que foi carregado.
00:45:16Nos ombros.
00:45:17De seus companheiros.
00:45:18Mais fortes.
00:45:19Segura na mão de Deus.
00:45:20E vai.
00:45:21Segura na mão de Deus.
00:45:22Segura.
00:45:23Segura na mão de Deus.
00:45:25Segura na mão de Deus.
00:45:26Segura na mão de Deus.
00:45:27Segura na mão de Deus.
00:45:29Segura na mão de Deus.
00:45:55Ainda havia fé e esperança, apesar de faltar carne, pão e qualquer sentido de direção.
00:46:12É claro que havia cartazes pendurados nos postos, mas não se devia lê-los, pois quem se fia podiam estar invertidos.
00:46:25Em torno do líder se agrupam, pois confiam nele, e apontam para o horizonte branco, em qualquer direção.
00:46:35Por ali, por ali deve ser. Por ali. Um fogo, um fogo, eles viram, mas não se aproximam com medo.
00:46:50Vem cruzar também um batalhão de soldados.
00:46:54Eu fecho os olhos e vejo que eles se deslocam de um povoado destruído para uma aldeia em ruínas.
00:47:09Eles, debaixo de um vento frio, enregelados, famintos, eles caminham, caminham.
00:47:24Eles só desejam uma terra para morar, longe do troar dos canhões e dos incêndios.
00:47:33Nessa manhã, os soldados mataram um cão com um cartaz no pescoço.
00:47:46Os camponeses o encontraram.
00:47:49Socorro, dizia o cartaz.
00:47:52Estamos perdidos.
00:47:54Somos cinquenta.
00:47:56Não matem esse cão.
00:47:58Só eles sabem onde estamos.
00:48:02Se o matarem, nossa esperança morrerá com ele.
00:48:06A voz onê, foi transita e se pervião.
00:48:23Atende, atende, atende, atende, dividete.
00:48:40Se és dolor.
00:48:47Escuta.
00:48:49Preciso conversar com você no ambulatório.
00:48:51E és contorno teu.
00:49:08Chora e grita o tempo inteiro.
00:49:11Você podia dar uma ajuda pra gente.
00:49:14Tenta se comunicar com ela, tenta.
00:49:17Como é que ela veio parar aqui?
00:49:19Assistência social.
00:49:21Sim.
00:49:22Sim.
00:49:23Sim.
00:49:24Sim.
00:49:25Sim.
00:49:26Sim.
00:49:27She just disappeared.
00:49:50She just disappeared.
00:49:55Dizem que ela pode ter morrido lá pelas bandas do norte, no último terremoto que teve por lá.
00:50:02Não sei.
00:50:05O que eu sei é que tudo caminhava bem e de repente ela sumiu.
00:50:12Voltei da escola e ela não estava mais.
00:50:15Como é que ela era?
00:50:18Bonitona.
00:50:20Muito louca, não dá pra descrever.
00:50:23O que ela fazia?
00:50:25Teatro.
00:50:27Ela era atriz.
00:50:28Muito boa atriz até.
00:50:30Vivia perambulando por aí, mambambando.
00:50:33E o nome dela?
00:50:35Amanda.
00:50:37Amanda?
00:50:38Você disse Amanda.
00:50:41Você ouviu.
00:50:43Você está branca, parede seu.
00:50:46E você também, você parece transparente.
00:50:51Então você é a Cris.
00:50:53Não sabia.
00:50:54Você é a Cris que eu segurei no colo.
00:50:57Devia ter, sei lá, quatro, cinco meses.
00:51:00Não acredito.
00:51:03Não é possível.
00:51:03Como foi?
00:51:07A troca que passou por aqui, eu conheci você.
00:51:12Aí ficamos juntos duas semanas, eu e Amanda.
00:51:16Aí, ela foi embora sem se despedir, sumiu, nunca mais a vi.
00:51:22Ela sempre foi assim, minha mãe.
00:51:27Nunca conheci meu pai.
00:51:28Quando eu nasci, disseram que ele tinha ganho uma bolsa de estudos para a Bélgica.
00:51:35Nunca mais soubemos dele.
00:51:37Nunca mais soubemos dele.
00:51:39Minha mãe dizia que eu era a cara dele.
00:51:43Se eu me farei um favor, me arranja um batom.
00:51:53Vamos tocar na festa da cidade.
00:51:55Muito bem.
00:51:57Vamos sair cedo amanhã, sete horas.
00:52:00Que hora vamos voltar?
00:52:02Meio dia.
00:52:03O sol está muito quente.
00:52:05Não poderia descer mais cedo, não?
00:52:07Não, não pode.
00:52:08Ué, por que que não pode?
00:52:10Por que não?
00:52:11Ué, então eu não vou.
00:52:12Pronto.
00:52:13Então não vai.
00:52:14Então eu não vou, não vou.
00:52:17E você, como é que está?
00:52:22Eu acordei de manhã, me espreguicei.
00:52:26Aí me perguntei, por que que você faz isso?
00:52:29É bom, me disseram que espreguiçar.
00:52:31É bom para a musculatura, alonga.
00:52:36Aí é bom para fazer ginástica.
00:52:40Mas para que fazer ginástica?
00:52:43Para fortalecer meus músculos.
00:52:47Eu não sei.
00:52:49Mas para que fortalecer meus músculos?
00:52:55Para vencer meus inimigos.
00:52:57Aí eu disse para mim, para que vencer meus inimigos?
00:53:06Porque me disseram que eles podem me deixar sem comer.
00:53:11Bem, então.
00:53:13Eu acordei de manhã.
00:53:14Me espreguicei para fazer ginástica.
00:53:20Fazer ginástica para fortalecer meus músculos.
00:53:25Fortalecer meus músculos para vencer meus inimigos.
00:53:31Vencer meus inimigos para não ficar sem comer.
00:53:34Aí eu me perguntei.
00:53:36Aí eu me perguntei.
00:53:38Para que comer?
00:53:43Gris.
00:53:44Gris.
00:54:12Gris.
00:54:13You want to follow the career of Amanda?
00:54:18When I was walking by the streets, after the death of my mother,
00:54:25when I was walking by the way, without the era,
00:54:30sometimes I was doing what I was representing.
00:54:34You understand?
00:54:37Look, I was looking for a higher place.
00:54:42If it was a window of the street, would have been a basement,
00:54:49if anything, I would have built a 66-32-33 jours.
00:54:55I was building the beasts, the streets.
00:54:59My mouth, my face, my expression for my face.
00:55:09I didn't want to know what I was representing, because I didn't want to know what I was representing.
00:55:21Because if they would know what they would know, my God, they would put me in the hospital and I didn't want to.
00:55:32I even thought that if it was an asylum like this here, where it's just to eat and sleep, without a force shirt, electric, things like that, it would have to be.
00:55:45But I also didn't want asylum.
00:55:48I prefer to stay on the streets, with the rest of the lix that I found, just to look at once.
00:55:59I don't want to say anything anymore.
00:56:09You know everything, ma.
00:56:12You know why I came to stay here?
00:56:17It was because I took a toilet in the lix and passed on my tongue to see if she could stop talking.
00:56:24I didn't speak with anyone.
00:56:27But I spoke to the inside.
00:56:30I spoke to the inside.
00:56:33And it was the whole time.
00:56:35And I didn't want to stay on my tongue.
00:56:40I took the toilet in the lix and passed on my tongue.
00:56:43And I passed on my tongue.
00:56:55Since my mother disappeared, since then, I couldn't stop hearing my voice.
00:57:07So I took the adlete in the garbage
00:57:10But one old girl me passed the adlete in the language
00:57:16Changed a guard, there were other guards
00:57:19There were a lot of people in the back
00:57:21And I was refusing to say
00:57:25In the language
00:57:29I just had a little bit of a thing
00:57:33And a little bit of blood
00:57:35That was me in the corner of the boca
00:57:39Then came the black micro-nipers
00:57:44And suddenly I was here
00:57:48In this house
00:57:51Let's go out of here
00:57:54A man of these
00:58:00Very close
00:58:02You will be with me in the paradise
00:58:06You have to so much
00:58:12You walk in the house
00:58:12And you are so much
00:58:15You have to do this
00:58:16You are so much
00:58:18You will be with me
00:58:20And you will be with me
00:58:20You are so much
00:58:21I love you
00:58:22And you are so much
00:58:24I love you
00:58:25And you are so much
00:58:26And I love you
00:58:27You are so much
01:01:15I remember.
01:01:17I also remember that that cheap hotel in Washington,
01:01:21you called to your mother agonizing in Dallas.
01:01:24I remember.
01:01:27I entered in a plane, two days later, she died.
01:01:31And I stayed in a hotel, waiting for me to travel.
01:01:35I got a small box with the red one and sent it to the army.
01:01:41We continued the trip.
01:01:43When we were back, we were dead.
01:01:49I remember.
01:01:53You remember that day when I followed you?
01:01:57You followed me?
01:01:59I followed you for hours and hours.
01:02:01You walked, even...
01:02:04And I called you.
01:02:06You got upset and upset and said hi.
01:02:10No, I don't remember.
01:02:13That night, you said...
01:02:15No.
01:02:16I'm not going to stay.
01:02:18I'm going to get away from the theater.
01:02:20Dali, I passed 20 years without seeing you.
01:02:26It was better.
01:02:28Now you know that we're ready.
01:02:32Mr.
01:02:39Mr.
01:02:41Mr.
01:02:42Ah, as nuvens se abriram, o sol voltou a brilhar.
01:02:46A luz.
01:02:47Para que a luz?
01:02:49Não vivemos da luz?
01:02:51Os verdadeiros atores são aqueles limpos de figuras.
01:02:58Aqueles que se mantêm em refúgios, longe das linhas, dos volumes, das cores.
01:03:07Os verdadeiros atores frutificam na ausência e assim se tornam mais sumarentos, apetitosos, nutritivos.
01:03:19Por estarem apartados da selva do universo visual.
01:03:29Longe das plateias, então.
01:03:30Não, é longe dessas formas prontas e acabadas, dessa exibição, que é a excrescência das coisas.
01:03:51Companheiro, nada mudou, né?
01:03:54Gosta?
01:03:58Esta é a sua cara.
01:04:03Esse teatro está caindo aos pedaços.
01:04:08Isso é apenas uma casca.
01:04:11O verdadeiro teatro é o que acontece aqui.
01:04:16É o que se passa em cima dessas tábuas.
01:04:24Tire o seu pato.
01:04:34Vamos, venha.
01:04:37Tome conta do seu espaço.
01:04:40Tome posse desse palco.
01:04:43Ande.
01:04:46Corra.
01:04:49Corra, pule, espernei.
01:04:51É seu.
01:04:57Eu...
01:04:58Eu me sinto estranha nele.
01:05:03Logo, logo, você se acostuma.
01:05:07Cris, preste atenção.
01:05:10Você está criando um personagem.
01:05:13Você está de luto.
01:05:14Mas você não se cobre...
01:05:20De luto.
01:05:22No rosto, no corpo.
01:05:25Pela morte...
01:05:26Do seu amante ou do seu marido.
01:05:28Qualquer ser vivente.
01:05:29Não.
01:05:30Você está de luto...
01:05:32Pelas misérias de toda a humanidade.
01:05:35E você acredita com ódio e desespero na possibilidade de ser ouvida.
01:05:38Você se cobre esse rosto...
01:05:43Com esse véu de luto.
01:05:45Como se você cobrisse o corpo inteiro.
01:05:49Você se cobre de luto...
01:05:50Para expressar sua indignação.
01:05:53É isso.
01:05:59É assim mesmo.
01:06:01Incorporo o personagem.
01:06:03Eu não quero uma metamorfose.
01:06:06O ator nunca chega a se metamorfosear...
01:06:09Integralmente na personagem.
01:06:12Procure representar a conduta dessa mulher imaginária...
01:06:15Mas não se confunda com ela.
01:06:18Você é uma atriz.
01:06:19Veja se descobre uma expressão exterior...
01:06:24Para as emoções da personagem.
01:06:27Uma ação que revele o seu íntimo.
01:06:32A emoção deve ser expressa no exterior.
01:06:37Deve se emancipar para que possa ser tratada com grandeza.
01:06:41Você já dirigiu antes?
01:06:44Não.
01:06:45Mas...
01:06:47Trabalhei muito.
01:06:47Conheci muitos diretores.
01:06:51Mestres.
01:06:54Ali...
01:06:55Vai estar o seu público.
01:06:58Houve uma época...
01:07:01Que se criou...
01:07:02Uma espécie de linha imaginária.
01:07:05Uma quarta parede separando o palco...
01:07:07Da plateia.
01:07:09Como se nós pudéssemos existir sem o nosso público.
01:07:13Os nossos dramas...
01:07:14Se passavam numa redoma de vidro.
01:07:17Criaram um teatro psicológico.
01:07:20Intimista.
01:07:21Visto pelo buraco da fechadura.
01:07:24Não existe mais isso.
01:07:26Nós estaremos sempre diante do nosso público.
01:07:29Eu vejo o teatro...
01:07:33Como uma praça cheia de gente.
01:07:35Homens, mulheres, crianças.
01:07:38Única coisa que temos que fazer...
01:07:40É nos utilizar...
01:07:42Do gesto e do verbo...
01:07:45Para apresentá-lo ensaiado, pronto e acabado.
01:07:48Gostei.
01:07:49Gostei.
01:07:50O que mais?
01:07:51Você tem que criar no palco...
01:07:53Gente de carne e osso.
01:07:56Você tem que...
01:07:57Tornar o personagem tão evidente...
01:08:00Tão difícil de imaginar de outro modo...
01:08:02Que o espectador será obrigado a aceitar...
01:08:05Que você está lhe apresentando.
01:08:06Essa é a sua obrigação.
01:08:09Cris, vamos lá.
01:08:11Fique na posição.
01:08:12Dê o seu texto.
01:08:16Vocês dirão que é pura tolicimia.
01:08:20Que é um desatino lamentar-se da sorte...
01:08:23E de mais coisas...
01:08:24Dessa terra pasmada...
01:08:26Em que o destino nos esqueceu.
01:08:28Espere.
01:08:30Você fala para o público...
01:08:32Mas não deve olhar para ele.
01:08:34Olha um pouquinho acima.
01:08:36Como se você estivesse olhando...
01:08:38Para o céu, para o mar...
01:08:40Ou para o espaço sideral.
01:08:42Experimente.
01:08:48Vocês dirão que é pura tolice minha.
01:08:52Que é um desatino lamentar-se da sorte...
01:08:55E de mais coisas...
01:08:57Dessa terra pasmada...
01:08:58Em que o destino nos esqueceu.
01:09:02A verdade é que dá trabalho se acostumar com a fome.
01:09:06E mesmo que digam...
01:09:08Que a fome repartida entre todos...
01:09:10Toca a poucos...
01:09:12O certo é que vocês estão morrendo.
01:09:15E não temos nem sequer onde cair mortos.
01:09:18E parece que as coisas estão cada vez piores.
01:09:21E não tem nada disso...
01:09:22De encerrar o assunto com um nocego.
01:09:24Nada disso.
01:09:24Desde que o mundo é mundo...
01:09:26Desde que o mundo é mundo...
01:09:27Caminhamos com o umbigo grudado nas costas...
01:09:29Tentando agarrar o vento com as próprias unhas.
01:09:32O mundo está imundado de gente como nós.
01:09:36De muita gente como nós.
01:09:38E alguém tem que nos ouvir...
01:09:41Alguém e outros mais.
01:09:46Mesmo que nossos gritos arrebentem os seus tímpanos.
01:09:50Não.
01:09:52Não estamos revoltados nem pedindo esmolas para a lua.
01:09:56Não.
01:09:59Não estamos com pressa de encontrar o nosso caminho.
01:10:02Nem vamos correr para o monte a cada vez que os cães nos ladram.
01:10:09Alguém tem que nos ouvir.
01:10:10Quando deixarmos de grunir como um enxame de vespas...
01:10:17Ou virarmos um rabo de furacão...
01:10:22Ou dispersarmos sobre a terra como se fosse um relâmpago de mortos...
01:10:28Então talvez...
01:10:31Nos chegue a todos o remédio.
01:10:40Gostei desse apartamento aqui.
01:11:05Cris.
01:11:10Meu pai.
01:11:13Como vai?
01:11:15Tudo bem, senhor.
01:11:16Vou indo.
01:11:18A Cris foi sempre essa garotinha linda?
01:11:21Sempre.
01:11:29Você está pálida?
01:11:32Meu pai.
01:11:34Meu pai.
01:11:36Você e seus cuidados, né?
01:11:40É uma boa cozinha.
01:11:48Eu sinto como se já te conhecesse.
01:11:53Pode ser.
01:11:55Me faz bem ver vocês juntos.
01:11:58Sempre que vocês se tocam...
01:12:00Eu sinto passar uma corrente indisfarçável de tremor.
01:12:06Emoção pura.
01:12:07Eu sinto que vai dar certo.
01:12:17Você foi ator até uns 20 anos atrás, não é?
01:12:21É.
01:12:23E por que você deixou a carreira durante esse tempo?
01:12:27Eu fiquei criando galinhas.
01:12:31Galinhas?
01:12:31É, galinhas.
01:12:33Para quem gosta de galinhas.
01:12:35E você gosta de galinhas?
01:12:36É.
01:12:37Gosto.
01:12:38E você mesmo matava as galinhas?
01:12:40É.
01:12:40É.
01:12:41Para vender ou comer?
01:12:45Para comer.
01:12:47Eu pego o pescoço delas...
01:12:49Pegava.
01:12:51Deslocava, sim.
01:12:52No meu melhor desempenho.
01:12:54E qual o seu lazer costumeiro hoje?
01:13:01Cinema, praia.
01:13:04Não, não tem nada.
01:13:14Como vai?
01:13:16Bem.
01:13:17Conta um pouco da sua história.
01:13:21Está.
01:13:22Minha mãe morreu meses depois de eu nascer.
01:13:28E meu pai me criou sozinho.
01:13:31Ele me levava para o teatro e me deixava dormindo nos camarins.
01:13:35Muitas viagens nós fizemos juntos.
01:13:38Eu sempre com ele.
01:13:40Por cidades coerentas.
01:13:42Ele dizia que entrava em cena com medo de ouvir meu choro.
01:13:46Eu lembro uma vez eu estava no palco fazendo papel de barba ruiva.
01:13:51Quando ouviu o choro no camarim.
01:13:55Aí comecei a suar, não sabia o que fazer.
01:13:58Quando saí de cena por alguns segundos, cheguei no camarim e ela já dormia.
01:14:02Eu lembro de uma vez, eu tinha sete anos e nós chegamos numa aldeia de índios.
01:14:13Meu pai apresentar o alto de Natal.
01:14:16Era muito engraçado.
01:14:18Porque o menino Jesus, a Maria e o José, todos esses que são gente, na peça eram bichos.
01:14:28É.
01:14:28O menino Jesus era um bezerrinho.
01:14:33A Maria, a dona vaca.
01:14:35E o São José que meu pai fazia, era o boi.
01:14:38Era tudo ao contrário.
01:14:40Os bichos é que eram gente e os humanos eram figurantes.
01:14:44Os índios entenderam tudo.
01:14:51Eu lembro que numa dessas viagens ao interior, ela se estraviou de mim.
01:14:58Não era sempre que ela guiou o espetáculo.
01:15:01Quando cheguei ao hotel, ela tinha sumido.
01:15:02Eu chamei a polícia, os hospitais, nada.
01:15:11Passei uma noite infernal.
01:15:13Teve uma hora que eu quase bati com a cabeça na parede.
01:15:17Aí pelas cinco, seis da manhã, ela me aparece.
01:15:19Molhada da cabeça aos pés.
01:15:22Eu tinha caído no rio que havia perto da rua principal.
01:15:26Eu fiquei encharcada com a água do rio e aquilo me humilhou.
01:15:28Eu não queria voltar para o hotel antes que a roupa secasse.
01:15:34Mas a roupa ficou grudada no meu corpo e não secava.
01:15:38Então, eu resolvi voltar para o hotel conduída de mim mesma.
01:15:44Porque essa foi a única maneira que eu encontrei para eu voltar.
01:15:48Eu comecei a fazer um esforço para sair de mim própria.
01:15:53E ver de fora uma outra menina que não era eu.
01:15:56Isso diminuía a minha vergonha.
01:16:01Era uma outra menina que tinha caído no rio, não era eu.
01:16:05E quando eu voltei para o hotel e meu pai me beijou...
01:16:10Eu juro para você.
01:16:14Eu estava tão apartada de mim.
01:16:17Me olhando assim, tão de longe...
01:16:19Que eu não senti o braço do meu pai.
01:16:23Eu vi que ele me beijou.
01:16:24Mas no meu rosto não veio calor de ninguém.
01:16:29Isso é tanto verdade que até hoje eu me lembro disso.
01:16:33Que no momento em que meu pai me beijou...
01:16:36Eu me vi afagando o meu próprio rosto.
01:16:39Como se há muito tempo eu não soubesse de afago, de carinho e de beijo.
01:16:44Então eu fiquei na dúvida...
01:16:49Se a umidade do meu rosto...
01:16:52Era a água do rio...
01:16:54Ou era eu a transpirar.
01:16:59Cris.
01:17:00É.
01:17:01O espetáculo de ontem você gostou?
01:17:10Hein, Cris?
01:17:11Você gostou do espetáculo de ontem?
01:17:15Ontem foi um bom espetáculo.
01:17:17Sabe...
01:17:18A partir de amanhã eu vou passar a viver com ele.
01:17:30Ele quem?
01:17:33Com o cara que você conheceu ontem.
01:17:36Aquele não passa.
01:17:40Não fica triste.
01:17:41Não, não fica triste, não.
01:17:49Tá indo?
01:17:50Estou.
01:17:52Pra onde?
01:17:55Ainda não sei.
01:17:58E a Cris?
01:18:00Ela não precisa mais de mim.
01:18:02Vai caminhar sozinha.
01:18:04Já é uma atriz.
01:18:11Quem é você?
01:18:26Aí.
01:18:32Quem é você?
01:18:38Você vai falar, não?
01:18:41What's your name?
01:18:46You're not going to say anything?
01:18:50There, there!
01:18:55It's a cut.
01:19:01You're going to tell me...
01:19:04Ah, I know.
01:19:07You came from these ralos, and now you don't know how to live, isn't it?
01:19:14Isn't it?
01:19:15Isn't it?
01:19:19You won't say anything with me?
01:19:21You won't say anything?
01:19:22You won't say who your father is, who your mother is?
01:19:24You won't know who I am?
01:19:26And if I'm a bad man?
01:19:31Hein?
01:19:32Hein?
01:19:37Hehehe
01:19:42Get out
01:19:43Fala, fala
01:19:45Oh, my God.
01:20:15Good evening, I'm Pedro Armada.
01:20:45Amigos, amigos, chegou a hora.
01:21:05Estamos aqui para celebrar o teatro.
01:21:08Conosco novamente o nosso ator principal.
01:21:11Viva o teatro! Viva a arte dos contadores de história.
01:21:16Viva a liberdade!
01:21:17Viva a liberdade!
01:21:19Viva a liberdade!
01:21:21Viva a liberdade!
01:21:23Viva a liberdade!
01:21:25Viva a liberdade!
01:21:26Viva a liberdade!
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