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  • há 11 horas
Durante a primeira semana da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que tem como sede Belém, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, celebrou a maior delegação indígena da história das conferências climáticas. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, ela destacou o impacto positivo da articulação entre o Ministério dos Povos Indígenas, organizações indígenas e o governo federal para garantir uma presença marcante dos povos no evento climático internacional.

Repórter: Jéssica Nascimento
Imagem: Assessoria | Ministério dos Povos Indígenas

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Transcrição
00:00Olá, setores de Oliberal. Eu sou Jéssica Nascimento, repórter de política e economia do Grupo Liberal.
00:05E hoje nós estamos aqui com uma entrevista exclusiva com a ministra dos povos indígenas do Brasil, Sônia Guajajara,
00:11no segundo dia da COP30 Brasil. Muito obrigada pelo convite, ministra. Obrigada pela sua participação.
00:17Obrigada, Jéssica.
00:19Ministra, começando a entrevista sobre a COP30, a participação indígena na história da COP30.
00:26Na sua opinião, como a COP30 ampliou a representatividade dos povos indígenas?
00:33A ampliação dos povos indígenas está se dando a partir de muita articulação do Ministério dos Povos Indígenas,
00:41com as organizações indígenas, com o movimento indígena internacional e também com o conjunto do governo federal.
00:50Nós trabalhamos para que, nesta COP, a gente tivesse a maior delegação indígena da história das COPs.
00:59E conseguimos essa articulação, conseguimos, além da garantia das credenciais para a Zona Azul,
01:06fazer um processo preparatório também para garantir a presença e a participação indígena
01:12em todos os outros espaços da COP30.
01:16E qual o resultado que você espera como ministra para os povos indígenas da Amazônia paraense,
01:23da Amazônia do Pará, após a COP30?
01:26Olha, a gente espera que essa participação se consolide e a gente continue com essa grande participação dos povos indígenas
01:36nas próximas COPs, porque não dá para continuar esse debate de construir soluções para enfrentar a crise climática
01:45sem considerar a participação indígena.
01:50Então, esse é um ponto.
01:51O outro é o reconhecimento dos territórios indígenas como medidas de mitigação da crise climática
02:00e o financiamento direto para povos e organizações indígenas.
02:07Garantindo esse repasse direto para povos indígenas, nós estamos falando, enquanto Brasil,
02:14de Amazônia, dos nove estados da Amazônia Legal, dos nove países da Amazônia Amazônica,
02:23portanto, a Amazônia paraense, a Amazônia maranhense, toda essa região amazônica estará inclusa dentro desse processo
02:33de benefícios do financiamento climático.
02:37Nós fizemos agora, pelo Ministério dos Povos Indígenas, as ações de desintrusão dos territórios,
02:44a maioria deles foi aqui no estado do Pará, de retirar invasores, seja do garimpo ilegal,
02:50seja da extração ilegal de madeira, da grilagem de terra.
02:55Nós realizamos essas operações e todos os territórios já livres desses invasores
03:02trouxeram uma grande contribuição para a redução do índice do desmatamento na Amazônia.
03:09A gente já comemora dois anos sequencial de redução do desmatamento na Amazônia
03:15e os territórios indígenas desintrusados tiveram uma contribuição significativa
03:23para a redução desse índice do desmatamento.
03:26Portanto, territórios indígenas ou a presença indígena nos territórios demarcados ou não
03:34é garantia de floresta em pé, de biodiversidade e de meio ambiente protegido.
03:40Sem dúvida. O que significa para os povos da floresta ter a cor sediada em Belém no coração da Amazônia?
03:47É a hora do mundo conhecer a Amazônia, ver de perto não só essa Amazônia de florestas,
03:55como muitos pensam que é, mas também de conhecer as pessoas,
03:59de conhecer a diversidade cultural que tem aqui na Amazônia.
04:03E pensar a proteção da floresta amazônica é também pensar formas de proteger quem protege a Amazônia,
04:12de cuidar das pessoas, de valorizar as culturas e de enfrentar toda essa exploração e destruição
04:19que a Amazônia sofre hoje.
04:21Então é muito importante esta cópia no coração da Amazônia,
04:25para que as pessoas entendam a urgência que as pessoas que protegem a Amazônia
04:29também têm para ter segurança dentro de toda essa maior floresta tropical do mundo.
04:39Excelente. E como os povos indígenas se organizaram para participar desse momento histórico,
04:44dessa conferência climática histórica?
04:46É, foi muita articulação, muita preparação.
04:50O Ministério dos Povos Indígenas realizou uma iniciativa que nós chamamos
04:54do ciclo coparente, onde nós realizamos debates com formação, informação,
05:02e fazendo todo esse diálogo nos territórios, falando sobre a estrutura da COP,
05:08sobre o que se discute na COP, quais os temas centrais para este momento,
05:13quais os impactos que os povos indígenas já vivem nos territórios,
05:17como consequência da mudança do clima.
05:22Então nós fizemos um debate muito amplo no Brasil inteiro,
05:26todas as regiões, todos os biomas,
05:28trazendo para cá também a necessidade de se reconhecer
05:32a importância de proteger de forma igualitária a Amazônia,
05:38mas também o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pantanal, o Pampa,
05:41e a Caatinga, e todos esses biomas brasileiros que estão sendo igualmente
05:47explorados, destruídos.
05:51Então foi um debate muito amplo, uma discussão muito ampla,
05:55para que a gente pudesse ter aqui hoje 360 indígenas credenciados
06:00para a Zona Azul, numa articulação com a Casa Civil, com o Itamaraty.
06:06Nós temos aqui em Belém 3 mil indígenas alojados na nossa aldeia COP,
06:12esse espaço que a gente construiu para receber os indígenas,
06:16que é um espaço, além de alojamento, também um espaço de diálogo,
06:20de encontros, de trocas, de fortalecimento da cultura espiritual,
06:27que é um lugar que nós construímos para apresentar os indígenas do Brasil ao mundo.
06:33Mas recebemos também os indígenas que vieram de outros países.
06:38E temos em Belém uma quantidade de pelo menos 5 mil indígenas.
06:44E esses 5 mil indígenas estão distribuídos para participar de todos esses espaços
06:50de diálogo, de debate, que acontecem durante toda a conferência.
06:57Excelente. E quais serão as prioridades do Ministério dos Povos Indígenas
07:01após a Conferência Climática em Belém?
07:03É, nós esperamos que aqui tenham decisões concretas que garantam o reconhecimento
07:10dos territórios como política climática, que garantam o financiamento direto
07:14para povos indígenas, que reconheçam toda a importância das florestas
07:21para mitigação do clima e, em seguida, tudo isso possa virar ações de implementação.
07:30Então, o Brasil está com esse compromisso de implementar as ações
07:36para zerar o desmatamento na Amazônia, no Brasil, até 2030.
07:41E nós nos somamos a todas essas ações.
07:45E queremos muito avançar com os processos de demarcação de terra indígena,
07:49com a continuidade da política de desintrusão dos territórios,
07:53como forma de proteger a Amazônia,
07:57e a garantia do recurso do TFFF para implementar a Política Nacional de Gestão Ambiental
08:04e Territorial das Terras Indígenas, que já é uma política assinada por decreto,
08:10estamos numa articulação no Congresso Nacional para que seja aprovada
08:15enquanto lei, enquanto uma política permanente de Estado.
08:22Então, tudo isso acontece durante todo esse período para que a gente tenha resultados concretos
08:28e legados desta COPPE para que a gente possa implementar ações nos territórios.
08:33Excelente. Qual o apelo da ministra aos países desenvolvidos diante da emergência climática?
08:39É que reconheçam a urgência que o mundo já vive,
08:43que aportem os recursos financeiros para que a gente possa seguir
08:47protegendo as florestas, os territórios e os povos,
08:52e que coloquem nas suas NDCs a importância de reconhecer os territórios
08:59como uma política climática global.
09:02Excelente. Essa foi a entrevista com a Sônia Guajajara,
09:05ministra dos Povos Indígenas.
09:07Mais uma vez, ministra, obrigada pela sua participação,
09:09obrigada pelo seu tempo, pela sua entrevista.
09:11Valeu, muito obrigada.
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